Ninguém está pronto para a vida escrita por Kori Hime


Capítulo 30
Ninguém está pronto para: Reviver os mortos


Notas iniciais do capítulo

Finalmente Nico e Percy vão se encontrar, de uma maneira muito peculiar, mas vão.



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— Eu não estou no clima para festas.

— Não perguntei se você está no clima, só quero saber se você já se arrumou. — Rachel estava no corredor, terminando de colocar os brincos. Ela usava um vestido azul-turquesa com saia plissada e os longos cabelos numa trança lateral. — Vamos querido, vista essa roupa ou eu mesma vou colocá-la em você. Tem quinze minutos.

Percy bufou, esfregando a mão no rosto. Não havia feito a barba, e em quinze minutos não conseguiria nem começar. Ele abriu a porta do guarda-roupa, pensando em como Rachel conseguia tirá-lo da cama?

Ele terminou de se vestir, mas aquela gravata não tinha jeito.

— Alguém pode me ajudar com isso? — Percy apareceu na sala, segurando a gravata em mãos. Estavam todos reunidos ali, esperando que ele aparecesse.

— Uau. — Rachel pegou a gravata de sua mão e ajudou-o a fazer o nó. — Prontinho, fico contente que você tenha deixado a barba, fica muito sexy. — Ela deu uma piscadinha e agitou o grupo para descerem de uma vez para o cassino.

Apesar da idade mínima de jogar nos cassinos fosse 21 anos, no Olympus as regras eram diferentes. A névoa colaborava com o novo negócio de Dionísio.

Annabeth e Butch se separaram do grupinho, aparentemente eles reservaram uma mesa para dois no restaurante.

Dentro do cassino, alguns rostos conhecidos passou na frente de Percy. Ele cumprimentou todos de maneira educada, percebendo que ninguém falava sobre Nico. Estava claro que Rachel era responsável em fazer com que Percy relaxasse dos problemas. Como se pudesse esquecer, por um segundo que fosse, seu namorado. Mas agradeceu a tentativa da amiga em deixá-lo respirar um pouco sem ter alguém fazendo cara de piedade para ele, dizendo que tudo vai ficar bem.

Rachel decidiu tentar a sorte em algumas máquinas de caça-níquel, enquanto Drew e Percy se acomodavam nos bancos do bar. A filha de Afrodite estava deslumbrante em um vestido branco, seus cabelos presos em um rabo de cavalo, e brincos dourados combinando com o bracelete em seu braço.

Percy pediu o mesmo que Drew bebia.

— Como está se virando sem os seus poderes? — Ele puxou assunto, sem ter muito o que falar.

— Não é tão ruim assim. Infelizmente eu recebi algumas multas de trânsito por excesso de velocidade. Tenho uma audiência daqui uma semana. Ao que parece, meu charme servia de algo.

— Bem-vinda ao mundo real. — Percy ergueu a taça e brindou com ela.

— E como você está? Nico deu algum sinal de vida, ou de morte?

Percy não se intimidou com o olhar de Drew, pois ela não fazia a linda de oferecer piedade.

— Ainda não. Eu entendo que todos estejam querendo me fazer sentir melhor não tocando no assunto, ou me fazendo vir às festas. Mas a verdade é que, dentro de mim, existe um buraco negro, e eu estou sendo sugado por ele.

— Eu sei o que você sente, querido. — Drew girou o banco em que estava sentada, observando Rachel conversar com um grupo de meio-sangues que acabaram de chegar. — Eu não acredito.

— O que foi? — Percy olhou na mesma direção. — Oh! Isso.

Rachel conversava com os irmãos Stoll, Andrômeda, Steve e Dante. Além de Alex e Leo, logo atrás deles, jogando em uma máquina.

— Coloque mais bebida nesse copo, por favor. — Drew solicitou para o barman. — Não faça economia, pode encher.

— Vai com calma. Estamos em Las Vegas, coisas estranhas podem acontecer. — Percy gargalhou. Já fazia um tempo que ele não ria daquela forma.

Assim que o grupo se reuniu, Andrômeda estava falando sobre o projeto de Leo.

— Eles estão trabalhando no rastreador para que nenhum outro meio-sangue desapareça sem dar notícias — Travis recebeu um cutucão nada discreto de Rachel. — O que foi?

— Tudo bem, Rach. Eu não sou nenhuma criança que precisa ser protegida da verdade. — Percy cumprimentou os amigos e pediu licença. Ele sabia que não devia ter saído do quarto, mas foi bom ver seus amigos.

Caminhando por entre as pessoas, Percy teve a sensação de que era seguido. Olhou para trás algumas vezes e depois retomou a caminhada para fora do Cassino. Ele viu Annabeth e Butch deixarem o restaurante, ela segurava uma única rosa vermelha. Os dois pararam um de frente para o outro e se beijaram. Percy ficou feliz por eles dois. E com uma pontinha de inveja.

Certo! Deprimiu o rapaz.

Percy andou mais depressa pelo salão principal do hotel, até os elevadores. Ele aguardou um grupo sair, para que pudesse entrar. Quando as portas estavam se fechando, um pé fez o sensor da porta abrir. Percy olhava depressivo para o chão, enquanto as portas se abriam. Ele piscou os olhos e ergueu a cabeça, com um Boa noite, na ponta da língua, que nunca saiu.

— Percy Jackson — as portas do elevador se fecharam. — Como vai?

Por um instante, Percy imaginou que estava sonhando ou aquilo era uma brincadeira de mal gosto da névoa. Mas porque alguém faria isso?

— Luke. Você está morto. — foi tudo o que Percy conseguiu dizer.

— É. Eu estive morto, por alguns anos. — Luke apertou o botão da cobertura. — Se não estiver ocupado, podemos conversar? Eu reservei a Suíte Poseidon.

***

Nico começava a se arrepender de ter conseguido a lira de Orfeu para Apolo. Essa foi a troca exigida pelo deus. O filho de Hades não teve dificuldade em conseguir a lira, ele só precisou fazer uma outra troca com Orfeu, que pediu um encontro com Eurídice. Isso foi fácil. O problema é que Eurídice também pediu algo para Nico, ou ela não se encontraria com Orfeu.

As coisas ficaram confusa quando Eurídice solicitou um encontro com Apolo.

E é por isso que Nico não gosta muito de conviver com outros deuses e meio-sangue.

Depois de conseguir realizar os desejos de todos, a lira finalmente foi parar nas mãos de Apolo, e o deus trabalhou para trazer o corpo de Luke de volta a vida. Como ele havia morrido com 19 anos, voltaria a Terra com a aparência de 23 anos, que era o que ele realmente teria, caso não tivesse morrido. Como e porque, Nico deixou o segredo nas mãos de Apolo.

— Você acha mesmo que ele está bem? — Nico perguntou quando Apolo deu um tempo na cantoria. — Luke não se lembra de quase nada e quando Percy encontrá-lo…

— Perseu Jackson não atacará Luke Castellan. Talvez ele fique catatônico antes. — Apolo dedilhou nas cordas de sua nova lira. — Eu me sinto inspirado para cantar sobre o amor.

Nico girou os olhos, não poderia negar nada ao deus que lhe ajudou. Embora ele tivesse sido mais útil tirando-o dali. O que não era possível para Apolo.

***

Percy entrou na suíte Poseidon e não se surpreendeu em ver uma enorme fonte de água salgada no meio da sala. Golfinhos, cavalos e sereias nas paredes. Um sofá azul-marinho de frente para a janela, onde as luzes de Las Vegas brilhavam. Tudo muito clichê no ponto de vista de um filho do deus dos mares.

Mas a questão no momento era: O que Luke Castellan fazia naquele hotel? E vivo!

Ele fitou Luke caminhar pela sala até a janela. 'Vivo' era uma palavra que se encaixava muito bem em seu estado atual. Ele vestia um terno risca de giz com camisa e gravata preta. Sua aparência era um pouco mais madura e a cicatriz ainda estava em seu rosto, embora Percy sempre a achasse um tipo de marca própria. Não conseguia imaginá-lo sem ela.

O certo dizer é: Percy não imaginava Luke vivo. Mas que diabos.

— Eu sei que você tem muitas perguntas para me fazer.

— Com certeza eu tenho. — Percy deu a volta no sofá e aproximou-se de Luke. Queria tocá-lo para ter certeza de que aquilo não era um sonho. Mas ele se limitou a olhar.

— Antes de mais nada, tenho um aviso importante para lhe dar. — Luke se sentou no sofá azul, cruzando a perna. Ele pediu para Percy o acompanhar, mas o filho de Poseidon preferiu ficar em pé. — Pois, muito bem. Eu tenho um aviso do meu senhor.

— Seu senhor? Você por acaso não voltou a trabalhar para um maluco, ou coisa parecida, não é?

— Me diga você. — Luke sorriu, mostrando os dentes. Quantos anos fazia que Percy o vira sorrir daquele jeito? — Nico di Angelo, o senhor do Mundo Inferior.

Percy decidiu que era hora de sentar-se. Sua cabeça deu uma volta de 360º, não literalmente.

— Do que você está falando? — Percy deu uma risada nervosa. — Nico está no Mundo Inferior?

— Sério? É essa sua dúvida? — Luke mexeu os dedos, ajeitando as abotoaduras de bronze.

— Não. Não é isso. — Percy balançou a cabeça. — O que está acontecendo aqui?

— Primeiro você deve ouvir a mensagem que meu senhor mandou. — Luke aconchegou-se melhor no sofá, causando um clima enigmático. — Hades selou o Mundo Inferior para que Nico não escapasse de seu destino.

— O de governar...

— Exatamente. — Luke confirmou também com a cabeça. Seus cabelos loiros estavam bem aparados na lateral, como se tivesse acabado de sair da barbearia. — Hades está no Olimpo e, enquanto ele não retornar, Nico é o Senhor do mundo dos Mortos.

Luke terminou de falar, como se já houvesse lucidado as questões.

— Isso não responde nem metade das minhas dúvidas. Como isso é possível? Por que você?

— Infelizmente eu não tenho todas as respostas. — ele fez uma expressão pensativa — Eu não me recordo de tudo. Por onde eu começo?

— Como Nico trouxe você de volta se Hades selou o mundo inferior? Pode começar com essa.

— Ele teve a ajuda de Apolo. E, antes que você faça a pergunta, eu já responderei. Não sei por que ele me escolheu. Essa é a minha missão em Terra. Meu assunto inacabado.

Percy estava entorpecido com toda aquela conversa. Porém, naquele momento, seu coração estava gritando por mais notícias de Nico.

— Como ele está? Tem alguma chance dele sair do mundo inferior e retornar?

— Ele me disse que você faria essas perguntas. — Luke se levantou e foi até um armário antiquado com algumas conchas coladas. Ele abriu a porta e tirou uma garrafa de conhaque, servindo dois cálices, entregando um dos cálices para Percy. — Vejamos, é um pouco constrangedor isso, mas vamos lá.

Luke terminou de beber o licor, deixando o cálice sobre a mesinha lateral do sofá. Ele parou de frente a Percy, estendendo sua mão. Percy não soube como reagir aquilo, mas deixou que sua mão fosse capturada e ficou de pé, abandonando o cálice sobre a mesa.

A textura das mãos de Luke eram ásperas, tal como Percy se recordava das muitas batalhas que eles travavam com espadas. Será que Luke se lembrava daquilo?

De repente, suas memórias foram sugadas para um buraco negro e Percy sentiu a Terra mover-se rapidamente. Depois, tudo ao seu redor tornou-se lento. Percy piscou os olhos. Luke já não estava mais segurando suas mãos. Era Nico.

— Hey, querido. —Percy segurou as mãos de Luke com mais força. Embora ele visse a imagem de Nico. — Eu sinto sua falta. Por que você me deixou? Eu não estou entendendo nada.

Mas Nico não respondeu. A voz era dele, a imagem também, só que, o que ele falava era apenas uma espécie de gravação.

— Percy, eu sei que você deve estar se perguntando por que isso está acontecendo…

A voz dele era a mesma, embora estivesse um pouco melancólica (mais do que o normal para um filho do senhor dos mortos).

— Nico, porque Luke está aqui… — Percy sabia que não era o verdadeiro, mas não custava tentar. O menino está emocionado.

— Luke e eu estamos conectados, poderemos conversar através dele. Por enquanto é o que eu posso oferecer. Eu sinto sua falta.

— Eu também. — Percy levou as mãos até o rosto de Nico, deixando escapar uma lágrima solitária em seu rosto. Mas antes que ele pudesse fazer alguma coisa, o mundo voltou ao seu normal e a imagem de Nico se foi, dando lugar a Luke. — Sinto muito, cara.

Percy afastou-me rapidamente, limpando o rosto com a mão. Luke retornou para o sofá, dando um tempo para Percy assimilar tudo aquilo.

— E então… o que aconteceu por aqui enquanto eu estive morto?

Ah! Tanta coisa que Percy não sabia nem por onde começar.


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Notas finais do capítulo

HEHEHE :x

Eu escolhi o Apolo para ajudar o Nico porque ele é o deus da cura, da beleza, da perfeição, da harmonia, do equilíbrio e da razão. Além do mais, um dos filhos de Apolo tornou-se um mestre na arte da cura tão poderoso que podia ressuscitar os mortos. Para mim está lógico que Apolo tem condições mitológicas para trazer o Luke de volta.

Esse "Arco" de Las Vegas tá tão divertido que eu não queria que acabasse nunca, mas eu tive que seguir em frente.

Ainda não achei o boy perfeito para ser meu Luke, e, com certeza, não será o Jake Abel. Novamente, nada contra ele, mas.... Quem tiver uma dica me fala um nome mágico.


E para quem tá com saudades de Percy e Nico, escrevi essa oneshot:
http://fanfiction.com.br/historia/521706/A_little_piece_of_heaven/

Beijos, até o próximo, saudades de vocês.