Ficamos ali por um bom tempo, às vezes conversando, outras rindo. Então me lembrei, tinha que voltar para o quarto!

– Err... Maxon, temos que ir, lembra-se? – avisei-o

– Não temos não, avisei à suas criadas que não dormiria em seu quarto hoje, e que amanha bem cedo estaria lá. Além disso, elas são de confiança e não falarão nada. – eu não podia acreditar. Passar uma noite com Maxon! Claro que não íamos fazer nada, até onde eu sei, mas seria muito especial. – Eu sou o príncipe, então ordeno que fique e que não tente dar uma desculpa para sair. – ele disse em um tom brincalhão. Eu jamais faria isso! Aproveitaria o máximo que pudesse.

– Sim, Alteza. – respondi, levantando e fazendo uma reverencia. Ele riu.

Maxon se levantou num pulo e foi buscar algo. Ele nem me deu a chance de perguntar o que ia fazer! Fiquei apenas esperando que ele voltasse, mas estava demorando demais. Resolvi dar uma volta pelo terraço para ver se o encontrava.

– Maxon, Maxon, Maxon – era só o que eu dizia. Maxon tinha sumido, mas ele ainda estava lá. A vista de lá de cima era linda, podendo mostrar até os limites da propriedade.

Ouvi-o gritar meu nome e subitamente me virei, mas não havia ninguém. Ah, era isso, ele queria brincar de esconde-esconde. Corri para procurá-lo, olhando atrás das grandes estruturas que estavam ali.

– Você é péssima em procurar pessoas – ele gritou, rindo. Percebi que o som vinha do outro lado do terraço.

– E você é um chato. Apareça! – gritei. Comecei a olhar em alguns lugares sem muito sucesso. Desisti e fui buscar algo para beber. No caminho para a mesa com a comida, senti os braços de Maxon ao meu redor, me girando pelo enorme terraço.

– Até que enfim, pensei que ficaria escondido pelo resto da noite – bufei.

– Eu não conseguiria ficar tanto tempo assim longe de você – Maxon respondeu enquanto me deixava de frente para ele.

Estávamos a milímetros do distancia. Ele me puxou para mais perto de si como se fosse fazer nossos corpos se tornarem um. Como se fosse possível. Já éramos um. Quando ele não estava perto, só existia metade de mim, isso me doía. Maxon sorria e olhava para mim. Então ele delicadamente pressionou meus lábios contra os seus. Novamente aquela sensação e que eu era o mundo dele me invadiu.

Não fizemos muita coisa, ficávamos olhando as estrelas, conversando, ou simplesmente abraçados.

– Eu não quero dormir, muito menos voltar para o quarto. – falei. Era a mais pura verdade. Não queria ir mesmo. Ficar ali para sempre era uma boa alternativa.

– Nem eu. Mas, acredite, teremos muitos momentos como esse quando nos casarmos. – ele respondeu e de alguma forma eu me senti reconfortada com isso.

– Maxon, você me quer? – perguntei. Por que eu estava perguntando isso a ele?

– Não consigo entender o motivo da sua pergunta – nem eu mesma sabia o motivo da pergunta! -, mas ainda assim vou respondê-la. No primeiro dia da Seleção, eu estava animado e preocupado. Sabia que me divertiria com trinta e cinco garotas e que poderia despedaçar o coração de muitas delas. Nunca tinha me apaixonado, muito menos convivido com muitas garotas, apenas para negócios. Estava preocupado em saber como eu encontraria alguém que me entendesse, completasse, me ajudasse em meus deveres como futuro rei de Illéa. Então ouvi uma garota no colo de um guarda desesperada para sair e pronta para atacá-lo. – sorri ao me lembrar desse dia – Pensei que seria extremamente difícil escolher uma entre trinta e cinco fantásticas garotas – menos Celeste, pensei -, mas não foi. America, eu não sabia se o que eu sentia por você realmente era amor, apenas sei que é o sentimento mais profundo que tive por alguém na vida! Senti-me confuso quando nos tornamos amigos, achei que sentia afeto por você, nada mais. Só que você, America Singer, me deixa realmente maluco! E, sim, eu quero você. – ele terminou de falar e deu um suspiro.

Enquanto ele falava, tentava segurar as lagrimas teimosas que insistiam em correr pelo meu rosto, e de alguma forma as mantive presas. Maxon limpou uma das que não consegui conter com seu polegar enquanto me encarava.

– E-Eu não sei o que falar, nem sei por que perguntei isso! – minha voz estava embargada.

– Tudo bem, não fique se sentindo culpada. – culpada?

– Maxon, me sentindo culpada? Eu acabei de ouvir você dizer que me quer e que eu te deixo maluco! Acredite, não estou me sentindo culpada. Eu só estou... – ele me interrompeu com um beijo. Eu não tinha a menor noção do que falar.

***

– America, acorde, vamos. – ouvi Maxon resmungar que eu tinha um sono pesado demais

– Não quero ir! Não podemos ficar aqui? Por favor! – pedi a ele enquanto me sentava.

– Vamos logo! – ele não respondeu minha pergunta, todavia eu sabia que sua resposta seria não desejando um sim.

Saímos pelo mesmo trajeto que fizemos no início, e quando chegamos à grande "sala" entramos num túnel que me deixaria próxima ao meu quarto. Eu teria que ser rápida, não poderia ser vista por ninguém. Maxon deixou-me à porta da saída e despediu-se de mim. Observei-o sair correndo para chegar ao quarto do príncipe.

Passei rapidamente pelos corredores para chegar aos meus aposentos sem ser vista. Cheguei ao quarto o mais rápido possível. Fui direto tomar um banho. Em poucos minutos estava debaixo do chuveiro, sentindo a água escorrer pelo meu corpo. Saí do banheiro e vesti uma camisola, pronta para dormir novamente.

Não sabia por quanto tempo tinha dormido, porém sabia que não tinha sido o suficiente.