O Ciclo dos Mortos escrita por Gabriel Barbosa Haguiô


Capítulo 4
Dominados




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ALASTOR:

Já fazia vinte minutos desde que Ethan entrara na sala. Quando eles finalmente saíram, agradeci por não ter de mais ficar olhando para aquele número "21".

– Finalmente! - digo, quando vejo Ethan e Clove saírem da sala - E então, Clove, vai juntar-se a nós?

– Sim. - ela balança a cabeça de maneira positiva

– Vamos caçar amanhã. Por ora, vamos reservar nossas armas - digo.

– O.k. - Ethan concorda.

Descemos até o primeiro andar pela tábua que deixei ali há algum tempo atrás. Como o arsenal de armas está localizado no subsolo da delegacia, teremos de enfrentar um caminho demasiado longo. Em meio ao mesmo, dou um copo de água para Clove. Rapidamente, ela a bebe.

Eu, Ethan e Clove vamos até a entrada da delegacia, que se encontra trancada por alguns pedaços de madeira. Então, quando viramos a esquerda, nos deparamos com uma escada que leva para baixo escondida em meio a algumas plantas. Chamo os dois para virem até cá.

– Ali em baixo está o arsenal de armas - digo - Vão reservando as suas que eu vou ver como está a situação lá fora.

– Está bem - Clove diz. Ethan faz um gesto com o polegar, indicando um "sim" ou "tudo bem" para mim.

Primeiro, pego um martelo que está jogado no chão e começo a retirar os pedaços de madeira da porta. Então, decido abri-la. Quando coloco minha cabeça para fora, me arrependo na mesma hora.

Não sei como, mas um errante conseguiu passar das cercas elétricas. Ele começou a tentar morder o meu pulso. Chuto-o para longe, mas suas energias ainda não estão acabadas. Ele continua tentando contra-atacar-me. Então, ele avança com tudo para a parte interior da delegacia.

Antes de eu conseguir até mesmo fechar as portas, o errante me joga no chão.

Nunca soube que os errantes realmente tinham esta força sobrenatural consigo mesmos. Ele tentou morder meu ombro desta vez, e estava quase conseguido.
A minha sorte foi que uma linha extremamente brilhante passou de raspão no morto-vivo, matando-o... pela segunda vez.

Sim, foi isto mesmo que eu vi: um tiro que passou de raspão no errante e o matou. Apenas restava saber: quem atirou, afinal? Se Ethan e Clove estavam organizando as armas, quem mais poderia ter sido?

Um errante estaria muito, mas muito fora de questão. Então, apenas nos resta uma alternativa: foi um sobrevivente?

Fico cansado de pensar nisso. Levanto e fecho a porta rapidamente. Pego um punhado de correntes e faço um nó entre as duas para trancá-la.
Desço o lance de escadas de forma veloz e com a aparência de uma mãe sabendo que seu filho pode estar morrendo em um determinado local.

Quando chego, encontro Ethan com uma carabina em suas mãos, e Clove com um arco equipado com uma mira laser.

– Temos que sair daqui! - alerto-os.

– Por que? - Ethan pergunta.

– Errantes, se acumulando por aqui - respondo - Quase morri para um neste exato momento.

– Poderíamos encontrar um novo abrigo em meio a caça de amanhã. - Clove sugere.

Penso, por um curto tempo naquela hipótese. Lembro de um geólogo que trabalhava para a polícia de Dallas que sempre deixava mapas da cidade no escritório do delegado. Poderíamos pegar um desses mapas para ver uma área segura mais próxima.

– Não é uma má ideia - digo - Havia um geólogo que trazia mapas da cidade para o delegado toda a semana. Ele foi um dos primeiros a morrer nas mãos dos errantes.

– E onde está o escritório do delegado? - Ethan volta a questionar.

– Terceiro andar, sala Nº 38, se não me engano. - respondo - Encontro vocês lá. Ethan, pegue uma besta para mim.

– Não tem besta, eu já verifiquei!

– Tem uma escopeta?

– Sim!

– Pegue-a para mim.

Vou correndo para o terceiro andar.. Subo a tábua que leva para o segundo piso e corro mais rápido que a luz para chegar ao lance de escadas que leva para o terceiro.
Quando chego ao local onde deveria estar as escadas, encontro elas totalmente destruídas, formando um grande buraco cujo é possível ver do primeiro piso.

Do outro lado do segundo andar, há uma parte do terceiro piso caindo. Tento subir nela, mas não sou alto o bastante para isso, e não havia objetos para auxiliarem-me na subida.
Isto significava que eu necessitaria da ajuda de duas pessoas...

– ETHAN, CLOVE! - grito. Em um piscar de olhos, eles aparecem defronte a porta de entrada da delegacia.

– O QUE VOCÊ QUER?! - Ethan exclama, mais alto até mesmo do que eu.

– AJUDE-ME A SUBIR!

Ele sussurra algo para Clove, que sugiro que seja "guarde as armas" devido a linguagem labial. Ethan sobe rapidamente, que parecia até um velocista olímpico.

– O que você quer? - quando vejo, ele já está nas minhas costas, mais ou menos trinta segundos depois que eu o chamei.
– Se abaixe - digo. Ele fica encolhido no chão, permitindo que eu suba em cima dele para conseguir chegar no terceiro piso. E eu faço isso.

– Me espere - afirmo para Ethan.

Procuro desesperadamente pela sala Nº 38. Quando consigo achar a mesma, apenas vejo uma sala aberta e coberta de sangue com uma janela exibindo o Sol se pondo. Além disso, o cadáver do delegado também está lá. Lembro de tê-lo matado quando era um errante em uma noite. Estava com uma Magnum em minhas mãos, e não ia desperdiçar o seu único e último tiro.

Decido procurar nas gavetas de uma pequena escrivaninha. Na quarta gaveta do lado direito, acho o mapa.

Ainda mais veloz que Ethan, corro e pulo para o segundo andar, sem a ajuda dele desta vez. Embora eu quase caísse de primeira para o térreo, não me arrependo disso.

– Este é o mapa - entrego-o para Ethan - Onde está minha escopeta?

– Com Clove. - ele responde.

Vou até ela. Quando chego, consigo pegar a minha arma. E como a noite já está chegando, teríamos de ser ágeis em pensar em um plano.
Ethan desce até o primeiro piso pela tábua que deixei. Ele está com o mapa que peguei da sala do delegado.

– Bom, há algum abrigo seguro por perto? - ele pergunta. Clove aponta para um quadrado cor-de-pele no mapa.

– Aqui, se não me engano, há um hotel. - Clove sugere - Ele tinha energia própria, assim como aqui. Do lado dele, também havia uma usina totalmente podre e destruída, se é que estou me recordando direito.

– O.k. Tentaremos ir aí amanhã. - digo - Porém, primeiro, caçaremos alguns animais juntos. Algum problema?

– Não. - Ethan e Clove dizem ao mesmo tempo,

– Bom, então alguém vai ter que ficar de guarda esta noite. Quem topa?
Ambos os olhares de Ethan e Clove direcionam-se aos meus, além de suas sobrancelhas franzidas. Isto só poderia significar algo: era eu que ficaria de guarda esta noite.

– Está bem, está bem. Eu fico de guarda - rendo-me - Vão dormir.

– Onde dormiremos? - Ethan pergunta.

– Sigam-me - digo para ambos.
Dirijo-me à área que divide a tábua que leva para o segundo andar do lance de escadas que também nos leva para o mesmo. Há uma porta que leva para um vasto cômodo. Lá, deixei algumas camas que consegui pegar de um caminhão de reformas que encontava-se - e ainda se encontra - capotado e sem combustível na floresta. Aproveitei a ausência dos errantes naquele lugar e trouxe-as para cá.

– Aqui estão as camas. - digo, enquanto Ethan e Clove vão até as camas para se deitarem - Tenham uma boa noite.


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