Vive Le France escrita por Mallu


Capítulo 10
Término para um novo começo




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#Sophie

Alguns dias depois da minha briga com o Noah, eu tive mais certeza ainda de que o Gabriel não era o cara pra mim. Ele tentava me avisar sobre o caráter dele, e eu nem aí. Só que aí ele começou a dar uns chiliques, começou a vacilar muito comigo pra depois ligar desesperado pedindo desculpas. "Não sou uma vagabunda qualquer pra ele achar que pode fazer o que quiser e achar que eu sempre vou desculpar ele". 2 meses e meio com ele já foram o suficiente pra conhecê-lo. Eu perdi o meu melhor amigo por causa de um mau caráter, e não ia conseguir viver com aquilo na cabeça(e no coração) se não tomasse uma atitude. Marquei um shopping com ele e a Bia, porque já que eu não ia mais ter namorado, pelo menos eu teria uma melhor amiga pra fazer compras ou algo do tipo. Quando chegamos, sentamos num dos bancos dispostos pelo shopping e conversei com ele.

– Gabriel, é o seguinte. Você tem chegado bêbado em casa, me liga pra me encher de desaforo como se eu te traísse toda noite com um cara diferente, o que eu tenho quase certeza que você faz com as garotas que você conhece quando você sai pra beber, você tem vacilado muito comigo, tem dado em cima de outra menina que eu sei... eu não to mais afim de ser tratada como uma qualquer, muito menos continuar minha vida presa a um cara que nem você, que nem liga se ainda tem minha confiança ou não. Como dizem que relacionamento sem confiança não existe, eu tô terminando com você, antes que eu faça alguma besteira. Passe bem.

Deixei Gabriel com cara de merda sentado no banco e saí andando com a Bia em direção à praça de alimentação. Garanto que lhe faltaram argumento e cara de pau suficientes pra "se desculpar" comigo, e foi só pensar no diabo que ele apareceu, ofegante, correndo atrás de mim.

– Sophie, perai, deixa eu falar com você, deixa eu me explicar. Eu não te disse nada agora há pouco porque foi um baque, foi uma coisa que me...

– Que te o que, Gabriel? Que te assustou, que te deixou surpreso? Fala sério, você achava mesmo que eu era otária só porque eu sou gringa? Eu não ia continuar com você fazendo aquelas merdas nem se você andasse sobre brasas ou virasse faquir.

– E se eu me ajoelhar aqui, na frente de todo mundo, em plena praça de alimentação? Hein? Volta pra mim, minha cabecinha de fogo - dito e feito, ajoelhou-se na frente de toda a praça de alimentação, que já percebeu que aquilo era um término e não um pedido apaixonado, já que ele estava chorando.

– Poupe-me e poupe-se das suas lágrimas de crocodilo, Gabriel Falcão. Já deu, né? Tá ridiculo pra mim e pra você, e agora, olha só, você pode se envolver com a vadia que você quiser, beber quantas você quiser e arranjar outra otária pra você xingar quando estiver bêbado e depois correr com flores chamando de mô. Tchau.

Bia me olhava atônita, e parece que metade do shopping também. Gabriel permanecia ajoelhado, gritando meu nome. "Sophie, volta aqui, me perdoa" Os olhares solidários em relação a ele foram trocados por olhares de desaprovação quando ele gritou "me perdoa", logo perceberam que ele era o errado, não eu. Sem saber pra onde ir nem onde pôr as mãos, minha amiga me questionou:

– Vem cá, de onde você tirou tanta confiança pra falar todas aquelas coisas pra ele? O Gabriel é o garoto mais mimado da face da terra, tem tudo o que quer, na hora que quer... Cadê aquela Sophie fofinha que eu conheci?

– Não te pertence mais, amor. Eu perdi o meu melhor amigo por causa dele, já chegou num ponto absurdo. Eu posso ser fofinha, meiguinha, gentil e tal, mas eu não sou idiota.

– Esqueceu do: retardada, cavala de manhã cedo, grossa, escrota, egoísta porque não divide o lanche comigo...

– Não sou sempre assim, ok? - rimos juntas.

Terminar com o Gabriel foi a melhor coisa que eu já havia feito nos meus 14 anos de vida. Naquele dia, eu rodei o shopping inteiro com a Bia, rodeada de sacolas e comi feito bicho, em 6 restaurantes diferentes. Me senti leve depois de tudo aquilo tudo. Quando mamãe me ligou pra me buscar, apareci na porta e ela já estava lá.

– Então, filha. Como foi aí com o seu namoradinho e a Bia?

– Meu namoradinho não existe mais.

– O QUÊ? - quase bate o carro novamente, a louca.

– Mãe, não é a primeira vez que você faz isso, eu não sou gato pra ter sete vidas, tenho uma só e quero preservar ela, que susto. Eu terminei com ele porque ele tava vacilando comigo e eu tenho quase certeza de que ele estava me traindo.

– Ué, mas e dai? Traição é uma coisa tão comum hoje em dia, tem casais inclusive que contratam outra pessoa a mais para a hora do... - explicou minha mãe, calmamente, como se explicasse uma receita de bolo.

– Mãeeeeeeeeeeeee, pelo amor Deus, não confunde as coisas. Agora se você puder parar de idolatrar o Gabriel como se ele fosse um John Mayer da vida, eu agradeceria, porque ele é bonito mas não vale o chão que pisa.

– Bom, então se eu fosse você eu não comparava ele ao Mayer, faça-me o favor.

Rimos juntas, e quando eu entrei em casa fui direto me afundar na banheira por uma hora. Saindo de lá, me senti confortável o suficiente pra colocar um pijama largo, sentar na cama e ligar pro Noah:

– E aí, tá afim de ser meu melhor amigo... de novo?

Percebi uma risadinha abafada, como um "demorou, hein vadia"

– Porque não?


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