Os humanos possuem um ditado. Eles dizem que "a vingança é um prato que se come frio". Eu não concordo. Para mim, a vingança e doce, e tem de ser realizada meticulosamente. Nós temos de aproveitar cada detalhe memorável dela,deliciando-se com a dor dos inimigos. Mas é claro,eu não conheço a vingança perfeita. Acho que ninguém conhece. Entretanto, Denyan Kentuck,o sexto escolhido, é realmente alguém curioso. Com tudo de precioso lhe tirado a força,ele jurou vingança. Afinal, é como dizem, "Olho por olho, dente por dente. "

O hambúrguer a frente de Denyan era aversivo e ressequido. O loiro cutucava o alimento sem a mínima vontade de devora-lo. Bendita hora em que resolvera experimentar uma lanchonete mais simples do que aquela que costumava frequentar,ele ainda não podia acreditar iria pagar quase 30 Pounds por aquela coisa.

O garoto soltou um longo suspiro e empurrou o prato para o lado. Retirou um pequeno cubo transparente do bolso da jaqueta e ligou o pequeno aparelho,deslizando o dedo suavemente pela tela liquida. O jornal anunciava novamente um acréscimo no índice de violência.

Denyan teve sua leitura interrompida por um som irritante de uma cadeira sendo arrastada. O loiro desviou o olhar do cubo direto para o homem de sobretudo caramelo a sua frente.

– Faz um bom tempo que não te vejo Denyan. Você cresceu. - O homem disse tentando parecer amigável.

– Você diz isso toda vez que nos encontramos Marco. - Denyan respondeu forçando um sorriso.

O homem,cujo nome é Marco Lexis,riu. Logo direcionou os olhos para o hambúrguer intocado ao lado de Denyan.

– Vai comer isso?- Marco indagou apontando para o alimento.

– Fique a vontade. - Denyan disse entregando seu antigo almoço para ele.

Marco abocanhou com voracidade o Hambúrguer. Enquanto mastigava aproveitou para fazer um tour com os olhos por toda a lanchonete.

– É raro achar um lugar que ainda serve esse tipo de comida. -Ele comentou.

Denyan não respondeu,ao invés disso tornou a ler o jornal apresentado na tela do minúsculo cubo.

– Sabe,temos que nos encontrar com mais frequência, há tempos eu tento encontrar um bom hambúrguer como esse. - O homem de sobretudo continuava insistindo.

Denyan fez uma careta de repulsa antes de pronunciar-se novamente:

– Chega de papo Marco,vamos direto ao assunto. O que tem para mim?

Marco Lexis suspirou e largou o Hambúrguer no prato,abriu uma bolsa preta que encontrava-se próxima a si e retirou de lá uma pasta.

– Aqui está o Dossiê que me pediu. Eu finalmente consegui identificar um dos sujeitos que mataram seus pais,mas o outro está me causando diversos problemas.

Denyan pegou a pasta entregue por Marco e a folheou atentamente. Lá se encontrava tudo,nome,idade,ficha criminal,parentescos e etc.

– Olha Denyan...-Marco começou- Porque não desiste dessa vingança de uma vez? Você é jovem,porque não arranja uma boa garota e recomeça sua vida?

O loiro lançou um olhar mortal para Marco,este que preferiu se calar.

– E quanto ao outro cara? - Denyan indagou - O cabeça por trás de tudo isso. O que sabe sobre ele?

Marco estalou as juntas dos dedos antes de responder:

– Não posso lhe dizer com certeza,mas você já deve ter uma noção de quem seja.

Denyan olhou pela vitrine de dentro da lanchonete para as grandes fábricas sujas e poluentes de Londres. Qualquer um que viesse visitar a capital,diria que o tempo estava ruim e uma forte tempestade iria cair,mas os Londrinos sabiam,mesmo em dias calorosos, o céu sempre permanecia escuro por causa da fumaça das fábricas.

– Sim,eu sei. Eu sei quem é o homem por trás de tudo isso.

Marco levantou-se da mesa após terminar o Hambúrguer,ele limpou os farelos que haviam caído em seu sobretudo.

– A próxima é por minha conta. - O Lexis sorriu dirigindo-se a saída.

Denyan seguiu o amigo de seu pai com os olhos por um tempo,logo depois massageou as têmporas,uma leve dor de cabeça começara a incomodar-lhe.

Subitamente,o som da cadeira sendo arrastada novamente veio a tona,fazendo o loiro tirar os olhos do documento que lia e volta-los a um garoto moreno que tinha a audácia de sentar-se em sua mesa sem ser convidado.

– Puxa,pensei que ele não fosse embora nunca. -O moreno respondeu apoiando o rosto nas mãos.

– Quem é você?- Denyan indagou arqueando a sobrancelha.

– Porque os humanos gostam tanto de interrogatórios? Por a caso isso é um fetiche?- O moreno provocou.

Denyan já estava pronto para responder a altura,quando foi interrompido pelo garoto. Este chamava uma garçonete que levava um bolo para uma mesa próxima.

– O que deseja?- A garota indagou retirando uma caneta que prendia os cabelos ruivos para anotar o pedido em um bloquinho. Ela parecia um pouco irritada. A lanchonete estava lotada,era certamente um motivo para qualquer garçonete pré-adolescente se zangar.

– Quero o que ele havia pedido.- Aaron tentou soar convincente,mas era difícil com uma ruiva irritada e um par de olhos verdes lhe encarando.

A garota anotou o pedido e saiu rapidamente em direção a uma mulher morena que a chamava na mesa de trás.

Por exatos vinte minutos, ambos os garotos ficaram em silêncio,um encarando o outro,até que o conflito foi cortado pela garçonete trazendo o hambúrguer de Aaron.

– O que você quer? - Denyan indagou secamente.

– O que? Eu não posso nem comer? - Aaron respondeu com as bochechas cheias.

Ele engoliu a carne que desceu rasgando sua garganta,logo após fez uma careta.

– Mas que droga é essa? É isso que vocês comem?- Ele empurrou o alimento para o lado semelhante a uma certa pessoa.

– Eu vou perguntar só mais uma vez.- Denyan disse em tom ameaçador- O que você quer?

O sorriso de Aaron desapareceu,dando lugar a uma expressão fria e sombria.

– Direto ao assunto então.- Ele respondeu. - Preciso que venha comigo.

Denyan riu,um riso de indignação,como se Aaron tivesse contado uma piada.

– E porque motivos eu iria com você? - O loiro indagou guardando os documentos de seu alvo,aquela conversa começava a ficar interessante.

– Você quer vingança não é? - O moreno perguntou já sabendo a resposta.

– Como você--

– Poupe a saliva Denyan. Eu sei tudo sobre você. Não vamos começar com esse joguinho de interrogar novamente não é?- Aaron falou rispidamente.

Denyan franziu o cenho. Aquele garoto estava começando a irrita-lo.

– Olha...-Aaron começou- Eu posso entregar a você aquele homem. Eu só preciso que venha comigo.

O loiro pensou um pouco,ele sabia que era uma armadilha,mas queria saber até onde aquele garoto iria levar isso. Então fingiu inocência.

– Muito bem. -Ele retirou algumas notas para pagar seu hambúrguer.

– Ah! Você vai ter que pagar o meu,eu não tenho dinheiro aqui. -Aaron tornou a sorrir,ele estava realmente acomodado.

Já fora da lanchonete,Denyan seguiu o garoto de cabelos negros até o local indicado,ele observava atentamente o ambiente, buscando possíveis rotas de fuga caso as coisas ficassem muito ruins,o que era pouco provável já que Aaron era bem menor que Denyan, e este treinava artes maciais.

– Bom, estamos aqui.- Denyan falou.- Agora me diga,como vai conseguir aquele homem para mim?

Aaron não respondeu,ele caminhou um pouco pelo local,logo depois retirou um pequeno relógio de bolso e o abriu olhando as horas.

– Eu realmente gostaria de lhe dizer,mas não temos mais tempo. Lizzie não pode esperar mais.

Antes de Denyan pudesse perguntar mais alguma coisa sentiu uma dor lancinante irradiando por todo seu corpo,como um vírus que ataca. Seu coração foi esmagado e seu sangue jorrava por todos os lados.

Ele acordou em um lugar totalmente distinto,a visão do chão quadriculado fazia seus olhos arderem e sua cabeça latejar. Foi então que ele avistou,o mesmo garoto moreno. Aaron agora entrava oficialmente para a lista de vingança de Denyan Kentuck.