A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 15
Graças aos Deuses Grifos não comem diamantes


Notas iniciais do capítulo

Para o pessoal que NÂO É Carol nem Samantha: COMENTEM :3 Os comentários me ajudam a ficar alegre e inspirada para escrever ou me mostram o que há de errado!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/434398/chapter/15

XV

SUZANA

NO FIM, ELAS ACABARAM OPTANDO pela rodoviária. Sim, era arriscado, mas que outra escolha tinham? Se houvesse qualquer problema no caminho – e elas estavam convencidas de que haveria – elas encontrariam outro jeito.

Mas no fim, elas não tinham muito tempo. Segundo a missão, elas deveriam chegar no Acampamento Júpiter, convencê-los a emprestar um filho de Zeus (ou Júpiter, tanto faz) se ele se quer existisse, torcer para que ele soubesse onde morava o deus dos ventos, extrair o máximo de informação sobre quem atacava o acampamento dele (se ele sentisse cooperante) e voltar para casa, torcendo para que a informação fosse útil.

Haviam muitos se’s nessa história, e Suzana estava ficando realmente preocupada – não só consigo mesma, na verdade. Havia seu acampamento em perigo, e ela estava convencida de que suas melhores amigas estavam enlouquecendo com a pressão – Sabrina passava a maior parte do tempo preocupada perdida em seus pensamentos, e às vezes ela achava que Elizabeth estava falando sozinha ou rindo sem motivo.

Estava em uma missão impossível com duas loucas. Ótimo.

Elas desceram na Rodoviária de Long Island, uma construção cinza e nada limpa de concreto com pombos nojentos (que aparentemente eram os animais de sua mãe) e pessoas de mal humor. Elas subiram no ônibus com destino à Califórnia (era no Inverno, mas as pessoas ainda queriam ter férias) e se sentaram nos vagões do fundo, onde as três poderiam estar juntas.

Elizabeth adormeceu quase que de imediato. Suzana piscou enquanto ela se apoiava no ombro de Sabrina do outro lado do banco, que examinava uma espécie de luva dourada em sua mão. Ela achou fofo como ambas não se importavam em dividir o espaço pessoal, então se apoiou no ombro livre de Sabrina que bufou de mau humor mas depois riu.

No fim, Suzana também acabou dormindo.

Ela sonhou de volta ao gramado do ultimo sonho. Ele era tão verde que Suzana sabia que não podia ser real, pelo menos não naquela época do ano. Havia um rio próximo, como no último sonho, assim como uma mesa rosa-bebê nas margens com porcelanas e doces finos.

Sentada na mesa, sorrindo para ela, havia uma mulher. Seu cabelo, corpo e cor de olhos e pele eram constantemente mutáveis, como que se alternado na definição de beleza de Suzana. Ela usava um vestido dourado, feito de placas de outro costuradas uma sobre as outras como lantejoulas e brincos de cristal, ela sorriu para Suzana.
– Olá filha. – disse Afrodite – Nós temos que conversar. – Suzana engoliu em seco, então se sentou em uma cadeira próxima à sua mãe.
– Olá. – foi tudo o que ela conseguiu dizer. Afrodite sorriu, e então tomou um gole de chá.
– Eu temo que não será uma conversa agradável. – ela disse – Geralmente, quando eu falo com os meus filhos, eu discuto com eles sobre suas aventuras amorosas. Acho que sou a mãe com os filhos mais honestos sobre suas vidas, mas esse não é o caso. Infelizmente, eu não poderei lhe proporcionar uma vida com tantas aventuras se não quiser que morra jovem. – ela então levantou uma sobrancelha – Isso seria até dramático, não é? – ela sorriu – Mas... não com você, é claro.
– Certo. – disse Suzana – Eu não quero me apaixonar, e não é por causa da profecia. Bem, sim, mas não apenas por causa da profecia.
– Não quer? – Afrodite pareceu surpresa – Por que não?
– Talvez você não saiba – disse Suzana – mas meu pai sempre ficou arrasado depois que você o deixou. Eu não quero correr esse risco.
– Querida – disse Afrodite – eu não poderia ficar com o seu pai para sempre. Ele sabia disso tão bem quanto eu, e realmente me partiu o coração deixar ele, realmente. Mas há coisas que nós temos que fazer mesmo que não queremos. E bem... – ela apertou a mão de Suzana em cima da mesa – eu poderia oferecer a você um amor calmo, alguém que fosse te amar e cuidar de você e nunca cogitar te deixar. Mas a profecia vai jogá-lo contra você. Porém, eu posso te dar uma escolha.

Afrodite abriu sua bolça – um pequeno retângulo de lantejoulas prateadas – e tirou de lá duas bolinhas, parecendo de gude. Ela as colocou na mesa, ambas pareciam diamantes para Suzana.
– Em uma mão – ela segurou a bolinha da esquerda – você tem a escolha de nunca se apaixonar, o que não vai dar certo. O oráculo nunca erra e quanto mais você tenta contorna-lo, pior o seu destino fica, então você vai apenas gozar de uma possibilidade falsa. – ela segurou a bolinha alguns centímetros acima da mesa e a largou, que quebrou em pequeninos cacos de vidro em cima da toalha bordada em fio de ouro – Por outro lado – ela pegou a segunda bola – você pode escolher se apaixonar por alguém que nunca a machucaria, e que cuidaria de você. Você poderia tentar contornar a profecia fazendo exatamente o que ela manda e torcer para que ela não signifique o que você pensa. – ela largou a bola acima da mesa, como fez com a outra. Ao invés de se quebrar, a bola parou em cima da toalha. Inexplicavelmente, Sabrina sentiu uma pontada no estômago – De qualquer forma, isso irá decidir o seu destino.

A bolinha quebrada então se reconstruiu, voltando a ser uma bolinha de vidro comum.
– Qual você escolhe Suzana? Vidro ou diamante? – Suzana olhou para as bolinhas, queria que sua mãe não fosse Afrodite. Quem sabe Athena, assim herdaria sabedoria para fazer a escolha certa. Ela não queria se arrepender de sua escolha, mas Afrodite prometera a ela uma possibilidade de sobrevivência. Queria uma vida de vidro quebrável ou uma feita de diamante, o mineral mais duro do planeta?

Ela não querida que sua vida dependesse diretamente de romance, mas não tinha uma escolha muito boa.
– Diamante. – ela respondeu por fim. Afrodite pegou a bolinha de diamante e pôs em sua mão.
– Cuide bem do seu coração, Suzana. A partir de agora essa bolinha representa seu destino. Como qualquer herói com uma habilidade como a sua, seu destino está diretamente ligado à um objeto material. Uma maldição terrível, mas eu consegui uma brecha transferindo isso para uma coisa mais forte que um toco de madeira, esse diamante.
– A habilidade que eu tenho. – resmungou Suzana – O que eu posso fazer? – Afrodite sorriu para a semideusa.
– O que você vê, quando olha pra mim?
– Uma mulher injustamente deslumbrante. – respondeu Sabrina com sinceridade. Afrodite riu um pouco.
– Certo, mas você poderia me descrever, como em um livro? – Suzana pensou um pouco.
– Sim, mas eu teria que te descrever como uma metamorfose ambulante, como aquela música.
– Exatamente. – disse Afrodite rindo enquanto tudo parecia se desmanchar – Você também é uma metamorfose ambulante, Suzana.

Então a mesa de chá desapareceu, assim como Afrodite e ela mesma.

***

Quando Suzana abriu os olhos, tudo estava borrado. Ela ser perguntou se Elizabeth havia pego os óculos de Sabrina e colocado em seus olhos outra vez, mas então os esfregou e viu que estava no ônibus, de noite.

Do outro lado de Sabrina (que estava adormecida e ainda com seus óculos), Elizabeth apoiava Sabrina em seu ombro, que apoiava Suzana antes que ela acordasse. Elizabeth foleava o que parecia um baralho de cartas antigo com várias gravuras.
– Isso é magic? – disse Sabrina, se referindo à um jogo comum entre seus colegas na Escola para Jovens Problemáticos de Washington.
– Não. – respondeu Elizabeth rouca – É mais velho, o nome é Mitomagia. Parece falar sobre mitologia grega, então eu achei que fosse ser útil. Veja isso – ela estendeu uma carta com cuidado para Suzana, suave como uma ninja para não acordar Sabrina.

Estava escuro, mas Sabrina reconheceu a gravura – um monstro com pele vermelha, tronco de leão, pernas e rabo de cavalo e cabeça de um lobo equino. Na parte de cima da carta havia uma palavra impressa – leucrotae. Era o monstro que as atacara no acampamento.
– Segundo essas cartas – disse Elizabeth, pegando-a de volta – esse monstro serve ao deus Apolo, era uma espécie de cão de guarda do Oráculo.
– O que Apolo poderia ter contra nós? – perguntou Sabrina.

Elizabeth não teve a oportunidade de responder. Assim que Sabrina disse isso, algo colapsou contra o ônibus jogando-as longe dos assentos. O baralho de cartas de Elizabeth quase saiu de suas mãos e Sabrina gemia se acordando no chão. Antes que pudessem fazer qualquer outra coisa, pessoas saíram gritando de seus assentos falando sobre acidentes de carro e então – BAM! – outra vez algo pesado se chocou contra a traseira do ônibus, dessa vez amaçando cruelmente o lugar no qual as meninas estavam poucos minutos antes e as fazendo deslizar para um pouco mais longe.

Embora Suzana ainda estivesse sonolenta pelo cochilo e Sabrina mal estivesse acordada, Elizabeth estava bem desperta e consegui empurrá-las para longe do lugar, fazendo com que acordassem. Ela então arrancou o plástico protetor daqueles martelinhos que estão grudados nas paredes dos ônibus e pegou o martelinho.
– Eu sempre quis fazer isso. – disse pouco antes de bater com o martelo no vidro grande do veículo e se arremessar para fora, levando Suzana e Sabrina com ela.

Suzana achou que o impacto torceria seus tornozelos, mas quando alcançaram o chão a terra praticamente as abraçou como um colchão de plumas, fazendo uma aterrisagem confortável. Ela se perguntou se Elizabeth estava usando seus poderes de filha de Hades, mas então um rosnado enorme irrompeu pela estrada escura.

Ela lentamente virou sua cabeça na direção do barulho, observando com horror um pássaro gigante que tinha torso e patas de cavalo e lâminas ao invés de penas. Ele tinha um bico grande e enorme. O próprio monstro era quase do tamanho do ônibus.
– Deuses! – gritou Sabrina – É um grifo gigante!
– Temos que sair daqui! – disse Elizabeth, levantando-se com um pulo e ajudando as outras corram para a floresta!
– Mas e os outros no ônibus! E nem sabemos onde estamos! – disse Suzana, embora as seguisse na direção da floresta.
– São mortais – disse Sabrina – o grifo os deixará em paz. Agora temos que correr!

Suzana calou a boca e as seguiu na direção da floresta longe da estrada deserta que o ônibus estava. Quando adentrou o bosque, ouviu novamente o grasno do grifo. Ela ignorou e segui suas amigas cada vez mais para dentro do mato, até que tudo era um breu e Suzana não enxergava dois palmos a frente do nariz.
– Meninas? – ela perguntou, por sorte ouviu as vozes delas antes que pegassem cada uma em uma de suas mãos.
– Eu estou aqui. – disse Sabrina em seu lado direito – Mas não enxergo nada.
– Oi. – disse Elizabeth, do lado esquerdo – Eu enxergo, mas não tenho certeza de onde deveríamos ir. Eu acho que bronze celestial brilha, então puxem suas armas.
– Ótima ideia. – disse Sabrina, soltando sua mão por um minuto para puxar sua adaga. Suzana aproveitou que Sabrina tinha largado sua mão e procurou a caneta no bolço, encontrando a bolinha de diamante.

Está ligado diretamente ao seu destino. – dissera Afrodite. Suzana sentiu como se sua vida estivesse em seu bolço, literalmente. Ela deixou a bolinha lá e pegou a caneta, destampando-a e revelando Contracorrente.
– Vamos tentar por ali. – Sabrina apontou em uma direção – Para lá é o oeste. Perto ou longe de casa, é para lá que temos que ir.
– Como você sabe que é o Oeste? – perguntou Elizabeth enquanto avançavam. Suzana tentou iluminar o caminho no chão para não tropeçar em nenhuma raiz (o que Elizabeth fez exatamente 7 vezes em dois metros).
– As constelações. – disse Sabrina – Elas são navegadores.
– Ah, isso. – respondeu Elizabeth.
– Eu espero que estejamos no caminho certo. – disse Suzana.

Nenhuma das garotas respondeu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Feiticeira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.