_ Essa chuva esta me incomodando – ele disse ainda parado na porta

_ E por que ela te incomoda? – perguntei brincando

_ Eu não sei, é só... A deixa pra lá – ele se virou e ia fechar a porta

_ TANNER – chamei e ele voltou de imediato e eu acenei com a cabeça sorrindo ele entrou no quarto e fechou a porta e deitou na cama comigo.

Por alguns momentos nós só ficamos observando a chuva, mas o sono não estava abraçando nenhum dos dois, então compramos um filme pela TV, que se chamava Bling Ring: A Gangue de Hollywood, que tem a Emma Watson, e era bem legal, e depois acabamos dormindo.

...

Quando eu acordei, eu estava de um jeito um tanto estranho. O Tanner estava deitado virado de costas pra mim e eu de frente pra ele com o braço em volta da cintura dele, ele dormia de um jeito tão bonito, que foi impossível não tentar não acordá-lo então eu tirei a o braço muito devagar pra que ele não sentisse, e eu consegui, então levantei e sai do quarto com o pijama que eu estava e vi a Alisson no corredor.

_ Bom dia – ela falou amistosamente

_ Olá – retribui o cumprimento

_ Ahn, você viu o Tanner? – ele perguntou inclinando a cabeça como se fosse uma pergunta muito peculiar

_ Ahn... É... Eu o vi sim, na verdade, ele esta ai no meu quarto – depois que eu disse isso ela me avaliou de cima a baixo e daí eu me dei conta que o short do meu pijama tem uns palmos acima do joelho e a blusa tinha um decote razoável.

_ Se me permite perguntar... O que ele estava fazendo no seu quarto?

_ Bom... Ele disse que estava incomodado com a chuva, e acabou dormindo lá, nada de mais

_ Ah claro – ela sorriu visivelmente desconfortável – Vamos deixá-lo dormir então... – e daí ela se virou pro quarto de novo.

Por um reflexo eu fiz o mesmo me virei e abri a porta do quarto bruscamente e o Tanner acordou, ele se sentou e me olhou com olhos grandes e verdes.

_ Bom dia – ele disse meio incerto

_ Fala com a Alisson! – falei sentando na cama e ele me olhava com aquele doce olhar inocente, tudo nele inspirava inocência, ele era como uma criança que abaixa a cabeça e levanta os olhos e da um sorrisinho, embora ele fosse totalmente sexy, ele era totalmente doce e inocente

_ Ahn... Ta bem, sobre o que? – ele me perguntou confuso

_ Ela me encontrou ali no corredor e perguntou onde você estava daí eu disse que você estava aqui e ela pareceu visivelmente chateada. O que tem entre vocês?

_ O que? Nada! – ele disse como se aquilo fosse absurdo

_ Vocês não são parentes, são?

_ Não, mas a gente sempre teve uma relação de amizade e só amizade, a gente nunca...

_ Ta bem, Tanner – falei pegando na mão dele – Só converse com ela, ninguém precisa de boatos errados correndo soltos por aqui

_ Ok – ele concordou e saiu

...

O resto do dia se baseou num tédio infinito, o Sam e as meninas não vieram e a Alisson saiu de novo, ela havia ficado fora de casa boa parte da semana fazendo “coisas da escola” que eu não tinha idéia do que eram, até que depois de o Tanner passar três horas numa academia que ele havia pedido que eu encomendasse, ele voltou.

_ Você tomou banho? – perguntei de cara

_ É claro – ele revirou os olhos – mais ainda quero fazer outra coisa – ele fez uma pausa e depois olhou pra mim de novo – Vamos até a colina de novo?

_ Só nós dois? – perguntei meio incerta

_ Eu não mordo – ele sorriu maliciosamente – a menos que você queira

...

Eu acabei aceitando.

Depois de subirmos a colina agora não tão cansativa por que o dia estava parcialmente nublado nós chegamos lá em cima e ficamos sentados na grama apreciando o vento.

_ Sabe... Eu gosto daqui – Tanner disse do nada

_ Não é um lugar tão ruim, depois que eu soube que iria ter que ir pra Áustria, esse lugar ficou encantador.

_ Sentirei falta daqui quando formos pra Áustria. – ele disse chegando mais perto de mim

_ É eu também

_ Já cogitou a possibilidade de simplesmente... Ficar aqui?

_ Já Tanner, um milhão de vezes, mas já sentiu como se simplesmente não pertencesse a algum lugar e quem tem um dever em outro?

_ Não, nunca – ele disse isso e quebrou todo o meu argumento

_ Enfim, é isso que eu sinto, eu tenho que ir.

_ Quando estivermos lá – ele fez uma longa pausa – Nunca mais seremos os mesmo. Lá você não vai ser a Blake, vai ser a princesa de um das sete famílias reais e eu serei seu acompanhante, e nada mais não é?

_ Claro que não, garoto – falei dando um soco de leve no ombro dele – Lá, embora tenha todas aquelas pessoas, eu só terei você, pelo menos por um tempo, e ninguém mais, então trate de parar com esse assunto – o clima estava começando a ficar estranho, falar de sentimentos não é o meu forte

_ A vida da realeza é... Deslumbrante, mas eu sempre senti que o Eric era muito solitário, não quero que isso aconteça com você – ele se virou e ficou me encarando

_ Não deixa que aconteça, então...

_ Não deixarei – ele deu um sorriso torto

_ Promesses? – significa “promete” em francês

_ Je Le promets! – ele respondeu sorrindo. O significando “eu prometo” em francês

Ele se aproximou e me abraçou, e depois nós deitamos na grama e ficamos em silencio um tempo

_ Você quase parece normal – falei

_ Como assim? – ele perguntou sem se mexer, apenas continuou encarando o céu

_ Você não parece um wesen, é quase um humano

_ Meu lado wesen é muito calmo, eu quase nunca woge, nunca é necessário...

_ Quando você for pra escola, vai fazer sucesso, a vida foi generosa com você – eu sorri

_ O que você quer dizer? – ele perguntou com um tom confuso na voz

_ Nada ruivo, deixa pra lá – eu só sorri e continuamos perdidos olhando pras nuvens escuras no céu

...

Depois que passamos um longo tempo lá, tivemos que voltar, mas assim que chegamos a casa o Tanner disse:

_ Quero fazer uma coisa

_ Outra coisa? – perguntei sorrindo

_ É mais essa é especial – ele pegou minha mão me puxou até uma das cadeiras de descanso da piscina e acenou pra que eu me sentasse, depois ele ligou o karaokê que ainda estava lá fora desde a festa de sexta – Eu tomei a liberdade de comprar uma musica do sistema de musicas do karaokê – ele falava enquanto procurava a musica – e eu acho... Que ela tem tudo a ver com a situação – ele apertou e deu play na musica e quando o leve toque começou, eu reconheci na hora, e um grande sorriso se estampou na minha cara

I've never seen a diamond in the flesh (Eu nunca vi um diamante ao vivo)

I CUT my teeth on wedding rings in the movies (Eu conheci os anéis de casamento nos filmes)

And I'm not proud of my address, in the torn up town (E não tenho orgulho do meu endereço no subúrbio)

No post code envy (Que nenhum outro CEP inveja)

Vendo o meu visível agrado por ele estar cantando uma musica incrível e até com um timbre bom ele chegou ao refrão e se soltou mais e parecia que a musica era exatamente minha, como uma roupa feita sob medida, ela falava sobre tudo que eu estava perdendo...

And we'll never be royals (E nunca seremos da realeza)

It don't run in our blood, that kind of lux Just ain't for us (Não corre no nosso sangue, esse tipo de luxo não é pra gente)

We crave a different kind of buzz (Nós procuramos outro tipo de agitação)

Let me be your ruler, you can call me king bee (Deixe-me ser seu governante, pode me chamar de rei-abelha)

Eu ri do jeito que ele trocou “Queen” por “king” improvisadamente

And baby I'll rule I'll rule I'll rule I'll rule (Daí eu vou mandar, mandar, mandar, mandar)

Let me live that fantasy (Deixe-me viver essa fantasia)

A música acabou ele parou de cantar e olhou pro chão e depois ele levantou os olhos, eu me levantei da cadeira e fui até ele com um sorriso enorme na cara e o abracei

_ Ruivo! Isso foi demais! – exclamei e ele sorriu

_ Sabe que a Lorde é uma das minhas cantoras favoritas né?

_ Não sabia – ele respondeu – foi um bom palpite então

_ Foi incrível, talvez eu possa te chamar de “king - bee” – falei ainda sorrindo