Uma saia extremamente curta com uma blusa que mais parecia uma toper que apertava meus seios os fazendo saltar para fora, minha roupa.. Me encarei no grande espelho que havia ali e por alguns segundos senti vontade de chorar novamente. Controlei-me e sai dali com a cabeça erguida, Demi me olhava com desdém enquanto outras me olhavam com pena.

— O que eu faço agora? — sussurrei no ouvido de Sheila.

— Saia pela porta e espere, um dos caras vai te levar até o cliente — ela explicou

Um choque misturado com medo e arrepio subiu por meu corpo quando eu ouvi a palavra “cliente”. Eu ainda não acreditava que aquilo estava mesmo acontecendo. Fui até onde Sheila tinha falado, sai e esperei. Quem veio até mim dessa vez foi um garoto já conhecido.

— Kate, Kate.... — ele repetiu meu nome. — No que você foi se meter, garota.

— Chaz... – quase rosnei entredentes

— As coisas não precisavam chegar a esse ponto...

— Ela já está pronta? — ouvi outra voz masculina

— Aqui está, carne novinha. — Chaz me empurrou pelo braço até um homem que estava ali parado. Meu deus ele não podia ser o cliente, ele era horrível, gordo, barbudo. Meu estômago embrulhou só por sentir o cheiro dele.

— Ah, é assim que eu gosto. — ele falou me pegando pelo braço e me empurrando até o que eu imaginei ser o quarto.

O homem me jogou sobre a cama e só o que eu conseguia sentir era nojo. A vontade de chorar ainda estava presa em minha garganta, meu corpo estava paralisado e não correspondia a nenhum toque dele.

Não foi difícil tirar a mínima roupa que eu vestia, logo eu estava nua na frente daquele homem, e ele estava do mesmo jeito. Eu só conseguia sentir nojo, nojo de cada toque, de cada beijo. Eu pelo menos agradecia a deus por não ser mais virgem, aquilo seria muito mais traumático do que já estava sendo se fosse minha primeira vez.

Sim eu me lembrava da minha primeira vez, foi horrível, mas eu me lembrava. O homem pegou o pacotinho na mesinha ao lado onde tinham milhares de pacotinhos iguais. Ele o rasgou e então começou a fazer o que tinha que ser feito. Eu só conseguia sentir dor, e nada, nada além de dor. Enquanto aquele homem completamente estranho se aproveitava de mim, senti algumas lágrimas frias e involuntárias rolarem por meu rosto.

~*~

Minha bochecha extremamente fria estava encostada sobre a porta de madeira enquanto meus ouvidos aguçados tentavam ouvir o que vinha de fora. Eu ainda estava nua naquele quarto que parecia ser completamente sujo. Tentava tampar minhas partes intimas como se tivesse alguém ali me observando. Agora não tinha, mas antes tinha aquele cara nojento que me tocou de todas as maneiras possíveis, mas eu não tive nenhuma reação e acho que era por isso que ele ficou tão irritado.

— A novata é gostosa pra caralho, mas parece que está morta na cama, ela não faz nada e a única coisa que me fez sentir tesão foi ver aqueles seios maravilhosos. — o homem falava no corredor. Como eu faria algo? Você já se olhou? Você é feio pra caralho é gordo e tudo mais, como eu iria sentir prazer?

— Como eu imaginava. — a voz de James ecoou me fazendo ter um pequeno arrepio.

— Talvez por ser novata ela ainda demore a se acostumar, mas que o sexo foi ruim foi.

— Vamos conversar no meu escritório, lá as portas não têm ouvidos — James falou parecendo sair dali e logo em seguida o homem foi atrás dele

O idiota veio, me usou e depois estava me difamando justamente com a pessoa que ele não podia difamar? O que James faria se eu não pudesse fazer aquilo? Eu sabia que eu sabia o que fazer na cama, qual é, eu já tive homens e já assisti filmes. Mas do nada aparece um velho barrigudo no meu quarto, não importa quando de dinheiro ele vai dar, ele é nojento. E como diabos James sabia que tinha alguém atrás da porta? Ele era um pai de santo, só falta.

Os pequenos pedaços de pano que eram chamados de roupas estavam caídos no chão. Os peguei e me vesti bem a tempo de ouvir a porta sendo aberta. Era o tal Carlos. Eu ainda sentia seu olhar de pena pairar sobre mim, e eu odiava aquilo. Não precisava da pena de ninguém.

Ele me puxou pelo braço até me fazer voltar para o mesmo lugar de onde tinha vindo antes. Enquanto algumas mulheres me encaravam com um olhar vitorioso, senti meu corpo quase ser jogado contra a parede e Sheila e a Bella vieram pra cima de mim.

— Você está bem?

— Como foi o primeiro?

— Você reagiu? — elas se embolaram em meio a milhares de perguntas

– Tudo o que aconteceu lá em cima pode ser bem definido na palavra: horrível. — foi só o que eu disse.

— A primeira vez é complicada. — Bella suspirou.

— Me diz que você fez alguma coisa, por favor — Sheila disse com um olhar preocupado.

— Como assim fiz alguma coisa? — perguntei confusa.

— Fez o que o cara queria. — Bella explicou.

— Não exatamente. — abaixei a cabeça. Ah, okay. Vou sofrer por que eu não fiz o que um gordo enorme queria? Faça-me favor.

— 90% das garotas aqui foram encarceradas no primeiro dia simplesmente por não satisfazerem o cliente. — Sheila explicou o porquê de sua preocupação.

— E o que acontece exatamente quando vamos pra esse lugar de encarceramento?

— É diferente pra todas. Depende do motivo pelo qual você está lá, e quem vai... — Bella não terminou.

— Quem vai o que? — eu já estava aflita.

— Quem vai torturar você. — Bella abaixou a cabeça.

— Torturar? Esses caras esqueceram que não somos animais? — eu quase gritei exaltada.

— Eu sinto muito Kate, mas a partir do momento em que você entrou aqui, você não é nada, você é só um objeto. Todas nós somos só isso. — Bella disse com a voz um pouco magoada.

Foi quando eu me toquei que elas também deviam ter suas vidas, não é porque estavam ali que foram putas desde sempre. Elas eram garotas tão boas. James provavelmente tinha acabado com a vida delas, assim como ele queria acabar com a minha vida.

— Novata? — a mesma voz masculina ecoou pela sala enorme.

— Eu sinto muito, boa sorte. Bella e Sheila seguraram minha mão por alguns segundos.

Em passos fracos e de medo caminhei até a porta onde me deparei com o mesmo rosto de antes. Chaz.

— É Kate, sua situação não está nada boa. — ele falou fazendo sinal negativo com a cabeça

— Pra onde vai me levar agora?

— Suas amigas não te contaram o que acontece quando você não faz o que te mandam fazer?

— Eu não vou ficar presa em lugar nenhum. — eu disse decidida.

— Se o James mandar você ficar você vai ficar. — Chaz disse me tom de tédio.

— Mas eu não fiz nada de errado. — argumentei.

— Você sabe o que fez de errado. — ele me olhou de cara de obvio.

— Aquele cara era nojento. — estremeci com a lembrança, mas mantive a voz firme.

— Foda-se, era seu primeiro cliente. —ele puxou meu braço com força me fazendo subir um lance de escadas.

Quando notei que estávamos na casa me lembrei exatamente do caminho que tinham feito comigo. Em um movimento rápido me desvencilhei de Chaz e comecei a correr. Correr para o lugar onde eu sabia que ele ficava. A porta luxuosa do escritório pra minha sorte estava entreaberta, entrei no mesmo fechando a porta atrás de mim com força. James estava sentado na sua cadeira como sempre, ele me olhou assustado.

— O que faz aqui?! — ela se levantou dessa vez parecendo nervoso.

— James, você não pode me manter presa, eu só não fiz nada com aquele cara porque ele era nojento, eu não consegui.

— Você não conseguiu ou você não sabe? — ele sorriu com ironia, como nas 7897 vezes que ele sorri pra mim. — Você mesmo falou que não sabia se era virgem ou não, deve ser uma virgem de merda.

— Droga, eu menti ok? Eu não sou virgem. — sua expressão mudou — Mas agora transar com velhos necessitados é outro nível.

Chaz entrou na sala se desculpando por ter me deixado fugir e James o expulsou na hora. O grito dele me fez estremecer.

— Então você acha que sabe o que faz? — ele voltou a me encarar

— Eu sei o que eu faço, qual é, eu tenho 19 anos, saio para festas quase todos os dias.

— Você está admitindo que já era uma puta antes de entrar aqui?

— Eu não era nada disso, eu só aproveitava minha vida. — dei de ombros.

— Você vai ter que começar a aproveitar aqui dentro agora. Vai ter que provar que você é realmente boa.

— Quer que eu prove se eu sou boa ou não? — dei um grito sem pensar e ele riu.

— Se oferecendo pra mim Kate? É as garotas não resistem. — ele soltou uma risada leve.

Eu revirei os olhos, mas eu estava decidida. Eu odiava que duvidassem da minha capacidade de fazer qualquer coisa, e mesmo que eu estivesse sentindo um ódio imenso daquele idiota, não seria um sacrifício tão grande assim maltratá-lo e mostrá-lo do que eu era capaz. Ele até que era gostoso. Pelo menos serviria pra tirar a última experiência da minha cabeça com aquele gordo nojento que se ficasse muito tempo na minha mente eu poderia até ficar traumatizada.

— Vai querer que eu prove ou não caralho? — eu praticamente gritei novamente.