O Ciclo dos Mortos escrita por Gabriel Barbosa Haguiô


Capítulo 5
Um dia de caçadora




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CLOVE:

Já era dia quando abri meus olhos. Parece que esta noite passara mais rápido do que a luz. Ethan ainda estava dormindo quando eu me levantei da cama para conferir.

Coloco um par de sapatos da Adidas em meus pés, uma camisa regata preta, uma jaqueta de tom castanho-claro e permaneço com as mesmas calças jeans.

Abro e fecho a porta cuidadosamente para não acordar Ethan, e vou até a porta da delegacia. Lá, encontro Alastor dormindo em vez de proteger a entrada de qualquer invasão de errantes. Isto pode parecer bobo para os mais desatualizados, mas o mundo mudou por completo.

– Alastor, acorde! - digo, em uma tentativa de acordá-lo. Ele sequer faz alguma ação. Por isso, tento cutucar o seu cotovelo. É necessário fazer isso umas quatro vezes até que ele consiga acordar.

– O que foi? - ele dizia, enquanto babava no chão.

– Vamos caçar ou não?

– Sim, sim. Pegue seu arco-e-flecha que eu vou acordar o Ethan.

– O.k.

Desço até o arsenal de armas, de forma demasiada lenta. Encontro o meu arco e minha aljava de flechas entre o conjunto de algumas que Alastor deixara, bem no canto da sala. Sem pensar, as pego.

Volto até a entrada, onde vejo Alastor e Ethan debatendo algo:

– Bom, eu nunca atirei em toda a minha vida - Ethan dizia - Sou apenas um ex-professor de História.

– Hoje irá aprender - disse Alastor - Não se preocupe, eu lhe ensino. Basta estar calmo, destravar a arma, mirar no alvo e... BANG!

– Entendi... eu acho.

– Sua escopeta de caça está lá em baixo.

Tento não me intrometer na conversa, mas Ethan desce para o arsenal. Então, tento falar com Alastor:

– Vamos ou não?

– Espere Eth...

Logo quando Alastor ia completar a sua frase, Ethan apareceu como um vulto. Se as portas da delegacia não estivessem trancadas, deduziria de que seria um errante.

– Vamos agora? - pergunto, novamente.

– Sim, Clove. - respondeu Alastor - Fiquem atrás de mim, e, se necessário, tentem parar os errantes com suas armas.

Com um chute extremamente forte, Alastor abre a porta. Carregava em suas costas a mochila que, segundo meus instintos, era de Ethan. Ela se encontrava aberta para o mapa de Dallas caber.

Ethan era o único que não sabia atirar. De meia-dúzia de tiros que ele dava, apenas dois acertavam o alvo. Como meu pai era policial, quase nunca o via em casa. Mas, quando o via, ele sempre me ensinava como usar uma arma. A minha preferida era o arco-e-flecha. Além disso, Alastor também me dissera que era militar, então não haveria problemas em deixar uma arma com ele.

– Para aquela floresta! - Alastor apontava, mais ao norte.

Os errantes - que antes, estavam atrás da delegacia - começam a aparecer de todos os lados. Enquanto tentamos chegar à floresta, Ethan atirava nos errantes para tentar matá-los, errando a maioria dos tiros. Alastor usava sua escopeta não só para atirar neles, mas para cortar a cabeça dos mesmos, como se fosse uma arma branca.

Após algum tempo, conseguimos chegar a floresta. Logo de cara, me deparo com um esquilo.

– Olh...

– Deixa comigo. - digo, antes mesmo de Ethan conseguir apontar para o coitado animal. "Me desculpe, mas você é necessário para nossa sobrevivência" penso, trocando diálogos com o esquilo mentalmente. Sempre tive pena dos animais, mas eu amadureci.

Miro com o arco-e-flecha na barriga do esquilo. Logo após isso, pego uma flecha da minha aljava. A coloco cuidadosamente no arco. Então, atiro. A flecha acerta o esquilo, no qual cai no gramado e morre.

– Esfole-o, Ethan. - Alastor ordena. Ethan vai até o corpo morto do animal, retira a minha flecha, e corta a barriga do esquilo. De lá, arranca o seu pequeno coração e um pouco de carne. Ele devolve a minha flecha e reparte os pedaços da carne. E, com uma carne em suas mãos, a primeira coisa que você pensaria era comê-la. E, realmente, a mesma estava deliciosa.

– Que coisa boa! - Ethan diz.

– Concordo. - afirma Alastor.
–-

Após algum tempo, terminamos de degustar a maravilha da carne do esquilo. Embora esta estivesse crua, ainda estava muito boa.

Contínuamos adiante, em busca de mais animais para caçar. No caminho, encontramos dois veados (um escapou, mas o outro foi morto e esfolado), uma águia e um crocodilo. Por conta desta variação de animais, percebi que não estávamos mais em um bosque, mas em um pântano. Eu nem sabia que existiam pântanos em Dallas.

– Estamos no pântano ou é impressão minha?

– Acho que... é, estamos no pântano. - Ethan diz - Alastor, quanto tempo ainda temos? - a ńica coisa que faço para Ethan e Alastor é franzir a minha testa, já que eu não sabia do que o assunto se tratava.

– Quatro minutos - Alastor confere em um relógio de pulso, que mal parecia um relógio. Aquele tipo de "bem material" poderia ser até mesmo classificado por jóia, mas não por relógio.

– Do que vocês estão falando? - pergunto.

– Plantamo... - dizia Ethan, enquanto sua fala era interrompida por um chute extremamente forte de Alastor.

– Nada. - disse Alastor.

Eu conhecia o jeito do Alastor. Tive que ficar presa em uma delegacia com ele duas semanas seguidas, e esquecer as suas características já era demais.

– Conte-me. - digo - Eu sei que você estão escondendo algo.

– Não estamos! - Alastor e Ethan exclamam ao mesmo tempo.

– O.k., então, daqui a estes tais quatro minutos, eu poderei realmente acreditar de que não há nenhum segredo que vocês estão escondendo de mim?

O silêncio toma conta do local. Nem mesmo os tordos - que faziam um barulho danado - estavam emitindo tanto som quanto nas últimas horas.

Alastor murmura algo no ouvido de Ethan, cujo eu não consegui ouvir. Provavelmente seria alguma coisa que eles estavam escondendo de mim... e eu sou o tipo de pessoa que não aceita essas coisas.

– FALEM LOGO! - berro. De repente, todas as aves que sentiam-se aconchegadas nos galhos das árvores voam, mas não podia ter sido o meu grito, pois elas voaram para longe antes mesmo de eu me irritar com a situação - Parem de murmurar coisas entre si e falem logo o que é!

– Menos de um minuto. - Alastor diz.

– Fale... logo... antes que eu me estresse mais ainda - digo.

– Eu e Alastor plantamos algumas bombas adesivas na delegacia. - Ethan confessa - Colocamos um timer para elas explodirem, e...

– Dez segundos - Alastor alerta. - Corram! Vai dar para sentir a explosão até mesmo daqui!

Começamos a correr rapidamente para o norte da floresta. Após uns sete segundos se passarem, chego à conclusão de que estamos em uma área segura da explosão. O grande problema era que, quando eu olhei para os lados, só havia eu e Ethan no local.

– Onde está o Alastor? - pergunto para Ethan.

– Eu não sei. - ele responde - ALASTOR!

Ele mal precisava gritar em busca dele. Quando eu olhei para trás, encontrei o mesmo sob um errante, que tentava o morder. E, enquanto pensávamos que era tarde demais, um tiro explode a cabeça do errante.


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