–Meus companheiros e companheiras, nos últimos anos passamos por muitas dificuldades. Com a guerra que nos alastrou com grande ferocidade destruiu sonhos e famílias. E por mais que eu tenha participado do partido nazista como muitos usam essa acusação contra mim, eu participei desde o inicio porque eu acreditava que aquele partido poderia trazer para o povo alemão o que foi perdido na grande guerra, eu queria aquilo. Mas como todos, eu me decepcionei muito com os resultados. Saibam todos vós, que eu ainda quero que o povo alemão recupere o que perdeu na grande guerra e nessa ultima, saibam que eu estou a cada dia tentando isso. Liesel perdeu sua família, e ela é o exemplo de que ainda estou abrigando meu povo e lhe dando proteção...

–Liesel, o que você está fazendo? - Viro assustada. Eu sempre escutei os discursos do prefeito, e Ilsa nunca está em casa essa hora por isso quase caio de susto quando escuto Max. Faço sinal para ele ficar quieto e o guio para fora de casa.

Caminhamos por um tempo e vou até onde Rudy e eu ficávamos observando a biblioteca da casa do prefeito.

–O prefeito está me usando para sua propaganda. Com você lá em casa agora, não duvido que ele não te tenha colocado na lista. – Olho para ver sua reação.

–Como ele espera ser reeleito? Ele era nazista.

–Nessa cidade não tinha muitos judeus – abraço minhas pernas – e o discurso dele é como as palavras de Hitler, que conquista as pessoas facilmente.

Ficamos um tempo em silencio e vejo que ele engole seco. Depois olha para mim por um instante muito longo se aproxima de mim e me abraça forte. Ficamos um tempo assim e quando ele me solta por um tempo ainda ficamos próximos um do outro e apoio minha cabeça em seu ombro, ele passa sua mão pelo meu braço como se ainda estivéssemos abraçados.

–Eu te amo Liesel. - Meu coração dá um pulo. – Você sente o mesmo por mim?

Levanto o olhar para ele e vejo que agora é mesmo a hora de revelar tudo o que sinto por ele. Mas quero guardar um pouco. Então digo apenas pouco do que sinto, mas para ele parece muito.

–Sim. Eu o amo.

Vejo lágrimas de alegria junto com seu sorriso.

–Eu te juro Liesel, que ninguém vai te usar para fins políticos ou lucrativos.

–Mas...

–você confia em mim Liesel?

–Confio Max.

Ele me olha por um tempo longo.

–Então vamos fugir. Para um lugar que não nos lembre mais a guerra, nem que nos maltrate mais. Você e eu.