Acidentes do amor escrita por Arisinha


Capítulo 2
Capítulo 2 - Nem mortos




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– "Joshua Evans. Filho do presidente da companhia de aviação mais importante desse país. Nenhum prazer em conhecê-la" - imitei sua voz afeminada.
– Parece que você sabe muito bem sobre mim. - disse Evans. - Passou muito tempo pesquisando no facebook? Ah! Tinha me esquecido! Você não sabe o que é facebook e nem tem internet, porque não pode pagar por uma. - apenas ri, junto com os outros que ouviam a discussão.
– Eu e você sabemos que eu sei o que é facebook, ainda mais porque você me mandou uma solicitação de amizade nele. - Evans ficou sem fala, pelo o que pude perceber. É muito bom quando tenho uma resposta para acabar com o humor idiota dele. Isso faz meu dia ficar melhor ainda. Saí andando com um sorriso vitorioso estampado no rosto. Sentei ao lado de Kate, que me olhava sem emoção alguma, diferente do restante dos alunos do refeitório.
– Preciso anotar sua última fala. Foi uma das melhores da semana! - disse Kate, rindo da minha discussão.
– Também acho. Na verdade deveríamos ter gravado. Não é sempre que o playboy Evans fica sem uma resposta. - comecei a gargalhar ao me lembrar que Evans realmente tinha ficado sem fala. Totalmente anormal.
– Mas mudando de assunto: você vai na viagem de formatura? - perguntou Kate, sem ânimo algum.
– Claro que sim! Lembra aquele estágio que eu estava fazendo na clínica da cidade? - disse animada. Sim, quero seguir com carreira de medicina. É uma profissão fascinante, não pelo salário, mas por poder salvar a vida das pessoas e vê-las agradecidas por isso.
– Lembro sim, por que?
– Eu recebia dinheiro por fazer estágio lá. - disse séria, imaginando a bronca que iria levar por não contar isso antes para ela.
– Como assim?! Por que você não me contou?! - disse Kate, manhosa, como se tivesse sido traída pelo Alex. Alex era o namorado de Kate. Eles estão juntos há um ano, o que é quase um milagre, já que ambos não são de relacionamentos sérios.
– Porque eu sabia que você iria querer ir no shopping gastar meu salário! - disse, como se fosse óbvio. Esse era o defeito de Kate: gastar demais. Tudo bem para ela que é rica. Eu não. Eu sou pobre e preciso economizar dinheiro quando quero alguma coisa. E além disso, metade do meu salário eu dava para meus pais para ajudar com as despezas da casa.
– Fiquei magoada agora. - disse Kate, sempre fazendo chantagem.
– Você sabe que eu te amo. - disse, apertando as bochechas dela.
– Idiota. Então você vai para o Caribe? - perguntou ela, esperando que eu dissesse não.
– Vou, por que essa preocupação? Você vai comigo também!
– Na verdade não. Meu pai vai se mudar para California depois de eu terminar o Ensino Médio e vai pagar uma faculdade para mim lá. - percebi que ela queria chorar e fiquei com vontade de chorar também.
– Como assim? Você vai embora? - perguntei entre as lágrimas que escorriam de meus olhos.
– Eu também não estou acreditando. - disse ela, chorando. Uma imensa dor surgiu em meu coração. Não sei se sobreviveria sem ela comigo todos os dias.
– Quem é que vai me atormentar todos os dias agora?
– Não se preocupe. Ainda tem o Joshua. - disse ela, rindo. Como ela consegue fazer piada mesmo estando em um momento triste como esse?
– Idiota. Mas ainda poderemos nos ver, certo?
– Nem que eu precise viajar de avião todos os dias. - disse ela, me abraçando.
– É por isso que eu te amo. - disse apertando ela e então o sinal tocou. Fim do intervalo. Nos separamos e despedimos, porque teríamos aulas diferentes até a saída. E que aula eu teria agora? Três aulas seguidas de matemática! A melhor matéria de todas. Eu sei que é estranho, mas eu amo matemática. Podem me chamar de doida e me colocar em um hospício, mas não mudo minha opinião quanto a isso.
– Atrasada como sempre, senhorita Walker! - senhor Adams, o professor mais legal do colégio. É um homem em seus 50 anos, engraçado, inteligente e educado. Pena que não é da minha idade, senão eu já casava com ele. Brincadeirinha. Mas é verdade, não é? Onde estão os garotos com todas essas qualidades?
– Perdão, sr. Adams. - meu atraso foi de apenas cinco minutos, mas melhor não discutir. Não com ele.
– Tudo bem, desculpas aceitas. Entre. - disse ele, com um sorriso no rosto. Não consigo imaginar ele realmente bravo. Ele sempre consegue fazer alguém se sentir feliz pelo simples fato de estar ali. Pelo menos comigo é assim.
Entrei e procurei uma carteira fazia para me sentar, mas, infelizmente, a única que se encontrava desocupada era atrás do meu inimigo mais amado. Sentei-me como se isso não me importasse. Afinal, ele é quem deve estar se sentindo incomodado, não eu.
– Então, crianças, hoje teremos prova surpresa. - disse o sr. Adams. Provas surpresas eram frequentes na matéria dele, mas sempre que ele falava isso, todos reclamavam. - Calma, dessa vez não serei tão malvado assim. A prova será em dupla de dois. - disse o professor, fazendo a típica brincadeira que, normalmente, os alunos fazem. Após ele falar isso, todos já começaram a procurar seu par. Com quem eu fui? Sempre que há trabalhos em equipe, prefiro ficar sozinha. Não gosto de fazer o trabalho com outra pessoa e ela ganhar nota pro eu fazer o trabalho todo. É injusto.
– Muito bem. Parece que todas as duplas já estão formadas. Walker? Onde está seu par? - claro que ele tinha que fazer essa pergunta e voltar todos os olhares da sala para mim.
– Vou fazer sozinha. - não sinto vergonha de dizer que não tenho alguém que queira fazer o trabalho comigo. A verdade é que eu prefiro que seja assim a ter amigos falsos, como o Evans.
– Evans? Por que está sozinho? - perguntou sr. Adams para a pessoa sentada a minha frente.
– Por que não tenho par? - disse Evans, como se fosse óbvio e todos riram.
– Não me faça de bobo, porque isso eu não sou. Faça a prova com a senhorita Walker. - como assim? Fazer prova com o idiota do jogador de basquete? Esse professor está acabando com a reputação boa que eu acho que ele tem.
– Nem morta. - disse decidida a não fazer a prova com Evans.
– Exatamente. Nem morto. - disse Evans, concordando comigo pela primeira vez esse ano.


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Notas finais do capítulo

E então?



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