As Peripécias de um Astronauta Solitário escrita por Luqui


Capítulo 5
V - Luta, mais luta e alguma emoção.




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Entrei em choque, simplesmente abri a boca, travei e apenas aceitando o fato de uma bola preta vir em minha direção, e nisso eu senti algumas sensações que vou descrever: a primeira, o calor de uma explosão é realmente quente, queima tudo; segunda, o deslocamento de ar causado pela explosão me fez sair voando, que não é nem um confortável, o que nos leva a terceira sensação: cair em um punhado de feno, provavelmente comida daquelas coisas que se pareciam cabras, e isso não foi uma experiência legal. Ao me levantar, vi que Pan estava lutando bravamente com sua espada contra um tipo de Ogro cheio de armadura e pelo menos com uns 3 metros de altura. Valentina estava lutando com um feiticeiro, que por alguma jogada irônica do destino, era um anão e ainda mais alto que ela.

Meu corpo inteiro doía, eu estava tonto e temporariamente surdo, mas precisava levantar e tentar fazer algo de útil, nessa ideia, um bicho enorme veio me atacar e quase conseguiu, mas foi impedido pelo tal de indiano pirata. Depois de atacar a fera, ele se virou para mim com a espada empunhada no meu peito.

– Você está conosco, não é? - Ele perguntou.

– Do lado da capitã. – Respondi firme.

Ele girou a espada e entregou-me, estendeu a mão, me levantou, piscou um olho e saiu, gritando, atacando três Ogros à direita. Tive que me mover rápido, atrás de mim havia um ser enorme e com garras (eram grandes só para constar), de certo queria me devorar como um petisco. Então o monstro saltou e me derrubou no chão, porém, a espada perfurou seu peito e o corpo, já sem vida, caiu ao lado. Levantei-me de novo, observando todos lutarem, procurando por Pan novamente, que ao localiza-lo havia acabado de eliminar mais um inimigo com um movimento rápido. Corri para me juntar próximo dele.

– Mestre! - Gritou, enfiando sua espada em mais um inimigo.

Ao me juntar a ele, pegando a Flor em sua mão, vários monstros e seres estranhos se voltaram para nós, percebi que cada vez mais apareciam mais, e mais. Íamos perder, podíamos ficar lutando para sempre, até o ultimo homem cair. Eu não havia sido o único a perceber isso, Valentina gritava para que todos se unissem e ficassem lado a lado, atacando e defendendo, e foi isso que fizemos até o momento que tudo escureceu, e uma figura sombria apareceu do nada:

– Apenas nos deem a Flor, e deixaremos vocês em paz. - Disse a figura.

– Acho que você não vai ter ela, colega. - Disse Valentina.

Um silêncio total entre nós e alguns segundos depois a figura disse:

– Pois bem, tragam ela. - Fazendo um movimento com as mãos.

E em segundos, dois monstros pegaram Valentina pelos braços e a carregaram até a beirada do navio, onde a figura apontava.

– Existem dois caminhos, ou vocês me entregam e ela fica bem, ou a Sra. Capitã aqui aprende como é ser um passarinho, acabamos com vocês e pegamos a Flor mesmo. Para mim tanto faz, vou ter ela em minhas mãos de qualquer modo.

Ele falava calmamente, certo que a teria em mãos em pouco tempo. Não achava uma alternativa, precisava de tempo para achar uma solução. "Pense Andrew, pense logo, pen... Pera, pra que pensar? Pare de pensar e improvise, seu idiota!". E eu gritei:

Ôoo, seu cara de mamão! - Tentando chamar a atenção.

– Falou comigo? - Disse ele levantando a sobrancelha intrigado.

– Não, com a gorda de sua mãe! - Foi a primeira coisa que veio na cabeça.

– Ah, mamãe não era nenhuma beldade, mas isso não da direito de chamá-la de gorda, tragam ele também. - Com o mesmo movimento de antes, dois monstros me agarraram e me levaram ao lado da Capitã.

***

“Você é um estúpido, idiota, babaca, um total imbecil." Com essas delicadas palavras que saíram da boca de Valentina para minha pessoa, nós dois fomos amarrados de ponta cabeça na proa do navio. Uma experiência bem legal, tirando o fato de que podíamos cair a qualquer momento de uma altura suficientemente para matar qualquer coisa.

– Quem é você mesmo? - Perguntei pela terceira vez seguida.

– Qual o seu problema? Eu já disse que sou Glutov, Sub-General do Exército Málica. E eu preciso da Flor, logo. - Disse a figura.

Valentina tentava se soltar, mas estava bem amarrada. Ao contrário de mim, eu consegui deixar uma mão solta, podendo alcançar meu cinto.

– Calma senhorita. Eu tenho um plano para tirar a gente daqui. - Eu disse com leveza.

– Que seja rápido então, pois esse seu papo-furado não vai durar muito! - Ela sussurrou.

O plano era o seguinte: entregar uma Flor falsa no lugar da verdadeira, pois tinha um Clonador de Objetos em meu cinto de utensílios. Pode até ser bem brega, mas é útil. Valentina achou absurdo no começo, mas como não tinha ideia melhor, concordou.

– Vamos entregar a Flor! - Gritei.

– Assim que eu gosto, Sr.Comandante! - Disse Glutov.

Eles nos puxaram para cima, disse que eu precisava ir pegar a flor que estava escondida, um monstro me acompanhou para ter certeza que o prisioneiro não iria fugir, porém era extremamente burro, e copiei a Flor sem problemas. Voltando ao convés, sendo empurrado de novo pelo mesmo corredor da primeira vez.

– Aqui está agora nos deixe em paz. - Falei, estendendo a cópia para o monstro.

– Ah sim, muito obrigado, comandante… Agora os amarrem novamente. - Disse com a mesma calma de sempre.

– Mas espera, e a parte do trato? Vocês já tem a Flor! - Gritei desesperado.

– Ops, eu menti. - Respondeu aos risos.

A raiva subiu em todos, e atacamos mesmo sem espadas.

***

Voltamos ao mesmo estado de antes, quanto mais monstros derrubávamos, mais apareciam. Derrubando cada vez mais, parecíamos um trator passando por cima de ovos, destruindo tudo ao nosso redor.

– Ok, chega de brincadeira. - Vociferou Glutov.

Nisso, tudo explodiu novamente, o mundo girou, os marujos caíram desacordados, todos os monstros também. Apenas eu, Valentina e Glutov de pé, e não havia mais planos. Glutov me agarrou e jogou longe, nisso Valentina o atacou pelas costas, ela sempre se desviando. Levantei-me novamente para ajudar, a Capitã saltava dos rápidos ataques dele, parecia um canguru, ao chegar perto ela gritou:

– Me ajude seu imb…

Tudo aconteceu muito rápido, ela levou um golpe e saindo voando pela beirada, corri para lá e ela estava agarrada na corda.

– Vou te trazer pra cima, aguente firme. - Gritei.

Porem, eu havia esquecido Glutov, ele me atacou pelas costas e me jogou da beirada, e rapidamente agarrei a corda alguns metros em cima de Valentina.

– Opa, o que temos aqui, os dois presos numa corda, a qual é a única salvação de evitar uma queda fatal. Interessante… e se eu cortar aqui para deixar tudo mais emocionante? - Nisso ele deu um arranhão com a espada.

– Agora se divirtam! - Disse.

E sumiu entre uma negra fumaça e rindo.

– Calma muita calma. Vamos sair dessa, juntos. - Falei.

– Nós dois sabemos que a corda não vai aguentar o nosso peso junto... E não se esqueça da profecia. - Disse Valentina com o mesmo sorriso besta da primeira vez que ela me encarou.

– Profecia? Que profecia? Deixa isso pra lá, me dê sua mão. - No movimento de esticar a mão, a corda se soltou um pouco mais.

– Fique parado seu idiota, essa corda é fraca! - Gritou. - Procure o Ancião da Floresta Sombria, ele irá te ajudar.

– Nós dois iremos procura-lo juntos, somos uma equipe agora! - Gritei quase chorando, eu sabia o que ela iria fazer.

– É comandante… tenha cuidado com o meu navio e bem que Pan falou, você é mesmo uma pessoa diferente. - Disse calmamente.

– PARE COM ISSO, ME DÊ A SUA MÃO! - Gritei.

– Foi um prazer lutar ao seu lado, até algum dia, Capitão. - E em um rápido movimento ela pegou a faca, e cortou a corda, e só a vi, sem reação, caindo entre as nuvens.

***

Eu fiquei totalmente paralisado segurando na corda, até Pan gritar dizendo que ia me puxar para cima e me tirar daquela situação. Já no convés, todos os marujos acordados me perguntando o que havia acontecido e onde estava Valentina, e após ter contado tudo o que havia acontecido, eu disse:

– Ela se foi, e a culpa é minha por não tê-la salvado. E me transformou em Capitão do navio.

Todos concordaram sem hesitar, e foram fazer suas tarefas diárias, porém pude ver a tristeza em seus sorrisos disfarçados e em suas risadas sem alegria.

Eles estavam tristes por perderem sua Capitã, e eu por perder uma nova amiga.


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Notas finais do capítulo

... ;-;



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