A raiva que guardava há semanas parecia correr livremente pelas suas veias, sua respiração estava pesada, parecia que toda sua fúria avia sido libertada. Apertou o celular com força o desligando, precisava manter a calma, antes que saísse explodindo tudo.

– Sasuke, tudo bem?

– Eu vou matar aquele desgraçado Itachi, eu vou. – o olhar de Sasuke era frio.

– O que houve?

Itachi olhava para o irmão, preocupado. Conhecia bem aquele olhar, algo muito ruim tinha acontecido para Sasuke estar irritado.

– Foi ele, Itachi. Sasori causou o acidente da mamãe.

– O que?!

Aquela noticia tinha abalado o mais velho completamente. Itachi sabia que esse Sasori não prestava, mas daí a mexer com a sua mãe era outra história, algo imperdoável. Apertou os punhos com força, tentando se acalmar.

– Ele é um homem morto. – Itachi sentencia.

– Preciso adiantar o ataque contra a Akatsuki. – Sasuke começa a digitar no celular, não percebendo o estado do irmão.

– Vou dar um telefonema, já volto. – Itachi avisa, saindo em seguida.

Sasuke maneia a cabeça, voltando a digitar no celular.

–*–

Sakura acordara com uma sensação ruim naquela manhã nublada, a mesma que sentira quando seus pais morreram. Além da sensação ruim, passara a noite inteira tendo sonhos com Gaara. Estava preocupada, primeiro os pesadelos, depois a sensação, isso poderia ser um aviso que algo estava errado com Gaara. Levantou decidida a tomar um rápido banho e correr para o hospital.

Saiu do banheiro enrolada em sua toalha, vestiu uma regata preta, uma calça jeans azul, e um casaco leve também preto. Secou os cabelos lembrando-se do pedido de Sasuke para que não saísse sozinha sem ele saber, pois seria perigoso. Calçou seu tênis respirando fundo, não podia contar para o moreno, ele com certeza não deixaria fosse, e ela precisava ter certeza que Gaara estava bem.

Olhou mais uma vez para os álbuns de seus pais na gaveta, ainda tinha a história com Orochimaru, mas tiraria isso a limpo quando chegasse do hospital. Apertou a alça da bolsa fortemente descendo as escadas, olhou cuidadosamente para não esbarrar com Orochimaru, saindo rapidamente de casa.

Respirou profundamente, começando a andar. O hospital não era tão longe de sua casa, e estava precisando mesmo de uma caminhada para colocar suas ideias em dia. Pensou em como Sasuke ficaria furioso ao saber que estava escondendo a verdade sobre Orochimaru de si, mas eram só suspeitas, e sabia que se contasse ele viria correndo. A mãe de Sasuke tinha acabado de sofrer um atentado, não seria certo chateá-lo com seus problemas.

Olhou para a fachada do hospital, suspirando. Estava enferrujada, precisava fazer mais caminhadas. Entrou, seguindo até a recepção.

­– Bom dia, Sarah.

Sorriu gentilmente para a mulher loira a sua frente, graças as suas visitas constantes ao hospital acabou ganhando o carinho de alguns funcionários.

– Bom dia, querida. – Sarah retribuiu o sorriso, lhe lançando um olhar doce. – Acho que gostará de saber que o quadro de Gaara melhorou.

– Sério?

Sakura sentiu seu peito se aquecer com aquela noticia, a melhor noticia que poderia receber. Sorriu abertamente, sentindo seus olhos marejarem pela emoção.

– Sim, Sakura! – Sarah parecia eufórica. – Aliás, o horário de visitas acabou de começar.

– Obrigada, Sarah! – Sakura sorriu andando em direção ao quarto de Gaara, sua vontade era de correr.

Pensar que logo Gaara iria acordar enchia seu peito de alegria, uma alegria que há muito tempo não sentia. Seu doce sorriso iluminava seu rosto, mas seu sorriso logo fora substituído por uma expressão preocupada, ao ver médicos entrarem correndo no quarto de Gaara.

– Rápido! Rápido! O paciente não está reagindo!

Aproximou-se rapidamente do médico, segurando seu braço.

– O que está acontecendo? O Gaara, ele está bem não é?

Sentiu seus olhos marejarem ao ver o olhar receoso do médico.

– Senhorita Haruno, eu preciso cuidar do Gaara agora.

Olhou pela tela transparente os médicos todos em volta de Gaara, tentando reanimação cardíaca. Tampou a boca com as mãos, soluçando. Isso não poderia estar acontecendo, Gaara não podia estar deixando-a. Encostou-se a parede, sentindo suas pernas fraquejarem, a dor em seu peito era sufocante. Olhou os médicos entrando no quarto de Gaara, e a enfermeira pedir que esperasse na recepção. Fechou os olhos com força desejando que tudo aquilo fosse um pesadelo.

Mas ao virar o corredor, percebeu que não era um pesadelo, era uma realidade cruel, e que o causador de todas as desgraças da sua vida estava tirando Gaara de si. Gritou com todo seu desespero ao ver Sasori saindo com um sorriso maldoso, tinha sido ele, Sasori tinha causado o estado de Gaara. Ouviu as pessoas lhe chamarem, e os enfermeiros aproximarem de si, mas não esperou para ser sedada, e correu, correu com toda sua força, estava cansada, Sasori iria pagar.

Sentiu seu peito arder ao correr mais rápido, mas isso não importava, o que importava era encontrar o causador de toda sua angustia, iria acabar com o que ele mais amava, a sua doce e inabalável imagem que todo garoto daquela escola queria ser. Pobres garotos, não sabiam que se espelhavam num assassino cruel, e sanguinário.

Seus cabelos ricocheteavam com o vento, enquanto corria com toda a sua força. Sentiu sua garganta secar ao avistar a entrada de Konoha High School, estava na hora, toda a verdade seria revelada. Parou de correr, sentindo todos os olhares serem direcionados a si. Levantou o olhar confiante, dessa vez não fraquejaria. Voltou a andar, dessa vez mais rápida, passando pelos corredores, avistando Sasori parado em frente ao seu armário, com seus seguidores.

– Foi você! – Gritou irada, sentindo seus olhos marejarem.

Sasori lhe lançou um olhar de aviso, percebendo que todos pararam para observa-los. Sakura não se importou com os olhares, nada mais importava, não quando Gaara poderia estar morto.

– Querida, você está fora de si... – O cortou.

– Não me chame de querida! Eu odeio você! – apertou os punhos com força, sentia toda a raiva de Sasori tomar conta de seu corpo. – Como pôde?! Você me tirou todos que eu amava! Eu tenho nojo de você!

Logo o corredor fora preenchido de burburinhos, e reações surpresas, afinal, do que Sakura estava falando? Era a pergunta que não saia de suas mentes.

– Sakura, você não está bem.

– E o culpado disso é você, assassino! – virou para sua “plateia”, mantendo o olhar firme. – Aqui está o grande astro de vocês, o exemplo de aluno. – bateu palmas, com um sorriso irônico. – Palmas para o homem que matou os meus pais, e o responsável por toda a minha dor.

Suas palavras saíram como um alivio, finalmente todos saberiam quem Sasori era. Percebeu o espanto de todos, principalmente de seus amigos, que se aproximavam.

–*–

– O que?!

Ouviu a voz incrédula de Naruto, enquanto seus amigos se prostravam em sua frente. Conseguia ver a incredulidade não só em seus amigos, mas em todos que estavam ali presente.

– Isso é verdade? Você fez isso, Sasori?

Neji o olhava, irritado, não, furioso era a palavra certa.

– Lógico que não, você está fora de si! – Sasori tentou avançar contra Sakura, mas Naruto, Neji e Shikamaru prostraram-se em sua frente.

– Não ouse tocar nela! – Naruto rosnou contra Sasori, numa clara ameaça.

– Não me vão dizer que estão acreditando nesse absurdo? – Sasori exclamou, fingindo estar ofendido.

– Olha Sasori, eu nunca fui muito com a sua cara, por motivos óbvios. – Shikamaru o olhou com desprezo. – Mas o que fez contra meus amigos é algo imperdoável.

Shikamaru tentou avançar contra Sasori, mas a mão de Naruto o impediu.

– Você não pode fazer isso, irá manchar seu histórico perfeito. – diz socando Sasori fortemente no rosto, sorrindo de canto. – Mas eu não tenho nada a perder.

Sakura tentou segurar o braço de Naruto, mas o loiro desvencilhou de si, voltando a avançar em Sasori. Mas antes que alcançasse o ruivo, um tiro foi ouvido.

– É bom dar um jeito em seu amigo, Sakura, ou o próximo tiro será nele.

Olhou assustada para um dos amigos de Sasori que apontava a arma para o teto, onde o tiro tinha acertado há alguns segundos atrás. Puxou o braço de Naruto, lhe lançando um olhar de censura.

– Nós vamos sair daqui, se alguém nos seguir já sabe. – Sasori falava a olhando mortalmente, sabia que aquilo era um aviso de que haveria consequências.

Seu coração batia acelerado como um tambor. Havia cavado a própria cova, sabia que sua vida estava mais do que na corda bamba e Sasori estava pronto para cortar essa corda.

Todos os alunos olhavam para Sasori e sua turma, assustados. De repente o aluno modelo e invejado tinha se tornado o temido e odiado, para Sakura ele sempre fora a única categoria para ela.

– Como pôde esconder isso de mim, Sakura?! – Temari segurava seu corpo, chacoalhando-a bruscamente. – Por que não o denunciou?!

Empurrou Temari fortemente após o seu grito, a loira estava fora de si. Olhou para seus amigos, firmemente.

– Sim, eu escondi a verdade de vocês, e não me arrependo.

Sentiu os braços de Naruto a puxarem para um forte abraço, retribuiu escondendo seu rosto no peito do loiro, precisava de um conforto.

– Tudo bem, Sakura, você fez isso por nós.

– Fez isso por você!

Ouviu o grito irritado de Ino, e o dedo indicador da loira apontado para o seu rosto.

– A culpa é sua! Se Gaara nunca tivesse a conhecido nada disso teria acontecido.

Sakura olhou incrédula para Ino, sentindo toda a sua mágoa da loira vi átona.

– Como você tem a cara de pau de falar isso? Quer saber quem é a culpada? Você, você é a culpada! – Gritou irritada, vendo a loira recuar. – Seu ciúme ridículo me trouxe Sasori.

– Sakura.

Ouviu a voz de Hinata lhe chamando, mas não queria mais falar nada, precisava ir para casa e avisar a Sasuke.

– Eu preciso ir. – Informou vendo sua diretora aparecer descabelada no corredor deveria está trancada em sua sala. Sasori e sua turma tinham todas as chaves do colégio.

– Como assim ir?

– Você precisa nos contar o que escondeu.

– Não pode ir assim.

– Sakura!

Ouviu o grito da diretora, enquanto saia correndo para fora da escola. Precisava ser o mais discreta possível, se algum segurança a visse seria levada para a diretoria, e não tinha tempo para interrogatório.

Correu para o jardim da escola, vendo os seguranças fazendo rota. Não tinha jeito, teria que pular o muro. Arrastou a lata de lixo deixando-a em frente ao muro, subindo na mesma. Olhou a altura do muro receosa, respirou fundo, teria que deixar o medo para outra hora.

Fechou os olhos pulando, apoiou as mãos no chão, sustentando seu corpo. Sorriu de canto ficando em pé, limpando as mãos na roupa, até que não tinha sido tão assustador assim. Olhou para os lados verificando se alguém a seguia, e ao constatar está sozinha, começou a correr com todas as suas forças.

–*–

– Cara, isso não está bom, acho que deveríamos ligar para o Sasuke. – Suigetsu acompanhava Sakura com o carro, mas em uma distancia afastada, não queria que a rosada descobrisse que estava sendo vigiada.

– Estou ligando para Sasuke, mas ele não atende. – Juugo olhava para o ceular apreensivo.

– Ela está correndo muito, será que não cansa?

– Suigetsu se concentra, precisamos falar com o Sasuke.

– Mas como? Ele não atende, se acontecer algo com essa men-

– Estaremos mortos, se algo acontecer a Sakura, Sasuke vai nos matar. – Juugo o completou, respirando fundo, o ruivo sabia como Sakura era importante para Sasuke, ele mesmo não se perdoaria se algo contecesse a Sakura, haviam criado uma amizade em pouco tempo.

– Quem gostaria disso seria a Karin. ­– Suigetsu riu amargo.

– Não me lembre daquela garota egoísta, e preste atenção em Sakura, ela acabou de entrar na casa. ­– Juugo abriu a porta saindo do carro, não podia desviar os olhos da rosada.

–*–

Sakura parou ofegante em frente à casa, nunca havia corrido tão rápido em toda a sua vida. Entrou na casa a vendo vazia, onde Orochimaru estaria? Bem, isso não importava agora, tinha que pegar os álbuns, e vasculhar as coisas de Orochimaru, precisava descobrir quem ele era de verdade.

Subiu as escadas correndo, precisava ser rápida, se Orochimaru a pegasse, estaria realmente ferrada. Entrou no quarto do moreno com cautela, olhando tudo, nada poderia escapar de seus olhos. Olhou para a cômoda encontrando um papel, o pegou lendo o seu conteúdo. Arregalou os olhos, surpresa, aquela era a verdadeira carta que seus pais haviam deixado, e estava escrito que seus guardiões eram os pais de Gaara. Mas um papel ao lado da carta chamou a sua atenção. Não, aquilo não poderia estar certo, mordeu o lábio reprimindo a vontade de chorar.

Prendeu a respiração ouvindo passos atrás de si, sabia que era ele, sabia que era Orochimaru. Virou bruscamente levantando seu braço, tentando acertar o rosto do homem, mas Orochimaru fora mais rápido segurando seu braço.

– Parece que finalmente descobriu, achei que fosse mais rápida.

– Você é meu pai.

Disse irônica, puxando o braço com força, tentando não chorar.