Por que aceitei entrar em um carro de um completo estranho? Boa pergunta. Ou por que sentia que aquilo era certo e errado ao mesmo tempo? Eu queria respostas e Mason as tinha, ele conhecia Erin e até havia tido uma vida romântica com ela. O caderno azul em minhas mãos era repleto de canções, canções que eu conhecia. Isso era estranhamente bizarro.

Mason dirigia suavemente, sempre olhando para mim quando tinha chance. Não me sentia desconfortável ou assustada, muito pelo contrario, eu queria abraça-lo, queria cantar com ele. Deus eu estava ficando louca.

A praia ficava a menos de 10 minutos de carro da casa de Derek. Derek! Como pude sair escondida as 6 da manhã sem nem ao menos...

– Chegamos.

Mason desceu do carro e abriu a porta para que eu saísse. Graças a Deus ele tinha esperado para que eu me trocasse, afinal estava quase nua usando apenas aquela camiseta gigante. Escolhi um vestido azul simples, já que a maior parte de toda a tonalidade do guarda-roupa de meu quarto era azul. Isso me agradava.

Tiramos os chinelos e caminhamos para a areia. No horizonte era possível ver os primeiros raios de sol. Seria maravilhoso trazer uma tela e pin....

– Er... Blair? – Mason me olhava daquela sua maneira, curiosa.

Ele estendeu uma manta na areia, como não reparei que o cara tinha trazido uma manta? Ou uma cesta? De onde ela veio?

Vendo minha cara de surpresa ele se explicou.

– Achei que não faria mal trazer algo para o café. Sei que você não gosta muito de comer de manhã, mas trouxe muita cafeína e também temos morangos, você ama morangos e...

Como diabos ele sabia sobre os morangos? Eu já comi algum morango? O que eram morangos?

– Eu... eu..- Deus que humilhante era admitir que não sabia o que era um maldito morango.

Entendimento passou por Mason e ele murmurou baixinho.

– Sente-se por favor.

Um pouco aliviada fiz o que ele pediu.

– Derek não sabe que estamos aqui, ele não apoia, não compreende o que eu compreendo. Ele... ele... droga como ele pode não reconhecer você Bu? – Mason acariciava minha bochecha o que me fazia perder o raciocínio, ele tinha me chamado de Bu? Mas Erin era...

– Vocês são tão diferentes, não consigo entender como ele pode não ver. São idênticas fisicamente, mas quanto ao resto... Talvez ele não queira, não queira deixa-la ir.

– Mason eu não...

– Não diga nada, apenas pense. Sei que você sabe, no fundo sabe. – Mason tirou de dentro da cesta os diários de Erin, o que me deixou chocada, como ele sabia sobre eles? – Os peguei enquanto você se trocava.

Minha cabeça doía.

– Sammy amou você desde o instante em que a viu. Claire é idêntica a você, canta e pinta como você. Você conhece as letras, as melodias, inconscientemente conhece a todos nós. Não acordou na casa de um estranho, acordou na casa de Derek Campbell o ex-marido de sua irmã, Blair Everly Campbell, a verdadeira mãe de Claire, sua irmã gêmea.

Um soluço involuntário escapou, quando comecei a chorar? Erin Everly, eu sou Erin, a garota dos diários, a garota apaixonada por Derek e Mason.

– Como? – foi tudo o que consegui dizer.

– Um dia antes de deixarmos o Havai você recebeu uma ligação de Blair. Seus pais, Eleonor e Conrad morreram em um assalto, nós voltamos imediatamente para Santa Monica. Quando chegamos aqui Blair e Derek tinham um bebê, seus pais haviam morrido e você ainda nutria sentimentos por ele. Foi demais, você se afastou de mim, não me deixava toca-la e não conversava comigo. No dia do enterro deles você não foi, preferiu ficar em um bar. Tentei encontra-la juro que tentei, mas Blair a conhecia melhor do que ninguém, ela foi mais rápida. Você tinha bebido muito, não aceitou que ela a leva-se para casa e saiu com o carro.... – Mason chorava enquanto narrava a história mais bizarra que já ouvira. Doí, doía tanto. – Começou a chover muito e você perdeu o controle e caiu em uma ponte. Blair estava seguindo você ela desceu do carro e pulou, pulou para salvar você. Desde então vocês estavam em uma espécie de coma. Derek criou Claire com a ajuda de Emmily Forbes a antiga melhor amiga de Blair, eles se casaram quando Claire tinha 4 anos.

Tudo aquilo era muito, era muito para mim. Me agarrei a ele e deixei-me chorar. Mason apenas me abraçou dizendo que tudo ficaria bem.

Então o mistério de Blair, só Blair fora solucionado, e no fim, eu não era Blair. Nunca estive tão confusa, eu sou Erin, Erin que amou Derek, Erin que amou Mason, Erin a usurpadora.

Passos chamaram minha atenção, Derek caminhava em nossa direção, ele parecia estar possesso.

Deixei o abraço de Mason como se aquilo de alguma forma fosse errado e encarei Derek. Mason entendeu, mas não rápido o bastante para que o punho de Derek não o acertasse. Arfei.

– Você prometeu desgraçado. Não tinha o direito de dizer a ela. – repetidamente Derek o socava.

– Pare.

– Ela não te pertence filho da p... – Mason tentou argumentar recebendo outro soco por isso.

– Nem a você idiota.

– Derek. – ele voltou-se para mim e esse segundo de distração fora suficiente para que Mason desferisse um golpe certeiro em seu estomago.

Chorar ou gritar não adiantava.

– Sinto muito Derek, mas você mereceu cara. – Mason agora o olhava de cima, limpado o sangue de seu rosto em sua camiseta.

Derek sentou-se, parecendo derrotado, embora Mason estivesse bem pior, seu olho esquerdo estava praticamente fechado de tão inchado. Agachei-me e rasguei um pedaço da manta com uma faca que encontrei na cesta e fui até ele, tentei limpar um pouco do sangue, mas a ferida em cima de sua sobrancelha esquerda precisava de pontos. Derek me fitava incrédulo como se o que estava fazendo fosse algum pecado ou algo do tipo. Ele não sabia, não sabia que eu era Erin.

– Eu pedi a você Mason, que espécie de amigo é você? Eu deveria saber não é mesmo?

– Ela merecia saber, e se você tentasse um pouco que seja, veria que a sua Blair se foi.

Derek levantou rapidamente e partiu para cima de Mason outra vez.

– Não.

Entrei no meio deles, tentando inutilmente separa-los.

– Erin, sai. – Mason encarava Derek com sangue nos olhos, literalmente.

– Erin? – Derek voltou-se para mim, esquecendo-se de seu oponente.

Assenti o vendo me encarar como nunca havia feito.

– Não pode ser, você,...mas... – ele parecia tão confuso quanto eu.

– Olhe para ela idiota.

Lágrimas transbordavam de meus olhos. Era loucura ou meus sentimentos por aquele homem pareciam ter aumentado agora que sabia a verdade?

– Erin? Como...? Ele me disseram, .... disseram que era você..., quer dizer ela.

Mason se aproximou e puxou meus cabelos para o lado, expondo meu pescoço a Derek. Ali encontrava-se uma mancha branca pequenina.

– Um morango. – sussurrei. Ela tinha o formato de um morango. Era como uma espécie de click, na qual as coisas simplesmente apareciam em minha cabeça.

– Sim, um morango. – Derek sorria timidamente.

– Derek?

Uma voz soou. Todos nos viramos para encarar uma mulher de beleza mediana. Ela era alta, mas não tão alta quanto eu ou os rapazes, possuía cabeços castanhos e olhos escuros, sua pele possuía um leve bronzeado ou talvez essa fosse sua cor natural.

– Emmily?