Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 13
Tudo começa a mudar




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As palavras de Raoul ainda ecoavam na mente de Emma em seus sonhos. Ela sentia o cheiro dele ao seu redor não precisando abrir os olhos para saber que estava em seu quarto. Ele havia a levado para lá por estar mais quente que em seu quarto. Abriu os olhos, horas depois, sentindo-se mais restabelecida. Já estava se levantando da cama quando avistou o mesmo homem do café na porta a olhando com um sorriso na face. Um grito foi escutado por Enzo, que apenas fez uma careta.

–Vejo que esta bem.. Tão bem que quer me deixar surdo – brincou ao caminhar ate ela colocando a sacola próximo a ela. – trouxe para você. Espero que goste.

–Oh meu deus – puxou a coberta ate o seu queixo pálida – se não sair daqui.. Irei gritar. Eu juro. Não estou sozinha.

–Na verdade não está. Eu estou aqui – sorriu.

–SAIA DAQUI – gritou ao pegar a primeira coisa que viu. O despertador de Raoul – eu vou jogar em você.

–Ei, qual o seu problema? Não lembra que sou o primo de.. – antes que ele falasse algo, Emma jogou o objeto em cima dele. Enzo desviou com o rosto confuso.

–És algum maníaco? Me vigiou esse tempo todo, esperou eu ficar sozinha e me atacar? Oh Mio Dio, o que fez com Raoul? Não o matou, não é?

Enzo gargalhou ao olhar para ela. Foi ate o closet, abriu umas das portas fuçou ate encontrar um velho álbum de fotografia.

–Isso deve lhe acalmar – disse entregando a ela. Emma olhou com desconfiança, mas à medida que passava as paginas o seu rosto denunciava a vergonha. – Não é necessário se desculpar, mas acho que Raoul não vai gostar de ver o seu despertador desse jeito – meneou a cabeça ao ver o objeto quebrado no chão.

–Scusi – pediu com a cabeça baixa – eu pensei que... eu não sei o que pensei.

–Não tem problema – sorriu – antes de ir embora eu compro um relógio parecido. Ele nunca nota a diferença – deu de ombros.

–Eu.. estou envergonhada pelo que fiz. Desculpe-me.

–Já disse que não deve se preocupar, falando nisso porque não abre o que eu lhe trouxe?

Emma assentiu ao pegar a sacola retirando dela um urso de pelúcia branco. Um sorriso genuíno brotou em seus lábios.

–Obrigada... Eu adorei.

–Imaginei que fosse gostar. Tenho duas irmãs, sei como garotas gostam dessas coisas.

–E.. Raoul? Ele já foi? – indagou após alguns segundos em silencio.

–Aquele homem vive para o trabalho como o diabo vive para o inferno.

Ela assentiu sentindo-se um pouco triste.

***

–Ele é mesmo o tio dela? – Rupert indagou a Caroline no intervalo entre as aulas. Ele não conseguia conter a sua curiosidade – eles não pareciam parentes.

–Eu discordo – disse sem saber o que falar. Ela havia prometida não contar nada a ninguém e continuaria mantendo segredo ate que fosse necessário – mas.. Ele veio buscá-la mesmo?

–Sim – assentiu confuso ao se lembrar da cena – ela estava incomodada na sua frente. Pareciam dois desconhecidos.

–Deve ser impressão sua.

–Pode ser – disse pensativo – vai visitá-la caso não venha a aula amanha?

–Provavelmente – falou sem certeza – porque?

–Eu gostaria de ir junto.

Caroline olhou tentando esboçar algum sorriso. Ela não conseguia entender o interesse repentino dele por sua amiga.

***

Emma sorriu novamente ao escutar as historias de Enzo. Ele havia passado a tarde toda fazendo companhia e cuidando dela.

–Você não trabalha? – questionou no final da tarde enquanto viam um programa qualquer.

–Trabalho. Sou o diretor de marketing da mesma empresa de Raoul. Por quê? Porque estou aqui com você?

–Na verdade sim.

–Raoul faz todo o trabalho, enquanto me divirto. É perfeito – brincou sorrindo – mas... Ele é quem deveria estar aqui.

–Ele não esta errado de qualquer forma.

–Como não esta? Você ainda é sua esposa mesmo que seja apenas no papel.

–Isso não é bem um casamento, está mais para uma convivência forçada com prazo de validade.

–Por que... diz isso? – perguntou cuidadosamente. Ele não sabia ate onde Emma tinha conhecimento de sua situação.

–Estou trabalhando para ir morar sozinha. Sei que trabalhar de meio período naquele café não irá tornar as coisas mais fáceis – deu de ombros ao olhar para o nada – mas tenho confiança que vou conseguir algum quarto. Qualquer coisa.

–Raoul está lhe tratando mal? – ao vê-la negar continuou – então porque sair daqui?

–Não quero ficar dependente de ninguém. Quero aprender a me cuidar sozinha. Daqui há um ano ou dois, não serei mais casada com ele. Estarei sozinha no mundo – disse com pesar. – tenho que me acostumar.

Em um ímpeto, Enzo a abraçou acariciando os seus cabelos afetuosamente.

–Seu cunhado sempre estará por perto – garantiu sincero.

***

Raoul assinou mais um documento da enorme pilha a sua frente. Ele não imaginava que se ausentar por algumas horas iria deixá-lo tão sobrecarregado. Passou a mão pelos cabelos em sinal de desespero. Já estava seguindo para o próximo documento que deveria ler e assinar posteriormente quando o telefone tocou. Raquel estava do lado de fora de sua sala querendo vê-lo.

–Só pode ser brincadeira – murmurou antes de desligar o telefone. Ele ajeitou a gravata, passou as mãos pelo cabelo e esperou que ela passasse altiva pela porta, coisa que não ocorreu. –O que foi?

–Precisamos conversar – ela disse séria ao fechar a porta.

–Outro dia será melhor.

–Não. Eu.. Acho que estou grávida – anunciou sem pestanejar.

Raoul ficou sério a fitando demoradamente. De uma coisa ele tinha certeza, se ela estivesse grávida o filho não seria dele. Toda a vez que deitava-se com ela se protegia.

–E? – indagou frio ao voltar a sua atenção para os papeis em sua frente.

–Como e? Eu disse que...

–Escutei bem o que disse. Vá ao medico e veja se está certa. Se estiver, esperarei a criança nascer para fazer um exame de DNA, se for minha mesmo, o que não acredito, irei dar uma pensão considerável em seu nome.

–Não pode estar falando sério – murmurou.

–Mais sério que isso é impossível.

–Raoul... está dizendo que esta criança não é sua?

–Aposto que ainda nem tem certeza sobre isso – apontou para a sua barriga sério – vá ao medico primeiro e da próxima vez não faça as coisas tão deliberadamente.

–Imaginei que sentisse algo por mim.

–Eu sinto. Atração, apenas isso. Nós dois sabíamos desde o começo.

–Você sabia, não eu – o corrigiu.

–Raquel, se não deseja ter o seu nome em algum escândalo nesta empresa é melhor que não chore ao sair da sala.

–E ainda por cima me expulsa de sua sala? – percebeu ultrajada – muito bem, vou fazer como quiser e eu prometo que irá se arrepender.

–Faça como quiser – falou sério sem prestar atenção nela. Raquel respirou fundo saindo em seguida sem dizer nenhuma palavra. Raoul suspirou ao retornar ao seu trabalho. Para ele o relacionamento com Raquel já estava perto de terminar de qualquer forma.

A seguradora encontrava-se no mais repleto silencio. Em todos os andares ninguém era visto com exceção das faxineiras. A presidência ainda tinha luzes acessas e um homem se arrumava para ir embora. Raoul retirou o paletó e a gravata antes de sair da sala. O seu aspecto era de um homem sensual, mas cansado. Os dois primeiros botões de sua camisa social branca encontravam-se abertos, seu cabelo desalinhado e o rosto sem expressão davam-lhe um ar misterioso.

Assim que abriu a porta de casa, Raoul, escutou uma musica conhecida e risos vindos de seu quarto. Respirou fundo ao imaginar o que Enzo havia aprontado em sua ausência. Ao abrir a porta de seu quarto fitou Emma jogando cartas com Enzo sorrindo. Um sorriso que ele nunca havia visto.

–Parece que estão se divertindo – disse sério ao entrar em seu quarto. Colocou a sua pasta sobre uma mesa.

–Deveria ter me contado que sua esposa jogava cartas tão bem – Enzo disse sorrindo ao olhar para Emma – se estivéssemos jogando strip poker, estaria nu em pelo agora.

O rosto de Emma avermelhou-se apesar do sorriso preencher o seu rosto.

–Acho que está na hora de ir embora Enzo – Raoul falou sério – e deveria voltar para o seu quarto – disse a Emma.

–Não seja grosso – Enzo falou ao se levantar da cama – Emma ficará aqui esta noite. Este é o quarto mais quente de todo esse apartamento. Não se esqueça que ela está doente.

–É impossível esquecer isto – resmungou –e isso não é de sua conta. Vá embora Enzo.

–Mas..

–Já disse para ir – falou sério encarando o seu primo. Enzo olhou derrotado para Emma, acenou timidamente antes de sair do quarto. Ele sabia quando Raoul brincava e quando falava sério e definitivamente, ele estava sério aquela hora.

–Pareceu-me estar se divertindo com meu primo – Raoul disse assim que Enzo saiu do quarto.

–Sim, ele é muito agradável.

–Que bom – assentiu ao desabotoar a sua camisa lentamente. Segurou o sorriso diante do olhar assustado dela, ficando surpreso por ela ainda não ter fugido do quarto – Vai dormir aqui, então?

–D.. Dormir aqui?

–Sim, mas devo lhe dizer que terá que dividir a cama comigo. Não gosto de dormir em qualquer lugar.

Emma sentiu as suas faces avermelharem ainda mais. O seu coração batia descompassado ao ver Raoul se despir lentamente em sua frente de forma tão natural.

–Não tens vergonha? Estou bem em sua frente – Emma disse alarmada ao vê-lo retirar a sua blusa desafivelando o cinto.

–Este é o meu quarto – falou simplesmente dando de ombros divertindo-se com a reação dela.

Sentindo-se humilhada, Emma retirou o cobertor de cima de si e ao colocar os pés no chão viu o quarto girar. Não demorou para cair ajoelhada no chão sendo aparada por Raoul.

–Ei, você está bem?

–Estou.. – falou incerta – acho que levantei rápido demais. Enzo não quis que eu me levantasse durante toda a tarde. Deve ser isso.

Raoul a ajudou a se levantar colocando-a de volta na cama. A cobriu apesar de seu olhar confuso.

–Durma aqui está noite. Irei para o quarto de hospedes – deu as costas a ela saindo, rapidamente, do quarto – o que eu estava pensando? – se perguntou ao entrar no outro quarto – porque fui fazer aquela cena?


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