Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 10
Lightwood


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei que eu prometi que ia postar antes, mas eu não tive tempo de mexer aqui no computador (que era onde eu tinha salvado o capítulo), então eu só tive tempo de postar agora :c Me desculpem...
E esse capítulo não foi um dos melhores que eu fiz, vou avisando logo.
PS: Estou amando os reviews de vocês, continuem assim - e eu respondo sempre que posso, cês sabem disso u.u

Ah, e eu preciso avisar:
— A estrutura do Instituto foi modificada para se parecer mais com uma mansão normal e não uma igreja.
— As personalidades dos Lightwood também foram mudadas, eles estão menos brutos e tudo mais, porque aqui eles NÃO SÃO Caçadores de Sombras, me entendem? Eles estão um pouco mais dóceis e menos desconfiados.


Boa leitura! Até as notas finais (não que eu tenha algo realmente importante pra falar, enfim.)



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Dobrei meu último suéter e o coloquei cuidadosamente sobre os outros dentro da mala com um cuidado excessivo. Minha cabeça martelava desde o dia anterior com uma dor que só podia ser pelo estresse e ansiedade que, misturados, nunca resultavam numa coisa boa.

Olhei em volta. Eu havia guardado todos os meus desenhos dentro de um baú embaixo da cama e as telas estavam cuidadosamente colocadas numa prateleira vazia do armário. Eram os lugares mais apropriados para os meus bem mais preciosos.

— Clary! – era um grito apressado da minha mãe.

Fechei o zíper da minha bolsa – não era exatamente uma mala, era apenas uma bolsa grande demais – e coloquei as alças sobre o ombro direito. Suspirei mais uma vez para afastar o frio na barriga e me aproximei da janela. Na rua abaixo havia um carro grande e preto, cuja marca eu não conseguia identificar. Antes que eu pudesse reparar mais, minha mãe gritou novamente:

— Clary, santo Deus, venha logo!

Mordi o lábio por um momento e me apressei para fora, trancando a porta atrás de mim. Estava frio demais, agora que o aquecedor estava desligado. Eu estava praticamente empacotada. Uma blusa grossa de algodão, dois suéteres manchados de tinta, um casaco de lã, uma calça cargoazul e botas apertadas com forro de veludo para bloquear o frio. Como eu disse, empacotada.

Minha mãe estava na porta, também com muitas camadas de roupa e um gorro branco sobre a cabeça que dava mais luminosidade para seus cabelos vermelhos. Ela parecia impaciente, nervosa e ansiosa.

— Vamos? – perguntei, sentindo meu estômago gelar novamente.

— Vamos – ela confirmou, apagando as luzes de toda a casa. – Antes que eles desistam de nós, enfim.

— É, se eles soubessem que não somos lá tão boas hóspedes...

Jocelyn sorriu e se apressou para fora. Eu a segui pelas escadas, mordendo o lábio inferior para conter o gritinho de nervosismo que eu estava tentando conter.

Do lado de fora a neve havia acabado de cair, mas estava empilhada em todos os lugares possíveis. O carro preto estava parado perto da calçada, os vidros abaixados, mostrando o mesmo homem de cabelos escuros que eu havia visto alguns dias antes – o tal Robert, eu acho – no banco do motorista e sua mulher, a tal Maryse, no banco do carona. Um suspiro que misturava alívio e desapontamento surgiu no meu peito. Jace não estava ali.

Minha mãe cumprimentou seus amigos com um sorriso no rosto e eu fiquei lá plantada, esperando que ela me desse a deixa para eu entrar no carro. Finalmente, depois de muita conversa adulta entediante, Robert Lightwood nos ajudou a pôr as malas no porta-malas e abriu a porta traseira para que nós entrássemos.

Eles continuaram a mesma conversa fiada durante a viagem, e minha única opção foi escutar música. Coloquei os fones de ouvido e deixei minha mente vagar enquanto observava a estrada passar rapidamente. Acho que foi um erro, deixar a mente vagar. Eu pensei em Simon, no tom que ele havia usado ao falar “Eu amo você, Clary”. A lembrança doía agora. Talvez eu houvesse insinuado que também gostava de Simon daquele jeito. A verdade é que aquela declaração havia me deixado totalmente confusa. E se eu gostasse de Simon e fosse tonta demais para perceber?

Bufei, totalmente frustrada. Eu era uma total idiota. Idiota, idiota, idiota. Como eu não havia percebido aquilo antes?

O carro parou, interrompendo meus pensamentos. Ao meu lado havia uma construção que eu atribuiria facilmente a uma das famílias ricas e de linhagem antiga de Nova York: era construída com material velho e resistente, janelas de vidro reforçado, um jardim extenso, portões altos e uma porta dupla de carvalho. Havia algumas torres que combinavam com as janelas estreitas ao estilo gótico. Se houvessem estátuas de anjos ou algo do tipo eu poderia confundir aquele lugar com uma igreja.

Eu tenho que desenhar esse negócio algum dia, fiz uma nota mental e desci do carro, tirando os fones do ouvido. Minhas botas ficaram úmidas imediatamente, e meu pequeno salto lançou alguns pingos de lama em minha calça.

Tentei não olhar desesperadamente na direção da casa à procura de Jace.

— Tome aqui, Clary – minha mãe ofereceu minha bolsa e eu a peguei.

Ela pegou sua própria mala e nós seguimos o casal Lightwood até o lado de dentro. O jardim estava úmido e vazio, cheio de neve. A porta da frente foi aberta por Robert com um estrondo, revelando um hall de entrada muito amplo.

— Sejam muito bem-vindas – Maryse sorriu para mim. – Clary, querida, quer que eu te mostre o seu quarto?

Eu assenti, meio confusa. Ela me levou até um corredor, mas foi parada no meio do caminho por um garotinho de cabelo castanho-escuro.

— Oh, Max – ela se sobressaltou. – Pensei que ainda estivesse dormindo.

Max encolheu os ombros e rolou seus olhos para mim. Ele usava óculos.

— Quem é ela? – falou, sem sequer dizer um oi.

— Ela se chama Clary – Maryse falou. – É filha da nossa convidada para o Natal, Jocelyn.

— Ah – Max disse, parecendo super desinteressado na conversa de repente. – Eu vou estar na biblioteca – e se virou para entrar numa outra porta do corredor.

Maryse continuou me guiando pelo corredor até parar numa porta e a abrir. O lado de dentro era simples; apenas uma cama coberta por lençóis e cobertores brancos, um criado-mudo e uma janela que apontava para o jardim. Havia um pequeno guarda-roupa também.

— Espero que possa se instalar confortavelmente, pelo menos por essa semana – ela disse.

— Claro, obrigada – falei, tentando forçar um sorriso. – Eu... posso ter um tempo para arrumar minhas coisas?

Maryse pareceu surpresa.

— Ah, é claro. Mas, se quiser, pode nos encontrar para o café da manhã daqui alguns minutos.

Assenti, embora não fizesse ideia de onde nós iríamos tomar café. Maryse me deixou sozinha no quarto e eu me pus a retirar minhas roupas da bolsa e os outros pertences de uma bolsa menor, e colocá-los no guarda-roupa. Separei meu caderno de desenho e um estojo para que pudesse desenhar depois.

Descobri uma porta dentro do quarto também, que levava a um pequeno banheiro. Depois de tirar as botas molhadas e escovar os cabelos bagunçados pelo vento gelado, eu troquei meus suéteres por um casaco fino – o aquecedor estava ligado ali. Tirei minhas luvas e as coloquei sobre o criado-mudo.

Parecia ótimo para um simples café da manhã – embora aquilo não fosse exatamente um simples café da manhã. Por algum tempo eu apenas vaguei pelos corredores, tentando não ligar para o fato de que eu estava totalmente perdida, até que alguém falou atrás de mim:

— Perdida?

Me virei lentamente, reconhecendo a voz. Meu coração pulou uma batida. Jace, com o cabelo bagunçado e roupas finas, como se não estivesse fazendo o inverno mais congelante lá fora.

— Mais ou menos – respondi, feliz por não soar patética. – E você? Anda se perdendo muito ultimamente também?

Ele considerou a pergunta por um momento.

— Não, eu sou um cara que sabe o que quer.

Eu não sabia exatamente se estava totalmente aliviada ou desapontada com o fato de que ele não havia tocado no assunto beijo, mas não tive muito tempo para pensar porque, atrás de Jace, uma figura alta surgiu com um sorriso quase doce.

— Bom dia, Jace e... – era Isabelle. Ela parou os olhos em mim por um momento e franziu as sobrancelhas. – Quem...

— Clary Fray – eu e Jace respondemos ao mesmo tempo.

— Fray – Isabelle repetiu. – Oh, você é filha daquela amiga ruiva dos meus pais. – Enfim, eu estou com fome, preciso ir comer – ela andou pelo corredor, e quando viu que nem eu nem Jace estávamos a seguindo, ela se virou e perguntou num tom autoritário e levemente irritado: - Vocês vêm ou não?

Suspirei e a segui, descendo escadas e seguindo por vários corredores até chegar a uma sala de janta pequena (Uau! Existia de fato algum cômodo pequeno naquela mansão enorme). Minha mãe estava sentada entre Alec – o irmão de Isabelle cuja única informação que eu tinha era seu nome – e Max, parecendo estar animada, totalmente diferente de mim. Eu me sentia deslocada, mal podia esperar que o último dia naquele lugar passasse logo, porque de repente Alec e Isabelle estavam olhando para mim como se eu houvesse matado os pais deles.

Eu me sentei ao lado de Jace – um alívio, eu não estava ansiosa para sentar perto de Isabelle ou Alec – e Maryse. Não prestei muita atenção na comida, só sabia que havia muita.

— Então, animada para passar a semana na Mansão Lightwood? – Jace perguntou, baixo o suficiente para que apenas eu ouvisse.

— Não realmente – falei. – Não é como se eles parecessem me amar, entende?

Jace deu de ombros.

— Alec e Isabelle são muito reservados – falou. – Permaneceram a vida inteira nessa casa, mal podendo sair dela por muito tempo. Quando aparece carne nova eles ficam na defensiva, é isso.

Carne nova. Então era realmente isso o que eu era, carne nova. Eu me sentia quase em perigo.

— Entendo – murmurei, ansiosa para mudar de assunto. – Bem, você anda sendo atacado por patos muito frequentemente desde que... – nós nos beijamos – fomos àquele restaurante?

Jace riu nervosamente.

— Não, mas eu sei que eles estão planejando algo.

Essa foi a última coisa que ele falou para mim durante o café da manhã. Eu continuei em silêncio, apenas escutando a conversa animada entre eles. Eu até gostava de estar com Jace, isso me deixava meio animada, mas os outros me deixavam com uma espécie de terror contido. Eu odiava conhecer pessoas novas, geralmente me limitava a conversar apenas com minha mãe, Luke e... Simon.

Suspirei e afastei meu prato com o último pedaço de panqueca. Pedi licença rapidamente, ignorando alguns olhares preocupados.

Eu já havia quase decorado o caminho, então demorei apenas alguns minutos para chegar ao quarto. Me deitei na cama, encarando o teto. Me sentia sozinha, mas talvez fosse apenas o fato de que eu sentia um desejo incontrolável de voltar no tempo, para evitar aquela situação com Simon. É, deveria ser isso. Eu não estava realmente sozinha, apenas estava confusa em relação àquilo tudo. Olhar para Jace com certeza iria me lembrar da conversa com Simon.

Pressionei meus dedos contra minhas têmporas doloridas. Eu só precisava esquecer daquilo por um momento. Tirei meu caderno de desenho de cima do criado-mudo e comecei a trabalhar em algo que eu não sabia o que era exatamente. Quando terminei, apenas admirei o que havia feito distraidamente, padrões de letras difíceis e delicadas que eu só conseguiria fazer com muito trabalho, formando uma palavra: Lightwood.


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Notas finais do capítulo

É, está beirando o horrível, esse capítulo. Prometo que o outro vai ser melhor, é só que não havia realmente algo de emocionante para acontecer nesse capítulo. Eu sei que ele está confuso, e era para estar assim porque é narrado em primeira pessoa, demonstra os pensamentos da Clary, e eles estão assim mesmo (confusos e tal).
Mesmo assim mandem reviews, okay? Beijos, até o próximo.