Os Dias escuros de Peeta escrita por Mandys


Capítulo 4
Caesar


Notas iniciais do capítulo

Tá um pouco longo...



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As luzes estão fortes e Caesar olha para mim apreensivo.

–Eu preferia não ter que fazer isso com você.

–Eu sei.

Logo em seguida as cortinas estão abertas. A multidão vibra. Caesar faz um sinal de concordância com a cabeça discretamente, para que somente eu o veja.

–Então... Peeta... Bem-vindo.

Agora o show começa. Sorria Peeta, sorria.

–Aposto que você pensou que tinha feito a sua última entrevista comigo, Caesar.

–Confesso que eu pensei — conta Caesar. — Na noite antes do Massacre Quaternário... Bem, quem nunca pensou que não iria vê-lo novamente?

–Não fazia parte do meu plano, isso é certo. - Fecho o rosto com a lembrança.

–Acho que ficou claro para todos nós o que seu plano era. Sacrificar-se na arena, para que Katniss Everdeen e seu filho pudessem sobreviver.

Katniss e meu filho. Tenho que manter a mentira, não bancar o rebelde. Não bancar o rebelde. Não sou o rebelde.

–Era isso. Claro e simples. - Agora tenho que reforçar meu ponto de vista. -Mas outras pessoas tinham planos também.

–Por que você não nos conta sobre a última noite na arena? -Sugere Caesar. - Ajude-nos a classificar algumas coisas.

–A última noite... Para falar sobre essa última noite... Bem, antes de tudo, você tem que imaginar como se sentiria na arena. Era como ser um inseto preso debaixo de uma vasilha cheia de vapor de ar. E tudo ao seu redor, selva... Verde e viva e tiquetaqueando. Esse relógio gigante tiquetaqueando a sua vida. A cada hora, prometendo algum novo horror. Você tem que imaginar que nos últimos dois dias, dezesseis pessoas morreram – algumas delas defendendo você. No ritmo em que as coisas estavam indo, os oito últimos seriam mortos pela manhã. Salvo um. O vitorioso. E seu plano é que ele não vai ser você. Uma vez que você está na arena, o resto do mundo torna-se muito distante. Todas as pessoas e coisas que você amou ou se preocupava quase deixaram de existir. O céu cor de rosa, os monstros da selva e os tributos que querem seu sangue se tornam sua realidade final, a única que sempre importou. Tão mau quanto isso te faz sentir, você vai ter que matar alguns, porque na arena, você tem apenas um desejo. E é muito caro.

–Custa a sua vida. – Diz Caesar

–Oh, não. Custa muito mais que a sua vida. Matar pessoas inocentes? -Meu peito inflama com a lembrança. –Custa tudo o que você é.

Caesar repete minhas ultimas palavras sozinho, quase as murmurando. Ele levanta os olhos para mim e percebo. Nem toda Capital está feliz, finalmente viram o que fazem? Não. Talvez só estejam ponderando o que perderão.

–Então, você se agarra ao seu desejo. E na última noite, sim, o meu desejo era salvar Katniss. Mas, mesmo sem saber sobre os rebeldes, que não se sentiam bem. Tudo era muito complicado. Eu me encontrei lamentando por não ter fugido com ela no começo do dia, como ela tinha sugerido. Mas não saí com ela naquele momento. - Sinto as lágrimas virem, mas as espanto. Um bobo aliado da Capital, e ainda por cima chorando...

–Você estava muito preso ao plano de Beetee para eletrificar a arena. - Caesar completa a sentença já finalizada.

–Muito ocupado com os outros jogadores aliados. Eu nunca deveria te deixado nos separar!- Respiro um pouco. - Foi quando a perdi.

–Quando você ficou na árvore do relâmpago, e ela e Johanna Mason levaram a bobina de fio para a água — Caesar esclarece.

–Eu não queria!- Está ficando quente, estou realmente com raiva - mas eu não podia discutir com Beetee sem indicar que estávamos prestes a romper com a aliança. Quando o fio foi cortado, tudo foi apenas loucura. Só me lembro de partes. Tentando encontrá-la. Assistindo Brutus matar Chaff. Matando Brutus sozinho. Eu sei que ela estava chamando meu nome. Então, o raio atingiu a árvore, e o campo de força em torno da arena... Explodiu.

–Katniss o explodiu, Peeta –diz Caesar –Você já viu a filmagem.

Lembro das imagens assustadoras. Da expressão dela.

–Oh, ela não sabia o que estava fazendo. Nenhum de nós poderia seguir o plano de Beetee. Você pode vê-la tentando descobrir o que fazer com o fio - respondo, mantendo a mentira.

–Tudo bem. Só parece suspeito- Caesar rebate. -Como se ela fizesse parte do plano dos rebeldes o tempo todo.

Ah, eu não acredito. A Capital realmente nunca muda. Estou farto do joguinho. Levanto-me da cadeira. Caesar aperta a cadeira em que está sentado. Possivelmente com medo.

–Sério? E foi parte de seus planos que Johanna quase a matasse? Que o choque elétrico a paralisasse? Que a bomba acionasse?- O ar ao meu redor fica mais difícil de ser respirado, minha voz está aumentando gradativamente - Ela não sabia Caesar! Nenhum de nós sabia nada, exceto que estávamos tentando manter-nos mutuamente vivos.

Caesar se levanta. E toca em meu peito me empurrando levemente para trás. Não gosto desse gesto, tiro a sua mão com certa ferocidade.

–O.k., Peeta. Acredito em você.

O que estou fazendo? Passo as mãos nos cabelos. A última tensão me deixou zonzo o bastante para cair na cadeira.

–E quanto ao seu mentor Haymitch Abernarth?

Oh, eu não pensei nisso. Então lembro da promessa. A promessa que ele fez á ela.

–Eu não sei o que Haymitch sabia.

–Poderia ter feito parte da conspiração? –pergunta Caesar.

–Ele nunca mencionou isso.

Caesar parece um tanto decepcionado.

–E o que o seu coração diz?

–Diz que eu não deveria ter confiado nele.

Caesar encosta novamente em meu ombro, desta vez carinhosamente.

–Podemos parar agora se quiser.

–Havia mais para discutir? -Respondo ríspido.

–Eu ia perguntar a sua opinião sobre a guerra, mas se você estiver muito chateado... — começa Caesar.

— Oh, eu não estou muito chateado para responder a isso. Eu quero todo mundo observando, quer esteja na Capital ou no lado dos rebeldes, para parar por um momento e pensar no que poderia significar essa guerra. Para os seres humanos. Nós quase fomos extintos lutando entre si antes. Agora os nossos números são ainda menores. As nossas condições mais atenuantes. É realmente o que queremos fazer? Matar-nos completamente? Na esperança de que... O quê? Alguma espécie decente herde os resíduos fumegantes da Terra?

— Eu realmente não... Eu não tenho certeza que estou seguindo... — diz Caesar.

— Não podemos lutar entre si, Caesar. Não haverá número suficiente de nós restante para continuar. Se todos não depuserem as armas, eu quero dizer brevemente tudo estará acabado, de qualquer maneira.

— Então... Você está pedindo um cessar-fogo? — Caesar pergunta.

— Sim. Eu estou pedindo por um cessar-fogo. Agora, por que não pedimos ao guarda para me levar de volta ao meu quarto para que eu possa construir mais cem castelos de cartas?

Caesar vira para a câmera.

— Tudo bem. Eu acho isso conclui tudo. Então, de volta à nossa programação regular.

As luzes se apagam.


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