Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 12
Doença




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Uma mulher demonstrava a sua impaciência ao olhar para o relógio em seu pulso pela décima vez em menos de cinco minutos. Raquel suspirou frustrada ao olhar em volta a procura de Raoul. O restaurante encontrava-se vazio dado o horário em que ele havia marcado de ir vê-la. A noite anterior havia se tornado um fiasco quando Raoul ligou desmarcando o seu encontro com ela, o encontro pelo qual ela estava ansiosa, pois iria revelar os seus sentimentos. Um sentimento que duvidava que teria recíproca. A taça de vinho solitária sobre a mesa foi levada ate os lábios carnudos dela de forma sensual, ela estava tão concentrada em seus pensamentos que não percebeu a chegada de Raoul.

Raoul ajeitou a gravata assim que adentrou no restaurante tão familiar. Sempre que se encontrava com Raquel iam para aquele mesmo lugar, sentavam-se na mesma mesa, riam um para o outro falando sempre das mesmas coisas. Algo em seu intimo suspeitava sobre o que ela queria falar.

–Não lembro-me de gostar de convites surpresas – Raoul falou ao puxar a cadeira em frente a ela – sabes tão bem quanto eu que prefiro os encontros planejados com antecedência.

–O único que cancelou ontem foi você – disse sorrindo colocando a taça sobre a mesa. – que bom que veio.

–Disse que tinha algo para falar.

–Na verdade sim..

–Estou aqui – tornou ao fazer um sinal para o garçom – um copo de uísque – pediu assim que ele se aproximou. – Ainda tenho alguns compromissos, peço que diga rapidamente o motivo de minha vinda.

–Sempre direto. – O olhar de Raquel demonstrava firmeza,mas ela começava a indagar-se se não estava equivocando-se. Para ela o importante era seguir os seus instintos só que com Raoul nada funcionava. – Estamos juntos há um tempo, não é?

–Presumo que sim.

–Nesse tempo pensou alguma vez em nós? Como um casal.

–Raquel, se me chamou aqui para dizer que está sentindo algo por mim acho melhor terminarmos quaisquer relações. Não sinto nada por ninguém. Deveria saber disso.

–Não é isso – mentiu sorrindo – essa é uma pergunta que me veio a cabeça agora. Queria saber se poderíamos viajar para a toscana no próximo final de semana. Soube que vai ter um festival de filmes, que eu me lembre és um cinéfilo.

Raoul ponderou a sua resposta ao observar a mulher a sua frente. Ele não precisava ser um gênio para saber que ela estava mentindo para ele.

–Sinto muito – disse levantando-se – mas este final de semana tenho compromissos inadiáveis. Estou indo primeiro – deu as costas a ela ao sair do restaurante suspirando fortemente. – Meu dia começou pessimamente – murmurou ao entrar em seu carro.

***

Emma levou a mão a boca antes de tossir mais uma vez. Nem ela conseguia entender como conseguiu forças para levantar da cama e ir ate o colégio. O seu corpo doía, não conseguia concentrar-se em nada e para piorar o seu estado se sentia cada vez mais quente. Por mais que o professor falasse ou escrevesse em sua mente existia apenas a sua cama. Aos poucos a sua visão ficou turva e não demorou para a escuridão tomar conta de seu corpo.

A enfermaria era o único lugar que Emma nunca havia ido no colégio,mas ao abrir os olhos, uma hora depois, descobriu que a partir daquele dia conhecia todos os cantos de onde estudava. Erguendo a cabeça com dificuldade viu cabelos ruivos do outro lado do quarto onde estava. Rupert estava sentado em uma cadeira lendo uma revista despreocupado.

–Rupert? - murmurou confusa ao vê-lo erguer os olhos a encarando com um sorriso nos lábios.

–Fico aliviado que tenha acordado – se levantou indo ate ela – você desmaiou no meio da aula. Eu te trouxe ate aqui e fiquei contigo. Como seus pais a deixaram vir com 40 graus de febre?

–40? – repetiu confusa ao levar a mão ate a sua testa molhada pelo suor. – não sabia que estava tão doente.

–Não se preocupe. O diretor já ligou para o seu responsável. Daqui a pouco ele deve estar vindo te buscar.

Emma empalideceu ao escutar as palavras de Rupert. Ela não sabia o que esperar de seu frio marido, mas de uma coisa tinha certeza. Rupert não poderia estar naquele quarto quando Raoul chegasse. Antes que ela pudesse pensar em algo, a porta da enfermaria foi aberta. Um homem entrou acompanhado da enfermeira do colégio, a qual não conseguia conter um largo sorriso.

–Emma, seu tio chegou – a enfermeira anunciou exageradamente animada.

–Consegue andar? – ele indagou friamente ao olhar para ela e em seguida para o jovem ruivo ao seu lado. Emma desviou o olhar de Raoul, retirou a coberta de seu corpo e ao colocar os pés no chão sentiu uma tontura sendo apoiado por Rupert.

–Você está bem? – Rupert indagou preocupado a segurando pelos braços. – quer que eu te ajude?

–Isso não é necessário – Raoul falou ao caminhar ate ela. Tirou as mãos de Rupert do braço dela, a encarou sem expressão. – Aconselho a segurar em meu pescoço com força – sua voz soou tentadora de uma forma que ele não fazia ideia. Abaixou-se rapidamente para segurar Emma em seus braços sentindo a respiração dela ficar ofegante.

Emma agarrou-se nele assustada com sua atitude. No semblante de Raoul não havia nenhuma emoção, enquanto no da jovem em seus braços a surpresa e a vergonha estavam estampados. Os poucos alunos que encontravam-se pelo corredor olhavam com sorrisos indiscretos para a cena tão anormal a sua frente.

–Eu consigo andar – ela murmurou próximo de seu ouvido – pode me soltar.

–Desse jeito chegaremos mais rápido no carro e consequentemente mais rápido voltarei a trabalhar.

Ela assentiu desajeitada. Por algum motivo o seu coração batia freneticamente no peito ao sentir a fragrância tão característica dele. “esse cheiro me remete a flores e madeira após um dia de chuva”pensou ao aconchegar-se em seus braços.

***

Enzo segurou a sacola antes de apertar a campainha do apartamento de Raoul. Qualquer um via a diversão nos olhos de Enzo ao perceber o quanto a vida de seu primo mudava drasticamente. Ele ainda se lembrava com um largo sorriso do momento em que Raoul recebeu a ligação no meio de uma reunião que teria que buscar Emma, sua suposta sobrinha, no colégio.

Esperou ficando impaciente pela porta ser aberta e ao ver a expressão de frieza de Raoul sorriu.

–Vim fazer uma visita a minha cunhada – ergueu a sacola sorrindo – ela está em casa certo?

Raoul suspirou frustrado. Ele não aguentava as provocações de seu primo em relação a Emma, apesar de agradecer aos céus pela sua descrição.

–Alem de me perturbar no escritório expandiu os seus domínios ate aqui em casa?

–Senti saudades, fazer o que? – deu de ombros ao passar por Raoul. Olhou frustrado ao perceber que Emma ainda não havia colocado calor no apartamento frio de seu primo – onde ela está?

–Deitada – resmungou contra a sua vontade colocando o paletó.

–Vai sair?

–Voltarei ao trabalho.

–Como pode ser tão insensível? Ela está doente.

–Ela está, não eu – o corrigiu encarando-o. – se senti tanta pena fique com ela. Tenho meus compromissos e não irei cancelá-los por causa de uma menina que tomou chuva.

–Um dia ainda vai se arrepender desse comportamento – afirmou vendo-o se afastar saindo em seguida do apartamento. Enzo foi ate a cozinha, retirando algumas coisas da sacola, as guardou cuidadosamente indo em direção aos quartos. Procurou pelo quarto de Emma, ficando surpreso ao vê-la deitada na cama, de uma forma acolhedora, mas na cama de seu primo. –Isso é uma bela surpresa – murmurou para si mesmo sorrindo.


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