A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 17
Admita, você gosta dele – o grifo gigante ataca novamente


Notas iniciais do capítulo

kawai desu nee s2s2



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XVII

ELIZABETH

QUANDO CHEGARAM A SÃO FRANCISCO, Elizabeth ainda estava com fome.

A viajem havia sido uma tortura. Claro, viajar em um carro de fogo milhares de quilômetros acima das outras pessoas era realmente demais, mas Elizabeth não podia evitar estremecer toda a vez que passavam por uma nuvem. Não havia turbulências no carro do sol, mas ela sentia a necessidade de se agarrar em Sabrina toda a vez que o carro dava uma guinada para algum lado – ela ainda se lembrava de quando um raio atingiu a roda da carruagem de bronze que levou elas para o acampamento pela primeira vez, e a memória não havia sido boa.

Apolo deixou elas em algum lugar acima das colinas, recitou alguns raikus de realização pessoal, mandou beijinhos, deu meia dúzia de referências inúteis para que elas encontrassem o Acampamento Júpiter e foi embora em seu carro conversível vermelho, levando o sol para as ilhas do Oceano Pacífico Norte. Elizabeth achava o cara um gato como um surfista gostosão, mas era um cabeça de passarinho.

Ela reclamou de fome o suficiente para que elas fossem em um restaurante comer panquecas antes de tentar procurar o Acampamento Romano. Suzana e Sabrina acharam que era melhor não arriscar ter uma Elizabeth com fome o suficiente para pedir para dar uma boquinha na geladeira dos romanos – afinal, elas estavam entrando na área do inimigo, não seria muito educado e inteligente pedir por um filho de Júpiter e sugerir levar uma pizza de viajem (Elizabeth estava convencida que os Romanos deviam ter pizza e espaguete no acampamento inteiro).
– Italianos. – disse com desdém.
– Certo Elizabeth – disse Sabrina – eu conheço você a seis meses, como se fosse a minha vida inteira...
– É claro.
– ... e ainda não sei o que você odeia tanto nos italianos.
– Em primeiro lugar – disse Elizabeth, enquanto esperava pelas panquecas – romanos são da Itália. E segundo, todos os descendentes de Italianos que eu já conheci de alguma forma fuderam com a minha vida.
– A boca – ralhou Sabrina.
– Eu sou descendente de italianos. – disse Suzana.
– Me desculpe – disse Elizabeth – eu quis dizer homens descendentes de italianos. Eles são horríveis.
– Ah, certo.
– Nós devíamos descer, torcer para que nenhum monstro nos ataque e procurar por um túnel. – ela disse – Sou filha de Hades, acho que posso rastrear o lugar se o subterrâneo o esconde. – Suzana e Sabrina se olharam.
– Certo – disse Sabrina – como você sabe que está escondido por um túnel e como acha que pode rastrear se só descobriu que era filha de Hades a um dia? – Elizabeth engoliu em seco. As panquecas foram entregues. Quando a garçonete se foi, Elizabeth suspirou.
– Okay. Eu tenho falado com um fantasma, é por isso que eu sei das coisas.

Suzana e Sabrina se olharam de novo, como se para decidir se a menina estava louca.
– Você gosta dele – disse Sabrina, para o espanto de Elizabeth e Suzana – não é?
– Uh... oque? – Sabrina tomou um gole do café preto que pediu.
– Você tem andado estranha. – disse – Eu vi você rindo e falando sozinha diversas vezes. Acho que você gosta dele.
– Ele é bonito? – perguntou Suzana.
– Mas ele está morto! – disse Elizabeth.
– Como se isso fosse fazer diferença. – disse Sabrina – Conhecendo você, o fato dele estar morto pode ter ajudado, além disse – ela encarou Elizabeth com seus olhos tempestuosos – Ele é bonito né?

Elizabeth mordeu o lábio. Putz, não queria mentir, mas ela mesma estava confusa.
– Então – disse Evan do lado dela – eu sou bonito?

Elizabeth quase morreu do coração. Sabrina abraçou o pescoço dela, se apoiando nas costas de Elizabeth.
– Ele está aqui, não está? – disse – Diz pra ele que você gosta dele.
– Não! – ela disse.
– Você gosta de mim? – perguntou Evan com uma sobrancelha levantada.
– Não é isso! –ela disse empurrando Sabrina longe.
– Tem – disse Evan suavemente, se materializando muito perto dela – certeza?

Puta que pariu – pensou Elizabeth – muito perto. Seus lábios estavam a milímetros dos dela, e ela sentia o cheiro dele como a brisa da manhã. Ela se perguntou se ele ia beijá-la, e como seria. Por mais tarada que fosse, nunca havia beijado um menino. Ela definitivamente não ia se importar se ele a beijasse naquele momento.

Então – BAM! – os vidros do restaurante quebraram. Pequenos cacos de vidro se chocaram contra a pele pálida de Elizabeth, e quando ela abriu os olhos percebeu que Evan a envolvia. Suzana e Sabrina já haviam se levantado, armas aos postos. Um enorme olho vermelho se materializou onde havia vidro nas janelas, e com um baque rachou a estrutura de um restaurante.
– Elizabeth! – gritou Sabrina – Pare de namorar e me ajude com esse ciclope!

Elizabeth sorriu aliviada, puxou a espada da bainha de suas costas e correu na direção das meninas. Ela não percebeu, mas Evan sorria de orelha a orelha enquanto ela partia para a luta.

***

A luta contra o ciclope não foi heroica como Elizabeth planejou. Em primeiro lugar, eram mais de um ciclope, grandes, feios e careca com uma força inumana e uma fome louca por um café da manhã semideus. No fim, Elizabeth decidiu que se queria chegar inteira no acampamento romano tinha que acabar de uma vez com esses ciclopes ou dar no pé. Ela sugeriu a retirada estratégica para Sabrina, e elas tentaram em vão – os ciclopes as seguiram a todos os lugares, então acharam melhor enfrenta-los.

Elizabeth olhou para o menor dos ciclopes, achou que era melhor tentar nele primeiro. Próximo a onde estavam, havia uma casa de material quase que da altura dos ciclopes, então ela teve uma ideia – não era uma fã de pular de lugares altos, mas era a única ideia que tinha.
– Sabrina – ela disse – quanto um ser humano em média pode pular em distância?

Antes que Sabrina pudesse responder, Elizabeth correu na direção da casa e escalou a parede pela janela, ouvindo os ciclopes rirem, baterem palmas e ir na direção dela. Às vezes, ela considerava uma bênção ter o cheiro de semideusa mais forte do que as outras – isso podia ser uma diferença na sobrevivência delas.

O teto estava praticamente caindo aos pedaços, mas ela conseguiu correr o suficiente para se jogar no pescoço do menor ciclope. Ela colocou a espada de ferro estígio em sua garganta e puxou com toda a força, ouvindo o ciclope grasnar.

Poucos momentos antes de virar pó sob Elizabeth, ela ouviu uma voz familiar.
– Elizabeth... por favor. – e então puff!, ele virou pó dourado.

Ela caiu no chão com tudo, mas mesmo que o ciclope tivesse dois metros não se machucou ou torceu nada – era como se todas as vezes que caísse, a terra se fizesse o mais confortável possível para aplacar o impacto. Até mesmo no concreto.

Os outros ciclopes urraram de raiva.
– Benny! – gritou o maior deles, que parecia ser fêmea – Você matou o Benny!
– Eu vou fritar você em óleo de motor filha de Pluto! – disse o outro ciclope. Ela não tinha ideia da razão de ter sido chamada de filha do cachorro do Mickey, mas se levantou e gritou com o ciclopes, que cambalearam assustados para trás.

Sabrina era felizmente filha de Atena, e com uma de Fred do Scooby Doo arranjou uma rede do nada na qual segurava em uma ponta e Sabrina em outra, fazendo com que o maior ciclope caísse tropeçando na rede. Como um gato, Sabrina saltou no pescoço da mulher de um olho só e degolou seu pescoço. Apenas um ciclope restara.

Ele urrou de fúria e correu na direção de Elizabeth. Ela tinha certeza de que por mais que fosse rápida não ganharia dele, então empunhou sua espada negra e decidiu não demostrar medo. Antes que ele pudesse alcança-la, Suzana saltou a impressionante altura de três metros até a cabeça dele e a decepou no ar com Contracorrente. Elizabeth observou de boca aberta em quanto a amiga caía.

Felizmente pela segunda vez, Sabrina era filha de Atena e já tinha colocado uma ponta da rede nas mãos de Elizabeth e segurado a outra, pegando Suzana no ar com a rede como uma acrobata de circo.
– Uau. – disse Elizabeth – Aquilo foi incrível Su, como você fez isso? – Suzana piscou os olhos, como se não tivesse processado a situação.
– Não tenho ideia.

No caminho, elas encontraram diversos outros monstros – górgonas, mais ciclopes, nascidos da terra, basiliscos e lestrigões.

Elas caminharam até onde Elizabeth sentia uma grande atividade antiga, como uma aura que os acampamentos repletos de semideuses e criaturas emitia. Era parecido com aura do acampamento meio-sangue, embora diferente. Quando chegou ao topo das colinas e viu as montanhas, a estrada e a ponte Golden Gate, ela sentiu que outro tipo de GPS em seu corpo começava a apitar.

Ao que parecia, ela tinha dois GPSs embutidos no corpo. Um detectava atividade sobrenatural, outro túneis e atividade subterrânea. O GPS subterrâneo disse a ela que lá embaixo, havia um túnel que levaria elas até onde o GPS sobrenatural apontava.

Deuses – pensou ela – estou virando um carro. Então ela olhou para traz de si mesma e fez tsc com os lábios – Eu não tenho airbags, mas tenho GPS de sobra, que ótimo.

Ela analisou a colina – abaixo delas, uma longa rodovia com carros a duzentos quilômetros por hora se estendia, assim como alguns apartamentos, a praia de São Francisco, a Golden Gate mais a baixo e o que pareciam quiosques de beira de estrada. Uma descida íngreme se estendia para elas na direção da rodovia.
– Eu acho que não podemos simplesmente pular – disse ela.
– Com certeza que não. – disse Sabrina, ela olhou para o outro lado, havia uma rua que dava algumas voltas até se conectar na rodovia – Podíamos tentar ir por aquele caminho, mas vai ser demorado.
– Não gosto da ideia – disse Suzana – muitos monstros já nos atacaram desde que Apolo nos deixou. Ou encontramos outro deus, ou criamos jatos nas pernas ou temos que pular essa descida.

Elizabeth não gostou de qualquer das ideias.

Então um grasno foi ouvido, algo que Elizabeth reconheceu. As três olharam para trás ao mesmo tempo, dando de cara com um grifo gigante gritando com elas. E babando pelo bico.
– Deuses – disse Suzana.
– UAAAHRHG! – respondeu o grifo.
– Eu acho – disse Elizabeth, caminhando cuidadosamente para trás – que nós teremos que ter outra ideia. Rápido.


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