Oito anos se passaram desde que Joseph se foi. Naquela noite, no cemitério, eu senti, pela primeira vez, como é amar e ser amada. Ele me fez a mulher mais feliz do mundo. Sei que é estranho, já que me refiro há um espírito, mas Joseph, com um simples beijo, fez com que tudo fizesse sentido.

Sei que Joseph nunca deixou de me amar, por nem um segundo. Agora eu me reconheço, encontrei a parte que faltava em mim. E esta parte eu só poderia achar com Joseph. Ele trouxe Antônia de volta. Ele me trouxe de volta.

Eu adoraria dizer que ele ficou no dia seguinte. Adoraria contar que nós estamos juntos e temos uma linda filhinha a quem demos o nome de Estrela Aurora. Mas então não seria real. E esta é uma história real.

Ele se foi.

Assim, para o céu, como uma linda estrela. Muita luz a sua volta. E depois de anos, eu soube que ele finalmente estava em paz. E eu também estava em paz.

Achei que o mundo deveria conhecer esta história. Descobri que Em Lugar do Frio jamais havia sido publicado, e o meu livro é um exemplar único. Então eu o publiquei, Marcus como autor, e eu simplesmente apareci no final, acrescendo uma coisa aqui e outra coisa acolá, sobre a minha história com Joseph. Com o dinheiro que ganhei com a venda dos livros, criei uma instituição para crianças órfãs, chamada Estrela da Manhã. Desde então, tudo que é arrecadado é enviado para o orfanato.

Agora, depois de oito anos, estou casada com um homem incrível, que faz de tudo para me fazer feliz. Eu o amo, sim. Mas ele jamais será o Joseph, o meu Joseph. Porque Joseph é para sempre. O meu primeiro, único e grande amor.

Lucian – o nome do meu marido – deu-me um lindo presente. Estou grávida. Não sei o sexo da criança porque eu e Lucian decidimos que seria uma surpresa para nós também. Acontece que parece que o pequeno ou a pequena já quer vir dar um oi ao mundo. As dores do parto são insuportáveis.

– Lucian! – grito, agarrando-me a cama e apertando a mão do meu marido, enquanto os médicos tentam fazer o seu trabalho. Escolhi um parto normal.

– Estou aqui, força, Liv! Está nascendo! – diz Lucian, emocionado.

Eu grito, o suor escorrendo por meu rosto.

– Vamos lá, Liv! – diz o médico. – Força! Está vindo! Só mais uma vez!

Eu forço. Penso em tudo o que vivi. Penso em Joseph. Não sei por que, mas penso nele. Queria que ele estivesse aqui comigo agora.

E então ouço o choro. Forte. Saudável. Respiro, aliviada, e sorrio, enquanto Lucian me beija.

– É um menino! – o médico grita.

– Ouviu, amor? – Lucian sussurra, e posso ver que ele está chorando. – É um menino.

As lágrimas escorrem por meu rosto. A enfermeira traz ele para perto de mim e eu pego meu menino. E tenho a sensação de estar segurando meu mundo. Sorrio e choro ao mesmo tempo. Meu bebê é forte e saudável. Beijo sua testa, e então ele abre os olhos...

Olhos absurdamente azuis.

E eu choro mais ainda.

Porque ele não me abandonou.

– Qual será o nome? – pergunta Lucian e eu demoro um pouco para responder.

– Joseph – digo baixinho, enquanto uma lágrima escorre por minha face.

O meu Joseph voltou para mim.