Too Much To Ask escrita por Luisa Stoll, Pin


Capítulo 48
Capítulo XLVII - Revelação


Notas iniciais do capítulo

Foi rápido, né? u.u
Divirtam-se, eu espero postar um bônus de páscoa ainda hoje...



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POV Alawara

Minha cabeça iria explodir, eu tinha certeza disso. Os poderes de Aghata ainda me afetavam de certa forma. Mamãe me encarava de forma condescendente. Porém eu não precisaria de pena naquele momento. Se tinha alguma coisa que eu detestava era pena.

– Você está melhor, Aly? - seu rosto assumiu uma expressão preocupada. Seus traços belos estavam desfavorecidos por conta da batalha.

Não respondi. A encarei por mais um segundo e me virei. Meus olhos pousaram em uma maca ao meu lado. Algum outro semideus ferido. Podia ser qualquer um...

O efeito das drogas que ainda perpassavam meu corpo me deixava tonta, além de me tirar a capacidade de reconhecimento...

Não podia ser quem eu estava pensando. Não, Alawara. Existem dezenas de outros garotos com o cabelo loiro nesse Acampamento. Pode ser qualquer um deles...

Eu não poderia me conformar com isso. Algo dentro de meu peito me dizia que eu estava certa. Mas ele estava morto, não?

Meus olhos voltaram na direção de minha mãe, que apenas assentiu.

Ele estava vivo? Ele realmente estava vivo? Meus pensamentos se voltaram para lembranças sobre nós dois.

*Flashback on*

Meus olhos transbordaram de lágrimas quando vi aquela cena. Heitor no refeitório, mas ele estava cercado de outras garotas, muitas com cara de piranha... Fazia alguns meses que estávamos nessa escola, depois das férias de verão. Durante um tempo eu já havia percebido o olhar indiscreto que muitas das biscates lançavam sobre Heitor... Julie dissera para eu não me preocupar, que ele me amava acima de tudo... Mas meu ciúmes não me deixava em paz. Todo esse ciúme fez que, em uma aula de Educação Física no quintal da escola, eu fizesse com que a água de uma fonte que havia ali afogasse uma garota, uma das que eu mais odiava, e que mais insistia para chegar perto de Heitor.

A água puxou-a, e a menina foi parar na enfermaria.

Em outra ocasião, eu joguei um sapo do laboratório em seu cabelo. Claro que ela não ficou sabendo que tinha sido eu. Ou se tinha, nunca falara nada para ninguém. Provavelmente não tinha como provar.

Mas ela não parava de olhar para Heitor com quintas intenções. E no dia em que este retribuiu o olhar, lágrimas invadiram meus olhos, e eu saí correndo. Saí correndo para a sala de teatro, um lugar que eu sabia que não teria ninguém, mas que, infelizmente, ele sabia onde era. Fiquei sozinha por somente alguns minutos, quando Heitor entrou na sala. Desviei o olhar, mas ele tentou explicar-se. Minha razão dizia para que não aceitasse suas desculpas, mas no fundo do coração, eu sabia que ele não tinha culpa de nada. E a voz do meu coração era a mais alta no momento.

*Flashback off*

POV Heitor

Quando meus olhos se abriram, minha visão não foi nada menos que muito agradável. Alawara estava dormindo na cama ao lado da minha. Seu cabelo ruivo estava caído sobre suas costas, e uma mecha estava sobre seu olho direito. Suas maçãs do rosto rosadas a deixavam parecendo uma criança, uma criança em sono profundo, mergulhada em seus mais lindos sonhos infantis.

Vi que Abnara estava sentada em uma beirada da cama, observando a filha. Imaginei que seu olhar sobre mim seria acusador, por ter causado aquilo. Mas não. Quando seu olhar se cruzou com o meu, era apenas benevolência, e talvez um pouco de pena.

Voltei a observar Alawara, e lembranças nossas invadiram a minha mente.

*Flashback on*

O Verão tinha acabado, e nisso, o ano letivo começado. Alawara tinha vindo com essa ideia maluca de que deveríamos levar uma vida normal (como se fosse possível) e ir a escola. Já não bastava os monstros, agora aguentaríamos os professores? Mas ok, o que eu não faria por aquela garota. Fomos todos para a mesma escola, todos: Eu, Aly, Isa, Leo, Julie e Malcolm. Os primeiros bimestres correram bem, mas quando chegou no último, eu era gostoso demais para as pobres mortais, e Alawara teve uma crise esplêndida de ciúmes, e, assim, ela brigou comigo, pra valer, como se não confiasse mais em mim.

E lá estávamos nós, voltaríamos em menos de uma semana ao Acampamento, e não tínhamos voltado ainda. Minha vida sem ela não tinha sentido, era como se eu não conseguisse respirar, era como se afogar no rio Estige. Não sobreviveria nem mais um dia sem ela.

E lá estava ela, linda como sempre, vindo com Isabella de algum lugar nada importante, Leo estava ao meu lado, e Julie com Malcolm, provavelmente se pegando em algum outro lugar. Era insuportável ver a maneira como os outros caras olhavam para ela, e mais insuportável ainda saber que ela era minha, tinha que ser, embora não estivesse em meus braços agora. Ah sim, tudo o que eu mais queria era mergulhar em seus lábios, sentir o cheiro de seu cabelo ruivo, e sentir sua pele contra a minha, seus braços em volta de meu pescoço, suas unhas em minha nuca, queria ela de volta, e conseguiria. Não tinha mais tempo a perder.

Todos esses pensamentos me rodearam em frações de segundos, não era à toa que minha mente estava tão perturbada. E então as duas se aproximaram, não completamente, Isabella se jogou nos braços do Leo - ah, qual é, todos sabíamos que eles deveriam namorar, se bem que eles já agiam como namorados, só falta oficializar - E Alawara ficou do outro lado, falando com algum veterano idiota. Era agora, eu não tinha tempo a perder. Me aproximei e a prendi na parede, segurando seus pulsos, pronto, ela estava lá, só minha, e então eu a beijei, somente isso, deixei meu corpo falar por mim, expressar toda a saudade que eu estava sentindo, saudade do beijo dela, saudade dela comigo. E então ela separou o beijo, com lágrimas nos olhos, e saiu correndo. Olhei para trás, para Leo e Isa para ser exato, e ambos estavam com mais cara de interrogação do que eu. Sai atrás dela, e embora a tivesse perdido de vista, sabia exatamente onde estava.

Desci alguns degraus correndo, meio tropeçando de um para o outro, e achei uma pequena porta, esquecida no final de um corredor. Era onde eles guardavam as fantasias do antigo teatro. Tinha uma pequena portinhola que dava para um túnel subterrâneo que dava para um quartinho secreto, era onde nos encontrávamos no começo do ano, e enfim, era lá que ela estava, conseguia sentir isso. Desci, e lá estava ela, chorando. Aquilo definitivamente acabou comigo, me aproximei devagar e bati na porta, que estava aberta, só para mostrar que estava ali. Ela se assustou, e por um instante, ficou confusa, mas no segundo seguinte, uma expressão de raiva se apoderou de seu rosto.

– IDIOTA, IMBECIL - começou a gritar, vindo em minha direção - VOCÊ ESTRAGOU TUDO.

Um pedaço de madeira veio voando em minha direção, seguida por sua mochila e seus tênis.

– Aly, eu...

– VOCÊ... VOCÊ... - ela desabou em choro novamente, e veio correndo em minha direção com sua adaga, provavelmente para me esfaquear. Mas, graças aos deuses, ela tropeçou, caindo instantaneamente em cima de mim, e a faca voando longe.

Ela voltou a chorar, e acariciei seu rosto, limpando suas lágrimas. Ela me olhou nos olhos, pela primeira vez em semanas, e eu a beijei. Novamente, mas dessa vez, com mais intensidade, beijei como nunca a tinha beijado, e me entreguei a cada pedaço do beijo. Vi um pequeno sorriso se formar em seus lábios.

– Aly, eu...

– Shiiu. - ela fez um sinal de silêncio, para que eu me calasse, e me beijou novamente.

– Me promete uma coisa?

– Tudo o que quiser, princesa - sorri.

– Fica comigo? - pediu.

Sorri, a beijando, com mais calma, mas não menos intensidade.

– Não precisa nem pedir.

*Flashback off*

Praticamente sacrificar a minha vida em prol da dela pode ter parecido uma escolha difícil, mas para mim seria completamente impossível viver em um mundo onde ela não mais existia. Se ela não sobrevivesse, eu imploraria para que Aghata me matasse.

Mas, felizmente, as parcas estavam ao nosso favor.


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Notas finais do capítulo

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