A Culpa é Minha e das Metáforas escrita por Larissa Waters Mayhem


Capítulo 19
Capítulo 19 - Viajem sem Volta


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Apenas quero agradecer a TODOS OS LEITORES! E também pelos leitores que fizeram aquelas recomendações! Obrigado, mesmo, vocês são demais!



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Fazia quase dois dias que não falava com a Hazel Grace, e eu realmente estava me contendo para não me tornar um cara grudento. Eu estava pensando no que aconteceu com ela, com a internação e na pior das hipóteses a proibirem de ir à Amsterdam, parece meio egoísmo da minha parte mas eu realmente queria que ela fosse, poxa, era o sonho dela! Conhecer esse velho caduco e grotesco que você é Van Houten.

Minha mãe me acordou seis horas da manhã para irmos ao Oncologista, mesmo me negando a ir meu pai me obrigou, eles dois me acompanharam, Hazel Grace não sabe até hoje a minha ida até aquele médico. Sentado esperando a consulta médica percebi que um garoto estava sentado a minha frente, ele se queixava que o seu maxilar doía, a mãe dele estava triste e tentava acalmá-lo mas ele continuava a se queixar, Dr. Joseph se aproximou e pediu que uma enfermeira levasse o garoto para o playground que tinha no jardim do hospital, assim que a enfermeira e o garoto se afastaram Dr. Joseph sentou-se do lado da mãe do garoto, a mãe dele perguntou a ele:

– Não vai ter jeito?

Dr. Joseph olhou para a mãe do garoto e respondeu:

– Se você em outras partes do corpo, mas foi no maxilar, não tem jeito. - Dr. Joseph olhou para mim e disse para a mulher:

– Augustus teve o Osteossarcoma próxima aos joelhos, neste caso conseguimos remove-lo.

Sorri para a mulher, pensei em dizer que a minha perna não coseguiu levar o câncer, mas era difícil para aquela mãe ter um filho em fase terminal, assim como é difícil para a minha mãe. Levantei-me para dar uma volta pelo hospital mas minha mãe disse:

– Gus, sua consulta já é daqui a pouco!

– Tudo bem, tem cinco pessoas na frente dele, deixe-o passear – diz Dr. Joseph caindo de pára-quedas.

Continuei a caminhar em direção ao playground, o garoto estava sentado no gramado, andei até ele e me sentei ao seu lado, quando fui me sentar a “bendita” dor começou, tentei me conter para o garoto não se assustar.

– Olá garotinho – falei.

O garoto nem sequer me olhava.

– Não quer brincar um pouco? – pergunto.

– Estou com muita dor pra brincar. – garoto responde.

– Qual é o seu nome? – pergunto.

– Ethan, e o seu?

– Augustus, mas pode me chamar de Gus.

Ficamos em silêncio, depois de alguns minutos o garoto me pergunta:

– Você também tem a doença do osso?

– Sim eu tenho – respondo.

– Onde? – o garoto pergunta

Subi a calça diz deixando a prótese amostra.

– Você também vai para uma grande viajem? – pergunta o garoto.

Me perguntei o que seria a grande viajem, mas logo deduzi que essa tal “grande viajem” seja a morte.

– Sim eu vou, com a passagem paga e tudo de graça. – falei.

Ele sorriu.

– Acho que vamos no mesmo avião. – disse o garoto.

– Vai ser bem maneiro viajar com você – falei.

– A enfermeira disse que talvez não tenha uma passagem para a volta.

– Sinal que ficaremos de férias para sempre, não é legal? – falei.

– Sim, é bem legal. – disse o garoto.

(**)

Depois que conversei com Ethan a mãe dele o levou para casa, e eu fui para a consulta com o Dr. Joseph. Entramos na sala e nos sentamos, então ele começou a colocar impecilios na minha espetacular futura viagem com a Hazel Grace:

– Acho que não é adequado ele ir nessas condições. – diz o Dr. Joseph.

Reviro os olhos, meus pais concordam com aquele doido.

– Que condições? Estou em uma montanha –russa que só vai para cima, desta só vai pra pior! – falei.

– Augustus! – meu pai me repreende.

– Augustus você tem que entender que você deve começar a quimioterapia! - diz o Dr. Joseph.

– Pra que? É inútil como dar colírio para um cara cego! Eu vou ir, eu estou morrendo e quero pelo menos ter a chance de ser feliz mais um pouco. – falei.

Meus pais novamente fizeram uma cara de enterro, toda vez que falo em morrer eles ficam assim, mas o que posso fazer é inevitável!

– Tudo bem Augustus, a escolha é sua.

(**)

Eu e meus pais tivemos outra conversa sobre Amsterdam, e novamente acabei falando que iria de qualquer jeito. Mas concordei em começar a quimioterapia, Isaac me ligou e me perguntou como foi meu dia, e acabei contando tudo para ele.

– Inútil como dar colírio para um cego? Você é de longe deprimente, porque não para de fazer piadas com cegos e comece a fazer com algum cara mono-perna.

– Com caras cegos é mais engraçado. – falei – Tem ido ao grupo de apoio?

– Fui uma vez depois da primeira em que foi, deprimente, mas o legal é que tem uma garota com seios e enormes lá.

– Como sabe que ela tem seios grandes? – pergunto.

– Cara, eu sou cego, mais nem tanto. – responde.

(**)

No outro dia de noite logo após o jantar não consegui me conter e liguei para a Hazel Grace. A mesma atendeu logo dizendo:

– Má notícia.

– Merda. O que aconteceu? – falei.

–- Não posso ir a Amsterdam. Um dos meus médicos não acha que seja uma boa idéia – disse Hazel Grace.

Fiquei quieto por alguns instantes, pensando mas que falta de sorte, por fim disse:

– Cara, eu deveria ter pago a viagem com meu dinheiro. Deveria ter levado você direto dos Ossos Maneiros para Amsterdam.

– Mas aí provavelmente eu teria tido um episódio fatal de desoxigenação em Amsterdam, e meu corpo teria sido despachado de volta no compartimento de carga do avião – falou Hazel Grace.

Bem depois de pensar muito falei algo totalmente vulgar, mas delicioso:

– É pode ser. Mas, antes disso, meu gesto extremamente romântico com certeza teria levado você para a cama.

Hazel Grace deu muita risada, o que eu disse não era brincadeira, eu tenho um jeito deliciosamente irresistível, e a Hazel tem um jeito deliciosamente mais ainda. Acho que estou parecendo um pouco com Isaac, mas ousei novamente:

– Você ri porque sabe que é verdade, não é?!

– Provavelmente não – disse Hazel Grace – Mas nunca se sabe.

Nunca se sabe, nunca de sabe meu Deus não creio que ouvi aquilo. Hormônios, não fiquem agitados, ainda é muito cedo. Bom a única coisa que não vou aceitar é morrer um virgem, antigamente eu nem ligava para isso, mas depois de ter conhecido a Hazel minhas noites ficaram “inquietas” se é que você me entende.

Gemi em ânsias e disse:

– Eu vou morrer virgem.

Ela ficou meio quieta e depois disse:

– Você é virgem? – disse surpresa, eu sei que é meio difícil de se acreditar, um cara bonito, maneiro e sexy ser virgem aos dezessete anos. Pois é mas sempre teve um empecilho entre mim e a vida sexual: Uma prótese, e um cotoco de perna, então decidi dar um exemplo a Hazel Grace.

– Hazel Grace, você tem uma caneta e uma folha de papel? – pergunto.

– Sim, eu tenho. – respondeu.

– Então ta. Desenhe um circulo, por favor. – a mesma disse que desenhou – Agora faça um circulo menor dentro dele. – a mesma obedeceu. – O circulo maior representa os virgens, o circulo menor é composto por jovens de dezesseis anos com uma perna só.


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