3 meses depois…

Os dois amigos caminhavam pelo bosque. O moreno e a ruiva sorriam.

ASH: Como tem ido no ginásio? Quase não tem mais tempo pra mim – um biquinho se forma nos lábios rosados do garoto.

Misty não consegue evitar o sorriso no seu rosto. Ash era tão bobinho e tão fofinho ao mesmo tempo. Refreou o pensamento. Sentia-se três anos mais nova.

MISTY: Bobo. Sempre vou ter tempo pra você. As coisas estão maravilhosas, não sabia que estava com tantas saudades das minhas irmãs.

ASH: Eu sabia que sentia a falta delas. Mas a minha não sente né? Você nem liga pra mim, estou me sentindo excluído – ele fez um beicinho e virou o rosto para o lado, numa falsa birra.

MISTY: Ai, mas que amigo retardado que eu fui arranjar. Claro que eu sinto a sua falta, mas com to…

A ruiva foi interrompida pelo ataque de cócegas que recebeu do amigo. Misty tentou afastá-lo, mas não conseguia. A ruiva estava sem ar de tanto rir, mas não se importava com isso.

Ash sorriu ao ouvir novamente a gargalhada da amiga. Sentira tanto a falta desse som nos anos em que a ruiva ficou longe. Mesmo que estivessem se reencontrado há 3 meses, o moreno ainda sentia aquele medo irracional de que tudo não passasse de um sonho e que quando acordasse a ruiva não estaria mais ali com ele.

ASH: Eu sei disso – ele sorri zombateiro – estava só brincando – ele abre aquele sorriso enorme.

O coração de Misty vai até a sua garganta. Seus corpos estavam bem próximos, com o moreno apenas alguns centímetros longe dela. Sentia o calor que emanava do corpo definido dele. Sorriu para o amigo:

MISTY: Eu também – ela o pegou de surpresa, atacando-o dessa vez.

Ambos caíram no chão e foram rolando e correndo até a margem do rio, praticamente. Riam como retardados o tempo inteiro.

ASH: Tempo – pede ofegante.

Ele joga a mochila embaixo da árvore, sendo imitado por Misty, que suava e ofegava exausta. Os dois amigos se jogaram na sombra da enorme figueira, rindo e respirando rapidamente.

MISTY: Cansei Zigzagoon.

ASH: Eu também, Tentacruel.

Misty virou-se para o lado, gotas de suor escorriam de sua testa. Estava sentindo-se completamente nojenta.

MISTY: Vamos pra água? Graças a você estou fedendo a suor.

ASH: Vamos sim. A culpa não é minha se você transpira demais.

O moreno sabia que não vinha coisa boa no momento em que viu a veia começar a pulsar na testa dela. Sua hipótese foi comprovada dois segundos depois com o soco no braço que levou dela. Antes mesmo de ser atingido ele sabia que ficaria com o braço roxo por semanas. Depois do impacto ficou com dúvidas. Talvez fossem meses.

ASH: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIII – gritou – sua maluca, podia ter arrancado o meu braço fora – dramatizou.

MISTY: Cale a boca, Ketchup – ela retirou a camiseta e o short e ficou apenas com o biquíni que usava por baixo.

Ash observou a amiga se despir com enorme interesse. Não que nunca a tivesse visto com biquíni, óbvio que isso já acontecera. Muitas vezes. A diferença é que antes ela era uma menina, agora é uma mulher.

MISTY: Só não baba, baka – ela sorriu e pulou no lago em bomba de canhão. O moreno ficou completamente molhado com o banho que recebeu da amiga.

ASH: MIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIISTYYYYYYYYYYYYYYYY – pássaros chegaram a levantar voo com o grito.

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Fêh e Judy caminhavam pela praia. Misty ligava dia sim e dia não, mas a saudade que sentiam da amiga não havia diminuído.

JUDY: Perdi mais uma amiga – o semblante da garota ficou triste por alguns segundos.

FÊH: A Mi prometeu voltar.

JUDY: Acredita mesmo nisso?

A verdade é que nenhuma delas acreditava. Ninguém voltava depois de conseguir sair, apenas Judy. E a menina só voltava pela irmã.

FÊH: A balsa volta a funcionar esse mês, graças a Deus, então vai poder ir ver o Gary mais vezes.

JUDY: É. E podemos ir visitar a Mi…

Mas a ideia ficou no ar. Ambas sabiam que não aconteceria. Ficaram em silêncio por vários minutos, até Fêh finalmente quebrá-lo.

FÊH: Acha que ela vai nos esquecer, agora que encontrou as irmãs e os amigos de verdade dela?

JUDY: Somos os amigos de verdade dela.

FÊH: Você entendeu o que eu quis dizer.

Judy havia entendido. A pergunta já a perturbara muitas vezes. Lembrou-se do sorriso tímido da amiga e dos momentos confidenciados nos colchões da própria cabana. Sorriu para a irmã e disse de forma confiante:

JUDY: Mi nunca nos esqueceria, mana. Afinal, nunca esquecemos a nossa família – Fêh sorriu para a irmã e ambas começaram o processo de volta.

FÊH: Não está achando o Jony bem abatido?

JUDY: Claro que ele está. Mi o trocou pela família dela, mas o mano pensa que foi trocado por Ash.

FÊH: Se tivesse que escolher entre eu e o Jony e o Gary, quem escolheria?

Fêh queria perguntar aquilo há algum tempo. Como a morena estava em seu primeiro relacionamento, não entendia muito bem a escolha da ruiva. Nem sabia como Misty havia escolhido. Sam se declarara a ela poucos dias depois de Misty ir embora e a menina se sentia nas nuvens.

JUDY: Você e o Jony – respondeu – e eu amo muito o Gary. Tipo… demais. Não gostaria de escolher entre vocês, mas essa é a minha resposta. Por enquanto, pelo menos. Se você e o mano estivessem com relacionamentos estabilizados, talvez o escolhesse. Mas com o Jony do jeito que está e com você em início de romance, não tem como.

FÊH: Eu estou muito bem no meu namoro ok? – emburrou-se.

JUDY: Por isso mesmo. Só vou ficar tranquila depois que superarem a primeira briga.

Fêh fez biquinho enquanto a irmã ria.

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Milly brincava na sala com Togepi, Pikachu, Violet e Margarida* quando Lily e Brock entraram na casa.

BROCK: Boa tarde, moças lindas. Como estão todas? – Milly sorriu ao ver o homem e correu até ele, pulando sobre este.

MILLY: Tudo ótimo tio. Mamãe saiu com o papai e eu to brincando com a tia Vi e a tia Marg. Quer brinca também tia Li?

A menina criara apelidos para todas as tias, não apenas como forma de carinho, mas também para abreviar os nomes delas. A menina convivera com Ash tempo o suficiente para pegar a preguiça dele.

LILY: Claro minha princesinha. Estão brincando de quê?

MILLY: De construir casinhas. O Toge rouba, porque usando o poder psíquico ele consegue deixar as pecinhas sem se mexer enquanto coloca outra peça, daí não cai e ele faz as casas maiores – a menina fez um beiço. Boa parte das crianças começaria a chorar ao estar perdendo um jogo, mas Milly não chorava por qualquer coisa. A pequena gostava da brincadeira e gostava de Togepi o suficiente para não ficar realmente brava com o pequeno pokémon.

Lily sorriu e sentou-se no chão junto das irmãs e de Milly. A pequena agora não era mais considerada uma irmã mais nova para as moradoras do ginásio de Cerullean. Agora Milly era a sobrinha das três Irmãs Sensacionais.

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MISTY: Eu me diverti – ela ri, deitando-se na grama. Ainda pingava um pouco.

ASH: Claro que se divertiu, aposto que é muito divertido ficar a tarde inteira dando caldinhos no seu melhor amigo – ele reclama, mas também ria da situação. Deitou-se ao lado dela.

MISTY: Claro que é divertido. Você é hilário, Ash – ela sorri para o amigo.

Ash faz um beicinho de falsa indignação e a ruiva ri ainda mais. Em seu íntimo, a vontade de beijar o beicinho falso e incrivelmente fofo do amigo era enorme.

ASH: O que foi? – pergunta ao notar o olhar intenso da amiga.

Misty sente o rosto ficar da cor de seu cabelo ao ver que Ash percebera que o encara. Xingou-se mentalmente por ter se distraído.

MISTY: Nada – ela sorri, tentando fazer o tom avermelhado de seu rosto desaparecer.

A garota olha para Ash, mas a imagem de um loiro sorridente aparece na sua mente. Eles são tão incrivelmente parecidos em alguns aspectos. No modo de olhá-la, por exemplo. Tanto Ash quanto Jony a olhavam com a mesma intensidade, olhando-a nos olhos ao falar consigo. Misty sempre gostou disso. Outra semelhança é a forma que a garota se sente perto deles. Mesmo quando fingia ser quem não era para Jony, a ruiva conseguia demonstrar um pouco da própria personalidade. Bem pouco, mas conseguia. Jony conhece o seu real lado sensível. E esse lado ele conhece bem melhor que Ash.

ASH: Está pensando nele – havia um tom um pouco triste na voz dele.

Misty detesta isso. Prefere mil vezes que o moreno grite consigo por estar pensando em Jony, ou então que fique emburrado e de cara com ela, mas não triste ou decepcionado. Ver isso é uma tortura para a ruiva, que nem consegue encarar mais o amigo nos olhos.

MISTY: Vocês são parecidos.

ASH: Não me compare com ele – o moreno faz uma pausa, mas Misty não diz nada. A ruiva sabe que ele quer falar mais alguma coisa, então espera – você… você está triste?

Os olhos esmeraldinos da garota se arregalam um pouco perante a pergunta dele, mas Misty sabia que não deveria ficar tão surpresa. Pelo visto Ash ainda a conhecia o suficiente.

MISTY: Não exatamente. Quando eu fui pra ilha e me perdi de vocês, o Jony me acolheu como a uma irmã… e ele foi o meu melhor amigo por lá – viu um relance de tristeza nos olhos do amigo – nossa relação não chegou nem perto da que eu e você compartilhamos – ela segura na mão do amigo e aperta – mas ele esperava comigo algumas vezes, enquanto eu ficava encarando o mar, esperando secretamente que você e Brock aparecessem sobre o Lapras procurando por mim. E o jeito como as coisas acabaram entre a gente me deixou muito triste. Muito mesmo.

ASH: Você quer voltar…

MISTY: Vou voltar – ela vê o desespero nos olhos e na face do amigo e aperta sua mão – não vou ficar lá. Mas tenho que ver Judy e Fêh novamente. Elas são muito importantes pra mim agora, Ash.

ASH: Eu imaginei isso… não quero que você volte com o Jony – o comentário não pega Misty de surpresa. A ruiva até estava surpresa que o moreno tenha demorado três meses para dizer aquilo.

MISTY: Não vou voltar com o Jony – garante – O que aconteceu entre mim e ele foi ótimo, mas… não deu certo. O Jony pra sempre será um grande amigo pra mim, sempre estará no meu coração, mas nunca o amei como deveria. Sempre foi mais um irmão do que um namorado pra mim, Ash. Não vou voltar com ele.

ASH: Nunca o amou?

MISTY: Não. Não como uma namorada deve amar o seu namorado, pelo menos. Eu o amei como amigo. Talvez até como irmão, mas nunca mais do que isso.

Ambos continuavam deitados na grama, se encarando. Misty sorriu. Ash era o único rapaz, até agora, que olhava para os seus olhos e não para o seu decote de biquíni enquanto conversavam. Talvez seja por isso que goste tanto dele.

ASH: É ruim eu ficar incrivelmente feliz com isso?

Misty abre um mínimo sorriso.

MISTY: Não sei. Talvez. Por que fica feliz?

ASH: Eu poderia dizer que é porque não gosto dele. É verdade, mas não é o motivo principal. Acho que você sabe o motivo principal.

Misty encara os olhos castanhos e sérios de Ash e sente seu coração bater mais rápido. A palma da mão começa a suar, e a ruiva respira fundo. Seria aquilo que estava pensando? Sente o amigo apertar sua mão uma vez e a respiração acelera um pouco. Será que, finalmente, depois de todos aqueles anos, estava ouvindo a declaração que sempre sonhou? Estaria Ash se declarando para si?

MISTY: Eu… eu acho que sei sim – ela sussurra ao ver o amigo se aproximar um pouco. Ainda estavam deitados na grama.

ASH: E o que você acha desse motivo? – o moreno se apoia no seu cotovelo e fica com o rosto a poucos centímetros de distância do da ruiva.

MISTY: Eu acho que eu gosto muito desse motivo.

Ash arregala minimamente os olhos ao ver o enorme sorriso que agora enfeitava o rosto da amada e sorri também, finalmente capturando aqueles deliciosos lábios carnudos.

Ambos se beijam sorrindo. Haviam esperado por aquele beijo por tanto tempo e agora descobriam que jamais poderiam ter imaginado tão deliciosa sensação. Não saberiam dizer quem estava mais feliz, o coração de ambos batia no mesmo ritmo.

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Ash e Misty adentram de mãos dadas no ginásio. Já namoravam há algumas semanas, mas hoje ambos tinham um sorriso especialmente grande no rosto.

MARGARIDA: O que aconteceu para esses sorrisos estarem tão grandes? – pergunta um pouco desconfiada.

MILLY: MAMÃE, PAPAI – a menina sorri e corre até os dois, pulando no colo de ambos.

Ash e Misty sorriem para a pequena e cada um beija uma bochecha dela.

MISTY: Temos uma surpresa pra você – ela sorri para a menina, enquanto a coloca no chão.

MILLY: O que foi?

Brock e as irmãs sensacionais se juntam ao redor. Misty abre a bolsa e retira uma folha branca dali.

ASH: Acho que eu e a sua mãe já adiamos isso demais – ele pega o papel de Misty e se abaixa, ficando da altura da pequena – isso é seu.

Milly pega o papel e seus olhos azulados começam a transbordar em lágrimas conforme ela o lê. Sua atenção é focada principalmente em duas frases: “Milly Waterflower Ketchum” e “Filha de Misty Waterflower e Ash Ketchum”. A pequena chorava enquanto lia e relia sua nova certidão de nascimento.

Quando finalmente conseguiu desgrudar os olhos do papel ela encarou os pais, os olhos transbordavam de tanta alegria. Os pais. Agora podia chamá-los verdadeiramente assim. Havia um documento confirmando aquilo.

ASH: Eu e Misty estamos planejando isso há algum tempo. Desde que começamos a namorar as coisas ficaram mais simples e nós conseguimos agilizar o processo.

Sem palavras, Milly agarra as pernas dos dois, uma de cada um e chora mais ainda quando a Misty a pega no colo.

MISTY: Eu disse que ficaremos juntas pra sempre, minha princesa.

Lily, Violet, Margarida e Brock assistem à cena com lágrimas nos olhos. Sabiam do amor dos dois pela pequena, assim como sabiam que mesmo não demonstrando, Milly esperava aquele papel desde que Misty a chamara de ‘mana’ pela primeira vez.

Continua…

*Margarida – Nome da irmã da Misty, nos caps anteriores a chamei de ‘Deise’ mas estou mudando isso, ok?’