POV SCORPIUS

Eu não aguentava mais! Não aguentava mais fingir que estava calmo e com tudo sobre controlo, só para que Sophie não se preocupa-se. Agora, percebia o que a Rose passou durante todos estes anos.

Por fora, eu era um Scorpius calmo, por dentro havia explosões e gritos e ódio e raiva e …

Suspirei e afundei-me na cadeira da cozinha.

Dois dias haviam-se passado desde que perdera a ruiva. Harry fazia de tudo para encontra-la. Albus, Luke, Draco e Hermione andavam de um lado para o outro á procura de pistas. Rachel entretinha Sophie. Lexi stressava por estar a perder a visão de Rose.

Até agora não conseguíamos saber muita coisa. Segundo Lexi, Rose estava fechada numa sala escura e húmida. Passava metade tempo desmaiada, e a outra metade a ser torturada. E isso magoava-me! Saber que a minha ruiva estava a sofrer, matava-me por dentro!

– Scorpius? – Lexi sussurrou. Levantei a cabeça e vi-a á minha frente. – Estás bem?

– Não – admiti. – Eu sinto-me um inútil aqui sabendo que Rose precisa de mim!

– Eu sinto o mesmo – afirmou ela e sentou-se na cadeira á minha frente.

– Eu queria poder trocar de lugar com ela – disse e suspirei.

– Tu és preciso aqui – Lexi disse. Fiquei confuso. – Tu precisas de tomar conta da Soph!

– A Rose faz isso muito melhor que eu – disse.

Ela sorriu.

– Não sabes! Tu nunca tiveste a oportunidade de o fazeres – argumentou.

Olhei para ele durante alguns segundos.

– Achas que devia falar com a Sophie sobre isso?

Lexi abriu a boca…

– Sobre o quê? – Uma voz infantil veio da porta da cozinha. Olhamos para lá. Sophie estava encostada à porta de braços cruzados. Bolas, como é que eu antes não percebi?! Eu fazia a mesma posição!

– Oh, nada querida – afirmou Lexi.

Sophie sorriu e olhou para mim.

– Scorp, a mamã fala a dormir – informou. Eu acenei em concordância. – Eu sei que és meu pai! – Lexi e eu olhamos para ela, chocados. – Há um ano atrás, a mamã sonhou contigo e disse o teu nome, e no dia em que nos conhecemos eu percebi.

– T-tu o quê? – Perguntei. – Porque não disseste nada, Sophie?

Ela endireitou-se e encolheu os ombros.

– A mamã não queria que eu soubesse – disse. – Então eu fingi que não sabia.

Olhei para Lexi sem acreditar, esta sorria na minha direção.

– Sabes Scorp, ela pode ser muito parecida contigo – afirmou a sorrir. – Mas a inteligência puxou á mãe!

Voltei a olhar na direção da minha filha. E neste momento, eu senti-me a pessoa mais burra do mundo!

Ela era uma divisão perfeita de mim e de Rose. Cabelos loiros arruivados, olhos azuis e cinzentos. Nariz direito, lábios vermelhos. Inteligência da mãe, personalidade do pai.

Ela era minha filha. Minha e de Rose. NOSSA! E eu amava-a!

E sim, eu podia desculpar Rose por ter ido com a Parker, porque eu sabia que se pudesse também tinha feito o mesmo. Tudo para proteger Sophie!

POV ALEXIA

Sentei-me na casa e fechei os olhos.

Vamos lá concentra-te Alexia. Estava cada vez mais difícil, mas eu precisava de fazer isto! Rose confiou em mim para isto!

O efeito do feitiço estava a desaparecer rapidamente e eu quase já não conseguia através da mente da ruiva.

Algumas imagens começaram a aparecer.

A sala era a mesma das outras vezes. Há minha frente, ou melhor á frente de Rose estavam Alison e Jéssica.

– Porquê? – Perguntou Rose com a voz a falhar. Os seus pensamentos não estavam coerentes. – O que foi que eu te fiz para merecer isto?

Parker gargalhou friamente.

– Tu ainda não percebeste? – Perguntou com sarcasmo. – Tu estragaste tudo!

– Tudo? – Rose ficou confusa. – Tudo o quê?~

Jéssica caminhou até estar a um metro de Rose.

– Eu amava-o – informou. – Ao Scorpius! Sempre amei! Mas ele amava-te a ti – disse com raiva. – Eu pensei que fosse algo passageiro, mas depois de tu ires embora as coisas só pioraram! Ele ficou diferente! Ninguém podia falar mal de ti que ele irritava-se logo – esclareceu. – Até que um dia, ele deixou de nos falar porque eu te chamei sangue de lama! – Jéssica sorriu, e isso deu-me arrepios. – Nesse dia, eu jurei que te ia matar!

– Tu fizeste isto tudo por ciúmes? – Perguntou Rose com a voz rouca.

– Ele vai se arrepender de te ter escolhido – Parker afirmou. Apontou a varinha e senti a dor de novo. Ouvi o grito de Rose.

As imagens desapareceram e eu voltei a ver o meu quarto.

Rose!

Odiava saber que isto estava acontecer á minha melhor amiga. Pelo menos, agora sabia o motivo, não que isso importa-se muito.

Deite-me para trás e encarei o teto.

Uma lágrima caiu pelo meu olhos e eu rapidamente limpei-a. Alexia Delacour não chora! Nunca chorei!

Exceto uma vez, quando conheci Rose.

Flashback on

Encaminhei-me para o meu dormitório, havia acabado de sair da detenção. Sorri ao lembrar da cara de Madame Pierce, diretora de Beauxbatons.

Ouvi o som de um choro e parei. Olhei á minha volta.

Vi uma menina sentada encostada á parece, perto da lareira.

Êtes-vous bien? (Estás bem?) - Perguntei enquanto me aproximava. Ela olhou para mim com lágrimas nos olhos e o nariz vermelho. Reconheci-a como sendo a aluna nova, Rose Weasley. Eu acho. - Que s'est-il passé? (Que se passou?)

Rose olhou para mim um pouco confusa.

– Allez-vous-en! (Vai-te embora) – Rose pediu. Percebi que não tinha o sotaque francês, em vez disso havia um pequeno detalhe londrino. Sorri.

– Eu não te vou deixar aqui a chorar – afirmei e ela olhou para mim espantado por eu saber inglês. – O que foi? Não és a única a ter família em Inglaterra – sorri e sentei-me a seu lado. – Agora, queres contar-me o que se passou?

– e-eu-eu – gaguejou e depois calou-se.

– Tudo bem, eu começo – disse. – O meu nome é Alexia Delacour, tenho 12 anos, sou descendente de veela. – Sorri. – E a única pessoa famosa na minha família é Fleur Delacour.

Rose continuava a olhar para mim, depois suspirou.

– Sou Rose Weasley, 12 anos, não sou descendente de veela mas sou mestiça – deu-me um pequeno sorriso. – E quase toda a minha família é famosa, começando pelos meus pais e o meu tio.

– Granger, Weasley e Potter, certo?

– Esses mesmo – sorriu.

– E então porque estavas a chorar? – Perguntei.

– É complicado – disse a ruiva.

– Eu gosto de coisas complicadas – incentivei-a a falar.

Ela suspirou de novo e depois contou-me toda a história.

Contou-me o que os seus pais esperavam. O que ela passava com o Malfoy e o que sentia por ele. Contou-me porque tomou a decisão de se vir embora.

No final, eu tinha lágrimas nos olhos. Mas conhecia Rose, mas eu senti algo forte por ela. Era como se nos conhecêssemos desde pequenas, como se fossemos irmãs. E por isso, eu sentia a sua dor.

– Oh Rose – abracei-a. – Nós vamos divertirmo-nos muito aqui! E tu vais esquecer tudo o que se passou – assegurei. – Eu prometo! Nunca mais ninguém te vai magoar!

Flashback off

Eu quebrei a minha promessa!

Não me dei conta, mas já chorava. Lágrimas formavam-se nos meus olhos e desciam, por mais que eu as limpasse, mais voltavam a formar-se.

Solucei e enrosquei-me nas almofadas da cama.

Rose! Rose! Rose!

A menina a chorar! A minha melhor amiga! A minha irmã!