Circus escrita por LyaraCR


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para quem anda acompanhando Circus. Agradeço a presença e as reviews. Peço desculpas pela demora, mas fim de ano é um terror pra mim... Principalmente por ter tantas datas comemorativas...



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— Aidan... você não sabe o que está fazendo! Porque não deixa ele ir embora? Porque não... Deixa tudo ficar como estava?


Ela parecia racional demais, inabalada demais... O tom de voz baixo, a expressão enfadada... Não mais parecia aquela menina boba, voraz e apaixonada de treze anos. Talvez fossem os olhos cheios de frieza, talvez fossem os lábios que não sorriam por nada, talvez fosse até mesmo a situação. Sentiu-se mal ao olhar para ela, mas não se deixou dominar. Havia deixado Sam dormindo mais uma vez e descido para comprar algo naquele lugar, mesmo que não fossem passar a noite ali. Aparentemente estava exigindo muito do garoto. Os últimos dias haviam sido passados praticamente na cama com o mesmo... Tinha que agradá-lo de alguma forma, ou ele continuaria... bom, também aparentemente ele estava triste. Aproveitara-se desse pequeno detalhe e fora em busca de algo que sabia, Sam gostava. Não esperava topar com Emily do lado de fora... Haviam boatos de que ela estava doente... E com toda a boa vontade do mundo, havia ido tentar desculpar-se com ela, pois talvez fosse o motivo de seu mal...


As coisas estavam bem para ele, então não queria esse agravante puxando para trás... Queria que ela também ficasse bem com ele, e, quando tentou beijá-la, não recebeu um tapa como esperava. Apenas virou-lhe as costas e riu de seu comportamento, dizendo que era um tanto infantil... Um tanto... Desprezível. Sim, ela infelizmente pegara no ponto para deixá-lo nervoso.


— Porque agora ele me pertence! É meu escravo para sempre, quer ele queira ou não! Que droga Emy! Você sabe que eu te amo mais que tudo! Será que não entende que ele é apenas minha propriedade? Mas que droga!


Bateu a mão sobre a parede do trailer. Olhou bem dentro dos olhos dela e a beijou à força. Quando se separaram, ela apenas cuspiu e limpou os lábios, antes de rir da cara dele e sair de cena o mais rápido possível... Havia visto olhos na janela, olhos que não queriam se mostrar, olhos que ficaram chocados demais com o que havia ouvido...


Em seus longos passos até seu trailer, sorriu. Os bilhetes que havia mandado para ele, haviam mesmo surtido efeito. Ele a havia escutado, e ficado de olho no comportamento de seu... “amado”.


D. a esperava na porta. É verdade... Ele sim, era digno de sua pessoa. E somente pelo lindo sorriso que ela lhe dedicou, ele soube... Estava tudo bem, ao menos por agora. Estendeu-lhe a mão e ela adentrou o trailer, fechando a porta atrás de si. Recebida agora por um abraço, foi levantada do chão e girada, sorrindo, abraçando-o também. Finalmente havia dado um grande passo em rumo ao seu paraíso...


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— Pai, eu juro que ele também quis, não foi culpa minha! Pelo menos não toda minha!!


— Dean, se eu estivesse no seu lugar e cometesse um erro desses, te juro que a coisa que eu menos tentaria fazer, seria me justificar! Não tem por que! Você tem todas as mulheres da cidade nas mãos e se deita logo com seu irmão!


John acertou um murro no volante. Dean estava assustado com o comportamento do pai. Achou melhor calar-se. Estava querendo chorar, e infelizmente John percebera...


— Pode chorar, mesmo! Porque quando eu achar seu irmão, juro que você vai para fora de casa e ele vai pra um bom psicólogo tentar superar o absurdo que você fez com ele...


— Mas não foi só culpa minha pai!


Tentou defender-se em vão, algumas lágrimas rolando por sua face, uma clara expressão de tristeza, surpresa e desespero.


— Dean... Cale-se! Basta!


Pelo olhar de John que atingiu o seu, Dean sentiu até mesmo um frio na espinha. Realmente não podia mais contestar ou falar nada. Sabia que estava errado, mas não queria enfrentar as conseqüências sozinho, queria que todos soubessem que não fora somente culpa sua. Sam havia tido sua parcela e, com certeza esta não fora pequena. Disso, ele e o menor tinham ciência.


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Sam havia escutado aquilo mesmo? Ou seria apenas um equívoco? Não... Havia sido real demais para parecer engano... De todo modo não era. Havia escutado muito bem aquelas palavras. Não sabia o que pensar agora, sua cabeça doía, girava... Precisava se acalmar, mesmo achando ser impossível. Estava sozinho no mundo, tinha certeza. Não podia mais voltar para casa, sequer sabia onde estavam e não poderia brigar com Aidan, sequer indagar o que ele havia dito. Emily estava certa. Arrependeu-se amargamente de não havê-la escutado e de ter falado algumas coisas ruins para a mesma. Havia sido rude demais com ela quando só queria ajudá-lo. Queria chorar agora, e quando viu que Aidan já adentrava o trailer, colocou um sorriso no rosto, indo abraçá-lo quando o notou com uma cara desconfiada. De forma alguma o cigano poderia saber que havia escutado...


— Vamos tomar um banho juntos?


Ele perguntou. Sam apenas acenou positivamente com a cabeça e, mesmo querendo chorar, tirar toda aquela história a limpo como fazia com Dean quando este fazia algo que não era de seu agrado, teve que submeter-se, acabando por ir relutantemente rumo à algo que não queria, não agora.


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— Sabe, eu não estou feliz com o que está acontecendo...


Ela disse. Estava deitada com ele, quem parecia um vampiro.. Como aquela pele era branca! E lisa! Havia realmente se apaixonado... E decerto era melhor que Aidan... Menos agressivo, mais selvagem. Ao menos não teria problemas com alguns golpes fortes e algumas imposições que tinha com o outro, mas mesmo assim ele a dominava do jeito certo, do jeito que sabia que gostava.


— Por quê?


Ao seu lado ele descansava, apoiado em um cotovelo, observando a face pacífica de expressão concentrada.


— Ele vai sofrer. Se ainda não souber, tudo bem, mas se já, sabe que não terá como se livrar, não para sempre... Me sinto culpada;


— Em que? Emy, você não fez nada para que ele quisesse vir conosco! Se alguém tem culpa nisso tudo, acredite, não é você.


— D...


O abraçou, descansando a face sobre seu peito. Os olhos de ambos se fecharam e acabaram adormecendo.


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Já era noite. Sam estava deitado ao dispor de Aidan, e isso o estava deixando mal. Sabia o que estava acontecendo. Seu lindo conto de fadas havia desmoronado quando ouviu aquelas palavras. Tudo o que pensava agora, era em sua família, o conforto e a segurança de sua casa, de seu mundo, mundo aquele que havia renegado, deixado para trás ao resolver ir embora com o maldito circo... Queria voltar, mais até mesmo que viver... Estava com vontade de chorar, por que agora sabia: cada vez que Aidan dizia “eu te amo”, ele estava mentindo. Isso era doloroso! Tanto quanto saber que Dean havia sucumbido ao desejo. Tudo bem, aquilo fora amargamente errado, mas não podia culpar só a ele... Sam reconheceu, mas agora, tarde demais, tinha que fazer o que lhe era mandado... Não queria ser punido como nas histórias que, agora sabia, Aidan contara para lhe amedrontar...


“Deus, por favor, se estiver me ouvindo, me ajude, porque estou sozinho, não tenho Dean, nem o papai, nem mesmo a mamãe quer mais iluminar meu caminho... Eu preciso muito de ajuda, e me arrependo tanto de ter deixado minha casa! Oh Deus, por favor... Faça alguma coisa...”


Pensava. Estavam parados, parados em um lugar qualquer. Era cedo e passariam a noite ali...


Aidan estava demorando. Provavelmente havia saído para comprar qualquer coisa. Era a chance que precisava...


Levantou-se de súbito. Tremia... Pegou algum dinheiro, enfiou nos bolsos daquela roupa maravilhosa, que o deixava um legítimo persa e saiu do trailer.. Os sapatos dourados tocaram o chão e, pelas sombras, pôde correr. Correr para qualquer lugar, para qualquer rumo, direção. Foi distanciando-se do local onde todos estavam, sentindo seu coração disparar ainda mais, se possível... Estava salvando-se, não podia acreditar.


Corria pelas margens da rodovia, e a todo farol, escondia-se às bordas da mesma, entre o capim. Precisava desaparecer sem ser notado, caso contrário, Aidan o acharia até no inferno se fosse necessário. Seu corpo já apresentava cansaço, havia deixado todas as suas coisas para trás, celular, roupas, documentos... Não se importava com nada. Precisava salvar sua vida. E teria que ser dessa maneira. Talvez achasse uma cidade antes do amanhecer, ou ao menos um posto de gasolina para ligar para John ou Dean. Sua respiração já estava pesada, errática. Era banhado pelo brilho da lua. E ainda corria. Precisava correr. Quanto mais, melhor. Só não podia cair, parar, ao menos por enquanto.


E como Sam é Sam, sua determinação é maior que qualquer outra coisa quando precisa que ela seja.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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