E Se? escrita por WaalPomps


Capítulo 15
As we roll down this unfamiliar road


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal lindinhas



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Na sexta feira, logo após uma deliciosa lasanha preparada por Salma, Fabinho, Giane, Maurício e Malu pegaram a estrada rumo a Ilhabela. Bento tinha uma reunião, então iria com Mayara no final da tarde.

Os dois rapazes se revezaram na direção, apesar de o caminho não ser longo. Pararam no Frango Assado, onde lancharam. Maurício escolheu uma torta de frango para comer, apesar de todos o indicarem para não. O local era limpo e confiável, mas a torta não estava com uma cara muito boa.

_ Eu acho que nunca andei de balsa. – comentou Giane, sentada no capô do carro de Fabinho, com Malu ao seu lado – Na verdade, eu só fui para o litoral uma vez, quando tinha cinco anos.

_ É sério isso? – a corintiana assentiu – Nossa, meu pai sempre nos levava. E eu e o Fabinho moramos pertinho da praia por um tempo, lá nos Estados Unidos. Sou praticamente um peixinho.

_ Fraldinha deve ter se esbaldado. Do jeito que é. – Malu deu risada.

_ Ele não vê muita graça, pra falar a verdade. – Giane se surpreendeu – Eu sei que ele tem essa pinta de playboyzinho, mas ele é um cara legal. – garantiu a Campana mais nova – Acho que ele era revoltado quando criança porque acreditava que merecia coisas para suprir a falta dos pais. Depois, quando meu pai deu tudo que ele queria, ele percebeu que não preenchia a falta da mãe.

_ E você? – perguntou Giane – Não é querendo ser intrometida, mas... Bom, eu sei que seu pai tirou você da sua mãe quando adotou o Fabinho, e já ouvi falar das histórias com seus irmãos.

_ A Bárbara nunca foi uma boa mãe. Ela até melhorou um pouco com o tempo, e foi melhor para meus irmãos adotivos do que foi pra mim. – garantiu a moça – Mas eu não sinto falta dela. E se sinto tristeza, as compras me alegram.

_ Não sei se eu conseguiria viver assim. Não aguento ficar parada. – riu Giane – To te estranhando ter tempo livre antes e depois da escolinha de futebol.

_ Você pode usar esse tempo para ficar com o Maurício né? – perguntou Malu – Ou você tem vergonha de fazer isso no seu quarto?

_ Que? – guinchou Giane, corando absurdamente. Malu gargalhou da cara dela – Tá achando o que Malu? Eu sou uma moça de família, de respeito.

_ Você tá dizendo que em quase seis anos, vocês nunca dormiram juntos? – Giane negou – Meu Deus... Não sei se vocês merecem palmas ou socos.

_ Malu. – resmungou Giane, baixando os olhos. A moça riu, dando uma ombrada na outra – Não acredito que estou falando sobre isso com você. Acho que a única pessoa com quem já falei sobre isso foi a minha irmã.

_ E ela nunca te aconselhou a, sabe, resolver isso? – Giane negou, com uma cara estranha – Desculpa, não quero me intrometer.

_ Não é isso. É só que... As coisas estão complicadas entre nós duas, nós não estamos nos falando. – explicou Giane – Só pra engrossar toda essa complicação.

_ Hey, você pode falar comigo se quiser. Eu sei que o Fabinho deve ter dito que sou fofoqueira, e não nego que gosto de uma boa fofoca, mas eu sei ser uma boa amiga. E amigas guardam segredos das amigas. – Giane riu do jeito direto da loira – Se quiser alguém para conversar, é só me chamar. Ok?

_ Ok. – concordou a morena, apertando a mão da nova amiga – E se me permite perguntar... O que existe entre você e o Bento?

_ Nós começamos a ficar no colégio. – explicou Malu – Nós éramos ficantes, mas não fixos. Eu não ficava com mais ninguém, mas o Bento sim. Ele tem pânico de assumir relacionamentos sérios, posso até dizer que ele ficou feliz quando eu fui para os Estados Unidos. Foi me ver algumas vezes, mas pelo que minhas fontes informaram, pegou metade de São Paulo.

_ Nossa, o Bento era um menino tão romântico. – recordou Giane – Mesmo tão criança, ele era um galãzinho, mas não do tipo conquistador barato. Ele plantou uma árvore para a Mayara quando ela chegou na Casa Verde, uma amoreira.

_ O Bento? Fazendo jardinagem? – Malu gargalhou – Acho que nós conhecemos dois Bentos diferentes.

_ Acho que todos somos duas pessoas diferentes. – comentou Giane – Muita coisa mudou no dia que o Bento e o Fabinho foram embora da Casa Verde.

_ Pra melhor ou pior?

_ Acho que vai depender do ponto de vista.

~*~

_ Droga de reunião que atrasou. – resmungou Bento, acelerando no volante. Mayara ao seu lado martelava a cabeça, pensando na abordagem que faria no final de semana. Já estava possessa de raiva por Giane estar indo com um biquíni e roupas novas e caras, presentes de Maurício.

E infelizmente, não havia mais tempo para trabalhar abordagens lentas a Bento e Fabinho, precisava dar o bote em algum deles depressa, para conseguir pelo menos um biquíni novo.

_ Não vamos conseguir chegar a tempo... A última balsa sai às 17h. – suspirou Bento, vendo que faltavam 15 minutos para o horário indicado – Tem pelo menos mais 40 minutos de estrada.

_ E o que faremos? – questionou Mayara, tendo uma luz.

_ Bom, vamos para Caraguatatuba. Eu pego um quarto de hotel para nós dois e saímos amanhã cedo. Se você não ligar. – Mayara negou, sorrindo meigamente. Era hoje que daria o bote.

~*~

_ Droga Maurício, eu te falei para não comer aquela torta. – reclamou Giane – Agora você tá aí doente.

_ Relaxa amor, eu só vomitei. – pediu Maurício, aninhado nos lençóis da cama - Mas vocês deviam se divertir.

_ Nos divertir? A Malu se trancou no quarto, brava, porque o Bento e a Mayara se atrasaram e perderam a última balsa. Estão lá em Caraguatatuba, só vem para cá amanhã cedo. – explicou Giane, acariciando os cabelos do namorado.

_ Então vai pra cidade com o Fabinho. Dá uma volta, come alguma coisa... E aproveita e me traz um Gatorade ou uma água de coco, que ajudam a hidratar quando se passa mal.

_ Achei que isso era para diarreia. – lembrou Giane.

_ Que é basicamente o que estou tendo agora. – Maurício praticamente pulou da cama, fazendo Giane gargalhar – Qual é, depois de seis anos, você nunca havia se tocado que eu faço cocô?

_ Quero ver o que você vai pensar quando souber que eu estou fazendo. – ela riu da porta do banheiro – Você tinha mesmo que entrar agora Mau? Se eu for mesmo sair eu preciso escovar os dentes.

_ Gi, nós vamos ficar no mesmo quarto e usar o mesmo banheiro. – ela corou ao lembrar do fato – Pode entrar, eu to sentado na privada, você não vai ver nada.

Ela suspirou, abrindo a porta do banheiro e entrando. A cena era cômica, considerando a cara de dor que Maurício fazia. Giane pegou a escova, colocando pasta e saindo para fora da porta, tentando se livrar do cheiro.

_ Nossa Mau, se eu não te amasse, acabava o namoro agora. – brincou ela, enquanto escovava os dentes – Que cheiro é esse?

_ E você caga perfume né? – perguntou o rapaz, fazendo a namorada gargalhar. Ela colocou a escova de dente no suporte, mandando um beijinho – Qual é, nem um selinho?

_ Maurício, não vou te beijar enquanto você está cagando, por favor. – ela saiu do quarto, descendo para a sala. Fabinho estava sem camisa, vendo TV distraidamente – Vamos para a cidade?

_ Hã? – ele ergueu os olhos – E o Maurício?

_ Está tendo uma noite de rei e dominando o trono. – Fabinho gargalhou – Ele pediu para trazermos um gatorade ou água de coco, para ver se ajuda a melhorar.

_ Por mim pode ser. Precisamos comprar comida também, porque não temos nada aqui. – ele desligou a TV, se levantando – Só espera eu achar minha camiseta.

_ Não se pode andar sem camisa na praia? – perguntou Giane, fazendo o publicitário gargalhar.

_ Podemos caminhar e ficar na praia. Mas dirigir sem camisa é proibido, como em qualquer lugar. – explicou ele, pegando a camisa na cozinha – Tem um restaurante no centro que tem o melhor macarrão com molho de camarão que eu já comi. Mas também tem batata com cheddar e bacon, se você preferir.

_ Gosto de camarão, mas não resisto a batata, cheddar e bacon. – ela sorriu, apanhando a bolsa, enquanto caminhavam para o carro.

~*~

_ Mayara, tem certeza que não quer ir a algum restaurante? – perguntou Bento, andando de braços dados com a jovem.

_ Eu gosto de comer no shopping, nesses restaurantes mesmo. Acho que não saberia me portar em lugar mais chique. – eles pararam em frente ao Burguer King – Você gosta?

_ Claro. – Bento sorriu – Qual lanche você quer?

Ela avisou o pedido e foi se sentar, enquanto Bento fazia o pedido e pagava. Mayara bufou, irritada que teria que comer esse lanche gordurento e que ela não suportava mais comer. Mas tinha que manter a linha da menina meiga, simples e delicada.

_ Aqui está seu lanche rainha Mayara. – ela ergueu os olhos, vendo Bento com a coroa amarela do restaurante. Ela gargalhou, até vê-lo arrancar uma idêntica e cor de rosa.

_ Ah não. – ela reclamou, enquanto ele colocava a coroa nela – Ai Bento.

_ Vai Mayara. Lembra que nós brincávamos de faz de conta quando éramos crianças? – ele perguntou – Você gostava de chamar Amora.

_ Por causa da nossa árvore, nossa amoreira. – ela sorriu – Ainda está lá, sabia?

_ Você cuidou dela direitinho? – a jovem assentiu – Então merece um presente, Rainha Amora.

_ Come e fica quieto, vai Bento. – pediu Mayara, abrindo seu lanche.

Após comerem em silêncio, os dois saíram de braços dados, rindo e conversando. Mayara corria os olhos discretamente, procurando algo que a interessasse. Foi quando viu a loja de biquínis e sorriu discretamente.

_ Bento, podemos tomar um sorvete? – pediu ela, sorrindo. Ele assentiu, beijando a mão dela e caminhando até o quiosque de sorvete. Ela correu até a loja, começando a olhar a vitrine com devoção absoluta.

_ Uma casquinha mista para a senhorita. – ele entregou a casquinha para ela, que desviou os olhos rapidamente da vitrine – Algo interessante?

_ Só olhando os biquínis. O meu está velhinho. – comentou ela, suspirando – Mas tudo anda caro, e meu patrão não me dá um salário tão alto.

_ Tem que reclamar com ele. – Bento entrou no tom brincalhão da última frase da garota – Bom... Eu tenho uns 15 presentes de aniversário para compensar?

_ O que é isso Bento. – ela desviou o olhar, corando.

_ Por favor, Mayara. – ele segurou a mão dela – Aceita o presente.

_ Tudo bem. Mas só um.

~*~

_ Meu Deus, eu vou sair rolando. – gritou Giane, quando saíram do restaurante. Fabinho gargalhou da jovem, que praticamente arfava – Meu Deus, quanta comida, eu vou explodir.

_ Tá sendo exagerada pivete, eu sei que tu come bem mais que isso. – ele garantiu, enquanto caminhavam pela praça do centro.

_ Fabinho, eu não sou acostumada a comer frutos do mar. – ela lembrou, corando um pouco – To até com medo de passar mal.

_ Para de pensar besteira maloqueira. – eles se aproximaram da grade que beirava o mar – Olha lá, Caraguatatuba. Tua irmã deve estar se divertindo com o Bentinho.

_ Ciúmes fraldinha? – provocou Giane, recebendo um revirar de olhos.

_ É claro que não pivete. Se bem conheço o Bento, vai só afogar o gansinho dele e sair correndo. – explicou Fabinho, observando as luzes da cidade do outro lado do mar – Eu ouvi você e a Malu hoje, falando sobre como tudo mudou quando eu e ele fomos embora.

_O quanto da conversa você ouviu? – Giane corou até a raiz do cabelo, fazendo Fabinho rir.

_ Seus problemas na cama não me interessam Giane, fique tranquila. – a garota escondeu o rosto nas mãos – O que eu queria te perguntar é se você acha que eu mudei para melhor?

_ Olha, você tá menos esnobe, mas continua convencido. – ela brincou, fazendo-o rir – Mas sim, acho que você mudou para melhor. Suas atitudes mostram isso.

Eles sorriram um para o outro após ela dizer isso, e voltaram a encarar as luzes que criavam reflexos no mar.

_ O que você está pensando? Porque o cheiro de queimado está violento. – ela brincou, arrancando um riso triste do rapaz.

_ Na Dianna. – contou ele, encarando o mar – A menina dos Estados Unidos, lembra? – Giane assentiu – Nós estávamos em um lugar parecido com esse quando nos beijamos pela primeira vez. Ela era do Texas e estava maravilhada com o litoral. E na empolgação, nos beijamos.

_ Bem lá no céu, uma lua existe. – Giane começou a declamar, fazendo Fabinho franzir o cenho – Vivendo só, no seu mundo triste. O seu olhar, sobre a terra lançou. E veio procurando por amor.

_ Então o mar, frio e sem carinho, também cansou de ficar sozinho. – ele continuou declamando, como se fosse um poema – Sentiu na pele aquele brilho tocar. E pela lua foi se apaixonar.

_ Luz que banha a noite, e faz o sol adormecer. Mostra, como eu amo você. – ela fez uma pausa dramática – Ah, se a lenda dessa paixão, faz sorrir ou faz chorar, o coração é quem sabe.

_ Se a lua toca no mar, ela pode nos tocar. Pra dizer que o amor, não se acabe. – ele finalizou o poema, fazendo uma reverência. Logo, os dois caíram na risada – Meu Deus, você tirando Sandy e Junior do baú?

_ A Mayara adorava ouvir eles dois, acabei aprendendo as músicas. – ela deu de ombros – Mas se quer saber, preferia ficar vendo os jogos do Timão escondida.

_ E pronto, voltou a ser um moleque de rua. – Fabinho debochou, tomando um beliscão – Cê acha que a lua atende dois pedidos da mesma pessoa?

_ Hum, vai pedir amor? – perguntou ela, virando para ele com um sorriso no rosto.

_ Não, vou pedir para que você não me bata depois disso. – ele avisou, antes de puxá-la pela nuca e selar os lábios de ambos.


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