?: Mamãe, mamãe, mamãe – a menina pula ao redor dela. Misty sorri para a pequena e a encara com um olhar interrogativo – já estamos chegando?

Ash suspira e aconchega melhor a ruiva em seus braços. Milly vinha perguntando isso de três em três minutos desde que acordara, quinze minutos atrás.

ASH: Milly, eu já disse que sim. Só espere um pouco, ok?

MILLY: Não perguntei pra você, papai. Perguntei pra mamãe – ela faz um biquinho de teimosia.

MISTY: Seu pai tem razão. Estamos quase lá… – ela desiste e começa a rir ao ver que Ash e Milly trocavam caretas entre si – às vezes me pergunto qual de vocês dois é mais criança.

Ash sorri e rouba-lhe um selinho, fazendo a ruiva rir ainda mais.

MILLY: Eeeeeca – ela faz carinha de nojo, mas sorri. Já faziam dois anos desde que os pais haviam se casado. Três desde que começaram a namorar. E a menina nunca estivera tão feliz. Sentia que eram uma família realmente feliz. E sentia-se grata por isso.

ASH: Duplica ainda está dormindo? – pergunta ao olhar para a amiga, que estava atirada sobre o Lapras.

MISTY: Não sei como ela consegue dormir com as duas crianças fazendo bagunça – ela reclama, mas no fundo, estava extremamente feliz.

Os últimos cinco anos haviam sido apenas sorrisos e amor. Nunca se sentira tão bem. Em pouco tempo havia conseguido se reestabelecer no mundo novamente. No seu mundo. Ficar na ilha com certeza fora uma das suas melhores experiências. O único problema foi que durou muito tempo. Tempo demais. Mesmo que amasse passar uma semana todos os anos lá com os amigos, não conseguiria viver novamente lá. Presa e completamente excluída do mundo. Gyarocol sem dúvida nenhuma era o paraíso de férias para qualquer pessoa. Mas apenas de férias. Era o primeiro ano que Duplica ia. A menina se interessara muito quando soube da quantidade de Ditos que havia lá.

ASH: Admita que você ama a bagunça que nós fazemos.

Misty começa a rir. Ash realmente estava certo. Amava a bagunça que a sua família fazia. Cada momento de divertimento entre eles a deixava nas nuvens. Em alguns momentos, claro, isso a irritava profundamente, mas hoje a ruiva estava de bom humor.

MISTY: Chegamos – fala ao ver a ilha ir ficando cada vez mais nítida.

Misty solta Gyarados que logo desaparece no mar. Milly corre e acorda Duplica. Os olhos da mulher se enchem de um brilho que Misty nunca vira antes. Seu fiel e inseparável Dito também é acordado e sorri com a animação da dona. Pikachu e Togepi começam a se agitar também. Misty não consegue evitar o enorme sorriso ao ver quatro figuras acenando para eles. Sente os olhos se encherem de lágrimas.

JUDY: MIIII! – ela e Fêh pulam em cima da amiga rindo. Misty as abraça e ri também.

FÊH: Oh, Kami-sama! – ela fala com o maior espanto ao ver a barriga da ruiva.

Misty sorri ao ver o espanto das duas amigas e de Sam e Jony, que vieram lhe abraçar logo depois.

MISTY: Cinco meses, queria fazer uma surpresa – o sorriso era o maior do mundo.

JONY: Nossa… – ele não sabia o que acrescentar.

Enquanto as meninas a parabenizavam, ele ficou observando. Não sentia raiva de Ash. O moreno fizera sua ruiva feliz de um jeito que ele mesmo nunca conseguira. Mas mesmo assim ainda doía vê-la com ele. Por mais ruim que parecesse, ele ainda queria que ela abandonasse tudo para viver com ele, assim como sabia que isso jamais aconteceria.

JUDY: Milly-chaaaan, como você cresceu! – ela sorri.

MILLY: Treze anos agora, tia. Tenho que estar alta – ela sorri para as mulheres. Considerava o pessoal da ilha sua família também, de certa forma. Sabia que aquelas pessoas haviam cuidado da mulher que ela considerava uma mãe. Misty realmente era sua mãe. Isso nunca mudaria. Era sua mãe por opção e, na nova certidão de nascimento também. Uma única coisa a incomodava, mas isso poderia ser resolvido em outro momento.

SAMUEL: Bem vindos de volta. Parece que ano que vêm teremos um novo visitante? – sorri para os dois. Desde que começara a sair com Fernanda, seu relacionamento com as outras pessoas havia melhorado muito e ele já quebrara algumas regras pela morena. Faria qualquer coisa por ela. Encontrava-se louco e perdidamente apaixonado por ela.

MISTY: Nova. É menina – ela sorri.

Os cinco primeiros dias passam voando. É comilança, é sorrisos, cada vez mais eles se envolviam. Passavam o dia inteiro fazendo alguma coisa, desde passear na floresta até tomar banho de mar e, quando a noite chegava, nenhum deles tinha energia para mais nada.

Ash se mostrava incrivelmente superprotetor e não deixava Misty carregar nem mesmo um graveto. Toda vez que a ruiva contestava, ele lhe lembrava que o médico dissera que ela não podia fazer força. Não importava quantas vezes ela lhe dizia que estava bem, ele é teimoso feito uma mula. De certa forma isso a agradava.

Apenas Jony parecia um pouco distante. Ele não se excluía, mas também não fazia nenhuma questão de se aproximar. O loiro e a ruiva haviam feito as pazes há muito tempo, mas ainda assim o clima entre eles parecia um pouco estranho. Misty sabia que seria assim até ele amar outra mulher. Amar e dessa vez ser correspondido.

Mas, por outro lado, ele e Duplica haviam se aproximado muito, pois a garota precisava de um guia e ele se oferecera. Misty sentia que alguma coisa estava acontecendo entre eles. Por sorte, nunca havia errado a respeito de um casal antes. Desde que ela não estivesse incluída, obviamente. Sentia que alguma coisa boa iria sair dali. Internamente torcia para isso.

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O sexto dia estava acabando. Ash havia saído com Sam e Jony para batalhar e Judy e Fêh estavam fazendo a comida. Misty entrou na casa provisória deles, a antiga casa da ruiva, e encontrou Milly deitada de bruços na cama. A ruiva se sentou aos pés dela e a menina se virou, deitando a cabeça sobre as pernas da mãe.

MISTY: O que foi, bebê? – ela acaricia os cabelos loiros da sua menininha. Não importa quanto tempo passasse, Milly sempre seria seu bebê.

MILLY: Eu não sou mais um bebê, mãe.

MISTY: Sempre vai ser o meu bebê.

MILLY: Não pra sempre… em breve a Kira vai vir…

Misty sorri e observa os brilhantes e, agora assustados, olhos azuis da menina.

MISTY: Vai continuar sendo meu bebê e a minha princesa. Mas vai ter uma irmãzinha – ela sorri.

MILLY: Ela tem o mesmo sangue que você… – a menina desvia o olhar daqueles conhecidos e aconchegantes olhos esmeraldinos. Misty a abraça e Milly se aconchega melhor nos braços da ruiva.

MISTY: Isso não importa. Nem pra mim e nem pro seu pai. Você é minha filha onde mais importa Milly – ela sorri e aperta mais a filha, colocando a mão sobre o coração da mesma – aqui.

MILLY: Vai ter diferença sim. Ela vai parecer com você e com o papai… e se ela não gostar de mim? E se ela…

MISTY: Não vai acontecer. Vocês serão irmãs, Emilly. Irmãs. E irmãs brigam muito. Xingam, se batem, mas, bem no fundo, a sua irmã é aquela pessoa que você pode contar pra sempre. Eu amo o seu pai. E enquanto estivermos juntos eu sei que ele é meu porto seguro. Mas também sei que podemos vir a nos separar. E eu sei que posso brigar com a May ou com a Judy e nunca mais falar com nenhum deles. Sabe quem vai estar lá pra cuidar de mim se uma dessas coisas acontecer? Minhas irmãs. Elas vão estar lá sempre. Não importa que a gente brigue. Elas sempre vão estar de braços abertos pra me receber de volta. Quando você diz que ama alguém como a uma irmã, quer dizer que aquela pessoa é o seu porto seguro máximo. As pessoas vêm e vão, meu amor, mas só as irmãs ficam pra sempre. Eu e seu pai vamos morrer um dia. E vai sobrar a sua irmã pra você cuidar e pra cuidar de você. Provavelmente não vai ser agora, mas logo ela vai se tornar uma pessoa indispensável na sua vida.

Milly sorri. A mãe sabia do que estava falando. A loira abraça Misty mais forte e beija a barriga dela. Nunca estivera mais ansiosa para ver a irmã. Prometeu silenciosamente a si mesma que a protegeria de qualquer um que tentasse fazer algo contra ela. Se alguém sonhasse em encostar um dedinho na sua irmã, pagaria bem caro por isso.

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Ash nem conseguia acreditar que era hora de ir embora. A semana passara voando! Mas estava feliz por irem logo para casa. A barriga de Misty estava muito grande e a filha chutava muito.

MISTY: Ela vai ser uma grande treinadora, Ash. Com certeza puxou por você, ela não se aquieta um segundo!

Ele era só alegria. Teria mais uma filha! Sabia que tinha que cuidar para não magoar Milly. Mas a loira era tão sua filha quanto Kira e sabia disso. Milly sempre seria sua pequena. Pra sempre e todo o sempre.

ASH: MILLY, VAMOS LOGO! – apressa a menina que ainda se despedia das tias – DUPLICA, VOCÊ TAMBÉM!

DUPLICA: Na verdade, eu vou ficar Ash – seu rosto se avermelha – eu quero estudar mais esses ditos.

Misty aparece e pisca para a amiga.

MISTY: Aham, um dito loiro, você quer dizer, né? – ela começa a rir e Duplica fica ainda mais vermelha.

DUPLICA: N-não sei do que você está falando – ela olha para o lado, emburrada, mas sabia que era verdade.

Misty olha para Jony e percebe que ele tinha um brilho diferente. Ele sorri para ela de uma forma tão natural… sem ressentimentos. Ela sorri de volta. Pela primeira vez sentia que o loiro talvez pudesse seguir em frente. Olhou para cima e agradeceu silenciosamente a Kami-sama por ter colocado uma luz para os dois, mas principalmente para Jony. O loiro era e sempre seria como um irmão para si.

Milly veio correndo e pulou para cima do Lapras, assim como seus pais. Misty sorriu. A filha já conseguia encontrar sozinha uma posição confortável no casco do Pokémon, carregava um bebê em seu ventre e tinha o mais perfeito marido do mundo. Sua vida nunca estivera tão perfeita. Agradecia a Kami por isso também.

Misty Waterflower Ketchum sentia que sua vida estava no caminho certo, como nunca estivera antes.

FIM!