A arvore do enforcamento escrita por Maly_Lady


Capítulo 1
A maior estupidez


Notas iniciais do capítulo

Você está vindo?
Tá, eu vou brincar bastante com a letra da música, mas não sei me segurar, ela é muito linda de um certo jeito :3



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Não lembro como começou direito. Mas lembro onde e quando começou.

Era fim de tarde, uma noite de junho, estranhamente fria, carregando presságios e acusações. Resolvi que o melhor seria passar no Prego e pegar uma bebida com um velho conhecido, tomar uma sopa forte de Frida Sae e ver sua netinha Greasy Sae, a criança mais gorducha da Costura, uma rara alegria no distrito 12.

O Prego é um lugar movimentado, tem algumas pessoas estranhas, mas são todas pessoas boas. A necessidade nos une e ninguém roubaria o que é seu, até porque se roubasse seria morto.

Alguns pacificadores estavam pelo local, alguns com roupas de trabalho, outros com casacos e calças como os nativos, no entanto distintamente de outros lugares: algumas peles escuras, os traços sem sofrimento, um semblante rosado em plena idade adulta, corpos musculosos, alguns de cabelo vermelho, o ocasional olhar acanhado dos que haviam chegado há pouco mais de um mês.

Estava elogiando a sopa de Frida Sae e tentando manter uma conversa amigável com um homem que insistia em discutir comigo e com Robbie, um pacificador amigo, os pros e contras de se criar cabras ser a melhor maneira para viver nesse lugar miserável. Realmente uma pena. O homem mal tem 6 anos de trabalho nas minas e a paranoia da possibilidade de ser sorteado para os jogos se transformou em obsessão por cabras.

Não se pode ter tudo na vida, afinal.

Robbie tinha uma cara realmente engraçada, como se pensasse duas vezes antes de dar alguma opinião sobre o assunto.

Este homem das cabras parecia realmente atento ao que Robbie tinha a dizer, já que ele veio do distrito 10, que fornece carne para toda Panem, e também tem as melhores técnicas para a reprodução e qualidade do produto animal gerado. A conversa estava realmente entediante, e com o álcool em minhas veias eu estava a pouco de cair no chão ou em minha tigela vazia de sopa.

- me diga, o que você acha da reprodução entre uma criação com mesma linhagem? Dizem que com homem e mulher nasce criança retardada se casar irmão com irmão, pai com filha, primo e prima. Tu acha que isso também acontece com animal, Robbie?

- Não sei, que me diz Hugo?

- Eu? Eu não sei de nada! Pergunte me como diferenciar um antracito de hulha que eu nem pisco meus olhos, mas se sair da mina e da campina, já não sei de mais nada.

- Como não sabe mais nada? Você tem que me ensinar como conseguiu fazer aquele docinho cair aos pés de um ogro como você!

- Robbie, Robbie, os mistérios do amor não há quem compreenda. Você vai aprender em um segundo quando puser os olhos na mulher certa.

- Quem sabe? Até lá já será tarde. Com a vida que levo posso já estar morto.

- Qualquer um pode morrer. Eu poderia morrer amanhã e não saberia que minha vida seria tão curta.

- O álcool te deixou profundo hoje, meu amigo. Você tem que beber mais, isso sim. Aí teríamos um pensador... ou um bêbado esquecido pelas escadas de casa, a esposa lá dentro se perguntado o que aconteceu com o namorado dedicado de anos atrás.

- já entendi. Adeus Frida, até a próxima. Robbie, senhor.

- tão cedo, Hugo? Exclamou Frida Sae detrás de sua grande panela borbulhante, fumegando com um pernil, tubérculos, manjericão, tomilho e dentes de leão.

- tenho que voltar para casa, amanhã tenho trabalho a fazer.

- Então vai, vai com Deus, filho. Cuidado com essas ruas, as chuvas as deixam escorregadias. Outro dia desses Grasy caiu no chão e se ralou toda!

- pode deixar, vou tomar cuidado.

Com isso saí por uma porta lateral do Prego e me juntei a noite, puxando meu paletó mais junto ao corpo, impedir o vento de alcançar meu corpo, a umidade da atmosfera atingia minha cara.

Então escutei um latido, alto e poderoso, parecia de alguma criatura que vivia na floresta ia dar meia volta e fazer um caminho mais longo para a Costura, pegar uma outra via, quando vi um clarão ligeiro.

Foi por um segundo, porém definitivamente um clarão na distancia, perfurando o véu noturno com um raio silencioso e explosivo.

Parei onde estava, com medo de ser visto.

O que era aquilo?

Apertei minhas mãos nos bolsos do paletó que pareciam diminuir enquanto eu procurava espaço em seu interior.

Então vieram mais dois clarões silenciosos.

Não escutei, só vi.

Fiquei parado com aquilo. Se me tivessem contado não seria menos inquietante.

O que teria acontecido?

O que seriam aqueles clarões?

Enquanto tentava pensar em o que fazer em seguida, num momento estupido, o mais estupido de minha vida, passou por mim um homem com uma arma dos pacificadores.

Um homem com o corpo esguio e olhos puxados para as orelhas, como se os dedos estivessem ainda segurando a pele ao redor dos olhos. Um nariz pequeno e seriedade mordaz em seu rosto.

Ele tinha uma arma dos pacificadores por que era um deles.


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Notas finais do capítulo

Comentam o que acharam que precisa ser mudado ou o que gostariam que acontecesse. Obrigada por lerem! Beijos.



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