POV - Oblio

Aquela ruiva ainda tremia no chão. O moreno tentava se mexer para chegar até ela. Bem, a situação era complicada para eles, mas meu assunto é com aquele de cabelos cinzas em minha frente.

Seu rosto transparecia surpresa, e claramente susto. Tenho certeza que ele não esperava minha presença aqui, mas que fique claro que é o melhor para ele.

- Oblio? O que está fazendo aqui? Pensei que você estivesse... - Ele não conseguiu completar a frase.

- Morto. - Disse friamente. Não podia perder tempo, Aubrey precisava de assistência urgentemente, ou poderia ser tarde demais para ela.

- Sim. Como se salvou? - Eu conhecia aquele brilho nos olhos, ele ansiava uma história, como eu bem o conhecia. Faria qualquer coisa para saber o que aconteceu comigo e eu usaria aquilo à meu favor.

- Me siga. - E saí da sala sendo seguido por ele.

Eu tinha um plano, e envolvia outros dois... Amigos, se eu puder chamá-los assim. Olhei para o lado, e vi o rastro de cabelo rosa correndo silenciosamente. Assenti comigo mesmo e continuei andando.

Era necessário e estava nos planos, então eu tinha que ter sangue frio agora. Não importava se o Tan do futuro tinha salvado, esse Tan do presente não era meu pai.

Paramos na parte principal da DCI, onde havia o grande computador e o teletransportador. Olhei para meu outro lado e vi parte do agasalho laranja e verde atrás do grande computador. Eu tinha que começar, e agora.

Puxei uma cadeira, e dei para o homem em minha frente. Ele a pegou e sentou perto da máquina do tempo. Eu só tinha que atrasá-lo, até que tudo estivesse pronto.

- Lembra quando estava sob seu controle? Nos anos 70? Depois que o capacete dera errado? - Ele assentiu.

"Você me mandou ir até o grande lago da cidade. Queria testar o capacete. O que eu faria, e o que eu não faria se estivesse sob seu controle.

Você sempre foi um cientista, e queria saber quais limitações sua grande invenção tinha. De fato, era uma excelente forma de testar a maneira que eu me comportava diante de uma situação tensa daquela. Se eu obedeceria, ou simplesmente sucumbiria ao poder do capacete.

Eu não me lembro o que aconteceu exatamente, tudo o que sei foi o que um conhecido me contou. Da primeira vez que ouvi, não pude acreditar no que estava ouvindo. Me pareceu cruel e egoísta.

Você mandou eu me afogar. Entrar no lago, e não sair.

E como naquele momento eu não pude dizer não, mergulhei nas águas geladas do lago. Você ficou durante 2 minutos, observando, e depois se foi. Lembro da água gelando minha garganta e irritando meus olhos. O capacete saiu de minha cabeça e vi um brilho prateado na água, antes de me afogar.

Tempos depois, eu acordei, dolorido, com frio e sem idéia se estava realmente vivo. Abri os olhos e vi um homem parecido com você na minha frente. Tinha mais rugas, e seu cabelo estava mais branco. Ele me contou quem era e por quê me salvou.

Ele era do futuro, e havia me salvado.

Ele explicou tudo o que tinha feito com a DCI, e com todos que possuiam algum talento para dança. Depois de vários anos nesse mesmo processo, ele começou a perceber que tudo era igual demais. Não havia novo, não havia criatividade. Não havia mudança, e principalmente as mentes controladas se degeneravam, acabando com qualquer dançarino competente.

Eu, Miss Aubrey, Alexander... Uma lista extensa de soldados controlados perdidos por sua ganância e desejo de poder. Todos sucumbiram, e tiveram danos cerebrais irreversíveis. Morreram depois de um ano de controle mental."

Ele escutava a história calado, mas eu via que ele estava pensando muito a respeito. Poderia não acreditar, mas qual outra explicação haveria para eu estar vivo agora?

- E como você veio parar aqui, Oblio? - Ele estava zombando, mas eu sabia que havia dúvida em seus olhos.

- Ele me salvou para eu salvar ele mesmo no passado. Evitar todo o sofrimento de décadas. - Respondi, de uma vez.

Ele levantou, um pouco irritadiço.

- Impossível. Eu estou fazendo o que é melhor para todos, para você, meu filho! - Ele apontou para mim.

Me aproximei dele, forçando-o a ir para trás.

- Você me matou! Não há nada de melhor nisso! - Coloquei a mão em seu peito, o empurrando.

- Não lhe matei, está vivo, não está? - Ele parou, perto da entrada da máquina do tempo, para me intimidar.

Olhei para o lado, somente para ter certeza do que iria fazer. O rapaz loiro acenou com a cabeça.

Estava na hora. Iria acabar.

- Sim, estou vivo, mas não por sua causa. Você está no presente, mas eu não existo. Deve haver justiça, não? - Coloquei as mãos em seus ombros.

Ele olhou para mim, já sabendo o que aconteceria.

- Oblio, já! - MacCoy disse, saindo de seu esconderijo.

A máquina do tempo acendeu sobre nós, e eu empurrei Dr. Tan para dentro. Ele agarrou meus braços, e juntos ficamos perdidos no tempo.

É claro que eu sabia que isso ia acontecer, mas foi para isso que fui salvo.