Depois que o James saiu correndo eu fui atrás dele. Sirius me falou que o encontrou subindo as escadas e chorando e perguntou o que tinha acontecido. Só pedi para ele avisar as meninas que eu estava as esperando no quarto da Marilu.

Quando passei pela porta do quarto de James eu ouvi alguma coisa se quebrando. Ele estava com raiva, e o pior é que esse sentimento era exclusivamente direcionado á mim. Naquele momento eu me senti uma pessoa pior que Voldemort. Corri para o quarto da minha prima e comecei a chorar.

Eu me sentia como uma criancinha indefesa que tinha acabado de perder a coisa mais preciosa que tinha.

– Lily? – Marlene perguntou enquanto entrava no quarto, sendo seguida por Marilu e Victoria. – Por que você está chorando?

As três se sentaram na cama me olhando preocupadas. Enxuguei as lágrimas e falei com a voz embargada:

– James me pediu em casamento e eu recusei.

Juro que pensei que Marilu ia me dar um tapa na cara.

– COMO ASSIM VOCÊ RECUSOU? – ela gritou jogando uma almofada em mim.

– Eu preciso de apoio, e não de uma bronca. – resmunguei me deitando novamente.

– Ok, desculpa. – Marilu suspirou. Ela se sentou do meu lado e eu deitei a cabeça no colo dela.

– Sirius, Remus e Peter foram falar com o James. – Victoria falou tirando os meus sapatos. – Tenho certeza que amanhã vai estar tudo melhor.

– Sim, vamos para Hogwarts amanhã. – Marlene sussurrou se deitando na cama e ficando de frente para mim. – Hogwarts é mágica. Ela sempre resolve tudo.

Entretanto nem mesmo a tão amada Hogwarts poderia resolver meu problema.

***

– Lily, acorda. – senti uma voz masculina me chamando. Abri os olhos rapidamente, pensando que era James. Porém era só o Remus.

– Oi. – falei me sentando na cama e sentindo uma puta dor de cabeça.

– James quer falar com você. – ele disse me ajudando a levantar.

Okay, James quer falar comigo. Isso deve ser coisa boa. Tenho que ser positiva.

Fui em direção ao quarto dele, e a cada passo meu estômago embrulhava mais. Eu estou com medo e estou feliz. Isso não é normal. Acho que estou ficando maluca.

Bati na porta duas vezes e me afastei. A porta abriu e eu senti vontade de sair correndo e nunca mais olhar na cara de nenhuma pessoa.

James estava com os olhos inchados e vermelhos. As roupas estavam desalinhadas e o cabelo bagunçado de um jeito doentio. Ele me olhou com frieza e eu não consegui ver o brilho maroto.

– Faça sua mala, Evans. Meus pais foram trabalhar. Saímos em meia hora. – ele falou e depois passou por mim, esbarrando em meu ombro.

Meia hora e muitas lágrimas depois eu estava devidamente arrumada e minha mala estava pronta para ser despachada para Hogwarts.

– Tchau Lily! – Marilu falou me abraçando com muita força. Ela encostou os lábios no meu ouvido e sussurrou. – Eu te amo, amiga. Fique forte. Se precisar me mande uma coruja e eu vou até o fim do mundo para te ajudar.

Balancei a cabeça em concordância e a abracei mais forte ainda. Eu ia sentir falta dessa ruivinha louca. Ela se esfregou em mim igual ao um gato e eu ri pela primeira vez desde ontem.

Depois ela foi se despedir do Sirius (sim, eles estavam namorando. E sim, eu vou ficar de olho no cachorro pra ela).

– Você vai ficar bem? – Victoria perguntou enquanto vinha me abraçar.

– Tudo no final fica bem. – respondi a abraçando de volta. – Vou sentir sua falta.

– Eu também, minha bruxinha. – ela falou rindo. – Nós veremos logo.

Depois disso as duas entraram na lareira uma de cada vez e voltaram para a casa da minha avó.

– Então, Lily, quer ir primeiro? – Sirius perguntou olhando nervosamente para James. Este fitava o chão com fingido interesse.

– Okay. Vejo vocês lá. – peguei um punhado de Pó de Flú e joguei na lareira. As chamas ficaram verdes. Eu entrei e gritei. – Hogwarts.

Segundos depois eu me vi na sala da professora Minerva McGonagall. Esta estava sentada em sua mesa, escrevendo em um pergaminho. Ela apenas ergueu os olhos e voltou a escrever.

– Seja bem-vinda de volta Srta. Evans. Por favor, não deixe muita cinza no tapete.

Acenei coma cabeça e sai rapidamente da sala. Fui direto para o salão comunal, sem olhar para os lados.

– Bolas festivas. – resmunguei quando cheguei ao quadro da Mulher Gorda. Acho que ela percebeu que eu não estava muito bem, já que não fez nenhum comentário sobre a “falta de educação”.

Subi direto para o dormitório e coloquei minha mala em cima da cama. Fiz um movimento de varinha e todos os meus pertences se arrumaram sozinhos.

Magia é vida.

Depois de alguns minutos Marlene entrou no quarto me olhando feio. Logo percebi que eu ia levar uns bons sermões, entretanto o motivo dos sermões eram desconhecidos por minha humilde pessoa ruiva.

– Olha aqui sua vadia. – ela falou largando a mochila no chão e apontando o dedo pra minha cara. Arregalei os olhos a olhando assustada. – Você vai agora no salão principal falar com o James e aceitar o pedido dele.

REALLY, BITCH, REALLY?

– Espera, o que? – perguntei ficando de pé.

– Todo mundo já percebeu que alguma coisa aconteceu. Todas as putinhas já estão atrás dele para consolá-lo. – ela falou revirando os olhos. – Então a senhorita vai parar de fazer mimimi e ir pedir perdão para ele.

– Mas quem disse que eu quero casar com ele? – falei colocando as mãos nos quadris. – E se eu não quiser me casar nunca? E seu eu quiser virar uma titia solteirona?

– Fofa, você falou para mim que seu sonho é se casar e ter um casal de filhos. – ela respondeu erguendo as sobrancelhas. – E você pode enganar todo mundo, menos á mim. Eu sou sua melhor amiga e sei muito bem que você quer casar com o James.

Ok, ela tem razão. Minha teimosia e meu orgulho são maiores do que eu. Claro que eu quero me casar com o James. Eu acho que eu amo ele. Acho que é com ele que eu quero construir uma família.

Melhor arriscar do que morrer na dúvida, certo? Espero não estar fazendo uma burrada.

– Ele está aonde? – perguntei indo em direção a porta.

– Salão principal. – Marlene gritou.

Eu comecei a correr pelos corredores de Hogwarts, esbarrando nos alunos e saindo sem pedir desculpas. Cheguei no salão principal e vi uma cena revoltante. Um grupinho de vinte garotas estavam ao redor dos Marotos querendo saber o que tinha acontecido com o James. Remus e Sirius tentavam afasta-las.

Fui em direção ao amontoado e empurrei algumas putas. Elas me olharam indignadas, porém Remus sorriu e saiu da frente de James, que estava sentado na mesa de costas para o tumulto.

– Chegou na hora certa, ginger. – Sirius falou cutucando o amigo e o fazendo me olhar.

James me viu e enrugou a testa, em um claro sinal de dúvida.

– Olha, eu fui uma idiota. – comecei a desabafar. Foda-se que eu estou no meio do salão principal, preciso dizer tudo o que sinto. – Meu orgulho me deixou cega. Eu pensei que não poderia namorar o meu inimigo, quanto menos casar! Esses dias que passamos juntos foram perfeitos, e algo em mim mudou. Eu preciso de você Jay. Você virou uma droga pra mim. Seu beijo, seu cheiro, seu sorriso, tudo é viciante. E se você ainda me amar e conseguir me perdoar, saiba que minha resposta para sua pergunta é sim. Eu aceito me casar com você.

Quando terminei de falar o salão caiu em um silêncio constrangedor. Todos, até mesmo os professores, haviam parado para ver o que estava acontecendo.

– O James pediu ela em casamento? – uma das vadias que estavam atrás de mim perguntou incrédula.

James se levantou e ficou me olhando por um bom tempo. Quando eu comecei a achar que ele ia me dar um pé na bunda, o Maroto abriu um sorriso enorme.

– Que bom que mudou de ideia, meu lírio. – ele se aproximou e tirou a caixinha do bolso. – Bem que o meu pai me disse para trazer o anel. As vezes as ruivas podem ser muito bipolares.

Ele então pegou o anel (“É a aliança da família Potter” uma putinha ofegou) e colocou no meu dedo.

– Agora você já pode ser chamada de Lily Evans Potter. – ele disse e me puxou para um beijo.

Sirius, Remus e Peter começaram a bater palmas. Muitos outros alunos (e professores!) acompanharam ele. O grupinho de garotas começou a gritar de desespero, e até pude ouvir algumas chorando.

Depois de alguns minutos finalmente nos separamos ofegantes. Sorri para James e ele sorriu para mim.

– Te amo, ruivinha.

– Te amo, Potter.

Quem diria que de namorada de mentira eu fosse para noiva de James Potter?