Dear Layla escrita por Ai, Joy
Querido Jude.
É verão novamente. Isso significa que faz exatamente um ano desde que fui forçada a abandoná-los para tratar essa estranha doença que atingiu-me.
Como estão? Lucy anda se alimentando direito? Não está se atulhando de trabalho e esquecendo do nosso raio de sol, está Jude?
Ah... Como queria estar aí neste momento, enchendo-lhes de beijos e carícias...
O médico disse que se tudo correr bem, antes do fim do outono estarei de volta. Estou ansiosa por isso.
Sinto tanta saudade sua e de Lucy! É muito solitário aqui. Embora esteja sempre cercada de pessoas gentis e confiáveis, a companhia delas não me proporciona tanto prazer quanto a de vocês dois.
Quero voltar para casa logo... E quando voltar, irão receber-me com um cálido “bem vinda de volta”, certo?
Amorosamente,
Layla.
Jude Heartfilia deslizou os dedos pelo papel pardo e gasto em que aquela carta fora escrita, no rosto uma expressão indecifrável. Depois de tanto tempo, voltar a ler as cartas trocadas entre os dois ainda era um ato lancinante.
— Cruel... — A palavra escapou de seus lábios antes que conseguisse impedi-la. Levantou os olhos da carta, fitando o túmulo simples à sua frente. — Você é cruel, Layla. — Acusou, a voz ecoando pelo local vazio. — Prometeu que ficaria ao meu lado para sempre, no entanto partiu daquela forma...
Ele se lembrava muito bem de quando recebera a notícia. Fora cruciante saber que a loura não voltaria jamais para seu lado, para seus braços... Que nunca mais sentiria o perfume tão típico de Layla e nem ao menos veria seu luminoso sorriso fora os estampados nos quadros espalhados pela mansão. Um riso de escárnio tomou-lhe a boca. Não que agora tivesse uma mansão para pendurá-los. E não tinha mais Lucy, a cópia perfeita de Layla, ao seu lado para lembrá-lo todo dia dela.
Outro aperto se fez em seu âmago. Entre ele e Lucy houveram muitos desentendimentos com o passar dos anos. E quando finalmente se entenderam, a notícia que a filha estava morta veio...
Talvez estivesse destinado a perder as pessoas que amava...
Não!; gritou sua consciência. Sentia com todo seu íntimo que sua preciosa filha não estava morta. E confiaria nele com toda sua força, afinal a esperança é a última que morre, certo?
Dobrou a carta que estivera segurando por todo esse tempo e a guardou na caixa polida de mogno. Agora só havia mais uma carta, a qual estivera evitando por um longo tempo...
A última que escrevera para a esposa.
Respirou fundo antes de abrir o envelope amarelado. Em um golpe de coragem, desdobrou o papel e prontificou-se a ler:
Querida Layla.
O outono finalmente está aqui, trazendo ondas de ansiedade para mim e Lucy. Mal podemos esperar para buscá-la na clínica. As folhas já começaram a cair por aqui. Lucy está as guardando sob o pretexto de estar fazendo um presente para você. O qual, no entanto, não faço a mínima ideia que seja. Nem mesmo está me deixando chegar perto do corredor onde fica seu quarto. É interessante como ela puxou sua teimosia e determinação.
Pergunto-me seriamente o que ela poderia ter herdado de mim, porque sinceramente... As semelhanças que vocês duas apresentam são palpáveis. Mais que raio de sol, acho que deveria passar a chamá-la de Layla 2.
Nós dois estaremos partindo para buscá-la dentro de duas semanas. Acho que estou sofrendo por antecipação, por mais bobo que isso possa ser.
Antes de qualquer “bem vinda de volta”, o que eu realmente lhe direi primeiro será um caloroso e afável “eu te amo”. Desde que partiu, essas palavras ficaram entaladas em minha garganta, implorando para serem libertadas. E finalmente serão.
Apenas mais alguns dias... Em apenas mais alguns dias poderei senti-la novamente... Minha amável e adorada Layla...
Ansiosíssimo,
Jude.
— Você é mesmo cruel, Layla. — Voltou a afirmar. — O que eu deveria fazer afinal? — Indagou percorrendo os dedos pelo nome esculpido na pedra lisa do túmulo. — No fim, sou apenas um girassol, Layla. Por todo esse tempo e para sempre, serei um girassol que sempre aponta em sua direção. Você era tudo o que eu precisava. O meu tudo. Como um girassol poderá continuar a crescer se não houver a luz de seu sol para guiá-lo? É exatamente por isso que é cruel... Mas não importa o quão cruel seja, não consigo parar de nutrir esse amor por você. Transformou-me em um completo escravo de seu amor... O quão assustadora é, Layla? — Um sorriso fez-se presente. — Espero que, em nossa próxima vida, possamos nos reencontrar. E então direi, com toda força e paixão, o que não disse o suficiente nesta. Eu te amo.
E assim, sorrindo, trancou a caixa lotada de cartas apaixonadas, deixando fixada ali também aquela promessa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
That is! DL chegou ao seu fim!
Obrigada a todos que nos acompanharam até aqui e esperamos que tenham gostado!
Sobre a música: embora a situação narrada nela não esteja de acordo com DL, a ideia principal bate: um homem que não consegue esquecer uma mulher.
Até, que sabe, outra fic!
Novamente, obrigada por lerem até aqui.
Att, Ai.