Lovesick Fool escrita por Sappho


Capítulo 1
1.


Notas iniciais do capítulo

Wakin' up just brings me down
'Cause every morning you are nowhere to be found
And my bed is half empty not half full
I'd rather live with broken bones
Than lay here all on my own like a lovesick fool



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Regina a abraçava apertado, Emma sentia-se completa e tudo parecia perfeito. O som dos pássaros e o farfalhar das árvores lá fora davam um charme a mais aquele momento.

-Emm... –Disse a morena, beijando sua nuca com as pernas ao redor de seu corpo e uma das mãos entrelaçando os dedos aos dela. –Eu só... Saiba que eu te amo...

-Awn, R... Eu... Eu te...

De alguma forma, o vazio se apoderara de si e aquela sensação de compleitude simplesmente sumira. Sentira um desespero conhecido ao sentir-se sozinha naquela cama. Tateou ao redor ainda de olhos fechados e resolveu abrí-los só pra ter certeza de que estava sozinha.

Não demorou para que seus lindos olhos verdes brilhassem por lágrimas que insistiam em se formar ali. O quarto estava escuro, deveria ser noite ainda. Sentira frio, sentira-se mais que sozinha e apertar o travesseiro contra o próprio corpo não ajudara, já que ainda podia sentir o cheiro da morena e se fechasse os olhos, não era difícil vê-la sorrindo para si.

Engolira em seco, sem conseguir parar de chorar e se encolher ali. Emma só conseguia desejar uma coisa depois que Regina estava fora de questão: Sumir. Emma queria mais que tudo no mundo poder sumir, poder colocar um ponto final naquilo, naquela situação tosca na qual se encontrava.

Demorara a pegar no sono novamente, mas claro que chorar até perder as forças ajudara bastante. Por sorte poderia acordar um pouco mais tarde já que não levaria Henry para a escola naquela manhã.

O problema era só um: era impossível dormir naquela cama, onde passara tantas noites em claro amando Regina, amando a sua Regina. E agora ela se fora, e além de ir, ela fizera questão de levar o coração de Emma consigo. Não literalmente, mas era como se fosse pra si. Sentia-se dela, era dela. Seria dela eternamente, mesmo que ela dissesse que não a queria mais.

Assistira o por do sol em câmera lenta pelas frestas da janela, parecia um borrão atemporal, Emma mal se sentia ali, como se estivesse fora de si, como se assistisse a si mesma por outro ângulo.

Não era difícil acionar o automático, tomar banho, vestir-se comer qualquer coisinha e ir até a delegacia. O difícil era sentir aquele aperto ao passar pela prefeitura, querer parar e falar com Regina. Era mais difícil ainda vê-la sair de seu carro e sorrir para Johnny, o garoto dos jornais. Aquele sorriso era tão lindo que iluminava e destruía seu dia. Engolira o choro, já era grandinha para isso, e saíra dali.

Simplesmente deixara de frequentar todos os lugares comuns, entrando em contato somente quando necessário devido ao trabalho. E mesmo assim tentava evitar ao máximo ter de trabalhar próxima a Regina.

Por sorte a cidade parecia sossegada como nos últimos dias, sem nenhuma ocorrência, sem ter que brigar com a prefeita por algo estúpido.

Os relatórios estavam prontos para evitar confrontos, os minutos pareciam passar como horas, os dias de Emma pareciam não ter fim. Esfregara as têmporas enquanto olhava para o monitor do computador, engolindo o choro, engolindo todos aqueles pensamentos que assombravam-lhe todos os dias. Olhara para o pequeno sofá que tinha ali e lembrara-se das mãos atrevidas, as pernas trocadas, os suspiros e gemidos. Aqueles lábios perfeitos sobre os dela, as palavras que saíam deles, as promessas de amor.

-Tudo mentira.

Seus pensamentos haviam levado sua cabeça para um local tão longe que sequer podia ouvir os passos característicos da mulher que não saía de sua mente ecoarem pelo salão vazio da delegacia.

Regina apoiara calmamente as mãos sobre a mesa e ficara olhando fixamente para os olhos da loura, com um sorriso de canto, como se imaginasse seus pensamentos ou os compartilhasse.

-O que é mentira, querida?

Aquela voz não só tirara Emma de seus devaneios como também a assustara e quase a derrubara da cadeira. Engolira em seco e ficara olhando-a por alguns segundos, toda perfeita em suas roupas habituais, sua maquiagem perfeita, seus lábios perfeitos. O botão entreaberto deixando seu colo perfeito sensualmente a mostra e... Merda. Se concentra, porra. Engolira em seco novamente e buscara o olhar da mulher, sorrindo de forma perceptivelmente triste, tentando esconder a dor ao máximo que conseguiria.

-Nada.

-Você acabou de dizer “tudo é mentira”... Não é possível que não seja nada.

-Você não entenderia.

-Okay, querida. Como desejar.

-Claro.

-Você está estranha?

-Estranha? Sério? O que você queria que eu fizesse? Pulasse nos seus braços e me entregasse a você sem se importar com todas as noites que passei em claro..

-Eu não... Me referia ao seu comportamento, Swan. Apenas... Bem, sua camiseta está do lado contrário.

Emma corou, engolindo aquilo e olhara para si mesma. Óbvio que estava estranha, estava um lixo. Se sentia um lixo, até seu cabelo parecia opaco e sem vida, e isso talvez fosse devido à ausência de nutrientes que vinha ingerindo, já que estava numa dieta restritiva ridícula. Não que não quisesse comer ou desejasse emagrecer, só não conseguia comer. Não conseguia engolir nada além de todas aquelas palavras que não podia soltar. Eventualmente comia uma fruta ou alguma coisa qualquer para enganar o próprio organismo e aguentar o resto do dia em pé, não queria dar vexame e desmaiar por glicemia baixa ou nada do tipo.

-Eu... Me perdoa.

-Tudo bem, Swan. Eu vim buscar os relatórios.

-Não precisava, você sabe disso. Johnny viria busca-los mais tarde.

-Eu queria vê-la, algum problema?

-Claro... Que não.

Travou a mandíbula mediante aquele sorriso cafajeste que se formava em seus lábios, seu coração parecia se retorcer dentro de si e sentira lágrimas em seus olhos, mas aproveitara a desculpa para virar e pegar os relatórios, assim poderia respirar e engolir novamente aquilo.

O pior não era ela estar ali, nem ela falar consigo. Definitivamente. O que mais quebrava o coração de Emma em milhares de pedacinhos e depois reunia todos juntos apenas para pisar sobre eles e fazer com que doesse mais, com que sangrasse mais era a indiferença dela. A forma como ela a olhava, como se Emma fosse qualquer uma, como se nunca tivessem vivido nada, como se não tivessem se amado por tantas noites e dias, jurado amor eterno incontáveis vezes.

O pior era estar de cara com uma Regina insensível, com uma Regina que parecia não se importar consigo.

-Aqui. Mais alguma coisa?

-Henry...

-O que tem Henry?

-Está preocupado com você.

A xerife rira de forma meio debochada, quase como se dissesse “alguém, pelo menos”. As mãos foram para os bolsos traseiros de sua calça e aquele sorriso triste permanecera em seus lábios. Os olhos brilhavam, mas não de felicidade. O brilho em seu olhar era um choro contido, um choro guardado. Sabia que não aguentaria mais muito tempo ali, sabia que precisava que ela fosse embora.

-Eu estou bem, Regina. Ele não tem com o que se preocupar.

O sorriso maldoso tomara aqueles belos lábios novamente e a prefeita arqueara uma das sobrancelhas perfeitas, de forma inquisidora, fazendo com que Emma se sentisse desprotegida perante aquela mulher, nua.

-Está? Bom, então acho que não terá problema em aceitar o convite dele.

-Não. Que horas eu devo pegá-lo?

-Pegá-lo, Swan? Ele está convidando-a, não pedindo para dar uma volta. Ele quer que jante conosco hoje.

-Hoje eu não... –Travara, o desespero era claro e evidente em seus olhos e em suas mãos que se apertavam nervosamente a frente de seu corpo, agora. –Eu não tenho nada... Será um prazer.

-Ás 19:30.

-Estarei lá.

A morena assentira e sorrira daquela forma apaixonante dela. Maldita, Emma pensou. Então esperou até que a porta se fechasse e chutara o ar com força, como se pudesse machuca-la dessa forma. Sentira nojo, vontade de vomitar. Sentira o coração bater lentamente e o ar faltar. Sentia aquela necessidade de se jogar de uma ponte enquanto cortava os pulsos ao mesmo tempo.

Emma não queria muita coisa, na verdade, das duas uma: Ela queria a felicidade de estar novamente com Regina ou a paz que só a morte lhe traria. E se não pudesse matar aquela Regina que vivia dentro de si, só restava uma coisa a fazer, só conseguia pensar em uma solução para os seus problemas.

E honestamente? Emma nunca tivera medo de morrer.


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Notas finais do capítulo

Bom, essa fic foi pensada como One-Shot, mas honestamente, eu sei e até gostaria de continuar... Devo?