Não demorou muito para eu e Maxon sairmos de lá. Fomos para a sala onde a Sylvia costumava ficar. Era próxima do salão das mulheres e Maxon tinha certeza que teria um telefone ali. Eu já sabia o numero da Nicoletta de cabeça, ela atendeu quase de primeira.

– Ciao?

– Nicoletta?

– America. Ufa, eu já estava achando que você não ia ligar.

– Eu também.

– Porque você esta agindo assim?

– Primeiro, conseguiu o que eu te pedi?

– Consegui, vou te mandar.

– Como?

– Fax. Antiquado não? Haha. Mas aqui ta dizendo que esse aparelho telefônico tem. Então..

– Certo. Então mande.

– Ta recebendo? Eu resumi ao máximo.

– To sim. Muito obrigado.

– America, me explica o porquê. Você esta agindo estranha. Porque isso tudo é tão secreto?

– Certo Nicoletta, vou te dizer – Maxon gesticulava para eu não fazer, mas eu resolvi ignorar.

Eu achei ate que a linha tivesse caído, pois Nicoletta ficou muda ao telefone.

– Nicoletta?

– America, precisamos fazer algo! Eles não podem fazer a família real de refém dessa forma! Eu vou falar com meu pai e..

– Nicoletta, eu não sei se isso ajudaria.

– Nem adianta. Eu vou fazer algo para te ajudar. Enquanto isso mantenha seu plano. Estude formas de eliminar as castas. Colabore com eles e assim que der me ligue. E eu conto o que consegui e você me conta o que você conseguiu.

– Certo. Eu ligo assim que der então. Obrigada pela ajuda Nicoletta.

– Não me agradeça. Ate breve!

– Ate breve!

Desliguei o telefone e me virei para Maxon, que estava pegando as folhas que Nicolleta tinha mandado e colocando dentro de uma pasta, intercalando com algumas revistas de moda. Ele estava serio, me entregou algumas revistas e fechou a pasta.

– Porque isso? – eu perguntei

– Não podemos sair de mãos vazias. Temos que ter um pretexto – ele respondeu ainda sem me olhar.

– Não me refiro a isso. Porque não me olha?

Maxon parou o que estava fazendo e me olhou. Ficamos em silencio alguns instantes.

– Você ignorou completamente o que te dizia. Você contou para ela.

– Foi preciso Maxon. Não podemos esperar que tudo vá terminar bem. Depois que dermos o que ele quer, o que acontece depois? Eles apertão nossas mãos e vão embora, em direção ao por do sol?

– America! – Maxon estava exaltado – Você pode ter feito algo, que prejudicaria toda nossa família!

– Maxon, eu..

– Você não vê? – Maxon estava quase gritando.

– Não! Você que não vê! Você esta se sujeitando a eles!

– E o que você sugere?

– Nicoletta esta disposta a nos ajudar. Amanha vamos ligar para ela, se der.

Maxon respirou fundo e soltou o ar rápido. Eu estava abraçada as revistas que ele havia me dado. Maxon abriu a porta e deu espaço para que eu passasse. Voltamos para o salão das mulheres. Michel estava lá e quando entramos ele virou para nós.

– Estava mesmo me perguntando onde vocês estavam – ele disse – Foram dar uma rapidinha?

– Me respeite – eu o cortei – fomos buscar revistas, temos um casamento próximo, e por sua causa, estamos atrasados.

– E na pasta? – Michel perguntou apontando para Maxon.

Maxon apenas abriu a pasta e virou ela aberta na direção de Michel, mostrando revistas para ele.

– Certo. Todos para seus quartos! Se arrumem para o jantar. Hoje é dia de comemorar.

– Comemorar o que? – perguntou meu pai.

– Comemorar que nosso querido rei e seu filho voltaram – Michel respondeu sorrindo cinicamente – Não vou falar novamente. Vocês tem uma hora.

E assim ele se retirou, enquanto eu ia ate o sofá e recolhia as revistas que tinham post-it e entregava para Maxon carregar. Michel olhou uma ultima vez para nós e nossos olhares se encontraram antes dele sair. Todos se retiraram em silencio, mas a rainha me olhava, como se entendesse o porquê de eu e Maxon termos saído, mas não disse nada.

Eu e Maxon fomos em silencio o caminho todo, e entramos no quarto dele. Eu deitei na cama e fiquei assistindo um Maxon inquieto, andando de um lado para o outro escolhendo onde guardaria a pasta. Cansada daquilo, peguei a pasta da mão dele , tirei os papeis e coloquei em cima da mesa, em baixo de outros papel dele.

– Bem sutil. Ótimo esconderijo a propósito – Maxon disse cruzando os braços.

– Se eles forem procurar algo, não olharam num lugar tão obvio, e sim em lugares incomuns. Embaixo do colchão, dentro de um móvel pouco usado, atrás do armário..

– Se você esta dizendo.

– Para! – eu disse quase gritando.

– Com o que?

– Para de me tratar assim – eu prendia o choro, por isso minha voz estava falhada – você faria o mesmo se minha vida estivesse em perigo. Eu fiz o que achei certo. Então pare de me tratar com indiferença!

– Sabe? – Maxon começou – Eu queria concordar com você. Mas a sensação de que você vai fazer o mesmo que fez quando eu te dei o diário de Gregory Illéa..

– Como é que é? – eu o interrompi quase gritando.

Maxon não disse nada. Apenas se virou, entrou no closet, pegou uma roupa e foi para dentro do banheiro. Depois que ele fechou a porta, eu ainda esperei para ver se ele iria voltar. Mas quando ouvi o barulho do chuveiro, eu percebi que não ia. Fui chorando para o meu quarto e fiz o mesmo que ele. Tomei um banho e coloquei um vestido escuro. Mas fiz isso bem rápido, só para ter certeza que acabaria primeiro que ele. Quando sai do banheiro, ele não estava no meu quarto. Então eu fui embora. Desci apressada e encontrei todos no pé da escada esperando. Quando me ouviram, olharam para cima, e fizeram uma expressão de surpresa, pois eu descia sozinha. Maxon não estava lá. Cheguei ao final da escada e me sentei meio separada de todos. Eu percebia que às vezes as pessoas olhavam para mim, mas respeitavam, pois claramente eu queria ficar sozinha. Mas depois de um tempo a rainha se aproximou e sentou do meu lado.

– Brigaram?

– Ele esta com raiva, porque eu não fiz o que ele queria.

– Maxon sabe ser bem teimoso às vezes. Mas de um tempo a ele, logo logo ele volta atrás – ela disse passando a mão nas minhas costas e se levantou.

Maxon chegou, e tudo o que ele fez foi olhar para mim por um breve momento. Nenhuma palavra foi dita até a porta da sala de refeições e Michel surgiu dela.

– Todos aqui? Então que comecemos a festa! – ele disse abrindo os braços

Entramos, nos sentamos e comemos em silencio. Silencio não, Michel ficava falando, fazendo piadinhas e insinuações, mas creio que, como eu, ninguém estava nem ouvindo. E sempre que eu olhava para o Maxon, ele estava me olhando, o que me fazia desviar o olhar. Quando acabamos de comer, eu me levantei, pedi licença e me virei para ir embora.

– Está tudo bem America? – minha mãe perguntou me fazendo parar e olhar para trás.

– Só um pouco enjoada – eu menti, virando para ir embora novamente - vou deitar.

– Sugiro que você vá também príncipe – disse Michel, me fazendo olhar para trás de novo – pode ser seu filho o causador desse mal estar.

Se olhar matasse, eu teria matado Michel três vezes só ali durante o jantar. Mas Maxon deve ter lembrado do que eu disse, de deixar ele pensar aquelas coisas, para termos sempre um pretexto para sumir. Maxon sem dizer nada, se levantou e foi em minha direção. Me segurou pelo braço e me levou embora. Ele foi ate meio bruto comigo. Ainda estava com raiva.

Quando chegamos ao meu quarto, Maxon fechou a porta atrás dele, se encostou nela e me olhou. Eu permaneci parada, olhando de volta. Após alguns minutos de silencio, eu senti a necessidade de quebra-lo.

– Então?

– Eu ainda estou com raiva, por você ter passado por cima da minha opinião como se fosse nada.

– Max, escuta..

– Não! Escuta você! – Maxon nunca tinha elevado à voz daquela maneira comigo - Desculpa pelo meu comportamento America. Você estava certa. Não podemos dar mole com esse cara. Ele esta cada vez mais ousado com você! Eu estou ficando doido! Precisamos agir. E não podemos estar sozinhos – ele disse, enquanto eu me aproximava lentamente – precisamos dar um jeito nisso e.. – eu estava diante dele, coloquei o dedo no lábio dele, o fazendo para de falar.

Ficamos nos olhando um instante, para logo depois começarmos um beijo. Um beijo urgente e apaixonado, como se não nos víssemos há séculos. Já começou urgente, eu me jogava contra ele, prendendo ele na porta e ele retribuía a urgência apertando minha cintura.

– Não é assim que se resolve uma briga America! Nós.. – Maxon tentava falar, mas eu interrompia com um beijo seguido de outro – Hmm.. precisamos entrar em um consenso e.. – mais beijos, estava deixando Maxon sem conseguir falar quase – Uhh America! – Ouvir meu nome, com aquela voz grave de desejo, me fez sorrir entre os beijos – Eu.. Nós..

– Que tal assim – Eu falei descendo os beijos para seu pescoço – A gente para de falar nisso um pouco e resolve nossas diferenças de outra forma?

– Adorei a ideia – Maxon disse me envolvendo com força e voltando a me beijar.

Eu envolvia seu pescoço com uma mão enquanto usava a outra para bagunçar seus cabelos sempre impecáveis. Maxon passeava com as mãos pelas minhas costas, mas eu sentia que ele as descia cada vez mais. Quando as mãos dele chegaram onde ele queria, senti ele sorrir durante o beijo. Provavelmente porque eu não tive força para parar. Pelo contrario, comecei a tirar o paletó dele o mais rápido que eu podia. Tudo estava indo rápido demais. Maxon me conduzia, ainda sem sair do beijo, para a cama. Ele me deitou cuidadosamente, se colocando em cima de mim, apoiando nos cotovelos. Eu passava as mãos pelo seu peito, tentando tirar a camisa dele, sem sucesso. Maxon saiu de cima de mim e começo a desabotoar a blusa, ato que me fez me levantar de leve e me apoiar nos cotovelos. Já sem a camisa, voltou para cima de mim, iniciando o beijo novamente. Quando seus beijos saíram de meus lábios e começaram a descer, eu usei minhas pernas e braços para envolver ele, e tentar trazer ele mais para perto. Sentia uma das mãos de Maxon passear pela minha perna, desde o tornozelo ate o meu quadril, deixando um rastro de fogo no caminho. Arqueei minhas costas, e Maxon entendeu, pois passou a mão para debaixo das minhas costas e começou a abrir meu vestido.

Já com o vestido aberto, Maxon começou a puxa-lo para baixo, mas fomos interrompidos pelo som da minha porta abrindo. Rapidamente paramos o que fazíamos e olhamos ao mesmo tempo, o coração acelerado de susto.

– Sorte de vocês que sou eu. Mesmo que eu não queira estar vendo essa cena – Aspen disse fechando a porta.

– A senhora educação e seu primo bons modos mandaram um abraço – Maxon disse saindo de cima de mim.

– A senhorita lei de Illéa mandou outro – Aspen respondeu se aproximando

– Quem é você? E como ousa entrar no quarto da .. espera – Maxon parou de falar ficou encarando Aspen, enquanto eu fechava o vestido e sentava na cama, entre os dois.

– Maxon, esse é o Aspen – eu disse me recompondo.

– Aspen! Eu sabia que te conhecia! O que você esta fazendo aqui? Você esta trabalhando com eles!

– Max. Ele que me levou até você – eu disse colocando a mão no ombro dele – na verdade, ele deve ter vindo, porque me deve explicações, não é mesmo Aspen?

Aspen apenas riu, abaixou, pegou a camisa de Maxon no chão, jogou para ele e sentou na cama, de frente para nós.

– Então vamos começar! – Aspen disse sorrindo.