Troubled Love escrita por Mah Nunes


Capítulo 5
Te pressinto


Notas iniciais do capítulo

Ponto de vista da Alice



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–- O que esta fazendo Alice? Não foi essa a cor que eu te passei nas instruções! Temos um prazo a cumprir. Alice? Acorda garota – ele saiu bufando. Ele tem razão, no arquivo ele me pediu por verde limão para o fundo da arte e eu havia colocado rosa pink.

–- Que droga – resmunguei ao programa que travou quando tentei editar.

–- Toma – ele voltou com um copo de café estendido pra mim. Olhei surpresa, já achei que ele ia me dar mais uma chamada de atenção.

–- Obrigada – peguei o copo e me afastei um pouco do computador na esperança do programa voltar a responder logo.

–- Olha – ele puxou uma cadeira e sentou de frente pra mim – Eu sei que é puxado aqui e que você é nova, mas lembre que você quase implorou por esse estágio. Então por favor se foque no trabalho. – Ele tomou um largo gole do próprio café – Eu sei que sempre digo isso, mas a partir do momento em que vem, e entra na agência, sua vida pessoal e seus problemas ficam do lado de fora. Ok?

Eu assenti e fitei um pouco o copo em minhas mãos antes de beber. Ele suspirou alto

–- O corel voltou. Vê se não se distrai de novo. E, por favor, termine esse laytou antes da reunião de equipe hoje. – ele levantou e seguiu para a sua mesa no atendimento.

–- Droga – praguejei baixo

–- Ta tudo bem? – Ele perguntou sem perder a concentração do que estava fazendo. Fabrício sempre foi o mais querido ali desde que cheguei na agência.

–- Não. Mas eu dou conta – esbocei um sorriso tentando voltar ao trabalho.

–- É assim que se fala – disse ele olhando rapidamente pra mim

–- Quinze minutos para a reunião! – gritou Marcos da mesa de atendimento. Ele é meio chato e rigoroso com o pessoal da criação, mas se fosse diferente essa agência seria uma porcaria qualquer.

Me apressei para terminar logo o layout do flyer que haviam me pedido.

Ao menos uma coisa boa saiu da reunião, meu layout não estava tão ruim quanto eu achava. Então com essa tarefa pronta agora eu podia voltar a trabalhar no site de outro cliente.

–- O que você esta fazendo Alice? – segunda vez no dia que ele vinha brigar comigo e não estava nem perto do horário de almoço.

–- Trabalhando no site?! – falei incerta se era isso o que eu deveria fazer.

–- Não! O Fabrício cuida disso. Você vai vir comigo, agora. Temos uma reunião com um cliente. – o Fabrício levantou o olhar do computador com uma expressão de decepção, quase desespero

–- Mas Marcos – ele tentou argumentar

–- Mas nada. Você cuida do site. Se até a hora em que eu voltar você me mostrar que não da conta, vai ficar sem seu chá por uma semana. Vai ficar com o café. – ele tentou aterrorizar Fabrício fazendo uma careta maligna. Podia jurar que ele ia dar aquelas risadas do mal como “muahahahaha”

–- Ok – Fabrício suspirou triste. Não tive como não ter dó dele.

–- Vamos, Alice! Temos pouco tempo pra chegar la. – disse ele quase me arrastando pelo braço.

Nem deu tempo de desligar o monitor, só peguei a minha bolsa e segui o Marcos, que parecia não perceber que segurava meu braço.

–- Detesto quando os clientes inventam essa palhaçada de reunião com mais de uma agência pra mostrar a campanha – disse ele dirigindo com pressa para chegar a tempo

–- Isso não é antiético? – perguntei indignada e confusa.

–- Tecnicamente não, é uma estratégia para incentivar a competitividade das agências e incentivar a fazer algo realmente bom. – nessa hora senti meu estômago se retorcer. E se meu layout não fosse bom o suficiente para ganhar a conta do cliente? O pessoal da agência teria feito tudo aquilo em vão? – Tá passando mal? – ele perguntou assustado ao olhar pra mim.

–- Não, estou bem. Estou bem – aquilo não soava como eu, muito menos com o que eu estava sentindo.

Ele não parecia ter acreditado naquilo. Quando chegamos ao local ele estacionou e virou para mim.

–- Você tá branca, passa um pouco de maquiagem – ele se ajeitou no banco do motorista como se esperasse por mim.

Abri o espelho do carro e passei um pouco de blush e um batom mais escuro.

Guardei a maquiagem e fiz menção de abrir a porta, Marcos já estava do lado de fora do carro me esperando.

–- Como ele saiu sem fazer barulho?! – resmunguei baixinho, espantada com a velocidade dele.

–- Vamos garota – ele gesticulou com as mãos me mandando ir mais rápido.

Pegamos o elevador para o escritório do cliente e fomos guiados à sala de reunião.

–- Aguardem um pouco, por favor. Ele esta encerrando a reunião com a outra agência. Logo ali tem café e chá; fiquem a vontade – a moça acenou para as cadeiras ali perto e se retirou para seu setor.

–- Senta lá – disse Marcos quase me empurrando

–- Eu achei que todas as agências assistissem juntas as apresentações umas das outras. Sabe, todos na mesma sala. Cada um ouvindo e falando de cada vez. – fingi ignorar a aspereza de Marcos

–- Não. Dessa vez não, mas isso acontece as vezes também. – ele respondeu enquanto tentava pegar café. Como uma pessoa pode ser tão viciada em café?

–- Marcos, teria problema se eu esperasse aqui? Não me sinto bem pra entrar lá e apresentar. – eu estava sentindo o estomago revirar, como um mal presságio.

Ele me fitou uns segundos e suspirou alto assentindo. Me virei para pegar um pouco de chá. Ouvi a porta abrir e algumas vozes conversando, minha cabeça estava tão focada nesse mal presságio que mal pude entender o que as vozes conversavam. Marcos levantou e tocou no meu ombro.

–- Eu vou entrar, me espere aí. Se você estiver realmente muito mal e quiser ir, deixe um recado com a moça na entrada, ok? – Ele falou firme e rápido, eu acenei com a cabeça e ele entrou cumprimentando os senhores elegantes na sala.

–- Vão indo na frente que eu vou pegar café. – aquela voz retumbou na minha cabeça. Agora fazia sentido todo o mal presságio. Se eu soubesse quais as outras agências convidadas, teria ficado trabalhando.

–- Oi – ele falou daquele jeito simpático e automático dele, mas quando ele virou para me olhar acabou se descuidando. Derramou um pouco de café na mesa. – A-alice? – por que? Por que aquela voz tinha tanto efeito sobre mim? Por que aquela pessoa me afetava tanto? Sentia meu coração apertar e minha voz fugia.

–- Oi, Andrew – queria tanto que não houvesse mais ninguém no mundo além de nós dois.


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