P. O. V. Priscila

Acordei meio ainda sem acordar e me virei pro lado pra olhar o despertador, mas eu estava mais na beirada do que imaginei e cai no colchão que estava ao lado da minha cama onde o Alex estava deitado. Ele abriu os olhos assustado com o baque súbito, mas depois sorriu.

_ Bom dia... – ele disse num tom meio espantando – O que você esta fazendo em cima de mim? – ele semicerrou os olhos e eu me levantei automaticamente.

_ Eu cai. – respondi incerta e ele riu.

_ Eu percebi – ele continuou sorrindo e se levantou também – Quer fazer alguma coisa hoje? – ele perguntou e eu olhei pela janela e vi que estava meio frio.

_ Que dia é hoje? – perguntei ainda meio incerta a queda deve ter me feito algum mal.

_ Ahn... Sabado, eu acho... – e daí subitamente eu me lembrei hoje era o dia em que os garotos e garotas das quais eu havia me afastado fariam a reunião anual, era meio que uma celebração do grupo, do tipo uma festa, mas fazia tanto tempo que eu não falava com nenhum deles, e se eu fosse, nem pensar eu poderia levar o Alex lá, tinha que dar um jeito de me livrar dele.

_ Sabe... Eu acho que tenho uma coisa pra fazer mais tarde...

_O que? – ele perguntou com o ar doce e inocente no rosto.

_ É tipo um evento. – eu não queria contar a verdade, mas também não queria mentir.

_ Um evento! Eu posso ir? – ele perguntou com o rosto iluminado.

_ Ahn... Não dá... É que... É um evento fechado. – eu não estava convencendo.

_ E o que tem nesse tipo de evento? – ele parecia mais desconfiado agora.

_ Nada, é só uma festa besta, com mesas marcadas e essas coisas. – eu disse me levantando e olhando o guarda roupa pra não ter que encará-lo

_ Ta bem, então vou pra casa, eu estou meio atrasado na leitura e outras coisas... – ele veio até mim e eu me dispersei do guarda roupa e me virei pra ele – Falo com você mais tarde? – ele falou enquanto segurava na minha cintura, eu só acenei que sim, e ele se aproximou pra me beijar, por um momento eu pensei se talvez eu não pudesse empurrar ele pra dentro do meu armário e trancar ele lá até eu voltar, a presença dele já era um habito e um vício, e eu odiava mentir pra ele só por que eu estava tendo uma recaída. Ele me soltou e depois saiu. Eu me voltei pro guarda roupa e procurei a roupa que me fazia parecer Bad-Girl, mas ela simplesmente parecia não ser minha...

...

Mas eu vesti mesmo assim.

Logo já era noite e alguma coisa no fundo do meu cérebro dizia pra eu não ir, mas outra coisa não tão ao fundo dizia que pra eu ir, então eu fui. Peguei o carro meio velho da minha mãe e fui até a ponta da cidade, que era um lugar onde a alguns metros estava a longa ponte, de um lado tinha uma grande base considerada perigosa e do outro apenas um rio bem longo.

Depois de um tempo ouvi meu celular apitar. Era uma mensagem do Alex.

“Pensando em você...” – dizia a mensagem

Aquilo me deixou com um peso na consciência, eu estava mentindo pra ele a troco de nada. O que eu esperava? Chegar lá agir como antigamente e essa sensação passaria? Talvez seja isso... Mas acho que o Alex realmente conseguiu me mudar.

...

Quando eu cheguei lá, parei o carro num canto e sai em direção às três pessoas que eu estava com medo de enfrentar, meus três amigos, perto do costumeiro tonel meio detonado por tantas fogueiras dentro dele.

_ Não acredito... – Jojen disse com os braços pendendo no corpo e a boca no formato de um “O” me observando.

_ É ela mesma? – Mary disse semicerrando os olhos colocando uma mão na cintura e o dedo mindinho na boca.

_ A Ex-Bad-Girl. A garota que foi domada por um namorado nerd. – Fausto disse colocando as duas mãos na boca e arregalando os olhos.

_ Eu não posso acreditar... – Jojen concluiu.

_ Para, ta! – eu mandei.

_ O que esta fazendo aqui? – Mary disse e agora ela parecia ter parado de brincar e estava confusa.

_ Bom te ver também... – respondi com desdém.

_ Sério! O que você esta fazendo aqui? – Fausto repetiu a pergunta.

_ Senti saudades... – respondi dando de ombros.

_ Ah, mesmo? – Mary perguntou agora parecendo sarcástica. – Você nos abandonou...

_ Abandonou o grupo... – Jojen continuou.

_ E daí volta e diz que esta com saudades? – Fausto terminou.

_ Eu senti falta de vocês e sabia que hoje era um dia especial, quis estar aqui. – respondi meio tristemente.

_ E acha que pode? Você trocou não apenas nós três, mas o jeito que você vivia por um garoto. – Mary disse balançando a cabeça em negativa.

_ Você tem razão, mas eu não sou apenas isso, eu sou aquela garota que fica com ele também. – eu falei.

_ Mas acontece que você não pode... – Jojen disse me encarando.

_ São times diferentes... – Fausto disse.

_ E você não pode jogar nos dois. – Mary completou. Eu havia me esquecido desse habito irritante deles de um completar a frase do outro.

_ Estamos te dando uma chance. – Jojen indagou. – É hora de você escolher. Pode ficar com a gente e a parte da sua vida mais interessante... Ou... Pode ficar com o seu namorado e deixar a gente pra lá pra sempre.

Eu encarei o fogo queimando no tonel por uns instantes e pensei no Alex, e daí eu percebi que nada daquilo realmente importava, aquela roupa preta caia mal em mim, eu nunca completava as frases com eles, e não gostava de Nirvana. O Alex era muito maior que aquilo tudo. Olhei pra eles com um olhar sério e depois sorri.

_ Adeus, galera. – eu me virei e comecei a ir até o carro, mas Fausto segurou meu pulso levemente e eu me virei.

_ Você não prefere ele, Pri... – ele disse.

_ Pensa direito. – Mary disse e por um momento eu hesitei, pensando na expressão deles, estampado a visível surpresa e até uma tristeza por eu estar escolhendo o Alex e não eles.

_ Eu prefiro ele, sem nem hesitar, ele me faz sentir forte, ele me faz sentir uma coisa que eu nunca senti aqui, e não importam quantas vezes vocês perguntem, vai ser sempre ele. Adeus galera. – dessa vez eu consegui me virar e voltar pro carro, e eu sabia que não importa o que eu escolhesse se o Alex estivesse nas opções eu não gostaria de saber de nenhum outra...

Depois que eu voltei pra casa e dormi instantaneamente.

Acordei com alguém batendo na porta.

_ Entra – falei meio sonolenta. Minha irmã abriu a porta e disse:

_ Seu namorado esta ai. – me levantei subitamente e me lembrei que ainda estava com a roupa de ontem, desci as escadas e ele se levantou quando me viu, abracei ele por um longo momento, depois ele me soltou e me olhou com um sorriso espantado no rosto.

_ Lembra da sua meta? – eu perguntei e ele acenou que sim confuso – Então. Ela foi cumprida...