_ 135 cm. É oficial, eu me casei com uma bolota. – riu Fabinho, enchendo a barriga da esposa de beijos.

_ Cê gosta de me chamar de bolota né? – reclamou Giane, as mãos apoiando as costas – Eu não sei como eu vou aguentar mais um mês.

_ Tente aguentar pelo menos a sessão de fotos. – pediu o rapaz, enquanto os dois desciam as escadas – Minhas mães me matam se não tiverem um monte de fotos da gravidez deles.

_ Mas nós temos um monte de fotos, não sei por que precisamos de um book. – explicou a mulher, entrando no carro com dificuldade – Nem nesse carro enorme eu caibo mais. Capaz de se chamar a ambulância, minha barriga ficar batendo no teto.

_ Bolota e exagerada. Será que ainda tá na garantia pra devolução? – brincou Fabinho, recebendo um tapa – Não me bate que eu to dirigindo moleque. Não quero causar nenhum acidente.

~*~

_ Giane. – cantarolou Camila, saltitando até a amiga – Marcela está com saudade dos priminhos. Fala oi pra Belle e pro Miguel meu amorzinho. – a modelete colou a barriga com a de Giane, enquanto o casal Queiroz-Campana ria.

_ Você com esse negócio de conversa entre as barrigas. – suspirou Giane – Bom, vamos fazer as fotos logo? Hoje tem final do Timão.

_ Ah não Giane, cê tá brincando que vai me inventar de ir pra estádio aos 8 meses de gravidez? – se estarreceu Camila.

_ E você que esse mala aqui deixa? – ela apontou o marido – Não, o Jonas, o Douglas e o Lucindo vão lá em casa assistir o jogo.

_ Isso se ela não estiver dormindo sentada. – riu Fabinho, enquanto entravam no estúdio de fotografia – Muito bem, o que a Malu e o Maurício fazem aqui?

_ Como assim? Nós quatro somos padrinhos desses anjinhos, merecemos fotos com vocês. – retrucou Malu – E também, as três grávidas tem que tirar foto junto.

_ Fraldinha, me explica como eu vim parar no meio de tantos malucos? – sussurrou Giane, e Fabinho riu.

_ A Malu é minha irmã. Agora do Caio... Ninguém mandou namorar um esquisito. – riu o rapaz – Muito bem, vamos logo que a madame aqui logo vai estar reclamando de tudo.

~*~

_ Olha essa que linda amor. – Giane virou o computador para o marido, que concordou – Ai Fabinho, dá opinião.

_ Ela é linda mesmo amor. Todas estão lindas. Porque nós somos lindos. – o publicitário riu, sentando ao lado da esposa – Você quer mesmo selecionar as fotos agora?

_ Claro que sim. O jogo é só mais tarde, e eu não tenho muito que fazer sem conseguir andar. – explicou Giane – Vai, me ajuda.

_ Ah, eu gostei dessa aqui de nós dois. – ele mostrou uma em que estava ajoelhado, beijando a barriga dela. Ela sorria para ele, acariciando os cabelos do marido – Melosa, mas ficou legal.

_ Essa ficou linda também. – Giane mostrou uma em que ela estava sem nada na parte de cima e Fabinho com uma camiseta preta, no fundo preto. Um dos braços dele cobria os seios dela, enquanto o outro abraçava a barriga dela por baixo.

_ Ainda acho que o Caio só quis fazer essas para te ver sem sutiã. – reclamou o rapaz, fazendo Giane rir – Cadê as dos sapatinhos?

_ Aqui... Eu gostei dessa que cê tá fazendo careta. – ela abriu uma das fotos, em que eles estavam de branco, e ele segurava os sapatinhos do Corinthians do lado onde Miguel ficava, e ela um par de sapatinhos do São Paulo do lado que Belle ficava.

_ Nem vem que você também tá fazendo careta. – riu o publicitário – Cara, já pensou se a gente tá aqui falando que ela vai ser são paulina, ele corintiano, e depois é o contrário?

_ Ou pior... Eles virarem santistas ou palmerenses. – se horrorizou a mãe – Miguel e Isabelle, ousem ser porcos ou peixes que mamãe dá uma chinelada.

_ Mas é muito grossa mesmo, impressionante. – debochou o rapaz – E aquelas que eu escrevi o nome deles?

_ Que você rabiscou, cê quer dizer né? – perguntou a mulher – Cara, sua letra é horrível.

_ Tenta escrever com um batom, em uma barriga irregular, e veja se você consegue uma caligrafia aceitável. – ele resmungou – Ah, até que ficou legal vai.

_ Amor, seu M tá mais torto que o Quasimodo. – gargalhou Giane, e Fabinho fez bico – Mas tá lindo. As crianças vão achar lindo o dia que virem as fotos.

_ Eu sei que vão. – sorriu Fabinho, acariciando a barriga de Giane – Eles tão quietinhos hoje né?

_ Cê que pensa. – reclamou ela – Não param quietos. Tá desconfortável demais.

_ É que você tá pilhada com o jogo do Corinthians. – riu ele, beijando o rosto dela – Agora vamos ver as fotos com os padrinhos.

Por fim escolheram uma foto, tirada pelo disparador remoto, em que os seis estão sentados no chão. Giane está entre as pernas de Fabinho, e Malu e Camila estão no colo dos maridos, os seis com as mãos praticamente cobrindo a barriga de Giane. Pegaram uma também, quase na mesma posição, mas tirada sem querer, em que os seis estão gargalhando.

_ Essa da escadinha de grávidas está hilária. – Fabinho abriu outra, em que Giane, Camila e Malu aparecem de lado, mostrando as barrigas.

_ Só me faz me sentir gorda. – resmungou a grávida, e Fabinho lhe beijou o rosto.

_ Está linda. – garantiu ele, fazendo-a sorrir.

~*~

_ POHA, FALTAM 2 MINUTOS PARA ACABAR O PRIMEIRO TEMPO. – gritava Lucindo, de pé no sofá da sala.

Os três rapazes haviam chegado por volta das 21h, para o jogo que começaria às 22h. Haviam comprado sete pizzas, cinco engradados de cerveja e três caixas de suco, que agora jaziam no lixo da casa.

Fabinho estava em seu escritório, tentando ignorar a gritaria e os palavrões. Giane havia melhorado o vocabulário, mas em dias de jogo, voltava a ser um moleque sem eira nem beira.

_ JUIZ FILHO DA PUTA. FOI FALTA, É PENALTI. – berrou Giane, pulando do sofá – É PENALTI E... AI.

_ Giane, que foi? – perguntou Jonas, amparando a amiga, enquanto Fabinho saia aos pulos do escritório.

_ Eles tão chutando muito. – reclamou ela, respirando fundo – E ferrando minha bexiga.

_ Vai fazer xixi e senta um pouco. – propôs Fabinho.

_ Mas tá no fim do... CHUTA PRO GOL IMBECIL, CHUTA LOGO. – Giane desviou o rosto do marido, gritando com a televisão.

_ Giane, você fez xixi na calça cara, que nojo. – apontou Douglas, e Fabinho bufou.

_ Fica ai na tua mané. Moleque, vai no banheiro. Vou buscar outro short e calcinha pra você.

Ele subiu, ouvindo os gritos e ofensas pelo fim do primeiro tempo. O placar era Corinthians, 1, e o outro time, que ele nem fazia ideia qual era, 2.

_ Tem certeza que você tá bem? – Fabinho perguntou, enquanto Giane saia do banheiro com o rosto vermelho.

_ É adrenalina cara, muita adrenalina. – garantiu ela, dando um selinho no marido – Agora deixa eu ir, que estão reprisando as melhores jogadas.

Mas o publicitário não se aquietou e resolveu ficar na sala, assistindo o jogo com o quarteto. Quando o jogo voltou, Giane logo desatou a gritar e xingar. Porém, esporadicamente, ela dava um guincho de dor, dizendo que algum dos bebês havia dado um chute mais forte, ou justificando como reação para algo no jogo.

Com o passar do tempo, os intervalos entre os gritos foram diminuindo, e isso intrigou Fabinho. Ele começou a marcar no relógio, enquanto via os motivos ficando cada vez mais imbecis.

_ Mas Giane, não tá acontecendo nada para você gritar assim. – comentou Jonas, após um grito particularmente forte.

_ É que faltam 5 minutos para terminar o jogo e tá empatado. – explicou a garota, suando frio – E eu to ansiosa.

Fabinho saiu da sala, subindo as escadas. Os três rapazes estranharam, mas continuaram assistindo o jogo.

_ Ai maluco, prorrogação. Vamo lá Timão, um gol. – implorou Lucindo, quase abraçando a TV.

_ Sai da frente cara. – rosnou Giane, agarrada com o braço do sofá.

Apreensão. Um passe bem feito. Um chute bem executado. Uma falha do goleiro.

_ GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL. – os quatro pularam, gritando e cantando o hino do Corinthians, enquanto na TV o time comemorava.

_ Pronto, muito bonito. – Fabinho desceu as escadas com duas malas – Agora podemos ir pro hospital logo ou você quer dar a luz aqui em casa?