— Você não é meu pai! Esses documentos são falsos. – gritou sentindo sua garganta reclamar de dor, seus olhos derramavam lagrimas como uma cascata. Aquilo não poderia ser verdade, ou poderia?

— Você é minha filha, Sakura.

— Meus pais são Kizashi e Mebuki Haruno, não tente mentir!

— Kizashi é meu irmão mais novo.

Sakura o olhou, confusa, como ele poderia ser irmão de seu pai? Aquilo não era verdade, seu pai era filho único, Orochimaru só poderia estar mentindo.

— Meu pai é filho único, não tente me enganar.

— Irei te contar uma história...

Sakura o olhou, desconfiada, mas aceitara escutar a conversa, sabia que no final Orochimaru não era seu pai.

Dezessete anos atrás

— Querido, você disse que tiraria férias.

Uma mulher de cabelos pretos, olhos verdes e pele bronzeada, falava docemente com seu marido, enquanto acariciava seu ventre elevado. Seus nove meses de gestação lhe proporcionava uma barriga redonda e adorável, e algumas cólicas também.

— Eu sei meu anjo, mas essa é uma missão importante.

O homem vestia uma roupa do FBI, e olhava com carinho para sua esposa, Kishiro era a maior felicidade de sua vida, e logo o bebê que estavam esperando faria parte daquela pequena, mas aconchegante família. Hiroshi se aproximou de Kishiro beijando-lhe os lábios com delicadeza, e acariciou seu ventre com cuidado e adoração.

— Espero que ela herde seus olhos adoráveis.

— Nada disso, seus olhos são mais bonitos, Hiroshi.

O homem a olha, enquanto sorri, Kishiro era realmente teimosa. Sempre falava que os olhos dela eram como a luz de sua vida, mas ela sempre dizia que os olhos dele eram lindos e que sua filha deveria herdar.

— A pequena Sakura irá escolher, não é pequena? – disse sentindo a bebê mexer contra sua mão.

— Não é justo, ela já está apaixonada por você. – diz emburrada, ouvindo a risada de Hiroshi.

— Linda. Prometo que volto antes do jantar. – disse acariciando o rosto da mulher, enquanto beijava sua testa.

— Tudo bem, cuidado querido, Sakura e eu estamos esperando você. – sorriu apaixonada para o homem.

Hiroshi sorriu de canto, saindo.

—*–

— Ai!

Correu entrando em casa rapidamente, encontrando sua esposa sentada no chão, gritando de dor. Tinha se atrasado para o jantar, e esperava que sua esposa não ficasse chateada, ate flores havia comprado, mas ao ouvir o grito de sua esposa, largou as flores e entrou correndo.

— Kishiro! O que houve?

Perguntou se ajoelhando em frente à mulher, vendo uma o chão molhada ao seu lado.

— A bolsaaa, ela estourou. – disse sentindo as contrações mais fortes. – Preciso de um... HOSPITAL! – Gritou apertando a mão do marido, sentindo as dores aumentarem.

Hiroshi a olhou surpreso, mas ao digerir a surpresa pegou sua esposa no colo, correndo até o carro.

— Calma meu amor, respira fundo, já estamos chegando. – tentou tranquiliza-la, entrando no carro, dando partida no mesmo.

— Você que precisa se acalmar, do jeito que está dirigindo vai acabar nos matando. – disse, respirando fundo.

Hiroshi olhou para a face contraída de sua esposa pela dor e sentiu um aperto em seu coração, sabia que era algo inevitável, mas não conseguia reprimir o sofrimento que sentia ao ver sua esposa com dor. Respirou fundo tentando se controlar, estava mais nervoso que sua esposa que estava prestes a dar a luz.

— Ah! – Kishiro apertava a bainha do vestido com força, tentando reprimir a dor.

Hiroshi estacionou o carro em frente ao hospital, e correu para o banco do passageiro pegando Kishiro no colo, entrando rapidamente do hospital.

— Um médico, rápido!

— Senhor, assine essa ficha primeiro.

— Ficha?! Você está de brincadeira?! Eu estou prestes a dar a luz e se um médico não me atender agora eu vou ter o bebê na sua mesa! – Hiroshi olhou para sua esposa, assustado. Ela estava terrivelmente assustadora naquele momento.

— T-tragam uma maca para essa mulher e a levem para sala de parto.

— AAAAAAAAAAAAAAAH! – Kishiro berrou apertando a mão de Hiroshi com força que com certeza estaria roxa mais tarde.

— Rápido! – gritou a enfermeira.

Logo os enfermeiros colocaram a mulher deitada na maca, a levando para o centro cirúrgico. Hiroshi seguiu para a sala de parto, segurando a mão da mulher, não a deixaria sozinha em um momento como aquele.

— E-la está vindo, querido. – Kishiro sussurrara com os olhos embargados.

Hiroshi a olhou com emoção, acariciando seu rosto.

— Sim, querida. – dissera lhe beijando na testa.

Duas horas mais tarde Sakura nascera, pesava três quilos e trezentas gramas. Seus cabelos rosados ralinhos puxando ao avô paterno, e seus lindos olhos verdes, herdado de seu pai. Hiroshi a olhava com adoração, era o ser mais delicado e precioso que segurara em sua vida. Ao olhar nos olhos de sua filha uma lagrima escorrera de seu olho direito, não contendo sua emoção, chorou a olhando, Sakura e Kishiro eram suas luzes.

— Ela é linda, querido, puxou os meus olhos. – Hiroshi sorriu. – Eu disse que ela puxaria os seus.

Kishiro olhou emocionada para Hiroshi segurando Sakura nos braços, e sentiu seu peito se esquentar.

— Bem vinda à família, meu anjo. – sussurrou contendo a emoção.

—*–

Hiroshi olhava sua filha tentar andar sem cair sentada, enquanto chacoalhava um ursinho como um incentivo para ela andar. Não deixava de ficar orgulhoso ao ver a pequena cair, mas se levantar em seguida, como se nada tivesse acontecido. Sakura era pequena, mas já se mostrava valente, valente igual à mãe, valente igual a ele.

Desviou o olhar do bebê, vendo o nome de Kishiro surgir na tela de seu celular, enquanto o mesmo tocava. Sabia que ela estava ligando para relembrar a noite romântica que teriam suas férias finalmente seriam recompensadas quando a noite chegasse. Sorriu deslizando o dedo pela tela, ouvindo a voz de sua esposa.

— Hiroshi, estou sendo seguida. – sentiu o coração acelerar.

— Kishiro onde você está? – indagou preocupado, ficando de pé rapidamente.

— E-eu estou perto do mercado, três carros estão me seguindo e... – a linha ficara muda por alguns segundos, deixando-o mais apreensivo.

— Kishiro!

— Meu Deus, eles estão batendo contra meu carro. – declarou desesperada, conseguia ouvir o choro da mulher no outro lado da linha.

— Kishiro eu estou indo! – declarou andando até a porta desesperado, esquecendo-se totalmente da bebê sentada sobre o tapete, seu coração clamava por Kishiro.

— Hiroshi, eu te amo, eu te amo muito. – a ouviu falar em tom de despedida. – Eu quero que cuide da nossa filha. – ouviu um estrondo.

— Kishiro! – gritou desesperado. – Kishiro pare de se despedir, eu te amo, não, não me deixe! – a essa atura já chorava inconsolável.

— Eu sempre amarei vocês. – ouviu um alto som de batida e a linha ficar muda.

— Kishiro fala comigo! KISHIROOOOOOOO! – Gritou caindo de joelhos contra o chão, sentia seu coração se quebrar, seu peito ardia.

Dias atuais.

O choro de Sakura podia ser ouvido por toda a casa, seus gritos eram de desespero. Sua vida era uma mentira, tudo o que pensava, tudo não passava de uma grande mentira. Sua mãe era outra, e ela havia morrido, seus pais adotivos eram na verdade seus tios, e eles também tinham morrido, e agora descobrira que tinha um pai.

— Depois daquele dia, eu resolvi me vingar, matei todos os responsáveis pela morte de sua mãe, era um grupo terrorista que eu estava atrás há meses. – a voz de Orochimaru era fria, sem vida. – Mas isso só os deixou mais furiosos e descobri que aquela não era uma simples gangue de rua, era um grupo grande, e de repente eu era o alvo.

— Porque nunca falaram de você?! Porque ninguém nunca me contou?! – gritou, soluçando em seguida.

— Quando eu descobri ser o alvo, eu abri mão do bem mais valioso de minha vida. Eu abri mão da minha cerejinha. – O choro de Sakura aumentou ao ouvi-lo chama-la assim, como doía. – Mebuki tinha ficado gravida, mas tivera um aborto espontâneo e descobriu que era estéreo, seu pai ficou arrasado. Então eu pedi a ele que cuidasse de você, eu o tornei seu guardião legal.

Sakura o olhava tentando reprimir suas lagrimas, mas não conseguia.

— Ele não aceitou de inicio a minha ideia, pois achava loucura.

— Ideia? – perguntou, conseguindo se controlar.

— Eu iria forjar a minha morte, para despistar o grupo terrorista, e assim vocês deixariam de ser o alvo. E assim foi feito, eu morri para todos, Kizashi seguiu meu plano de sumir com todas as lembranças de mim. Eu mudei de identidade e hoje sou Orochimaru.

— Como pôde ter forjado sua morte tão friamente?!

— Sakura, quando Kishiro morreu, um pedaço de mi foi com ela, o outro pedaço era você, e eu não deixaria que me tirassem você.

— Você deixou, porque todos esses anos ficou longe.

— Todo esse tempo eu pedia que Kizashi me informasse sobre você, até nos encontramos uma vez quando você tinha cinco anos, eu te paguei um sorvete enquanto você brincava com Gaara.

— Mas mesmo assim, eu queria saber a verdade, você não podia esconder isso de mim!

— Sakura, eu preferia ter uma filha viva e longe de mim, do que uma filha perto, mas morta. Eu te amei desde o momento que senti você se mexendo na barriga da sua mãe, e vou te amar para sempre. – Sakura o olhou, surpresa, sentindo seus olhos marejarem de emoção, os olhos de Orochimaru refletiam um amor por si que não sabia como reagir.

— Mas porque você voltou agora?

— Você corre perigo. – declarou, seriamente, e logo ouviram um estrondo no andar de baixo.