Para Lembrar escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 2
Blair, Só Blair


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e comentem.



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Ela era extremamente adorável, seus cabelos eram cor de cobre e sua pele era clara. Seus olhos eram cor de âmbar como os de Derek.

– Claire? Oque esta fazendo acordada? – Derek andava até ela parecendo preocupado.

– Sam está inquieto, e me acordou, então fui procurar você, e você não estava na cama e... – ela não terminou de falar, pois seus olhos seguiram o grande São Bernardo que vinha a toda em minha direção.

Assustada fitei o animal, antes deste lançar-se sobre mim, caí de bunda no chão. O cachorro me lambia e esfregava-se em mim, não pude deixar de sorrir e acariciar sua orelha, acho que ele gostou pois deitou-se de barriga oferecendo-se para mim.

Voltei minha atenção para Derek e Claire, não deixando de acariciar Sam, era como se sentisse saudades dele, o que era estranho. Os dois me olhavam intrigados. Acho que o cachorro não gostou de perder minha atenção e lançou-se contra mim outra vez, me fazendo deitar na grama.

– Sammy, pare. – disse ainda sorrindo.

– Como, como sabe que o apelido dele é Sammy? – a pequena garotinha estava agora ao meu lado. Não entendi o que ela queria dizer com aquilo, afinal eu sabia o nome do cachorro, não sabia?

– Eu, não sei só...

– Sam, pare. – Sam parou assim que ouviu a voz de Derek, sentando-se comportadamente ao meu lado, mais ainda sim me olhando ternamente.

Derek aproximou-se, oferecendo-me sua mão, a aceitei e ele me ajudou a levantar. Só agora notei o vestido azul simples que usava, que por sinal estava cheio de grama e coberto pela baba de Sam. Sorri pensando no quanto gostara do cachorro.

– Tudo bem?

– Oh , sim claro, não foi nada de mais, acho que gosto de cachorros. – respondi um pouco confusa, voltando-me para a pequena Claire. Uma vontade de abraça-la e dizer que tudo ficaria bem, tomou-me, mas a questão era, porque? Porque me sentia conectada com essa família, como se sentisse a falta deles?

– Como se chama? – ela era mesmo adorável, acho que devia ter 5 ou 6 anos.

– Blair. – respondi ainda confusa.

– Blair? Só Blair?

– Sim, só Blair. – ela parecia tão confusa quanto eu.

– Então Só Blair, parece que Sam gostou de você, o que é estranho ele odeia a...

– Chega Claire, você devia estar na cama, e é para onde vai agora mesmo. E você – ele voltou-se para o cão a minha esquerda. – vai para cama também.

Sam parecia chateado, olhando para Derek e depois para mim, era como se quisesse dizer algo.

– Onde a Blair vai dormir papai, ela pode dormir comigo, Sammy não vai se importar, não é Sam? – o cão parecia concordar com as palavras de sua pequena dona, não pude deixar de sorrir.

– Não Car, Blair vai ficar no quarto azul.

– No quarto onde é proibido entrar? Mas pensei que ninguém pudesse entrar lá...

– Vamos Car. – então Derek a pegou no colo, e começou a caminhar de volta para dentro da casa. Me virei para o jardim mais uma vez, era como se não quisesse deixa-lo para trás. Sentia falta das flores, da fonte. E dos quadros.

– Papai?

– Sim Car?

– Você acha que talvez Blair poderia ler uma história para o Sam, ele parece meio triste, acho que uma história ajudaria. – ela sussurrava, um tanto alto. Os seguia rindo.

– Não sei, acho que deve perguntar a ela amor. – Derek era tão calmo e carinhoso, ouvi-lo falar com Claire assim, fazia com que meu peito doesse, embora não soubesse o porquê disso.

– Eu adoraria Claire, também acho que Sam precisa de uma história antes de dormir. – disse sorrindo.

– A preferida dele é ...

– A pequena sereia. – completei a frase, mesmo não sabendo como. Acho que apenas sabia.

– É, ela é demais não é papai? – Claire me olhava por cima do ombro de Derek sorrindo.

– Sim ela é. – a voz dele soou cansada, triste.

Subimos as escadas em silêncio e paramos em frente a um quarto de porta azul, nesta havia uma pequena placa, acredito que feita a mão, escrita: “Little Claire”, logo embaixo em uma letra diferente lia-se “And Sammy”. Não pude deixar de sorrir.

Quando Derek abriu a porta, um turbilhão de sensações me atingiram, incerteza, medo, reconhecimento, todas eram dolorosas. De certa forma sabia que conhecia aquele quarto azul. Era lindo, as parede azuis eram cobertas de diversos tipos de rosas pintadas a mão. O teto era coberto por nuvens, era perfeito, embora o quarto fosse todo decorado de azul com seus moveis em um tom de creme, ele não era nem um pouco masculino. Era o quarto digno de uma princesa.

Uma súbita vontade de chorar tomou-me, mas consegui controla-la.

Derek se aproximou da bela cama com dossel e depositou Claire nela. Ao seu lado Sam deitou-se em um amontoado de cobertas e almofadas, onde permaneceu ainda me olhando.

Ainda admirando o quarto não percebi quando Derek estendeu para mim um grande livro surrado. O peguei delicadamente, como se ele fosse se desfazer. O livro era pesado mas encaixava-se perfeitamente em minhas mãos. Não precisei olhar o índice ou algo assim quando o abri, de alguma forma sabia onde estaria o que procurava.

Sentei-me na poltrona ao lado da cama de Claire, que me observava assim como Derek e Sam, e comecei a história.

Era como se não precisasse nem ao menos ler, a história de certa maneira estava em mim. Me perguntava o que mais estaria, e o que mais teria que descobrir.

Quando a pequena Ariel perde sua voz, Claire já dormia profundamente, agarrada a Derek que também dormia suavemente. Não querendo acorda-los, os cobri e abri a porta olhando-os de relance, ainda queria chorar, mesmo não sabendo por quê. Ao fechar a porta Sam passou por ela.

– Ah, Sammy, Claire precisa de você, quem vai protege-la durante a noite se você não estiver lá? – disse enquanto lágrimas rolavam. Ele ainda me encarava, pode parecer estranho, mas acho que ele estava com medo de que eu fosse embora. – Tudo bem, mas só hoje ok? – cedi, vendo- o abanar seu rabo freneticamente.

Então desci as escadas seguida pelo cão, voltando ao outro quarto azul, onde aparentemente era proibida a entrada de outras pessoas. Deitei-me na cama agarrada ao travesseiro e a Sammy. Para nossa sorte, ela era grande o suficiente para nós dois.

Adormeci enroscada ao grande cão.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?