Labor Pains escrita por B Mar, B Mar
Cap 10
Katniss PDV:
– Podemos começar? – Olhei em volta.
As cadeiras estavam preenchidas por grávidas, e Peeta jazia sentado ao meu lado com uma prancheta em mãos.
– Queremos a opinião de vocês. – Explicou. – Primeiramente, vocês leriam o livro?
Elas olharam a capa sem o mínimo de interesse.
– Não.
– E porque?
Todas começaram a falar juntas e respirei fundo.
– Que tal pularmos a capa? Nós organizamos a gravidez três em ciclos de três meses cada um, com histórias de cada um dos períodos, e...
– Eu posso ir embora? – Uma loira pediu.
– Pode, claro.
Ela se levantou e as outras ficaram em silêncio. Aquele bando de apáticas já estava me irritando.
– Dane-se. – Murmurei antes de voltar a me dirigir a elas. – Vamos falar de nós. O que acham? Sobre como é estar grávida. Alguém?
A ruiva foi a primeira a levantar a mão.
– Eu me sinto uma pata.
– Bem, eu me sinto um pinguim. – Dei de ombros. – Estamos indo pelo caminho certo, não?
Elas riram.
– A gravidez é uma época brilhante e inspiradora. – Peeta começou a falar, mas foi interrompido.
– Brilhante? Para quem? - Uma loira resmungou. – Eu estou com espinhas nas costas e sua que nem uma porca.
– Eu não consigo usar o banheiro há cinco dias. – Outra complementou. – Isso não é nada brilhante e inspirador.
Elas começaram a falar de suas dores e situações, e então tínhamos um grupo enorme de discussão sobre gravidez e tudo de ruim que havia nela. Claro que falamos sobre coisas boas, mas não exatamente tudo era bom.
Uma ou duas delas já havia abortado e tentado de novo, outras eram de primeira viagem como eu, outras já eram experientes.
Expliquei sobre o livro e, ao fim, todas saíram com boas impressões.
– Então... – Peeta me olhou. – Vamos mudar a capa.
* * * * *
– Quer uma carona? – Meu chefe ofereceu.
Nós havíamos trabalhado até tarde, e todos da empresa já haviam ido embora.
– Eu adoraria.
Seguimos pela garagem e ele segurou minha mão enquanto me ajudava a entrar no carro.
– Calma. – Murmurou.
A gravidez estava progredindo e minha barriga havia praticamente dobrando de tamanho semanalmente.
Passamos alguns minutos em silêncio e pulei quando senti um chute.
– O que foi? – Peeta parou no semáforo.
– Um chute. – Ri.
– Ele chutou? – Pareceu eufórico.
– Um dos dois chutou. – Ri e ele distanciou uma mão do volante, mas a pôs de volta. – Você quer sentir?
– Eu posso? – Seus olhos brilharam.
– Prim faz isso o tempo todo.
Ele se aproximou e pousou a mão em meu ventre inchado, mas a movi para o lugar certo.
– Caramba, ele chuta mesmo. – Riu, mas ouvimos uma buzina e ele precisou voltar a dirigir. – Ele é forte.
Rimos e ele me olhou de canto.
– De quanto meses está?
– Agora?
Já estávamos próximos há algum tempo e eu já não via Gale desde a festa, que havia sido há semanas.
– Vou fazer sete. – Sorri.
– Sete? Caramba. O parto está chegando, você já se preparou.
Mordi o lábio inferior. Eu havia me mudado para um apartamento maior e separado um quarto para o bebê. Eu tinha o básico: um berço, um guarda-roupa infantil, e algumas fraudas, mas ainda estava quitando as dívidas anteriores e não podia fazer muito.
Pensei se poderia confiar em Peeta, e dizer isso, mas ele era tão próximo a mim que não imaginei que isso poderia ser um problema, então deixei que ele soubesse da situação.
– Ainda falta muito?
– Um pouco? Eu também estou guardando para a faculdade da Prim, mas você sabe como são essas cosias. Eu deixei de comprar algumas coisas pra mim e estamos montando o enxoval.
– Você precisa se cuidar. – Lembrou.
– Existe uma diferença enorme entre cuidados e luxo, Peeta. – Rebati.
Ele sorriu e continuou dirigindo até minha nova residência.
– Eu posso subir?
– Você já se convidou.
Ele gargalhou e segurou minha mão, ajudando-me a sair, e então pegou minha bolsa.
Esqueça o que eu disse sobre o pinguim, eu sou uma pata chocando um ninho de ovos gigantes.
– Você leu o livro?
– Li. – Confirmei. – E vi o filme.
Ele confirmou e paramos no meu andar.
– Está com as chaves?
Peguei na bolsa e lhe entreguei as chaves.
Quando abrimos a porta, a luz estava desligada e tudo em silêncio.
– Prim? – Chamei.
Peeta acendeu a luz e arregalei os olhos. O pessoal da editora, Prim e Glimmer estavam em minha sala, com balões, caixas de presentes e lanches.
– Oh meu... – Pus as mãos em frente à boca.
– Surpresa. – Ele sorriu ao meu lado.
Todos vieram me abraçar e minha irmã me deu um cutuque leve.
– O bonitão lá que fez tudo. – Avisou.
Quando me sentei ao sofá, ela veio para meu lado e todos começaram a falar ao mesmo tempo.
– Tudo bem, fiquem calmos. – Pedi. – Um de cada vez.
– Chá de bebê surpresa. – Falaram juntos.
Gargalhei e Peeta se distanciou, assistindo de longe.
Abri os presentes e conversei com os outros, mas fui até ele assim que pude.
– Obrigada. – Pus as mãos no corrimão.
– Você não precisa me agradecer.
– Preciso sim. Prim me disse que foi você quem teve a ideia do chá de bebê. Vocês andaram conversando?
– Há algum tempo.
Arqueei uma sobrancelha para ele, que riu. Eu gostava de ouvi-lo rir, seu tom era rouco e parecia sempre vir do fundo de si, além de seu sorriso dar origem a um par de covinhas suaves que se combinavam com a do queixo, dando-lhe uma aparência adorável e sexy.
– Sua irmã é uma garota legal. – Afirmou. – Ela te ama muito.
Confirmei e ele pôs a mão por cima da minha, discreta e hesitantemente.
– Nós vamos fotografar a capa amanhã. – Avisou. – Eu posso vir te buscar.
– Claro.
Ele olhou para dentro da sala pelo canto do olho.
Todos os outros estavam entretidos demais para prestar atenção em nós.
– Você já escolheu um nome?
– Eu estou em dúvida. – Dei de ombros. – Quer sugerir algum?
Peeta corou num vermelho tão profundo que seus lábios pareceram pálidos em comparação a seu rosto.
– Eu posso?
– Não, Peeta, eu perguntei para te dar um “potoc” depois. – Revirei os olhos. – Claro que pode.
Ele riu e pensou por alguns segundos.
– Eu gosto de Josh. – Falou por fim. – Ou talvez Peter.
– Peter se parece com Peeta. – Comentei.
Ele riu e deu de ombros.
– Talvez.
Ele me olhou um pouco.
– Qual é a sensação? – Perguntou por fim. – Sabe, de carregar uma vida dentro de si.
– Incrível. Assustadora... Linda... Flatulenta. Nossa, eu já acordei com a barriga num formato tão estranho. – Ri e ele me acompanhou. – Mas quando ele chuta, se mexe e tudo isso... É tão incrível.
Ele confirmou.
– O meu maior sonho é ser pai um dia. – Confessou. – Carregar o meu filho ou a minha filha, vê-lo falar, andar... Quero estar presente em todos os momentos, brincar e até mesmo brigar, e acalentá-lo enquanto chora, sabe, eu...
Ele continuou falando, mas eu não ouvi realmente.
Peeta falava com tanta paixão e devoção. Seus olhos brilhavam e suas mãos expressavam exatamente tudo aquilo que sua boca e seu olhar diziam. Se eu não houvesse encontrando com Gale... Peeta poderia ter sido o pai dos meus filhos, e seria maravilhoso.
– Eu só sei que...
Não deixei que ele terminasse, o puxei pelos ombros e segurei seu rosto, juntando meus lábios nos seus, carnudos e rosados.
Eu queria ter feito isso há muito mesmo.
Continua...
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