Aquela noite fora difícil para Zoey. Foi como se ela soubesse o que tinha acontecido. A menininha se virava na cama, sem parar. Ela batia os braços, e sua respiração estava muito acelerada. Ela se sentou na cama, assustada, dando um grito agudo que acordara sua mãe.

Emilia ouviu o grito de Zoey e se levantou da cama, indo direto ao quarto da filha. Foi ao encontro da menina, a abraçando e acalentando-a.

–O que foi querida? O que há? Você teve um pesadelo? Está tudo bem agora...

Zoey não falava nada. Parecia que algo muito importante fora tirado dela naquele instante. Ela só não se lembrava do que era.

–Tudo bem, Zoey, fique calma. Consegue voltar a dormir?

Zoey assentiu, ainda um tanto trêmula. Depois disso, Emilia deu-lhe um beijo no rosto e voltou ao seu quarto, deixando Zoey na cama dela, se acalmando. A loira tinha dor de cabeça, como se alguém a tivesse pressionado. Se sentia estranha. Vazia. Talvez poderia ser os efeitos colaterais do pesadelo que tivera, que a propósito, não se lembrava qual era.

–*-

Emilia acordara de manhã com Theo em cima dela, pulando na cama. Ela se levantou, e pegou-o no colo, indo para o corredor. Encontrou Zoey saindo de seu quarto ao mesmo tempo.

–Dormiu bem querida?

–Uhum.

Fora a única coisa que a garota falara. Os dois desceram para tomar café, e Emilia estranhou não ver Sebastian lá em baixo, mas não disse nada. Talvez estivesse tomando um ar do lado de fora, ou talvez tenha ido a algum lugar.

A manhã passara extremamente rápido. Zoey recebera sua carta de Hogwarts, e Emilia iria pedir para que Sebastian a levasse para comprar os materiais necessários. Pediria, se ele não tivesse ido embora. Emilia subira ao quarto dela, para pegar uma outra blusa, e quando abrira o armário percebera o que havia acontecido. Ela percebera porque não havia visto Sebastian naquele dia. Ele havia ido embora.

Emilia sentou-se na cama, caindo aos prantos. Agora ela via como todas aquelas brigas foram ruins ao casal. O laço entre eles fora desmoronando devagar, aos pedaços. Zoey entrara no quarto, e vira sua mãe chorar.

–Mamãe, porque está chorando? O que houve. Você pode me contar.

Emilia tinha receio de contar a garota, mas podia esconder dela. Ela era bem mais velho do que Theo, e não se podia esconder uma situação dessas de uma garota de 11 anos.

–Zo... Querida. O seu pai... Sebastian... Ele foi... Embora, querida.

Zoey fitou-a com curiosidade. Ela franziu o cenho. Era estranho. Emilia dizia ''o seu pai'' mas Zoey não se lembrava de ter um pai chamado Sebastian. O único pai que ela conhecia, era Gabriel, quem ela mal lembrava, por conta da pouca idade que tinha.

–Mamãe... Do que você está falando? Quem é Sebastian?

Emilia olhou horrorizada para Zoey. Não podia acreditar no que estava ouvindo. Sebastian não poderia ser tão baixo a ponto de apagar todas as memórias que Zoey tinha com ele. Não podia.

–Seu pai. Sebastian Hoper.

–Mãe... Meu pai é o Gabriel, e vocês se separaram quando eu era pequena, lembra?

Emilia abaixou a cabeça, chorando. Então era isso. Sebastian havia sido covarde e havia tirado as memórias que Zoey tinha com ele. Todas as memórias. Por isso ela achava que Gabriel era seu pai. Era o único homem que se lembrava. A mulher fora obrigada ainda, a concordar com a filha, dizendo que estava certo, e que Gabriel era seu pai.