Darkness escrita por Felipe Alves


Capítulo 15
Uma passagem só de ida pro Inferno.




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– Eu não posso voltar... – Murmuro para Eryck e Alice.
– Dante, eu não posso te deixar. – Disse Alice. Ela estava de pé, ao lado de Eryck. Estávamos na frente do bosque, resolvendo o que iríamos fazer agora que eu contei tudo que sei para eles. – Tem pessoas que se importam com você.
– Alice, eu... Eu não posso lutar. Eu não vou servir para nada se não sei controlar meus poderes. Eu juro que volto assim que puder.
– Mas... – Ela ia dizer algo, mas se calou. Abraçou Eryck pelo pescoço que logo envolveu ela em seus braços, e depois os dois desapareceram, graças à velocidade sobrenatural.
Voltei minha atenção ao céu, abrindo minhas asas – Com um pouco de dor, é claro – levanto voo e sigo rumo a “montanha dos anjos”.

...

Chegando à borda da torre, consigo identificar melhor o local; Um pátio gigantesco feito de marfim e de mármore, cercado por torres de prata e mármore. Mais a frente, algo como um instituto branco e dourado dava uma sensação familiar de estar em casa. Era como um instituto, porém, cercado de desenhos e símbolos estranhos, com estátuas de anjos cercando a parte mais alta. Dentro dele, era como um imenso castelo. Uma sala levava você a armamentos, outra sala (uma das maiores) de levava ao ‘’refeitório’’, mais acima, salas com armaduras, quartos, um local – que deveria ocupar umas seis salas – era como um local de treinamento. Subindo até o topo, encontravas-se a sala onde eu acordei e logo depois a sala onde eu tive meu primeiro contato com anjos. Olhando pela terceira vez, aquela sala parecia como uma torre de observação, porque era aberta por um buraco no teto no formato de uma esfera. E ali em cima, se tinha visão de tudo. Castian estava sentado na borda do buraco feito pelo demônio, eu me aproximei dele e sentei-me ao seu lado.
– Mudou de ideia? – Perguntou-me.
– Pode-se dizer que sim. Eu quero poder ajudar meus amigos, quero saber usar meus poderes, Castian.
– Se quer assim... – Ele pulou, abrindo suas asas negras e desceu até o pátio, aproximadamente 15m de altura abaixo de mim, fiz o mesmo, porém, caindo de mau jeito, fazendo anjos e mais anjos rir de mim. Levanto-me com certo desgosto e olho para Castian que brandia uma espada negra flamejante. – Pegue sua espada.
Puxei de dentro do manto minha lâmina de serafim. Ela brilhava em um tom avermelhado agora, como se estivesse pronta para lutar. Uma espada com sentimentos?
– Dante – Prosseguiu Castian enquanto eu estava perdido nos meus pensamentos. – Lute, com toda sua força.
– Espera. Me ensina a fazer aquele lance com a névoa? Cara, aquilo foi muito maneiro! – Castian me olhou com um olhar muito severo. Deixei a ideia de lado e partir pra cima dele, que logo sumiu a minha frente, e reapareceu atrás de mim, puxando minha lâmina e deixando-me desarmado.
– Primeiro passo: Nunca deixe que o inimigo te desarme. – Eu avancei, com o sangue fervendo. Ele soltou a lâmina no chão e eu parei. Logo a névoa invadiu meus olhos, me deixando tonto enquanto ele pega a espada novamente. Logo, me deu um chute que me fez colidir com uma das torres. – Segundo passo: Não deixe que o inimigo te confunda.
– E qual é o terceiro passo? – Pergunto, cansado.
– Use os poderes ao seu favor.
– Que poderes? – Ele não respondeu. Invés disso avançou para cima de mim. Eu busquei no fundo da minha mente, algo que possa usar a meu favor, mas nada aconteceu. Ele estava mais próximo agora, brandindo sua lâmina, ele ia me atacar quando algo dentro de mim ferveu como fogo e eu contra-ataquei.
Minha lâmina chocou-se contra a dele, só que com mais força. Enquanto faíscas saiam, eu fiz uma encenação de atingir minha lâmina na sua perna, ele abaixou os braços, deixando a cara exposta. Eu avancei mais um pouco, colocando toda minha força no punho e transferindo em sua face. Ele rodopiou no ar e eu continuei avançando. Batendo enquanto ele estava exposto no ar, até que ele abriu suas asas, deixando-me um pouco exposto.
– É para treinarmos, não matarmos um ao outro. – Murmurou ele, cansado.
– Foi mal, sou um pouco apressado demais. – Sorrio.
– Percebi. – Ele bufou, e logo continuamos com aquilo, por um bom tempo.

...

As últimas três semanas passaram bastante rápidas. Se eu aprendi alguns truques? Sim, eu aprendi bastante. Digamos que eu já estava bem com o lado angelical. Porém, eu ainda tinha outro lado. Um lado que eu preferia ocultar.
Eu estava na torre de observação, junto com Castian. Estávamos comentando algumas táticas de batalha e coisas do gênero quando algo chamou minha atenção. Lá em baixo, na terra, eu pude ver que uma batalha estava sendo travada. Ignorei Castian e prestei mais atenção no que se passava pra poder identificar melhor que estava lutando. Uma menina de cabelos marrons lutava bravamente contra três homens totalmente negros. Quando me dei conta, eu estava com as asas abertas na borda da torre, pronto para saltar e Castian me chamando.
– Oi? – Pergunto.
– Aonde pensa que vai? Descer? Você não pode... – Ela murmurava.
– Eu posso, e eu vou! Nada que você disser vai me impedir.
– Tente não esquecer mais suas lâminas então. – Ele jogou duas lâminas para mim, uma negra e uma clara, eu as guardei no manto e pulei.

...

Por favor, penso. Não morra.
Desço a tempo de conseguir bloquear um golpe que atingiria o pescoço de Lua. Contra-ataco, e cravo uma das lâminas no coração da figura escura. Dirijo-me ao segundo demônio, cravando minhas duas lâminas nos seus olhos e os prendo no chão. Vou até Lua, que estava com a boca aberta, formando um perfeito circulo. Os olhos dela encontram o meu e logo nos abraçamos. Até que eu percebo que esta faltando algo, quando eu me viro para procurar a terceira criatura, sinto uma terrível dor no meu peito. Algo quente e ardente borbulhava dele. Abaixo minha cabeça, a ponto de ver uma lâmina cravada nele. Levanto os olhos, com uma fúria inimaginável. Eu fecho meus punhos, mesmo sabendo que não teria forças para atingir sua face. Vejo algo dentro dele quebrar, como se todas as veias do seu corpo começassem a estourar ferozmente. Ele cai no chão, coloca a mão na garganta e começa a pedir por misericórdia, por perdão. Eu abro minha mão, e a fecho novamente, e o demônio explode em sangue. Sangue por toda parte. No chão, onde sobraram os restos do demônio, no meu corpo e em toda a área. Logo eu caio de joelhos. Eu não tenho mais forças para nada. Eu vou morrer. Lua vem ao meu encontro, só que algo me puxa para longe. Viro minha cabeça e vejo um velho, com a cara deformada e um longo sorriso no rosto me puxando para longe. Logo, ele me solta e eu começo a cair, dessa vez eu consigo ver, a chama e o ódio abaixo de mim.

...

Quando acordo, percebo que meu manto sumiu. Eu estou com uma calça preta, descalço e sem camisa. No meu peito, onde a lâmina esta cravada, só ficou uma pequena cicatriz, mas abaixo do peito, cortes de garras e lâminas pingavam um nível gigantesco de sangue. Meu cabelo está um pouco grande demais, formando uma espécie de franja. Meus braços e meus pés estão acorrentados e bastante machucados, e minhas asas estão expostas. Levanto a cabeça. A minha frente, um piso roxo misturado com sangue cercava a área toda. Sangue jorrado na parede exibia alguns símbolos desconhecidos. Parecia uma espécie de estúdio, porém macabro demais. Cabeças de pessoas, todas presas na parede direita com ganchos presos no crânio delas. Olho para baixo novamente. As correntes estão presas dentro do chão, por algo incrivelmente forte. Por um tempo só ouço o meu sangue escorrendo e pingando naquele chão frio e tenebroso. Fico de cabeça baixa por um tempo, até dois pares de sapatos entrarem no meu foco. Levanto a cabeça, um pouco rápido demais, provocando um pequeno estalo na garganta. O homem tinha uma barba preta, não muito curta, mas também não era grande. Ele usava roupas normais; Camisa branca, uma jaqueta preta, calças jeans claras e sapatos pontudos.
– Quem é você? – Pergunto, e logo depois me arrependo de ter feito isso. Minha boca começou a doer depois que as palavras saíram.
– Meu nome é Askam. – Disse num tom de voz frio e assustador.
– Onde estamos? – Me arrisco mais uma vez, e dessa vez, a dor foi menor.
– Não reconhece esse lugar? – Ela apontou a mão para a área toda. Para as paredes com sangue, para um fogo negro que exibia em algumas partes de paredes, para o piso roxo e para a porta negra. – Estamos no inferno, garoto.


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