Darkness escrita por Felipe Alves


Capítulo 16
Everything...




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Deixa eu ver se captei tudo: Eu morri pra salvar Lua, caí no inferno e estou sendo torturado dia após dia por Askam, um demônio bipolar? É... Já estive em piores, Penso.
Meus braços doíam, graças aos cortes provocados por Askam e seus “amigos”. Todo santo dia, demônios e mais demônios viam e jogavam toda sua raiva em mim, me cortando, me estripando, de jeitos inimagináveis. Eu resistia, até não sobrar mais nada. E de repente, Bum! Eu estava inteiro, como mágica. E eles vinham cada vez em um bando maior e começavam tudo novamente. Eu iria viver assim para sempre, sendo despedaçado até que não sobrace nada? Eu não podia, tinha pessoas para salvar, amigos para ajudar... Mas o que eu podia fazer? Estava acorrentado, exposto e sendo massacrado dia após dia. Não tinha muita utilidade até que um dia, depois de semanas e semanas de tortura, me veio uma ideia na mente. Eu tenho dois tipos de poderes, penso. O lado bom é o mal. O lado bom não surte efeito aqui, será que o outro faria alguma diferença?
Tento ignorar a dor de ser estripado com as próprias unhas de um demônio e me concentro em tudo a minha volta. Por mais estranho que seja, eu sentia certo conforto com tudo aquilo, com a dor, o sofrimento e o ódio. Talvez seja meu lado negro – Não literalmente.
Não aconteceu nada, absolutamente nada. Logo eu gemia de dor enquanto me estripavam, sem dó, nem piedade. Algo – Ou alguém – me pegou pelo cabelo e me arrastou, eu estava atordoado demais para prestar atenção no local onde eu estava, só consegui ver borrões de pessoas sendo massacradas por monstros extremamente gigantes, e por um momento, eu passei na frente de uma sala onde um homem magro estava acorrentado em uma parede, as correntes prendiam cada parte de seu corpo, como uma segunda pele. Um homem extremamente gordo, cortava cada parte de seu corpo, com um canivete, uma tesoura e uma hora ele usou até um lápis, por sorte a porta se fechou misteriosamente e eu fui poupado de ver aquela cena. Fui arremessado contra uma porta dupla. Ela era fria e negra, porém cheia de símbolos que provavelmente serviam pra manter algo afastado, ou merda nenhuma. Minhas asas estão abertas e expostas, por mais que eu tente, eu não consigo “puxá-las” de volta. Meus ferimentos estavam começando a se curar, o que me dava um pouco mais de energia, me permitindo levantar e olhar o que me arrastará até ali.
Mitch e Brian. Eu devia ter imaginado.
– Não bastava serem renegados, agora querem montar um puteiro no inferno? – Murmuro, ofegante.
– Acho que você não deveria fazer piadas, já que vai acabar morrendo de todo jeito. – Disse Brian. Tanto ele quanto Mitch usavam as mesmas roupas de quando morreram.
– Eu não teria tanta confiança assim se fosse você. – cuspo um pouco de sangue que estava acumulado na minha boca. – Por que diabos me arrastaram até aqui?
– Enganamos um dos ceifadores, forçando-o a trazer você a nós. Dante, você podia ser um renegado... Ainda pode. Podemos sair juntos daqui, e trazer a destruição pro mundo, a dominação... Nosso novo mundo.
– E por que diabos eu iria querer a destruição de tudo?
– Pense como Deus, quando invocou aquele tsunami que cobriu todo o mundo; Vamos apenas limpar as coisas ruins, e libertar as coisas boas.
A palavra Libertar saiu irônica, como um duplo sentido.
– Libertar? – Pergunto.
– Sim, para o começo do nosso novo mundo, precisamos do nosso chefe, nosso mestre... Lúcifer.

...

– Se querem minha ajuda pra libertar o capeta, podem ir esquecendo!
– Smolder, Smolder... Você é obrigado a libertar o “capeta”. – Disse Mitch.
– Vocês não podem me obrigar, são só dois de anjos idiotas e revoltados.
A raiva passou pela face de Mitch, chegando a me dar arrepios. Seus olhos ficaram negros, as veias de seu rosto, começaram a se contrair, sua cara foi ficando sombria e uma voz, um pouco mais forte saiu pela sua boca quando ela a abriu.
– Tenha cuidado com o que diz, seu mundano insignificante.
– Se sou tão insignificante, por que ainda estou vivo?
– Você tem dons, e precisamos deles.
– Está vendo? Não sou tão insignificante quanto pareço. – sorrio, provocando ainda mais fúria na figura sombria.
– Deboche mais de mim, e você verá o que é o inferno de verdade.
– Eu já estou no inferno.
Ele se ajoelhou e baixou a cabeça, suas mãos ficaram fixas no chão, quebrando-o. Um brilho começou a emanar dele. Ele levantou o rosto, deixando a cara exposta, e exibindo a coisa mais estranha de todas.
Sua face estava derretendo, deixando as veias avermelhada. O sangue escorria enquanto sua pele pegava fogo, Brian tomou um olhar sombrio e tomou a dianteira, saindo correndo. Mitch sumiu, segundos depois, reapareceu com o corpo de Brian nos ombros. Brian estava morto, eu podia sentir. Ele jogou o corpo de lado e começou a fazer uns desenhos com os dedos no ar, formando uma linha brilhante. Eu não tinha pra onde correr e coloquei as mãos na porta dupla, que por sua vez, fez um ruído e se abriu. Cai de costas, e vi chamas azuis percorrerem meu corpo, mas não me queimavam. Olhei para cima e vi que as chamas formavam um portão, e eu estava bem no meio dele. Logo, duas figuras entraram na sala correndo, rumo a Mitch, que só estalou os dedos e os dois foram parar na parede, presos por uma força invisível. Eryck e um homem de manto negro estavam presos na parede. Antes que eu pudesse gritar, uma terceira figura apareceu das chamas. Castian. Ele sorriu pra mim e desapareceu, reaparecendo do lado de Mitch e chutando-o na espinha. Logo, monstros negros começam a surgir do chão, em uma velocidade impressionante. Demônios, penso.
Eryck logo se transforma e luta contra o bando de demônios que aparecem, o homem de manto o ajuda e Castian luta contra Mitch. Não quero ficar apenas olhando, tenho que fazer algo. Me lanço sobre Mitch, o derrubando no chão e golpeando sua cara com punhos cerrados. Ele some, e aparece atrás de Castian, jogando-o com força para o portão. Castian grita e some pelas chamas, enquanto eu fico indignando a cena, Mitch segura meu pescoço e me lança contra a parede. Eu caio de joelhos, mas logo me levanto, e me arrependo de ter feito isso. Mitch está agora, segurando uma lança de ponta dupla, com símbolos cravados nas duas pontas, ele sorri para mim, um sorriso fora do comum.
– Quem diria? Morrer no inferno? Que sorte... Essa lança tem os símbolos necessários para matar qualquer coisa, seria ótimo testá-la em você...
– Grande coisa, vindo de mais um psicopata... – Digo, ele não parece se animar com o meu comentário.
– Graças ao anjo eu não terei que ouvir mais nenhuma blasfêmia vindo de você.
– Se quer cravar essa merda em meu peito, vá logo, eu tenho um jantar ás onze.
– Se quer assim. – Ele sorri, dando um passo para trás, mantendo uma boa distancia de mim e logo acelera o passo, pronto para cravar isso nas minhas costelas... Mas algo deu errado.
A lança não acertou a mim, e sim ao homem de manto. A lança atravessa sua costela e quase chega a mim. O homem do manto segura a lança com força e a tira da costela, deixando o sangue jorrar dali. Ele segura a lança e crava no pescoço de Mitch que por sua vez cai aos tropeços e fica deitado no chão, imóvel. Mãos negras seguram seu corpo com força, bastante força, até cada parte dele se partir. Resolvo ignorar essa cena e me preocupar com o cara do manto. Vou até a frente dele e quase tenho um infarto. Nocturne estava sobre o manto negro.
– Por quê? – Fui tudo que saiu da minha boca. Ele caiu de joelhos no chão, colocando a mão sobre onde estava sangrando. Eu me ajoelhei a sua frente, sentindo um pouco de dor por ter sido arremessado em uma parede.
– Você não entenderia... Não depois de tudo. – Ela murmura, um pouco sem fôlego.
– Estou disposta a entender.
– Olhe. – Ele coloca suas mãos sobre meus ombros, tentando ignorar a dor e o sangue que emergiam dele. – Eu fui a busca do meu propósito, e acabei fazendo coisas erradas... Eu dividia meu corpo com um demônio, por mais que eu quisesse abandonar tudo e voltar, o demônio não permitia. Sabe os poderes de anjo? Eu consegui desperta-los. Quando se desperta, tudo que você tinha vai embora, por exemplo, o demônio... – Ele parou, respirando fundo e fungando algumas vezes antes de continuar. – Dante, eu feri os sentimentos de sua mãe, e eu me arrependo profundamente disso... Eu sei que é impossível, mas quero que você me perdoe... Por abandonar vocês, ferir os sentimentos de sua mãe, quase matar você e sua irmã... Por tudo. Eu confio em você, sei que vai impedir a guerra, o apocalipse... Eu sei. Filho, se encontrar sua irmã ou sua mãe, diga a ela a verdade... Eu te amo. – Nisso, ele caiu com a cara no meu ombro, e eu não pude evitar chorar. Eu abracei-o e pude sentir algo molhar minha camisa, e então a respiração parou. Tudo se silenciou. Eu soltei-o e fiquei fitando o nada, pensando em como pude ser tão inútil... Teria ficado o resto da minha vida ali, sem me mover, quando algo me puxou e me levava em direção às chamas. Protestava, querendo voltar o corpo de meu pai, quando vejo o que aparece em minha frente. Eryck lutando bravamente com demônios, e Castian me puxando para trás das chamas. Quando passamos sobre as chamas, elas desaparecem e podemos ver claramente o outro lado, Eryck lutando ao lado do corpo de meu pai caído.
– Estou segurando a barra, vão! – Grita Eryck.
– Eu não vou te deixar, não de novo! – Grito de volta.
– Vai sim! – Ele gritou de volta, eu ia responder mais Castian me puxou para trás e disse algo claro o bastante para que todos ouvissem.
– Eu vou voltar, eu prometo. – E fechou as duas portas, deixando que o frio e o medo me dominassem.


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