P. O. V. Paloma

_ Gente, hora de acordar – alguém estava batendo na porta e dizendo, eu pensei ser o Chester.

Acordei ainda meio desnorteada.

Esfreguei os olhos e passei a mão pela cama a procurado meu celular, mas acabei tocando o abdômen de alguém, tirei a mão rapidamente e olhei pra ver quem era, e vi que era o Tanner, do outro lado estava o Sam e um pouco mais pra lá a Alisson.

Todos se espreguiçaram meio sonolentos e esfregaram os olhos.

_ Cara, – eu falei – a gente estava fora de controle ontem à noite...

_ Ah nem me fale – Sam concordou.

_ Mas essa semana acabou, acho que quero a minha vida normal de volta – Alisson disse agora já chamada de Ali.

_ Foi uma boa semana – Tanner disse.

_ Que nunca mais vai se repetir – Sam concluiu.

_ Quem sabe um dia talvez... – eu disse e sorri maliciosamente. – Vou sentir falta do Ryan.

_ ACORDEM! – Chester bateu na porta do quarto outra vez. Alisson foi até a porta e abriu. – Ah, acordaram – ele nos olhou e depois entrou no quarto. – Que horas vocês chegaram ontem?

_ Tarde – Respondi.

_ As suas amigas estão lá em baixo, Paloma – Chester falou e eu me levantei subitamente e desci, eu não havia falado com elas a semana inteira. Vai saber o que podia ter acontecido.

_ Meninas! – exclamei quando as vi.

_ Garota, quanto tempo... – Pâmela falou.

_ Foi uma semana muito agitada. – eu respondi.

_ A nossa também – Priscila disse.

_ Jura? O que aconteceu? – perguntei curiosa.

_ Eu terminei com o Max – Pâmela disse num tom normal.

_ Ai que mal – falei meio sem saber o que responder.

_ Não, tudo bem – ela manteve o mesmo tom normal. – O que você fez essa semana?

_ E que roupas são essas? – Priscila perguntou me avaliando

_ Eu conheci muitas pessoas, e fiz muitas coisas essa semana, desculpa o chá de sumiço – eu respondi.

_ Verdade. Quem é aquele cara malhado que estava aqui na sala? – Pâmela perguntou com um sorriso malicioso.

_ Ah, o nome dele é Chester, ele é meu professor de alemão, mas com toda essa coisa de realeza ele acabou... Tendo que ficar aqui – respondi meio envergonhada.

_ Essa coisa de realeza esta sendo um bom negocio pra você em... – Priscila disse também sorrindo maliciosamente.

_ Foi uma semana muito louca, mas eu estou de volta a mim mesma – falei fechando os olhos e respirando fundo.

_ Não vai nos contar mesmo o que acontece né? – Pâmela perguntou

_ Não com detalhes – respondi sorrindo

...

Depois de explicar toda a história pras meninas, cortando as partes do “I kissed a girl and I liked it”, e algumas coisas sobre o Ryan, e varias sobre danças em cimas de balcões ao som de Miley Cirus, e elas pareceram que iam me bater, por eu ter passado a semana inteira sendo quem eu não era ao lado de três asiáticos, sendo um, um garoto gato demais, mas no fim elas acabaram relevando.

Depois que elas foram pra casa e eu estava sentada com o Sam na sala ele quebrou o silencio:

_ Vamos dar uma volta? – ele perguntou.

_ Uma volta? Por onde? Pela cozinha? Pela mesa da sala? – eu respondi brincando.

_ Não, lerdinha, eu preciso te mostrar uma coisa – ele se levantou e estendeu a mão pra mim, o tom que ele tinha na voz não me fez pensar duas vezes antes de ir.

...

Eu tentei ao máximo não alarmar minha saída pra que os meus Mauvais Dentes não vissem, e eu consegui. Sai pela janela o mais sorrateiramente possível e o Sam me seguiu, ele foi me guiando em silêncio até o caminho da colina, mas quando chegamos lá ele simplesmente seguiu em direção a entrada de duas árvores, e continuou seguindo por uma trilha sinuosa muito apagada, fiquei surpresa de como ele estava conseguindo seguir por ali.

_ Sam! – Chamei por fim. – Onde estamos indo? – já estava cansada de toda aquela caminhada estava começando a escurecer e pela primeira vez eu senti falta de Fred e Jason.

_ Estamos quase chegando – ele inclinou a cabeça e fez aquela cara de quem implora. Eu hesitei um instante e ele olhou pras nossas mãos ainda entrelaçadas e depois segurou a outra, e se aproximou de mim e me beijou e depois sorriu.

_ Ta bem – concordei e continuamos pela trilha que só ele estava enxergando, mas por fim chegamos a um lugar onde luzes de LED parecidas com pisca-piscas foram posicionadas nas árvores como em forma de um caminho, olhei pro Sam em duvida, mas ele nem sequer olhou pra trás e me guiou pelo caminho das luzes, até que no final dele nós passamos por duas árvores e eu vi o que ele queria me mostrar, um gazebo no meio da floresta. As grades de metal estavam um tanto enferrujadas, e a pintura branca também estava desgastada, mas também havia luzes de LED ali e ao redor de todo o gazebo alguma espécie de planta branca que impedia que as outras árvores de aproximassem, era um lugar estranhamente perfeito. Havia um pequeno caminho de pedras até o pequeno portão do gazebo.

_ Quando você fez tudo isso? – perguntei com um sorriso bobo estampado na cara.

_ Não tenho dormido muito – ele respondeu sorrindo e me guiando até o portão, nós entramos e lá havia dois bancos de madeira e um buraco de fogueira no chão.

_ Como você achou esse lugar?

_ Eu estava meio que caçando... – ele respondeu num tom vacilante.

_ É bem legal – respondi. – Talvez eu possa mandar o Sean mandar alguém aqui pra reconstruir isso.

_ Seria legal se ele desse um jeito que acabar com essas plantas... Elas são meio que uma praga, elas se alastram e matam o solo, por sorte as raízes daqui são muito firmes, mas não acho que seja possível criar qualquer jardim ao redor daqui – ele sorriu e segurou minhas duas mãos de novo –, mas eu quero fazer outra coisa agora... – ele soltou umas das mãos e deslizou do meu pulso até a minha nuca. Senti um arrepio. – Eu acho que, depois de toda essa coisa da realeza o processo foi acelerado, e a gente já passou por coisas suficientes juntos pra eu ter certeza de uma coisa. Eu nunca... Disse exatamente... Que éramos namorados, mas eu quero. Você é a garota que eu quero que seja oficialmente a minha namorada – ele mexeu no bolso da blusa e tirou de lá uma caixinha e passou pra mim, olhei pra ele em duvida e abri a caixinha, uma coisa dourada reluzente brilhava lá dentro, peguei o pequeno fecho e puxei o cordão lá de dentro, olhei o pingente na ponta e vi que era a metade de um coração dourado, olhei pra ele e ele colocou a mão dentro da gola da blusa e tirou a outra metade. –Eu te amo... – meu coração começou a palpitar e por um momento eu não sabia o que responder.

_ Eu amo você também – meus olhos estavam marejados e eu senti que pela primeira vez não eram lagrimas de sangue, as lagrimas que representavam a dor ou o sofrimento de uma Hexembiest, era lagrimas normais, lagrimas de alegria.

Ele esticou a mão e eu coloquei o colar na mão dele, segurei o cabelo de um lado e me virei, e ele colocou o colar em mim. Ele prendeu o fecho e soltou o colar e deslizou a mão do meu ombro para a minha mão, olhei pra ele por cima do ombro e me virei, e aquele, depois do primeiro, pareceu ser o nosso beijo mais intenso, naquele momento eu queria levar ele pra minha casa e beijar ele até sentirmos vontade de tirar a roupa, mas só ficamos lá, nos beijando por horas, com as nossas línguas nunca cansadas de se encontrar.

_ Podemos ficar aqui a noite inteira? – perguntei olhando pra lua cheia surgindo cada vez mais intensamente no céu

_ Podemos ficar a vida inteira aqui se dependesse de mim – ele sorriu e me abraçou, e ficamos abraçados por um longo momento, até que ele suavemente começou a cantar. A música era Heaven – Bryan Adams, e nada podia parecer mais perfeito. Depois daquilo eu realmente entendi que aquela era a verdadeira eu, as minhas verdadeiras cores...