A minha volta, tudo que se podia ver era uma enorme cratera, como aquelas causadas pelo Super-Man, quando ele colide com o chão com muita força, só que aqui, a porra é mais séria.
Lúcifer, o famoso anjo caído juntou suas energias restante para me matar, e quase conseguiu, não sei como ainda estou vivo, e nem como fiquei prateado antes de desmaiar.
Tony e Eryck estão bem, graças a Cass e Joh, alguns arranhões e machucados, mas nada que não se regenere logo. Cass esta sangrando muito, mas estou zonzo demais para ir até ele, e Joh esta caída no chão, com o cabelo loiro cobrindo toda sua cara. Wren permanece ileso atrás de mim, congelado, porém bem na medida do possível.
Alguma coisa queima dentro de mim, mas estou dolorido demais para virar a cabeça e ver o que é, então eu apenas fico jogado no chão desproporcional e fecho os olhos, imaginando como devem estar todos. Por um momento, eu me sinto feliz por ter salvado meus amigos, me sinto feliz por não ter morrido, e me sinto feliz por poder ver Lua de novo. Eu sei que posso estar na maior guerra de todas, mas pela primeira vez eu estou sorrindo em muito tempo.

...

Meu tempo de felicidade se esgotou quando vejo uma sombra pairando na minha frente, abro os olhos e Tony me ajuda a levantar. Cass e Joh estão bem, só com hematomas e cicatrizes, e estão cuidando de Eryck, que está com algum problema em sua regeneração. Me viro para Tony, que me encara com uma certa admiração e um pequeno sorriso no canto do rosto, e falo:
– Eu tenho que avisar os outros... Tenho que ir lá antes que Lúci tome iniciativa e resolva fazer a chacina. Você pode...
– Cuidar das coisas por aqui e descongelar Wren? Numa boa, pode ir lá, heroizinho.
Sorri.
– Vai se foder, negão.
Abro as asas e me dirijo para perto do prédio onde eu e Cass nos conhecemos pela primeira vez, com esperanças deles estarem pela redondeza. Bem, eles tem que estar.

...

Graças aos deuses eles estavam por lá, comendo algo em uma lanchonete. Chegar com asas e quebrando o vidro da lanchonete não é uma entrada perfeita, mas é quase isso. Depois de convencer a todos o que aconteceu, receber abraços e socos, eu convenci-os de me seguir, e estava levando eles até perto de Cass, quando algo do céu caiu em mim e me prendeu contra uma pedra. Eu tava sem forças, e estava mais adiantado que meus amigos, então estava sozinho, e morrendo. Uma ventania ecoou pelo local, levando árvores consigo, e formas escuras aparecendo perto de mim, como borrões. eles sussurram alto, e por um momento eu parei de me debater pra ouvir o que eles dizem.
"Peguem esses vermes imundos. Chefe tem um plano para eles e esse anjo ali"
"E os outros que estão na cratera no papai?"
"Aqueles já estão sob controle, relaxe, não deixe esse imbecil escapar, ou vai pagar com sua vida"
"Aonde o senhor vai?"
"Vou ter um encontro com Lúcifer, o chefão"
"Chefão?"
"É como ele gosta de ser chamado... ''chefão'', ''boss'', etc."
E nisso uma sombra sumiu, e logo tudo começou a desaparecer.

...

Eu acordo amarrado em um salão branco, com algumas partes brilhantes e com pedras refletindo o por do sol sobre todo o lugar. Sangue está jorrado por todo o chão, parede e teto, junto com penas e restos mortais. A minha frente, um trono (feito recentemente) está a minha frente, com uma figura negra sentado sobre ele. Quando minha mente volta por completo, percebo onde estou. No salão dos anjos.
Uma corrente de ferro esta amarrada dentro dos meus pulsos, fazendo sangue jorrar constantemente. Minhas pernas não se movem, por correntes presas ao chão (nada familiar). A minha frente, um menino moreno está sentado no trono, me olhando constantemente. Quem será aquela figura?
– Bela casca. – Murmuro.
– Obrigado, escolhi entre os anjos mais fortes daqui, e esse é o vencedor. – Diz Lúcifer, em um tom grave. – Você sabe o que eu quero, certo?
– Você não vai ter meu corpo nu pra você, pode esquecer.
Com um estralar de dedos, ele apertou as correntes presas em mim, que afundaram mais na minha carne. Dei um grito longo de dor, enquanto Lúcifer sorria orgulhoso consigo mesmo.
– Você tem que me deixar possui-lo. Você já sabe meu poder.
– Porém agora você está quase esgotado, por usar tudo que lhe restava naquele campo.
– Posso me recuperar e acabar com você!
– Me tire dessas correntes e me enfrente como homem!
Lúcifer pareceu ceder por um minuto, quando sua cara fez uma forma diferente, mas logo voltou ao estado normal de ódio e rancor, e engrossou mais a voz.
– Acha que eu vou cair na sua brincadeira estupida? Eu sou o novo Deus. – com sua afirmação, todo o castelo começou a zunir. – Você não pode enganar um deus meu amigo.
Um Deus negro?
– Primeiro: Eu não sou seu amigo, e segundo: Que eu saiba, Deus não é tão fraco a ponto de ficar dependendo de "cascas" para vagar pelo mundo.
Aquilo pareceu irrita-lo. De verdade. Logo uma forma transparente se encostou em meus braços e atravessou as correntes sobre eles, e eu dei um grito de dor tão forte, que ouvi um pedaço do chão se rachar.
– Tenho planos para você, demôniozinho inferior. Sua decisão logo irá chegar, e todos seus amigos, inclusive você, serão exterminados desse universo. Até essa hora chegar relaxe, pois a tortura está apenas no começo.
Com isso um bastão surgiu na palma de sua mão, e logo foi atirado violentamente contra meu peito, perfurando meu coração e toda minha alma. Aquilo deveria ter me matado, mas eu ainda estava vivo, e pelo olhar de Lúcifer, vinha coisas piores pela frente.
Em cima de mim, posso ver que o teto foi destruído, dando uma bela vista para as estrelas que logo surgiam. O que eu daria para estar com ela, vendo as estrelas, vendo o mundo a nossa volta... Nos sentindo infinito.
"Eu posso ver as estrelas, amor, posso vê-las novamente. Por quanto eu fiquei longe da lua e das estrelas, por quanto eu não tinha uma vista dessas, por quanto tempo eu deixei de pensar em você?"