O Anjo escrita por Messer


Capítulo 4
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Salut! Ok, mais um capítulo, me desculpem por ele estar pequeno. Pelo menos não demorei muito :DDD
Boa leitura.



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Davi não sabia o quanto estava cansado até ver que seus joelhos tremiam. Devagar, sem fazer barulho, dirigiu-se para o banheiro. Suas mãos mancharam a água gelada de preto. Ele suspirou e se olhou no espelho. A iluminação era pouca, somente a luz da Lua. Seus cabelos estavam prateados, mas eram loiros, bagunçados e sem corte. Seus olhos eram negros, sua pele pálida. Davi jamais chamaria a atenção de uma garota assim, só passando. Ele tinha aquele tipo de beleza desencadeada pelo charme e cortesia, o que só acontecia quando falava com alguém. Porém, no momento só assustaria a pessoa. O seu rosto estava com arranhões e a energia parecia ter sido drenada dele. Com um suspiro longo, se virou, despiu-se das roupas sujas e rasgadas, pegou um cobertor no armário, deitou-se e dormiu.

Uma batalha longa, então um demônio acha uma tocha e derruba-a sobre um monte de palha. Instantaneamente, aquilo começa a pegar fogo, iluminando tudo muito rápido. Davi grita para que as pessoas saiam correndo, há coisas inflamáveis por perto, mas ninguém parece escutar-lhe. garoto gritou mais alto, a ponto de perder o fôlego e sua garganta doer. Ainda ninguém percebia que ele estava lá. Como se fosse um fantasma. Sem pensar, ele pega um balde ao seu lado e corre para o fogo, jogando aquilo nas chamas. Mas o cheiro era estranho. Álcool. O fogo só aumentou enquanto ele caia para trás e arregalava os olhos, vendo tudo queimar, tudo ser destruído.

O garoto se levantou rápido, respirando fundo e fazendo barulho. Ele se segurou no armário antes que seus joelhos cedessem e ele caísse no chão. Aqui foi só um sonho. Com os olhos cerrados, viu que a cama estava toda iluminada com a luz forte do Sol. Talvez fosse esse o motivo do pesadelo. Ele foi ao banheiro e lavou o rosto, as mãos tremendo com as vívidas lembranças do sonho. A água estava gelada, seu rosto parecia uma pedra de gelo quando saiu de lá.

Davi experimentou abrir uma porta, não muito longe de onde havia dormido. Lá estava um Nelphilim, irreconhecível abaixo das várias cobertas. Devagar, ele fechou a porta e rumou para o porão da mansão, onde o sistema de aquecimento estava.
Ao chegar lá, viu que alguém já havia descoberto a máquina. Era aquela garota ruiva, a única que havia tentado ser gentil com ele. Claro, não funcionou, mas Davi não ligava. Ele se encostou em um pilar e cruzou os braços, olhando-a mexer no sistema.

– Sabe, você já tentou usar uma Marca? - Ele disse, fazendo ela dar um pulo e virar-se assustada para ver quem era.
Davi sorriu.

– Calma, não vou fazer nada demais. Só use uma Marca de energia. Vai funcionar durante a semana toda.

A garota hesitou por um momento antes de se virar, sacar a estela e fazer o que ele havia dito. No exato momento em que ela terminou o desenho, a máquina ganhou vida, enviando ar quente para todos os cômodos da mansão, a tubulação estralando ao receber o ar.

– Prazer, Davi Kreeman, instituto de Londres - ele disse, ainda encostado no pilar.
Ela se virou e o olhou, com uma expressão mais amigável no rosto.

– Héloïse Bernard. Instituto de Paris - agora ele entendia o seu sotaque. - Me desculpe por ser tão direta, mas onde tem comida aqui? - Davi podia ver que ela mordia o lado de dentro da bochecha.
Ele suspirou pesadamente.

– Não há. Normalmente só eu venho aqui - ele já subia as escadas, chamando-a com um movimento com a mão. - Mas acho que tem algum cavalo selvagem aqui por perto, se quiser ir até Idris...

Ele deixou a frase no ar enquanto ambos caminhavam em direção à cozinha. Ao menos havia água lá. Pelo meio do caminho, viu mais Nelphilins olhando-os com a testa franzida. Davi tentou não ligar e continuou seu caminho.

Não havia ninguém na cozinha. Uma camada de pó cobria os armários e os outros móveis. A luz solar entrava pela janela, mas o garoto já podia ver que mais neve caía.

Ele abriu a porta de um dos armários e retirou dois copos de lá. Estavam sujos, mas ele lavou-os e encheu de água com a torneira da pia. Héloïse aceitou sem hesitação. Ela tomou a água em goles rápidos e colocou o copo em cima da mesa suja.

Ambos estancaram quando ouviram vozes alteradas. Não dava para reconhecer em certo as palavras, mas pareciam grossas. Davi olhou Héloïse por um segundo antes de largar o copo e sair correndo.

O garoto seguiu na direção da briga. Era no quarto onde Mary havia feito o feitiço que o barulho vinha. Alguns Nelphilins estavam indo na mesma direção, também correndo. Davi franziu a testa. Eles reclamaram tanto e agora estão querendo ajudar, ele pensou. Ninguém merece.

Davi entrou correndo no quarto. A chegar lá, percebeu o por quê de tantas palavras grossas. Atrás de si, mais Nelphilins estavam se reunindo, curiosos para entender o que acontecia. Davi gritou com eles, e recebeu olhares estranhos. Irritado, entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. Então tentou acalmar John. O filho de Apolo só o encarou, com os olhos vazios, como se não conseguisse se lembrar de quem ele mesmo era.

– Quem são vocês? - Ele perguntou, ríspido.

Olhando para o lado, Davi viu Mary encolhida em um canto, com uma expressão triste no rosto.

– O feitiço tinha efeitos colaterais - ela sussurrou, chamando a atenção de John para ela. O garoto andou para trás, em direção à porta, mas não desgrudou seus olhos da garota. Porém, sua expressão não era amigável.

Mary, a cada passo que ele dava, parecia ser torturada. Davi então finalmente entendeu o por quê de ela estar tão preocupada com ele. A garota amava John. Abriu mão de muitas coisas, até mesmo de sua vida para ficar perto do garoto. Enfrentou monstros, demônios, coisas desconhecidas, pessoas perigosas e aceitou viver de um modo completamente diferente e estranho para ela por causa do garoto. Chegou até mesmo a quase perder a vida.

Tudo isso para John perder a memória.


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