Jogos Vorazes: O Despertar escrita por FernandaC


Capítulo 12
Distrito 12


Notas iniciais do capítulo

Capítulo XII. Yey!! Finalmente, não é mesmo? Meus queridos leitores que eu amo, vou tentar postar o próximo capítulo em 3 dias, mas eu vou tentar! Espero conseguir.
Uma coisa que não tem nada haver com a história. Eu li uma fanfic de uma garota e cara fiquei triste, pq ela tem uns 20 capítulos e cada um com umas 500 palavras, a menina tem uns 7 mil acessos! Egua, cada capítulo meu tem umas 4 mil palavras! E agr que eu cheguei nos 3 mil acessos. Sinceramente, eu acho que não sei fazer fanfic. Vocês acham que eu devo mudar, escrever menos, sei la?
Enfim, em breve espero estar postando o próximo.
Beijo, Fernanda.

Obs.: Perdoem-me a formatação do capítulo, tive que postar pelo celular! Sei que tá uma merd*. Então, minha dica é copiem e colem no word ou algo assim. ^^



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– Gale... - Levanto uma mão na direção dele. Mas não o toco e ele tampouco faz alguma menção. – Você sabe que eu não posso escolher. Você não entende?
– Não Katniss, sinceramente não. Dessa vez, eu não quero entender. – Solto um suspiro.
– Sinto muito Gale, jamais intencionei lhe magoar. Mas algumas coisas não podem ser controladas. Você sabe disso. Por favor, me dê mais alguns dias... Você não pode me deixar agora, justo neste momento, você prometeu, lembra?
Gale me analisa intensamente decidindo-se. Ele não é de quebrar promessas e com isso sei que ganhei um pouco mais de tempo. Meu corpo relaxa levemente quando vejo que ele colocou a mala de volta no chão. Gale balança a cabeça e me olha um pouco incrédulo.
– Como você consegue ser tão irritante? – Esboço um sorriso de alívio.
– Essa é a minha maior qualidade.
Gale assente uma vez e se retira da sala, cabisbaixo. Sinto que ele esperava uma resposta curta e direta, como sempre fiz. Acontece que as situações mudaram e eu quase não estou me reconhecendo. As loucuras que estou cometendo, a ansiedade que vivo sentindo, os suspiros... De fato, não posso continuar nesse impasse. Vou ter que liberar um dos dois. Mas como? “Quem quer que ela pense que não pode sobreviver sem”. Agora compreendo o que Gale quis dizer, só tenho que descobrir quem.
Subo para meu quarto e entro no banheiro. A angústia consumindo-me. Olho para o espelho tentando definir quem sou eu, quem eu quero... As escolhas. Sobreviver. Eu sobrevivi ao inferno, posso viver sem os dois! Sinto a raiva se formar esgotando minha paciência. Estou ficando cansada dessa situação. Gale está sendo tão... Pé no saco. Por que ele não falou isso antes de eu ir para os Jogos Vorazes? Não foi por falta de oportunidade. Peeta por outro lado está me irritando com todas essas evasivas sobre a Delly, Capital, semanas longe daqui. Ele disse que não sabe uma parte da história, apenas Haymitch... Hum... Bem, se não posso atravessar a rua e insistir por uma resposta, nada me impede de ir até à casa ao lado.
Passo uma água no rosto e desço. Antes de sair analiso o ambiente lá fora. Limpo. Caminho rápido de cabeça baixa. Abro a porta, mas na rapidez do gesto não presto atenção e choco-me com alguém.
– Droga Katniss, não olha por onde anda? – Gale reclama enquanto esfrega o braço que acabei batendo sem querer.
– Gale! Que diabos você faz aqui? – Pergunto curiosa, tentando esfregar também o braço dele para aliviar a dor, no entanto ele espalma minha mão. Por que ele está irritado?
– Não posso visitar as pessoas?
– Humpf... É mais fácil você visitar os gansos do que o Haymitch! – Digo sarcasticamente. Gale revira os olhos.
Ele avalia a situação. Não é do feitio dele esconder alguma coisa, sei que ele está chateado comigo, mas Gale jamais deixará de ser Gale. Algum plano foi traçado.
– Vim pedir a opinião de Haymitch sobre um plano para mandar esse povo embora. Como ele entende melhor a cabeça deles... Acho que vai dar certo, não custa nada tentar, o que temos a perder? – Ele diz dando de ombros.
– E você não vai me dizer o que é?
– Pergunte a ele, já estou de saída. – Gale diz friamente, o que me incomoda, e vai embora.
Chego à sala e a televisão está ligada, entretanto o local está vazio. Entro na cozinha. Idem. Então, saio pela porta dos fundos em direção ao abrigo para gansos, no momento em que me aproximo do local, escuto vozes. Haymitch conversa com alguém em voz baixa, e não consigo ver quem é a pessoa. Logo, procuro um lugar para ficar de espreita sem ser vista.
– Não, não, você não está pensando direito! Acho que está ficando desmiolado que nem ela! – Haymitch diz. – O garoto tem um bom plano, você sabe disso. Infelizmente, é a nossa melhor escolha.
– Ela não vai concordar. – Peeta afirma.
– Como você pode ter tanta certeza disso? O que lhe faz acreditar que no fim ela vai escolhê-lo ao invés do caçador? O rapaz está morando na casa dela há semanas, você sumiu e quando voltou tudo se complicou duas vezes mais. Pelo modo que Gale explicou a situação, ele confundiu mais do que nunca aquela cabecinha. Ele está léguas na sua frente. Será que o pouco de simpatia que ela sentia por você ainda existe?
– Não sei, de verdade. Como você disse Katniss está realmente confusa. Ela tenta passar por cima dos problemas, da depressão, da dor... Tenta ser forte, só que tudo está muito recente e ela precisa de alguém que dê suporte. Infelizmente não posso ser esse alguém, então fico feliz que ao menos uma pessoa esteja fazendo isso, mesmo que seja Gale, cuja presença é de suma importância vida dela, que a marcou em todos os sentidos.
– Sinto muito garoto, mas não acho que você vai sair feliz nessa. Você escutou o que aconteceu, ele disse que ia embora e ela o impediu. Gale ainda está jogando e essa última jogada foi de mestre. Dizer tudo o que sente e depois bater o pé afirmando que vai embora... Katniss pode ser durona, indiferente com os sentimentos, entretanto ela jamais fará alguém sofrer, muito menos alguém que ama. Você devia entrar nesse jogo também, é o meu conselho. – Haymitch diz com ar de sabedoria. Peeta balança levemente a cabeça.
– Vou indo Haymitch, não tenho mais tempo. Vou pensar em outra forma de mandar esse pessoal para longe. Não quero que seja dessa forma, deve haver alternativa.
– Você quem sabe, mas antes de ir só uma última coisa. Conversei com a Delly ontem e ela me informou que hoje será a abertura oficial do Distrito 12. O prédio da Prefeitura já foi reconstruído, assim como boa parte da cidade, até o Prego, acredite ou não vai funcionar como um centro de vendas lícitas, algo como uma feira. Enfim, quero saber se você vai, é um ótimo momento para pormos o plano em ação. Com certeza, a equipe está aqui para esse evento, mas claro, o principal objetivo ainda é tentar pegar alguns fleches de você com a Katniss. Talvez eles possam ir embora logo após isso, se fizermos tudo certo.
– Hum... Não sei Haymitch, tenho que pensar. Não quero fazer nada precipitado. Da feita que acontecer, não tem como voltar. Quer dizer, tem só que... Não será como antes. Depois a gente conversa, ok? – Peeta fala e vai embora sem esperar por uma resposta.
Ele passa direto por mim sem perceber minha presença. A preocupação estampada no rosto tenso. Haymitch resmunga algumas coisas incoerentes sobre jovens estúpidos. Vejo-o enfiando a mão dentro do saco de ração e jogando para suas crias. Escuto a porta dos fundos se fechar e me aproximo do meu antigo mentor.
– Qual é o plano? – Pergunto assustando-o.
– Parabéns você me fez derramar a ração. – Haymitch reclama irritado, o que é normal.
– A culpa foi sua. – Falo calmamente.
– A culpa foi minha?! Você chega assim, de repente, não dá um aviso.
– Ahh... Chega de reclamar. Qual é o plano Haymitch? Gale me falou que vocês bolaram um e escutei sua conversa com o Peeta.
– A cada dia que passa você fica mais insuportável.
– E vice-versa. – Retruco com uma carranca.
– Gale veio aqui de manhã. Por sinal ele é tão delicado quanto você ao acordar as pessoas...
– Por que você está enrolando tanto?! – Pergunto agora irritada. Ele me avalia e então desembucha.
– Você vai ter que aparecer em frente das câmeras com Gale, não necessariamente beijá-lo, o que seria bom, mas aparecer junto dele, talvez de mãos dadas, apenas para dar a entender que vocês estão juntos. – Haymitch diz como se fosse a coisa mais fácil do mundo.
– Quê?! Essa foi a ideia de girino que ele bolou?
– Não, ele queria lhe beijar. Eu por outro lado discordei, se isso acontecer as câmeras não vão embora, muito pelo contrário, vão querer saber o que houve entre você e Peeta, os motivos por trás do “término”, por que você escolheu Gale e assim vai.
– E o que Peeta vai fazer? – Pergunto temendo o que tem por vir.
– Não é óbvio? Se você está com Gale, ele vai ter que pegar a Delly. – Haymitch fala com simplicidade.
– E ele aceitou isso?! – Questiono incrédula.
– Você escutou o que ele disse. Ele também está indeciso.
– Não, você está enganado. Peeta nunca ficaria em dúvida com algo assim. – Haymitch dá com os ombros sem se dar por vencido.
– Eu disse para você se afastar dele, seria muito melhor para ambos. Você não percebeu, já que você vive no seu próprio mundinho, mas Peeta também tem problemas e sérios. Se você não se lembra, vou refrescar sua memória. O garoto foi telesequestrado, todas as lembranças boas foram deturpadas...
– Você já me disse isso antes e eu lembro perfeitamente o que aconteceu com ele, não precisa explicar o que eu já sei! – Digo com raiva e com um pouco de remorso.
– Pois então, você o abandonou e nem sequer percebeu. Vamos ser sinceros Katniss, você sabe que ele estará bem melhor longe da sua presença. Como seu mentor, quer dizer, antigo mentor, o melhor a se fazer é colaborar com o plano. Não estou lhe dando essa opção, estou impondo. De uma forma ou de outra sou seu responsável direto, então de boa vontade ou não, você vai comparecer ao evento de hoje a tarde. E esteja apresentável. – Haymitch fala desdenhosamente tocando minha trança com os dedos e entra na casa, deixando-me sozinha com os gansos.
Não quero fingir estar com o Gale. Ser alguém que não sou. E nem quero estar com ele nesse evento estúpido. Gale poderia ter planejado qualquer coisa para afastar esse pessoal, menos isso. Impor para eu agir dessa forma é muito cruel, me faz lembrar o quanto eu fui falsa, fingindo ser quem eu não era, engolindo calada todas as ameaças, os riscos, acenando com um sorriso no rosto para meus inimigos e logo depois os aniquilando. Sei que não é a mesma coisa, mas não quero voltar nestas lembranças do passado. Encho-me de aversão e vou atrás de Haymitch. Encontro-o na sala, assistindo o noticiário.
– Quem você pensa que é para dizer o que eu tenho que fazer? Você também me abandonou, Haymitch. Desde quando chegamos aqui você sequer foi me visitar para saber se ainda estava viva. E agora, quer mandar em mim?! – Explodo.
– Quer calar a boca um instante? – Haymitch faz um sinal com os dedos querendo me silenciar.
Então, presto atenção no que ele está vendo. Dessa vez não é o programa de fofocas daquelas duas garotas. Um homem bem vestido apresenta o noticiário, enquanto várias imagens do Distrito 12 surgem na tela, antigas fotos e depois as novas, retratando a nova cidade. Tudo é muito diferente para mim, pelo visto faz tempo que não vou ao centro, até a estação de trem ganhou uma plataforma decente.
– Agora, ao vivo do centro reformada cidade do Distrito 12, é com você repórter Lewis. – Apresentador fala e imediatamente a frente do prédio da Prefeitura aparece na tela.
– Bom dia, Robert. – A repórter cumprimenta, mas para o meu choque, não é qualquer repórter, simplesmente é a minha repórter Cressida. – Finalmente o grande dia! Distrito 12 não poderia estar mais bonito. Depois de quase um ano de trabalho árduo, os trabalhadores fizeram um grande serviço, mas o mérito não é apenas deles, muitos voluntários que se deslocaram de outros Distritos para ajudar a construir uma vida melhor para os moradores deste lugar tão importante e histórico.
Bem, a guerra acabou e a vida continua. Aos poucos as pessoas vão se reerguendo das cinzas, aos poucos a cidade vai ganhando existência. Aqui no meio da praça é possível ver as primeiras lojas surgindo. – A câmera sai do foco de Cressida com a Prefeitura atrás e percorre o perímetro da praça, acompanhando o que ela diz. – Uma pequena loja de roupas, outra de frutas e legumes, material de construção... Mas não é apenas comércio, os próprios moradores fizeram uma espécie de espaço de apoio, e o que seria isso? As pessoas prestam solidariamente qualquer tipo de serviço ou doação que possa colaborar com a construção do Distrito que ainda não acabou. Interessante, não é mesmo?
No momento em que a câmera foca no Centro de Apoio, meus olhos captam algo que eu nunca pensei que fosse existir tão cedo no Distrito 12. Uma padaria. Tenho certeza que não fui a única que percebeu isso. E só consigo pensar em uma pessoa que pode ter aberto uma. Mellark.
– Como é do conhecimento de todos, o Distrito12 é de suma importância para a história de Panem. Este lugar foi o marco inicial da esperança, assim como da liberdade, do destemor, da bravura, da lealdade e principalmente do amor. – Parece que ela leu meus pensamentos, visto que durante sua fala o cinegrafista foca na padaria e caminha nessa direção. – E aqui estou, pertinho de um dos personagens que deixou sua marca permanente nessa história, encantando-nos com suas palavras, seu jeito e devoção. No lado oposto do prédio da Prefeitura, vou mostrar para todos vocês pela primeira vez, a padaria do nosso tão querido Peeta Mellark!
Meu queixo despenca. O local é quase uma replica da antiga padaria do pai de Peeta, a diferença é que esta é totalmente encantadora, desde o piso da calçada todo feito de pequenas pedrinhas decoradas até ao teto de madeira lustrado, sem mencionar a disposição das mesinhas combinando com as cadeiras de ferro fundido em tom cobre. A câmera adentra mais no interior da padaria e atrás do balcão eles encontram um Peeta todo sorridente, à beira de derramar charme pelos poros. Cressida corre para abraça-lo, mas rápido o solta, visto que ela está ao vivo. Peeta passa a mão pela sua blusa azul e a enfia no bolso de sua calça caqui.
– Peeta que bom te ver! – Cressida o cumprimenta. – Como vai?
– O prazer é meu em estar conversando novamente com você, Cressida. Estou ótimo e você? – Ele responde e sinto que voltei inevitavelmente no passado.
– Nossa, estou super emocionada em ser a primeira pessoa a entrevista-lo depois de... Muito tempo. – Ela comentas sorridente.
– Entrevista? Haymitch, você sabia disso?! – Pergunto olhando-o. Mas Haymitch parece tão surpreso quanto eu.
– Nem desconfiava. – Então ele dá um sorriso com escárnio.
– Qual o motivo dessa vez?
– Você é uma mula mesmo. Não percebe? Peeta acabou de entrar no jogo.
Quê?! Não pode ser. Mas se ele entrou no jogo, qual é a lógica da entrevista? Ou melhor, quais são as táticas dele?! Paro com as especulações e volto a prestar atenção na televisão. Eles sentam em uma das mesinhas, em uma posição estratégica, uma vez que a câmera consegue focar tanto a ambos quanto o prédio da Prefeitura do outro lado.
– Então Peeta, você poderia nos contar um pouco sobre a sua vida depois guerra? – Ele dá um pequeno sorriso de canto de boca antes de falar.
– Sabe Cressida, eu até poderia ficar falando horas e horas, mas você apenas iria perder seu tempo, não tenho nada de interessante ou extraordinário para contar. Como todas as pessoas fizeram, eu também procurei me manter ocupado, trabalhando para superar as perdas, a dor, a depressão. Toda minha concentração está nesta padaria. - Peeta levanta um dedo e o gira no ar. – Passei semanas desenhando, criando os detalhes, reconstruindo a estrutura original feita pelo meu bisavô. A Mellark’s Padaria era uma herança de família, logo me sinto orgulhoso em ter tido forças e ter dado continuidade pelo menos ao nome.
Neste momento, Delly entra em cena, colocando duas xícaras de chá na mesa e se senta ao lado de Peeta, sem nem ao menos ter sido convidada. Cressida olha aquilo tentando entender e decifrar a relação entre os dois.
– Mas também, nada disso não seria possível se não fosse pela minha amiga Delly. Agradeço incomensuravelmente a ajuda que ela me deu. Tinham momentos em que eu acreditei que não fosse conseguir e acabava jogando tudo para o lado, mas ela me apoiou até o fim. – Delly sorri com timidez enquanto empurra levemente a tiara de florzinha, que combina com o vestido, na cabeça. Tomara que ela perfure o crânio.
– Ahh... Nossa, que bom que você teve tantos suportes nesse momento tão difícil para todos nós. Sei o quanto é complicado conseguir ser um sobrevivente de guerra. O que eu apenas digo é parabéns Delly, por ter apoiado essa pessoa tão querida que é o Peeta. – Cressida congratula, no entanto não houve sinceridade alguma. Adoro essa repórter.
– Imagina! Toda minha infância e juventude foram ao lado de Peeta e sua família, jamais poderia abandonar alguém tão especial para mim. Não é de o meu caráter agir desse modo. – Delly responde e sinto que a mensagem foi para mim.
– Essa garota sabe como responder. E o pior é que ela tem razão. Você devia aprender algumas coisas com ela, docinho. – Haymitch diz com ironia e eu levanto um dedo para ele.
– Posso afirmar que todos nós estamos muito felizes por isso. E ainda mais por saber que Peeta está muito bem de saúde. – Cressida comenta mudando sutilmente de assunto. Ela é muito esperta.
– Ah, mas não foi fácil, tive sorte de ter sido tratado a tempo. Ainda tenho consultas semanais com o Dr. Aurelius, ele me ajuda muito a conseguir manter a sanidade.
– Quer dizer que você até então tem fleches?
– Não diria que são fleches, não chega a ser tão forte assim. Todavia não estou cem por cento e talvez nunca volte a ser. São as consequências. Agora, eu só anseio por paz essa é a única coisa que eu peço, sossego para que nós consigamos seguir com o resto das nossas vidas tranquilamente! – Se eu achava Cressida esperta, nada se compara com o que Peeta está fazendo. De um modo não tão direto assim, ele conseguiu pedir para pararem de nos perturbar. E acho que ela entendeu.
– Com certeza Peeta é o que todos nós queremos, um momento de tranquilidade, de paz. Bem, nosso tempo está acabando, mas eu preciso fazer só mais uma última pergunta, essa que não quer calar, e eu prometo que lhe deixarei cuidar dos seus negócios. – Aí não, é agora. - Você ainda está ou não se relacionando com Katniss Everdeen, a eterna Garota em Chamas?
Silêncio mortal. Pode até ser impressão, mas sinto que Panem inteira estará grudada em cada palavra que Peeta proferir a seguir. Ele baixa os olhos, bebe um pouco do chá que está na sua frente, limpa os lábios e volta a encará-la. Nossa, ele sabe como fazer um suspense. Até eu quero saber qual será a resposta.
– Sim, por que não?! – Sinto que caí no sofá. Descrente. Entorpecida. Como ele pode fazer isso comigo? Sem nem me falar nada! E desde quando começamos a namorar? Não me lembro de estar namorando ninguém. Cressida dá um audível suspiro, então Peeta levanta as mãos pedindo calma. – Eu me relaciono com ela, assim como faço com Haymitch, Delly, meus clientes... Tenho que me relacionar com as pessoas para manter minha sanidade, essa foi uma das maiores recomendações do Dr. Aurelius. Tenho certeza que ele ficará orgulhoso de mim.
– HAHAHAHA... – Haymitch explode na gargalhada ao meu lado. Eu o olho com todo o desprezo que consigo reunir. – Esse garoto ainda vai me matar um dia. Sacaneou a cara de todo mundo! Fantástico. Vou lhe dizer uma coisa, ele sabe jogar. Você devia aprender com ele.
Mostro novamente meu dedo para ele e volto a prestar atenção na televisão.
– Sim, com certeza ele ficará. – Cressida fala tentando esconder a frustração, mas está tão estampado no rosto dela, que é impossível não conseguir rir. – Bem, chegamos ao fim. Espero que todos tenham gostado das boas notícias. Obrigada Peeta pela disposição, é muito lisonjeiro. Desejo-lhe tudo de bom, felicidades e paz. Sou Cressida Lewis diretamente do centro do Distrito 12 para os novos Estúdios de telecomunicação integrada da Capital.
Assim o noticiário é finalizado. O apresentador volta a falar, mas já não o escuto. Meus pensamentos estão muito altos para conseguir prestar atenção em outra coisa. O que significa toda essa entrevista? Os comentários e elogios de Peeta para Delly. E o que foi essa resposta final?
– Você viu, não precisei lhe dizer nada. Agora acredita em mim quando digo que ele está indeciso também? Se você quer ao menos ter de volta a sua liberdade e conseguir andar tranquilamente pelas ruas do Distrito, não estrague tudo e siga o maldito plano. O evento é daqui a duas horas, bem no início da tarde. Não se atrase. – Haymitch diz e sobe sem esperar por uma resposta. Ele me conhece muito bem para saber quais são meus interesses.
Volto para casa e lá encontro Gale vendo televisão. Nos encaramos e ele abre um largo sorriso, agora feliz. Idiota. Sento-me também no sofá e apoio os pés na mesinha.
– Tudo bem, Catnip? – Gale pergunta alegremente enquanto caminha para cozinha.
– Sim, por que não estaria? – Respondo indiferente.
– Preparada para daqui a pouco? Tenho muita esperança que vamos conseguir nosso objetivo. – Ele entra na sala novamente com nossa comida.
Pego o prato e começo a comer, mas não o respondo. Toda essa atitude de Peeta me perturbou. Saber que ele entrou no maldito jogo. Talvez ele já esteja até colaborando com o plano de Gale, mesmo porque não faria sentido a Delly aparecer naquele momento. Pareceu ser muito armado para ter sido coincidência.
– Katniss... Estou falando com você. – Gale me cutuca.
– Oi?
– Sei que não é como você gostaria. Ter que voltar a fingir e tudo mais. Só que essa é a nossa melhor escolha, o próprio Haymitch concorda comigo.
– Eu sei, pelo visto não tenho alternativa. – Digo carrancuda. Empurro o prato na mesa e subo para meu quarto. Gale nada diz.
Jogo-me na cama e encaro o teto. Por que isso está se repetindo? Até compreendo os motivos de Gale, ele apenas quer me ajudar, mas do modo que ele está fazendo isso é que me destrói. Poderia ser qualquer coisa, menos ter que aparecer na frente das câmeras, fazendo o que eu não quero, sendo alguém que não sou. E agora? Estou entre a cruz e a espada. Outra encruzilhada. Outra escolha. A qualquer momento Gale baterá na minha porta me chamando e terei que tomar alguma atitude. Viro a cabeça para a janela, o sol quente da tarde iluminando o céu. Levanto-me e olho para casa de Peeta, procurando alguma resposta ou compreensão nas suas atitudes.
Uma porta é aberta, mas é da casa ao lado. Vejo uma equipe sair com todos os equipamentos. Eles caminham conversando animadamente entre si, por serem da Capital até que esse grupo não está tão chamativo, mas certas coisas nunca mudam, mesmo daqui posso escutar o irritante sotaque. Recosto-me de volta na poltrona, pensativa com as decisões. Em menos de uma hora terei que enfrentar tudo de novo. Ouço uma porta se fechar, inclino-me um pouco para ver qual foi a casa. Cressida sai acompanhada de Póllux. Faz tanto tempo que eu não os vejo... Sinto uma nostalgia pelo tempo que passamos juntos, lutando pela mesma causa. A porta da casa de Peeta é aberta. Delly sai de dentro e cumprimenta os dois. Logo, em seguida o menino do pão. Póllux o cumprimenta do seu jeito e Cressida finalmente o abraça como deveria ter feito.
Eles caminham em direção ao centro conversando sobre a vida. Sigo-os com os olhos sem acreditar que Peeta realmente vai fazer parte desse show. Vou para o banheiro e sento-me na beirada da banheira. O que fazer? Se Peeta vai, eu devo ir também? Mas se eu for terei que acenar, sorrir, aparentar sanidade e o pior, ser entrevistada. Começo a sentir as primeiras pontadas do desespero se aflorando no meu âmago. Escuto batidas na porta.
– Katniss, está pronta? – Gale pergunta.
– Hã... Quase. – Respondo. Mas ele entra no quarto. – Gale!
– Eu sabia que você não estava pronta. – Ele afirma. – O que houve?
– Eu me distraí por uns instantes.
– Se distraiu? – Gale repete descrente.
– Olha, faz o seguinte, vai indo na frente que eu vou logo em seguida com Haymitch. Na verdade, eu combinei que ia com ele. Não quero mais brigar com o meu antigo mentor, ele me ameaçou dizendo que me denunciará para as autoridades da Capital se eu não colaborar com o plano. Louco. Então, para evitar o pior, vou junto com Haymitch, só para garantir. – Digo deslavadamente e rezo para que ele engula a mentira.
– Hum... Não sei não Katniss. Você promete para mim que vai? – Gale pergunta olhando nos meus olhos. Droga, de fato ele não acreditou em nada do que eu disse, mas tampouco quis me acusar, muito pelo contrário, ele reverteu a jogada e está usando minha palavra. Engulo em seco.
– Sim... – Respondo sem firmeza.
– Sim o que, Katniss?
– Sim, eu prometo. – Digo contra vontade.
Gale assente uma vez, satisfeito, e vai embora. Ele sabe que jamais quebrarei minha palavra. Agora sim estou ferrada. Volto para a janela e o vejo caminhar rapidamente para o centro. Largo-me de volta na poltrona. Puxo minhas pernas para meu peito e penso. Olho para o relógio de cabeceira, trinta minutos já se passaram desde que Gale saiu daqui.
– Vamos Katniss, não vai ser tão difícil assim. – Falo para mim mesma, na tentativa de me convencer do contrário.
– Você está enganada, vai ser um inferno! Câmeras por todos os lados, mais visitantes do que o normal. Se nós nos apressarmos talvez consigamos fugir disso tudo. – Assusto-me ao vê-lo parado na soleira da minha porta pingando de suor.
– Peeta! O que você faz aqui? – Pergunto sem acreditar no que vejo.
– O que eu deveria ter feito a muito tempo. Vim lhe resgatar. – Ele fala estufando o peito e sorrindo. Eu rio pela brincadeira, mas sei que Peeta está falando sério.
– E para onde nós vamos? – Questiono e me levanto, pela primeira vez animada.
– Para onde você quiser! – Ele responde.

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Em breve estarei postando o próximo. =p
Beijo, Fernanda