Helen Burns - Apenas uma história escrita por Lu Falleiros


Capítulo 2
Sim.




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A casa para a qual me levaram era estrondosamente grande e de alguma forma assustadora. Para quem estava acostumada a dormir em uma cama que era dividida com mais duas pessoas em uma casa que não possuía nem um cômodo ou uma porta, ver um lugar que era maior que todas as casas a qual já tinha passado de alguma forma me dava calafrios.

- Entre querida. Esta é sua casa de agora em diante. – A velha senhora sorriu novamente, fazendo com que eu olhasse para baixo assustada. Caminhei porta a dentro vendo uma coletânea de objetos que eu não imaginava ter a mísera capacidade de conhecer e detectar com meus pequenos olhos azulados.

- Faça-se em casa. – Ela me puxava pelo ombro rapidamente fazendo com que eu subisse uma escada com certa dificuldade. – Este é o seu quarto. – Ela abriu a porta a um cômodo onde havia uma longa cama com lençóis das mais variadas cores, uma penteadeira de pinheiro, um armário e uma mesa do mesmo material. Uma estante enorme se estendia por uma das paredes do quarto, fazendo com que pela primeira vez na vida eu almejasse aprender a ler e escrever.

- Deixá-la-ei aqui. – Ela soltou meu ombro começando a fechar a porta, mas antes acendeu todas as incontáveis velas que deixavam o quarto iluminado e cheio de vida. Atiçou a pequena lareira que fazia uma imitação perfeita do que seria a luz do sol.

O dia passou devagar, eu não tinha no que me distrair. Preferi apenas apreciar o encanto do jardim que se era visível de minha janela. Cedo demais o sino tocou. A criada me trocou de roupa e indicou o caminho que deveria fazer até a mesa de jantar. Quando surgi na mesma a senhora pareceu iluminar-se, como quem realmente espera a uma filha.

- Sente-se. – Ela apontou para a cadeira ao seu lado. Fiz meu caminho até a mesma e me sentei. Um prato com um animal e um tipo de pão escuro fora colocado em minha frente.

- É pato. E pão de mel e grãos. – Ela entregou-me o garfo e eu provei. – Não é gostoso? – Ela sorriu novamente. Eu apenas concordei.

Após o jantar ela me levou para uma sala onde a lareira ardia, e sentando-se em uma poltrona, me deixou livre para apreciar o local, onde novamente fiquei boquiaberta sem saber como aquilo era realmente real.

- Por favor. Faça-se em casa. – Ela repetiu com mais um sorriso que agora já começara a me acostumar. Concordei sem falar e em menos de duas horas estava deitada em uma enorme cama. O sono consumiu meus pensamentos e angustias. E antes que pudesse perceber, cai em um sono profundo.

Em meu sonho minha mãe gritava meu nome chamando-me repetidas vezes, eu tentava falar, mas som algum saia de minha boca. Eu gritei e gritei mais alto e de repente meu peito ardeu como o que arde contra o fogo. Acordei ofegante e suada. Madame Norrah fez-se presente ao pé de minha cama.

- Não acredito que a primeira coisa que a escuto falar é um grito de um sonho ruim. – Ela pegou minha mão preocupada. - Está bem? – Ela perguntou fitando-me com seus obres negros.

Concordei. – S-Sim... – Balbuciei pela primeira vez para ela, ainda um pouco ofegante.

Ela sorriu gentilmente, assoprando a vela que tinha acendido. – Durma. Estarei aqui. – Ela repetiu e eu abaixei a cabeça contra o fofo travesseiro.


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