De repente, viu um vulto posterior a ela, quando era tarde demais para fugir.
Únicos fatos que foram possíveis de serem visualizados foram faixas pretas vistas de relance por Ellie, não sabia, não tinha nenhuma concepção do que estava acontecendo naquele instante, mal lhe ocorria o que viria pela frente.

Era um dia pacato como quase todos presenciados na vida de Ellie, raramente algo inusitado e diferente acontecia, rotineiramente ela acordava às 7h:00min ia trabalhar até às 18h:00min e após isso retornava para casa que dividia com sua melhor amiga Cami, não era daquelas garotas que costumam sair nas festas e ficar até amanhecer, às vezes ia com Cami no bar no outro lado da rua de seu apartamento.

Quando chegava o sábado, era dia de ficar em casa assistindo a maratona de filmes com sua amiga até entardecer, quando iam ao bar para espairecer e logo depois voltavam para casa. Ellie não se considerava muito animada para outras coisas além de ficar em casa embaixo das cobertas na sala, seu lugar favorito, ou escrevendo diariamente em seu escritório que comprara há 8 anos e até então tem muito sucessos nos livros que escreveu, ela gosta disso, a satisfaz e nada aproxima-se disso, pois para ela não existe melhor função que ser escritora de Best-sellers, até porque, sua amiga lhe auxilia consideravelmente em suas produções, corrigindo e também sempre rindo das enormes falhas de vez em quanto cometidas, mas eram exceções.

Segunda-feira ela acorda no horário como de costume, penteia seus longos e volumosos cabelos louros que se estendem até abaixo dos ombros, e os prende em uma fita para o trabalho, veste sua roupa que as considera seu próprio uniforme, calças sociais pretas ajustadas realçando seu corpo esbelto, uma blusa branca básica definindo sua minúscula cintura, e para finalizar rímel destacando seus olhos azuis quase transparentes que ressaltam todo seu rosto.

Então, pegou sua bolsa e parte de um novo livro redigido ao mesmo público-alvo de sempre, adolescentes, visto que eram eles que se interessavam por suas ideias malucas, porém cativantes sobre criaturas noturnas, abriu a porta e foi para o escritório para mais um dia do qual iria se arrepender no final da noite por não fazer nada da vida além de escrever, como diria Cami, não aproveitar o que a vida de bom oferece.

Ao chegar no trabalho, Patty sua recepcionista, já estava com seu café posto e com cheiro delicioso pairando no ar, deixou seus pertences em sua mesa que exalava folhas, rascunhos e lixo, voltando à sala de Patty para saciar sua sede, pois era incrível como Ellie tinha sede, parecia que sempre que sentia cheiro de suas bebidas preferidas ela saía correndo para pegar e tomar até as últimas gotas, como fez com o café que estava perfeito ao seu ponto de vista.

Quando regressou a sua sala, passou a tarde relendo suas histórias, corrigindo e alterando ideias, estava exausta, nunca havia trabalhado e feito tanta coisa em apenas uma tarde, tinha realmente se superado e avançado sua nova produção que estava quase finalizada e pronta para ser lida, faltava apenas o julgamento de Cami, para ela ter certeza de que estava realmente bom.

Passavam-se das 18 horas quando guardou tudo, decidida a voltar para casa tomar aquele banho de lavar a alma e dormir até mais tarde no dia seguinte, para compensar o dia exaurido que teve. Pegou sua bolsa e trancou o escritório, nem tinha percebido a falta de Patty que provavelmente foi embora às 16 horas, enfim isso não importava diante de sua dor nas costas constante de ficar trabalhando, a única coisa que ansiava agora era seu chuveiro e sua cama, estava rezando para que Cami estivesse fora de casa para poder relaxar à vontade.

Depois de uma longa caminhada do trabalho para casa, estava quase dando pulos de ter finalmente chego em casa, quando abriu a porta percebeu um silêncio imenso vindo dos corredores, assim deduzindo que a casa estivesse vazia como planejado. Entretanto quando entrou na sala Cami estava atrás do pilar da cozinha que tinha mais balões do que os pulmões aguentariam encher, das cores preferidas de Ellie, vermelho e branco, as luzes estavam apagadas e quando Cami percebeu sua presença acendeu todas as luzes com um imenso cupcake em uma das mãos decorado com “26”, cantando parabéns, sorrindo como uma pequena garotinha.

A tarde foi tão trabalhosa e cansativa que acabou esquecendo-se do próprio aniversário afinal, trabalhou tanto que não teve tempo de olhar seus e-mails e mensagens de texto, que deveriam estar lotadas, ela ficou realmente surpresa com a “festinha” que Cami organizou as duas comeram o cupcake e outras comidas que sua amiga havia feito a tarde toda que estavam realmente apetitosos. Então quando foi levantar para ir tomar o banho que ansiava desde a tarde, foi puxada para a cadeira e intimada por Cami a pelo menos esse dia ela curtir e esquecer que tem uma vida pacata, e ir com ela até a festa mais badalada da cidade.

Foi inevitável negar o “convite”, na verdade obrigação, de ir com Cami à festa, mas faria tal esforço, pois sempre que precisava quem ajudava era ela, já que decidiu seguir seus sonhos de sair de casa, deixar os pais na Alemanha e ir morar em Nova Orleans onde conheceu sua melhor amiga no cinema quando ambas estavam sozinhas e acabaram brigando pelo último bilhete do filme mais esperado do ano que nenhuma das duas viu até hoje, que com o desentendimento da hora acabaram gostando uma da outra e fortalecendo uma amizade imensa e dividindo um apartamento que favorece o trabalho de Ellie e os estudos de Cami, que está prestes a concluir a faculdade de medicina, e assim Ellie conseguiu realizar o sonho de sair de casa e virar uma escritora de sucesso.

Quando se deu conta e saiu de seus pensamentos percebeu que Cami já estava em seu quarto organizando várias roupas para Ellie provar e vestir naquela noite, quase todas mal cobriam a parte final de suas nádegas, típico estilo Cami de ser, mas hoje era o dia de ser feliz então faria todas as vontades da amiga sem negar.

Cami separou 3 vestidos para Ellie provar, todos curtos, um era verde tomara que caia, outro era azul fechado na frente e aberto até praticamente o final das costas, era lindo um azul Royal e por fim um vermelho maravilhoso aberto na frente modelando perfeitamente o desenho dos seios de Ellie que eram parecidos com os da amiga, volumosos, além disso esculpia perfeitamente o corpo de se invejar dela, e foi este que ela escolheu, o vestido vermelho que cabia como uma luva para ela.

Cerca de três horas depois da escolha dos vestidos, ambas estavam prontas, magnificamente lindas, Cami estava com seu cabelo ruivo solto com as pontas onduladas que chegam até abaixo da cintura, optou pelo vestido azul e sapatos pretos de uma altura imensa a deixando mais alta ainda, já Ellie foi com o vestido vermelho e os cabelos louros presos em um coque rente às orelhas e também um sapato preto que a fez ficar alta devido ter uma altura considerada para ela média, que não a deixa feliz, coisa que o sapato faz e a faz se sentir bem mais confiante.

Era quase meia-noite quando saíram de casa e foram para a festa, quando chegaram todos olharam para elas admirando tal beleza, logo se misturaram e começaram a curtir a festa.

Era uma coisa fora do comum para Ellie sair e se deixar levar pelo momento, mas como era raro tinha que aproveitar até o último instante, dançaram tanto que já estavam sem sapatos, beberam mais que podiam e estavam mais alegres que nunca, como também não viram problemas em conversar com outros caras, até porque ambas são solteiras.

Cami primeiramente já não sabia nem seu nome direito, porém foi capaz de jogar Ellie para cima de um cara alto, magro, musculoso dos olhos verdes e cabelos jogados loiros que estava encostado contra a mesa do bar, sorridente para ela a chamou para conversar, ficaram ali durante muito tempo jogando conversa fora da qual ela não fez questão de se interessar apenas estavam sentada de frente para ele concordando com tudo que dizia.

Passaram-se algum tempo desde que estava ali “conversando” com aquele garoto que tinha lá seus 24 anos, pouco mais novo que ela, no entanto por menos interesse que tivesse em começar um novo relacionamento, pois seu antigo namorado Joseph a tinha traído com sua melhor amiga da Alemanha e a engravidou, foi mais um motivo para ela ter vindo para Nova Orleans, e querer continuar sua vida como estava. Ela perdeu-se em seus pensamentos e na conversa altamente desnecessária que estava tendo sobre quantas vezes o Carl (cara sentado à sua frente do qual conversava), frequenta a academia, e então ela percebeu que fazia bastante tempo que não via Cami, começou a olhar ao seu redor para encontrá-la, porém tudo que visualizou foram milhares de pessoas desconhecidas, pulando e gritando, mas nada de Cami.

Sua preocupação aumentou, pois apesar de ela ser maior de idade é sua melhor amiga, e precisava encontrá-la para ter certeza que nada de trágico tenha acontecido, apenas para ficar tranquila.

Na hora, levantou-se e ignorando totalmente Carl, o deixou falando sozinho na mesa e foi em busca da sua amiga em meio à multidão. Foi empurrada muitas vezes e sua dor de cabeça apenas aumentava, sua visão estava prejudicada pelo alto teor alcoólico que ela consumiu e havia revistado todo o lugar e nem sombras de Cami.

Começou a ficar muito mal por causa dos efeitos alcoólicos e deduziu que Cami também teria ficado e como ela não atendia ao celular deveria ter ido para casa, e ela faria o mesmo.

Colocou os sapatos que estava carregando desde quando dançou com sua amiga e foi em direção à porta de saída que direcionava para os fundos do lugar, a festa estava em seu clímax, porém não havia sentido de ficar ali mais tempo, com sua amiga que sumiu e comemorar o seu aniversário sozinha, então decidiu seguir seus pensamentos positivos que Cami estaria a salvo em casa e toda sua preocupação teria sido tola e em vão.

Ellie estava indo de mal a pior, todo o cansaço do dia exaurido que teve no escritório juntou-se as bebidas que ela ingeriu anteriormente e aos pulos que prejudicaram ainda mais sua coluna, causando uma dor imensa.

Finalmente depois de atravessar todas aquelas pessoas que não davam espaço para prosseguir, ela chega até a saída, estava frio lá fora, única coisa que tinha era a rua que estava totalmente vazia de madrugada, todas as pessoas estão em festas, bares e clubes se divertindo e curtindo a noite, poucas ficam em casa como ela, e as ruas ficam sossegadas durante muito tempo até as festas acabarem.

Colocou os pés para fora da boate, a rua que saíra era longa e escura com uma curva redirecionando para a rua principal onde é seu apartamento, como estava frio e o vento ecoava entre os muros que cercavam a rua, um vento gélido passou em sua espinha fazendo-a se arrepiar se abraçando para impedir a penetração do frio em sua pele.

Quando estava na mesma rua, cerca de 50 metros de distância da saída, percebeu um frio mais intenso do que tinha sentido anteriormente, acompanhado também de um rápido vulto preto mais não sabia se era algo/alguém indefinido pela sua visão ou se sua bebedeira havia afetado tanto que estava enxergando coisas que não existem.

Só que mal ela teve esse pensamento e o vulto retornou e foi rápido demais e impossível de fugir, e o “vulto” a consumiu, ela então desmaiou.