Lílian Evans

Abri a mochila e comecei a guardar minha câmera e seus acessórios, já se passava das cinco e o Museu ficava cada vez mais vazio. Peguei meu celular do bolso e vi uma mensagem de Lene, ela já me esperava do lado de fora. Apressei-me em fechar a mochila e parti em direção ao diretor do museu.

–Com licença. – Chamei-o. –Se o senhor não se importa, eu estou de saída.

–Sem problema algum, senhorita. Quando as fotos ficarão prontas? –Ele sorriu.

–Devo enviá-las ao senhor no máximo amanhã à tarde. Vou descarregar a câmera e editá-las ainda.

–Claro, claro... Mas se puder trazer-me em pessoa, assim evitamos aqueles problemas de envio e também já lhe dou seu pagamento.

–Como preferir. Quarta-feira de manhã, então? –Pedi.

–Aguardo a senhorita. –Foi tudo o que ele me respondeu, esboçando um leve sorriso e partindo em direção á qualquer lugar.

Respirei fundo, finalmente segunda-feira havia se encerrado para mim! Digitei rapidamente uma mensagem para Lene informando que eu já estava saindo e tomei um elevador rumo ao primeiro andar.

–Ei, está de partida? –Ouvi alguém me chamando, mas àquela altura, eu já sabia quem era.

Remus Lupin

Tirei o pesado sobretudo que usava como uniforme e segurei-o às mãos enquanto pegava minhas coisas e me preparava para ir embora. Estava extremamente cansado, o dia fora corrido, mas pelo que eu pude ver, havia valido à pena, todos haviam gostado!

Caminhava em direção à saída quando vi a ruiva novamente.

–Ei, está de partida? –Perguntei. Ela parou no meio do caminho e se virou para mim.

–Final de expediente, né? –Ela sorriu.

–Quer uma carona? –Ofereci sem pensar duas vezes.

–Obrigada, mas já tenho uma!

–Sério? –Decepcionei-me.

–Sim, mas obrigada de qualquer modo! –Ela sorriu simplesmente.

–Nos vemos por aí? –Perguntei, esperançoso.

–Acho que você tem o dom de me encontrar nos lugares mais estranhos, senhor Lupin. –Ela sorriu novamente, dessa vez com um pouco mais de humor e, com uma piscadela, saiu andando.

Marlene McKinnon

–Que demora, ruiva! –Reclamei enquanto ela entrava no carro.

–Desculpa! A culpa não e minha se o escritório do velho é onde Judas perdeu as botas! –Comentou ela, revirando os olhos.

–Mas e então, como foi?

–Maneiro. –Disse, indiferente. –E o seu dia?

–Dois julgamentos, ganhei um deles e o segundo consegui prorrogar pra daqui há três meses, os advogados de acusação não tem provas concretas contra o meu cliente. Uhm... Fora isso, um almoço com um gostosão que estava assistindo ao primeiro caso, três novos clientes e uma proposta de palestra em Nova York.

–SÉRIO?! –Vi os olhos de Lily brilharem. –Lene, você é fantástica!

–Sério digo eu... Não sabia que gostava tanto de Nova York!

–Tem tantos lugares bonitos para fotografar por lá, a correria do dia a dia, o Central Park, os senhorzinhos sentados... –Por um segundo, eu vi a Lily sonhadora de semanas atrás novamente, antes do rompimento com o nojento do Matthew.

–Quer ir comigo? –Ofereci.

–Mesmo!? –Ela sorria.

–Sim! Embarcamos nesta sexta e voltamos no próximo domingo. Uma semana praticamente! –Era tão bom vê-la interessada em alguma coisa!

–Lene, você é... Sensacional! –Aqueles olhos brilhantes. –Tenho que começar minha lista, tenho que arrumar as malas... Céus! Temos tão pouco tempo!

–Podemos chamar a Dorcas também, o que acha? –Perguntei.

–Sim! Ia ser perfeito! Ia ser... –Ela parou por alguns minutos. –Erar o lugar onde Matt e eu iríamos na próxima primavera. –A alegria estava boa demais para durar por muito tempo.

–Ei Lily, esquece isso! Você tem a mim e a Dorcas agora e essa viagem vai ser perfeita, ok?

–Uhum... –Respondeu ela. Merda, eu tenho que fazê-la parar de pensar naquele cretino! Só não sei como...

–Mas enfim... Chegamos! –Disse, estacionando em frente à casa da ruiva. –O que vai fazer amanhã cedo, coração?

–Organizar as fotos de hoje, eu acho. Por quê? –Ela quis saber.

–Não trabalho amanhã de manhã, estava pensando em fazermos alguma coisa. –Ofereci.

–Nem pensar, é terça-feira! –Ela riu. –Só pensa em diversão?!

–Se você seguisse mais esse mantra, seria mais feliz e não teria rugas, gata! –Brinquei.

–Uma Marlene na minha vida para tomar conta já está de bom tamanho! –Ela piscou e riu um pouco. Revirei os olhos para ela.

–Te pego às nove! –Avisei enquanto ela fechava a porta, ouvi um gemido de frustração, mas ela sabia que era inútil discutir comigo.

Lílian Evans

Deixei as fotos passando da câmera para o computador enquanto tomava um banho, estava completamente exausta. Coloquei o pijaminha velho e quentinho que sempre usava em noites assim e preparei uma sopa enquanto checava se todas as fotos já haviam sido baixadas. Abri a foto que tirei com a garotinha e, logo em seguida, a foto que ela havia tirado minha. Sorri um pouco, ela era linda! Loirinha e com os olhos bem escuros, parecia saída de um desenho.

Olhei para o relógio, passava um pouco das oito da noite, peguei minha sopa e abri a primeira foto do dia, começando a passar uma por uma e editá-las quando necessário.

Meu celular vibrou. Olhei no visor e notei que já era mais de onze da noite, eu havia passado um bocado de tempo editando fotos. Abri a mensagem que acabara de chegar, era de Dorcas:

Lene avisou da piscina amanhã cedo, espero que coloque seu melhor biquíni, ruiva! Vou me atrasar um pouco, mas chego antes das 10h. Beijo, Dorc.

“Ah não, piscina?!”, foi tudo o que consegui pensar. Mas seria inútil discutir com Lene sobre qualquer uma de suas vontades!

Resolvi que já era tarde, eu terminaria as fotos amanhã após o almoço. Mesmo sem muita vontade, entrei no facebook para dar uma checada nas novidades antes de ir para cama. Nada de muito novo... Duas mensagens, uma de Lene e outra de minha mãe, uma notificação, Lene havia postado uma foto antiga nossa e me marcado e, por último, um pedido de amizade. Por essa eu não esperava! Abri e vi o nome do infeliz, Remus Lupin. Aquele cara era rápido.

Resolvi deixar para pensar sobre isso amanhã e, por hora, deixaria que ele esperasse. Não sabia se realmente queria começar a conversar com outra pessoa tão cedo e muito menos se conseguiria ser legal como ele merecia com esse meu humor oscilante.

Dorcas Meadowes

Cheguei no endereço que Lene me dissera pouco depois das 9h30min, haviam poucos lugares para estacionar, mas para minha sorte, encontrei uma vaga não muito longe. O local era um clube novo com piscinas aquecidas e tudo o mais, parecia coisa cara! Ainda bem que Lene era amiga do dono, ou eu acreditava que fosse para ter nos arrastado para um lugar chique como esses.

–Pois não? –Uma atendente que deveria ter aproximadamente a minha idade se dirigiu a mim.

–Vou à piscina. –Informei.

–Já fez o exame médico, senhorita?

–N-não... –Respondi, confusa. Lene não havia falado nada sobre isso.

–Então terá de agendar. As vagas dessa semana estão esgotadas. –Disse ela, ríspida.

–Estou com Marlene McKinnon. –De algo deveria valer.

–Ah, deveria ter-me dito antes. A senhorita McKinnon informou que suas amigas viriam. Ao final do corredor, vire à direita. –A moça sorriu.

Por Merlin! Quanto Marlene havia pago por um tratamento VIP desses!? Sem pensar muito, caminhei na direção indicada e encontrei a piscina mais ao fundo, com alguns vestiários próximos. O teto era de vidro, o que garantia claridade, a visão do céu um tanto nublado e o aquecimento local. Acenei para as meninas e fui deixar minha mochila no vestiário determinado.

–Menina, quem você teve que matar pra um tratamento desses por aqui? –Brinquei quando me aproximei.

–Lembra do cara que eu almocei ontem? –Lene perguntou. Eu e Lily assentimos. –Então, ele é um dos sócios daqui e me garantiu um dia grátis! Não é maneiro?

–Lene, Lene... Deveria parar de brincar assim com as pessoas. –Lily reclamou.

–Qual é, eu não fiz nada! Só aceitei a oferta! –Respondeu ela.

–Mas você sabe que ele espera mais de você, não é? –Comentei.

–Eu não dei nenhuma garantia, meus amores. Agora, parem de se preocupar e aproveitem a manhã! –Mandou ela.

Lene estava sentada numa dessas espreguiçadeiras bonitas, Lily estava na beira da piscina, com os pés já dentro d’agua e parecia relaxar. Foi enquanto eu me ajeitava na espreguiçadeira que o bonitão apareceu: o moreno deveria ter uns 27, 28 anos no máximo, vestia um short vermelho e seu peitoral definido estava todo à mostra, andava calmamente e parecia ciente do efeito que causava nas pessoas. Olhei para Lily, que estava distraída e então cutuquei Lene, que estava mais próxima de mim.

–Viu aquilo? –Perguntei, afinal, poderia ser uma miragem.

–O que? –Lene levantou os olhos da revista e deu de cara com o mesmo deus que eu. –Uau, da onde você surgiu, gracinha?

–Não é?! –Concordei.

–Tão falando do salva vidas? –Lily parecia indiferente à beleza do gostosão.

–E de quem mais falaríamos, ruiva? –Perguntei.

–Ah, muito bombado pro meu gosto... –Lily parecia se desculpar.

–Você tem um gosto estranho, Lils. –Lene e eu rimos.

–Acho que você deveria falar com ele, Lene. –Disse, sabendo que eu mesma não teria coragem.

–Tenho um plano melhor. –Lene sorriu. Já disse que tenho medo quando ela faz esse tipo de coisa?!