Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 6
Shock


Notas iniciais do capítulo

Bem, espero que gostem desse capítulo. Só queria dizer que não vai dar pra postar com frequência agora, porque minhas provas são na quinta e (como aluna super exemplar) eu tenho que estudar. Vejo vocês no sábado, talvez, porque vai ser meu único dia livre, e a sexta à tarde, eu acho... Enfim, boa leitura.



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Terça-feira. Eu simplesmente odeio esse dia. Se possível, é pior ainda que a segunda. Eu não sei o motivo, apenas odeio, como aqueles vegetais ruins que a sua mãe coloca na comida: você não sabe por que odeia, apenas o faz.

— Clary! – ouvi o grito da minha mãe do outro lado da porta. – Você vai se atrasar, preguiçosa. Anda, vamos logo.

Franzi a testa e fechei os olhos novamente. As mães sempre diziam que você iria se atrasar para qualquer lugar que você fosse, mas essa é a única praga de mãe que não pega, vai por mim. Quer dizer, se ela te mandar levar o casaco, é melhor você levar, porque (mesmo se estiver no verão) com certeza vai fazer frio e você vai querer um casaco. Eu fico pensando se mães tem alguma espécie de poder psíquico que as fazem conseguir ver o futuro ou algo do tipo.

— Já estou indo – grunhi, ainda com os olhos fechados.

— Clary, ande logo. Afinal, que horas você foi dormir ontem?

— Lá pelas onze – falei. – O que tem isso?

— Nada, apenas levante logo!

Revirei os olhos e joguei meus cobertores para o chão. Nem sequer me incomodei em arrumar a cama, apenas caminhei até meu guarda-roupa e tentei achar algo de bom para vestir na escola. Não havia nada de muito bonito, como eu esperava. A maioria das roupas até estava manchada de tinta, resultado do árduo trabalho nas últimas semanas por aquele bendito Conjunto de Arte.

Coloquei uma blusa azul de mangas curtas, calça jeans clara, meus apreciados tênis verdes e um casaco verde que ia até a metade das minhas coxas, mas estava frio mesmo. O Natal estava chegando, enfim, e isso estava me deixando estranhamente feliz. Talvez fosse apenas o recesso entre o Natal e o Ano Novo, eu não sei.

Saí do quarto. Minha mãe esperava no corredor.

— Mãe, o que você tem? – perguntei, encarando o teto. – Desde quando você me acorda para ir ao colégio, hein?

— Desde que é sua última semana antes do Natal e que nós viajaremos muito em breve.

Arregalei os olhos, mais de sono do que de surpresa. Eu tinha certeza de que seria para a fazenda de Luke.

— Bem – ela falou. – Não é exatamente uma viajem, só iremos visitar a casa de alguns amigos no Natal.

Olhei para ela com a expressão mais confusa que consegui. Jocelyn Fray? Com amigos além de Luke? Nem sequer em outra dimensão.

— Você tem amigos? – perguntei. – Quer dizer, além de Luke.

— Eu nem sempre fui tão anti-social, Clary.

— E desde quando resolveu manter o contato com seus amigos? Não, espera, quem são eles?

— Você não os conheceria nem se quisesse – ela sorriu, aparentemente querendo mudar de assunto rapidamente. – Agora vá se aprontar porque já são sete e meia. Simon já deve estar por aí.

— Duvido que ele venha hoje – murmurei.

— O que disse? – ela perguntou, avançando no corredor.

— Nada – falei mais alto.

Caminhei até o banheiro apressadamente. Não havia mais muito tempo, e a escola era consideravelmente longe. Eu gostaria de tomar um banho morno, pra descarregar os nervos (Simon não havia sequer pedido desculpas por ser tão grosso no dia anterior) e relaxar antes de chegar ao colégio e ter que aturar todos aqueles professores patetas, colegas de classe peçonhentos e líderes de torcida com pernas mais à mostra do que das garotas de clubes “proibidos”.

Troquei rapidamente minha roupa, passei um perfume masculino (são bem melhores que os femininos, na minha opinião) e escovei os dentes. Encarei meu reflexo com apenas um pequeno objetivo: controlar aquela massa de cabelos com a cor parecida com a de uma cenoura. Prendi tudo num rabo-de-cavalo apertado e suspirei, pegando minha bolsa no quarto e saindo em seguida. Não havia tempo para café da manhã nem nada.

Como eu já esperava, Simon não estava lá. Eu não estava nada ansiosa para vê-lo, mesmo. Mas eu também estava com saudades. Sentimento esquisito.

Caminhei, ou melhor, corri até o colégio e cheguei alguns segundos depois de o sinal ter tocado para o primeiro tempo. Consegui entrar na sala antes que o Sr. Fletcher, o professor de Trigonometria, fechasse a porta. Percebi que não era a única que havia se atrasado, porque havia várias cadeiras vazias.

Lembra do que eu disse sobre a praga de mãe “Você vai se atrasar” não pegar? Bem, retire o que eu disse. Mães são altamente telepáticas, sempre confie nelas e em suas ameaças.

O dia se arrastou mais devagar do que uma lesma cega, mas eu consegui aguentar. Simon havia faltado. O que deveria ter acontecido?

Quando estava perto de casa, senti meu celular vibrar. Uma mensagem. Peguei-o rapidamente, na esperança de que fosse Jace. Sim, eu sei que é estranho ficar ansiosa por conta disso. Quer dizer, eu mal conhecia o cara, mas ainda assim... Ah, você também ficaria caidinha por ele, mais até do que eu, aposto.

Infelizmente, era uma mensagem da minha mãe.

Meus tais amigos estão aqui. Não quer conhece-los? Trouxeram a filha deles, uma garota linda. Chegue aqui em meia hora e eles ainda estarão, mas depois precisarão voltar para casa.

— Jocelyn

Suspirei. Eu não estava lá muito ansiosa para isso. Mesmo assim me apressei para chegar em casa. O que eu menos precisava agora era contrariar um desejo da minha mãe.

Passando rapidamente pela porta entreaberta da Madame Dorothea, eu subi as escadas com passos largos e cheguei ao apartamento. Minha mãe estava sentada no sofá ao lado de três pessoas de cabelo escuro. Quase tive um pequeno ataque de coração quando vi aquilo.

— Ah, Clary! – minha mãe disse, mais sorridente do que o normal. – Venha até aqui conhecer Maryse e Robert Lightwood.

Obriguei minhas pernas a seguirem em frente. Qual era a possibilidade de aquilo estar acontecendo? Talvez 0,0001%.

— Ei, eu conheço você – disse a garota. – Carmen?

Tentei não revirar os olhos, sem sucesso.

— Clary – corrigi.

— Ah, é – ela deu um tapinha na própria cabeça. – Jace vive falando que sei nome é memorável, mas eu não...

— Ele fala sobre mim? – perguntei, rápido demais. Imediatamente eu corei.

— Isabelle – falou minha mãe para a garota que eu havia conhecido alguns dias antes no Java Jones – Eu não sabia que já conhecia Clary.

— Conversei com ela uma vez – Isabelle deu de ombros.

— Mãe – murmurei. – Vamos passar o Natal na casa deles?

O sorriso da minha mãe amarelou um pouco.

— Sim, qual é o problema?

Suspirei novamente. Aquilo não podia estar acontecendo. Não podia, não podia, não podia. Apesar de parecer bom ficar um tempo na casa em que Jace morava, eu não conseguia imaginar algo mais constrangedor.

— Nada – menti. – Nenhum problema. Eu vou estar... No meu quarto.

Antes que eu pudesse me virar, minha mãe segurou meu ombro.

— Não, vai ficar aqui até eles terem que ir embora – ela sussurrou. – Então, Maryse, como anda seu trabalho?

Maryse, a mãe de Isabelle que parecia uma espécie de réplica mais velha da garota, apenas com olhos azuis, soltou um longo suspiro cansado e disse:

— Sabe que o trabalho é cansativo, perigoso... – ela olhou para Robert. – E, além disso, estivemos tendo problemas nos últimos tempos, muitos de nós estão desistindo da profissão e tudo mais. É difícil com pouco pessoal.

Minha mãe assentiu. Do que elas estavam falando mesmo? Bem, era melhor eu não me meter.

— Bem, pelo menos terão umas férias para o Natal, certo? – minha mãe sorriu, seguida pelos sorrisos de Maryse e Robert.

— Sim – respondeu Robert. – Certamente. Serão nossas primeiras férias em muito tempo, muito mesmo.

— Temos que ir, pai – grunhiu Isabelle, olhando para o relógio na parede da sala. – Já está quase na hora de buscar Max no colégio.

As três pessoas de cabelo escuro se despediram de nós e saíram. Eu ainda estava mergulhada numa espécie de surpresa e choque misturada com uma estranha ansiedade. Sem dizer mais nada, fui até o meu quarto e quase liguei para Simon. Mas duvidava que ele poderia me ajudar agora, então apenas enfiei o rosto no travesseiro e fiquei lá por algum tempo.


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Notas finais do capítulo

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